Desdobramentos do Socioconstrutivismo na Prática da ... - aedb
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De maneira secundária, é propício refletir sobre o distanciamento entre discurso e<br />
prática <strong>do</strong>s professores sob uma outra ótica: aquela em que a prática tradicio<strong>na</strong>l representa<br />
um ato voluntário. Isto implica admitir uma decisão consciente em não construir uma<br />
prática pertinente ao discurso. E então, o que se pretende com esta postura?<br />
Para que se possa refletir nesta direção, é recomendável admitir os critérios de valor<br />
e juízo de ca<strong>da</strong> professor, construí<strong>do</strong>s ao longo de sua trajetória de vi<strong>da</strong>. Isto porque, as<br />
possibili<strong>da</strong>des de compreensão referem-se a atitudes que estão diretamente relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s às<br />
limitações e razões de ca<strong>da</strong> um. Nesta perspectiva, cita-se a resistência às mu<strong>da</strong>nças como<br />
uma forma de entender um comportamento tão adverso; a escolha pela aplicação <strong>do</strong> que<br />
considera ser mais fácil e menos trabalhoso; o juízo <strong>da</strong> sua ver<strong>da</strong>de como única e absoluta;<br />
a certeza de que as condições reais <strong>do</strong> contexto escolar não favorecem um trabalho mais<br />
inova<strong>do</strong>r e coletivo; a idéia de que não há reconhecimento e recompensa pelo bom<br />
profissio<strong>na</strong>l etc.<br />
Em contraparti<strong>da</strong>, é preciso lembrar que os professores não são sujeitos que<br />
passaram ape<strong>na</strong>s por uma formação acadêmica para que pudessem alfabetizar, mas<br />
também são atores sociais, que interagem com o contexto transforman<strong>do</strong>-o e sen<strong>do</strong><br />
transforma<strong>do</strong>s por ele. Assim, é necessário considerar a reali<strong>da</strong>de profissio<strong>na</strong>l desses<br />
<strong>do</strong>centes que têm pouco ou nenhum tempo para estu<strong>da</strong>r, por conta de trabalharem em<br />
vários turnos e serem mal remunera<strong>do</strong>s, bem como o fato de não terem condições<br />
fi<strong>na</strong>nceiras para investir continuamente em sua formação; ou ain<strong>da</strong>, terem de aceitar e<br />
passar por várias reformas institucio<strong>na</strong>is, como se as novas propostas tivessem a sua<br />
participação efetiva.<br />
A última situação a ser a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong> refere-se a uma postura não menos complexa que<br />
as anteriores. Neste caso, os professores reconhecem a importância de se alfabetizar numa<br />
perspectiva ferreiria<strong>na</strong>, a partir de referenciais construtivistas, e por conta disto assumem<br />
um discurso firme e inova<strong>do</strong>r. Nota-se que há empenho e esforço em aproximar suas falas<br />
à origi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de teórica admiti<strong>da</strong>, como se isso pudesse garantir a legitimi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> processo<br />
de alfabetização. Sen<strong>do</strong> assim, mantêm-se sempre atentos às novi<strong>da</strong>des publica<strong>da</strong>s a<br />
respeito <strong>do</strong> assunto, trocam experiências e demonstram interesse em consultar publicações<br />
sobre o tema. Suas práticas têm se constituí<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s ideais defendi<strong>do</strong>s em seus<br />
discursos com a certeza de que “é possível alfabetizar letran<strong>do</strong>” (SOARES, 2003).<br />
Carvalho (2005) identifica o aumento <strong>da</strong> tolerância em relação aos erros <strong>da</strong>s crianças e a<br />
aceitação <strong>da</strong> escrita espontânea como alguns aspectos positivos <strong>da</strong> herança emilia<strong>na</strong>.<br />
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