PENSANDO A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA ... - CCE
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algumas teorias acadêmicas e sua prática pode dever-se à concepção de teoria que ela<br />
demonstra. Ao pensar em aplicação de teorias, Eduarda deixa de considerar o<br />
importante papel desempenhado por ela na ressignificação e contextualização daquele<br />
conhecimento à sua prática.<br />
Já em relação à Cláudia, ela reforça a questão da interferência da forma com que<br />
aprendeu inglês e chama a atenção para a influência dessa experiência na configuração de<br />
sua prática. O papel das experiências de vida, que compõem os fatores que dão origem às<br />
teorias pessoais dos professores, é o que mais se destaca na colocação feita por Cláudia.<br />
Como os comentários que aparecem nesta seqüência se originaram de uma conversa entre<br />
as professoras, chegamos, então, às considerações de Patrícia:<br />
[13] Quando vocês estavam falando da mistura entre teoria e prática, olha o que o autor diz:<br />
“in other words, the trainees may evaluate the input in terms of their own practice and<br />
either decide to change their teaching in some way, or not”. Aí vem a parte que eu queria<br />
comentar, “if they incorporate the new techniques in their subsequent practice they may<br />
then reevaluate them in the light of that practice”. É bem o que a Eduarda estava falando.<br />
Quer dizer, apesar da técnica ser nova, eu vou reavaliar aquilo. Eu acho que é aí que entra<br />
a nossa teoria, porque eu vou mesclar uma com a outra. E a reflexão em cima disso. (SRT<br />
– 3º encontro – dia 28/09/2004)<br />
Patrícia se utiliza das palavras do autor para apresentar um ponto relevante na<br />
discussão que vinha se desenvolvendo. A participante chama a atenção para o que<br />
compõe a nossa teoria – algo externo, que é aprendido e reavaliado de acordo com a<br />
nossa prática. Assim, temos a teorização que é nossa, porque é ressignificada a partir da<br />
nossa realidade, não deixando de ter, contudo, uma origem ou proposta inicial que foi<br />
por nós modificada. Todo esse processo pode, sim, confundir um pouco o professor e<br />
fazer parecer que suas ações se originam apenas da própria prática. Todavia, ao<br />
considerarmo-nos seres históricos e sociais, é impossível identificar os aspectos de<br />
nossa prática que estariam livres de influências de nossas leituras, experiência de<br />
aprendizagem, ensino e outros fatores oriundos de nossa formação pessoal e<br />
profissional.<br />
Retomando o que discutia Christov (2001), vemos pelas palavras de algumas<br />
participantes que a teoria ainda está “desapercebida” ou em alguns momentos é<br />
percebida, mas não pode ser ainda reconhecida. Por quê? Por diversas razões. Não<br />
cometamos o erro, como ressalta Pimenta (2002), de responsabilizar a reflexão por tudo.<br />
No entanto, como diz Eduarda, muitas vezes é isso que está faltando. Acreditamos que<br />
aqui resida um dos grandes entraves da formação, que, às vezes, por inúmeros motivos<br />
– tempo, condições, disposição dos professores – faz com que o desenvolvimento da<br />
reflexão fique aquém do esperado nos cursos de formação inicial. Vale atentar, então,<br />
para o fato de que a prática da reflexão constitui parte importante do processo de<br />
formação continuada.<br />
Ainda com base em Christov (2001, p. 33), passemos ao seu segundo<br />
comentário: “Entre a teoria de um autor que queremos assumir e a prática que<br />
pretendemos transformar com esta teoria, existe a nossa teoria”. Como afirma essa<br />
autora, é importante que, a partir da nossa prática e da teoria acadêmica em que<br />
pretendemos nos embasar, tenhamos consciência de que será a nossa teoria que<br />
promoverá o diálogo entre a teoria acadêmica e a nossa prática. Após alguns encontros,<br />
Eduarda retoma o momento em que negou recorrer a alguma teoria e reitera suas<br />
palavras. Aqui, chamamos mais uma vez a atenção para o fato de esta participante<br />
reforçar a importância de ter uma teoria própria, uma teoria que seja coerente com o<br />
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