Desdobramentos do Socioconstrutivismo na Prática da ... - aedb
Desdobramentos do Socioconstrutivismo na Prática da ... - aedb
Desdobramentos do Socioconstrutivismo na Prática da ... - aedb
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Os estu<strong>do</strong>s basea<strong>do</strong>s no construtivismo de Jean Piaget, Emília Ferreiro e seus<br />
colabora<strong>do</strong>res (1985; 1986a; 1986b; 1987; 1992) trouxeram grandes contribuições para a<br />
alfabetização, dentre as quais destaca-se a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> questão central <strong>do</strong> processo. Até<br />
então, o méto<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> era reconheci<strong>do</strong> como o fator principal para a apropriação <strong>da</strong><br />
escrita, no qual o professor era o grande responsável pela aprendizagem, sobrepon<strong>do</strong>-se à<br />
indispensável atuação <strong>da</strong>s crianças. Posteriormente aos estu<strong>do</strong>s que forneceram uma base<br />
teórica a respeito <strong>da</strong> psicogênese <strong>da</strong> língua escrita, isto é, o processo no qual as crianças<br />
aprendem a língua escrita, urgiu a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> centrali<strong>da</strong>de e passou-se a<br />
compreender que, segun<strong>do</strong> Ferreiro, “o processo de alfabetização tem que ser visto <strong>do</strong><br />
ponto de vista de quem aprende (criança) e não <strong>da</strong>quele que ensi<strong>na</strong> (professor)” (1987).<br />
A partir <strong>da</strong>í, constituiu-se uma nova perspectiva de alfabetização - à luz desses<br />
referenciais - <strong>na</strong> qual foram reconheci<strong>do</strong>s os diversos níveis de concepção de escrita por<br />
que ca<strong>da</strong> criança passa ao longo de seu desenvolvimento.Tais contribuições prevalecem até<br />
hoje e estão entranha<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s novas propostas de alfabetização.<br />
A par destas considerações teóricas, é preciso reportar-se às salas de aula de séries<br />
iniciais, num esforço de refletir sobre os diversos caminhos percorri<strong>do</strong>s que, oficial e<br />
aparentemente, buscam contemplar tais propostas divulga<strong>da</strong>s pelos órgãos competentes,<br />
mas que, de acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s inicialmente cita<strong>do</strong>s, não têm garanti<strong>do</strong> de maneira<br />
eficaz o acesso às habili<strong>da</strong>des de leitura e escrita e a apropriação de práticas sociais<br />
referentes a estas tecnologias.<br />
É necessário ressaltar o caráter plural e heterogêneo <strong>da</strong>s dinâmicas <strong>da</strong>s salas de<br />
aula, com a compreensão de que se constituem a partir <strong>do</strong>s diversos atores sociais, cujas<br />
trajetórias de vi<strong>da</strong> diferentes, bem como crenças, valores, posturas, perspectivas, anseios,<br />
habili<strong>da</strong>des e necessi<strong>da</strong>des compreendem o contexto particulariza<strong>do</strong> desses sujeitos. E<br />
considerar, ain<strong>da</strong>, que esses espaços – as salas - se estabelecem de acor<strong>do</strong> com a reali<strong>da</strong>de<br />
de ca<strong>da</strong> escola, a meto<strong>do</strong>logia aplica<strong>da</strong>, os problemas educacio<strong>na</strong>is, as formas de avaliação<br />
e demais facetas que vierem a proceder. Assim, compreende-se que ao longo <strong>do</strong> processo,<br />
ca<strong>da</strong> espaço alfabetiza<strong>do</strong>r constitui um currículo singular, o qual “está implica<strong>do</strong> em<br />
relações de poder... transmite visões sociais particulares e interessa<strong>da</strong>s... produz<br />
identi<strong>da</strong>des individuais e sociais particulares” (MOREIRA & SILVA, 2005), a partir de<br />
to<strong>da</strong>s as características educacio<strong>na</strong>is e variáveis sociais intervenientes. Isto implica uma<br />
prática que reflete a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele grupo específico e que, portanto, não pode ser<br />
utiliza<strong>da</strong> como referencial para os demais.<br />
3