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Desdobramentos do Socioconstrutivismo na Prática da ... - aedb

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DESDOBRAMENTOS DO SOCIOCONSTRUTIVISMO NA PRÁTICA DA<br />

ALFABETIZAÇÃO<br />

Fábia Rodrigues <strong>da</strong> Fonseca Ferreira<br />

Professora, pe<strong>da</strong>goga com especialização em<br />

supervisão escolar, mestran<strong>da</strong> em<br />

Educação<br />

pela Universi<strong>da</strong>de Católica de Petrópolis.<br />

Este artigo é fruto de uma pesquisa em an<strong>da</strong>mento, cujo objetivo é compreender de<br />

que maneira se forma o leitor a partir de uma proposta construtivista de alfabetização , em<br />

uma turma <strong>do</strong> nível intermediário <strong>do</strong> ciclo 1 (faixa-etária de 6 a 9 anos), de uma escola<br />

municipal <strong>do</strong> Rio de Janeiro, situa<strong>da</strong> no bairro Jabour. A instituição está rodea<strong>da</strong> por um<br />

complexo de favelas e li<strong>da</strong> diariamente com questões de violência <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong>de, que<br />

acabam por se refletir em seu cotidiano. A turma é composta por 32 alunos, 19 meninos e<br />

13 meni<strong>na</strong>s. A professora trabalha como regente há 28 anos e está em vias de aposentar-<br />

se. Em 2005, participou de um curso sobre alfabetização construtivista, no qual se baseia<br />

para desenvolver suas ativi<strong>da</strong>des. Por escolha própria, está pelo segun<strong>do</strong> ano consecutivo<br />

com a mesma turma. A professora relata que desde o surgimento <strong>do</strong> discurso<br />

socioconstrutivista, vinha posicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se contrária a ele, sob a alegação de que embora<br />

entendesse a mensagem, não compreendia de que maneira aquilo poderia ser posto em<br />

prática. Por conta disto, portou-se resistente a tais princípios. Considerava também que sua<br />

longa experiência com alfabetização tradicio<strong>na</strong>l sempre trouxera resulta<strong>do</strong>s positivos.<br />

Segun<strong>do</strong> ela, sua resistência começou a esmorecer quan<strong>do</strong>, juntamente com um grupo de<br />

professoras <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> escola, participou de uma palestra com uma educa<strong>do</strong>ra que mostrou<br />

como era possível realizar, <strong>na</strong> prática, aquilo que sugerira a teoria. A partir <strong>do</strong> interesse<br />

surgi<strong>do</strong> <strong>na</strong> palestra, um grupo de professoras <strong>da</strong> escola se dispôs a realizar um curso sobre<br />

a proposta socioconstrutivista, ministra<strong>do</strong> pela mesma palestrante, que sugeriu um<br />

aprofun<strong>da</strong>mento prático a respeito <strong>do</strong> assunto. E assim, no mesmo ano, o curso foi<br />

realiza<strong>do</strong> e trouxe grandes mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong> postura de professora em questão. Sua<br />

transformação ocorreu gradualmente, à medi<strong>da</strong> que se desenrolava o curso. Embora a<br />

pesquisa não esteja concluí<strong>da</strong>, foi possível constatar até o momento que a professora em<br />

questão, <strong>na</strong>s entrevistas realiza<strong>da</strong>s, foi bastante segura ao afirmar que, embora já alfabetize<br />

a partir <strong>da</strong>s matrizes construtivistas, algumas de suas práticas continuam bem tradicio<strong>na</strong>is e


no que concerne às demais discipli<strong>na</strong>s, seu trabalho é totalmente conserva<strong>do</strong>r. Neste artigo,<br />

discutem-se os conflitos entre a teoria e a prática <strong>do</strong>s alfabetiza<strong>do</strong>res , que podem assumir<br />

o discurso construtivista ou socioconstrutivista, e no entanto, permanecerem fiéis às<br />

práticas tradicio<strong>na</strong>is de alfabetização.<br />

Palavras-chave: Alfabetização/ Construtivismo/ <strong>Socioconstrutivismo</strong><br />

Alfabetização: conflitos entre a teoria e a prática<br />

Inicialmente é preciso saber o que se entende hoje por alfabetização, com a<br />

compreensão de que os objetivos são estabeleci<strong>do</strong>s e modifica<strong>do</strong>s numa trajetória sócio-<br />

histórica. Isto significa admitir que, para se contemplar este fenômeno <strong>na</strong> atuali<strong>da</strong>de, é<br />

necessário reportar-se ao passa<strong>do</strong> em busca <strong>do</strong> que foi almeja<strong>do</strong> e <strong>do</strong> quanto seus ideais<br />

foram alcança<strong>do</strong>s, para que seja feita, então, uma comparação com a situação atual. Assim,<br />

será possível verificar o que se alcançou em relação aos objetivos de um tempo passa<strong>do</strong>,<br />

com a compreensão de que tais resulta<strong>do</strong>s, muitas vezes positivos <strong>na</strong> época, não garantem<br />

o ideário de hoje. O mesmo se aplica em relação ao que se estabelece hoje enquanto<br />

propósitos <strong>da</strong> alfabetização, a partir <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> social, no que se refere ao ideal <strong>do</strong> futuro.<br />

Portanto, em busca de enfrentar com lucidez os problemas tão facilmente constata<strong>do</strong>s, é<br />

necessário uma dupla comparação: “uma em que os êxitos atuais <strong>da</strong> alfabetização sejam<br />

compara<strong>do</strong>s com os êxitos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e com outros êxitos <strong>do</strong> presente; e outra em que o<br />

contraste seja entre o presente e os nossos ideais” (MIGUEL, 2005, p. 9).<br />

Desde a metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80 não é possível pensar em alfabetização sem<br />

associá-la à palavra letramento. Embora sejam termos com significa<strong>do</strong>s diferentes, ambos<br />

estão intimamente liga<strong>do</strong>s com o intuito de fazer compreender a nova ótica em que se<br />

apresenta o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> acesso à leitura e à escrita, no qual transita entre a mera<br />

aquisição <strong>do</strong> ler e escrever e a inserção <strong>na</strong>s práticas sociais de leitura e escrita. E ain<strong>da</strong>, <strong>na</strong><br />

representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> palavra letramento pretende-se contemplar não só a dimensão<br />

pessoal enquanto “simples posse individual <strong>da</strong>s tecnologias mentais complementares de ler<br />

e escrever” (WAGNER, 1983, p. 5), mas também a dimensão social <strong>na</strong> qual é vista como<br />

“um fenômeno cultural, um conjunto de ativi<strong>da</strong>des sociais que envolvem a língua escrita, e<br />

de exigências sociais de uso <strong>da</strong> língua escrita” (SOARES, 2004, p. 66).<br />

2


Os estu<strong>do</strong>s basea<strong>do</strong>s no construtivismo de Jean Piaget, Emília Ferreiro e seus<br />

colabora<strong>do</strong>res (1985; 1986a; 1986b; 1987; 1992) trouxeram grandes contribuições para a<br />

alfabetização, dentre as quais destaca-se a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> questão central <strong>do</strong> processo. Até<br />

então, o méto<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> era reconheci<strong>do</strong> como o fator principal para a apropriação <strong>da</strong><br />

escrita, no qual o professor era o grande responsável pela aprendizagem, sobrepon<strong>do</strong>-se à<br />

indispensável atuação <strong>da</strong>s crianças. Posteriormente aos estu<strong>do</strong>s que forneceram uma base<br />

teórica a respeito <strong>da</strong> psicogênese <strong>da</strong> língua escrita, isto é, o processo no qual as crianças<br />

aprendem a língua escrita, urgiu a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> centrali<strong>da</strong>de e passou-se a<br />

compreender que, segun<strong>do</strong> Ferreiro, “o processo de alfabetização tem que ser visto <strong>do</strong><br />

ponto de vista de quem aprende (criança) e não <strong>da</strong>quele que ensi<strong>na</strong> (professor)” (1987).<br />

A partir <strong>da</strong>í, constituiu-se uma nova perspectiva de alfabetização - à luz desses<br />

referenciais - <strong>na</strong> qual foram reconheci<strong>do</strong>s os diversos níveis de concepção de escrita por<br />

que ca<strong>da</strong> criança passa ao longo de seu desenvolvimento.Tais contribuições prevalecem até<br />

hoje e estão entranha<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s novas propostas de alfabetização.<br />

A par destas considerações teóricas, é preciso reportar-se às salas de aula de séries<br />

iniciais, num esforço de refletir sobre os diversos caminhos percorri<strong>do</strong>s que, oficial e<br />

aparentemente, buscam contemplar tais propostas divulga<strong>da</strong>s pelos órgãos competentes,<br />

mas que, de acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s inicialmente cita<strong>do</strong>s, não têm garanti<strong>do</strong> de maneira<br />

eficaz o acesso às habili<strong>da</strong>des de leitura e escrita e a apropriação de práticas sociais<br />

referentes a estas tecnologias.<br />

É necessário ressaltar o caráter plural e heterogêneo <strong>da</strong>s dinâmicas <strong>da</strong>s salas de<br />

aula, com a compreensão de que se constituem a partir <strong>do</strong>s diversos atores sociais, cujas<br />

trajetórias de vi<strong>da</strong> diferentes, bem como crenças, valores, posturas, perspectivas, anseios,<br />

habili<strong>da</strong>des e necessi<strong>da</strong>des compreendem o contexto particulariza<strong>do</strong> desses sujeitos. E<br />

considerar, ain<strong>da</strong>, que esses espaços – as salas - se estabelecem de acor<strong>do</strong> com a reali<strong>da</strong>de<br />

de ca<strong>da</strong> escola, a meto<strong>do</strong>logia aplica<strong>da</strong>, os problemas educacio<strong>na</strong>is, as formas de avaliação<br />

e demais facetas que vierem a proceder. Assim, compreende-se que ao longo <strong>do</strong> processo,<br />

ca<strong>da</strong> espaço alfabetiza<strong>do</strong>r constitui um currículo singular, o qual “está implica<strong>do</strong> em<br />

relações de poder... transmite visões sociais particulares e interessa<strong>da</strong>s... produz<br />

identi<strong>da</strong>des individuais e sociais particulares” (MOREIRA & SILVA, 2005), a partir de<br />

to<strong>da</strong>s as características educacio<strong>na</strong>is e variáveis sociais intervenientes. Isto implica uma<br />

prática que reflete a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele grupo específico e que, portanto, não pode ser<br />

utiliza<strong>da</strong> como referencial para os demais.<br />

3


Ao observar as salas de alfabetização e/ou ouvir depoimentos de professores<br />

alfabetiza<strong>do</strong>res a respeito de suas práticas, constata-se uma diversi<strong>da</strong>de de projetos<br />

pe<strong>da</strong>gógicos, ativi<strong>da</strong>des e procedimentos, condutas <strong>do</strong>centes e discentes etc., que se<br />

apresentam, muitas vezes, de forma contraditória. Ao mesmo tempo em que é possível<br />

identificar em algumas práticas um espontaneísmo exagera<strong>do</strong>, supostamente fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong><br />

no discurso teórico segun<strong>do</strong> o qual deve-se respeitar o desenvolvimento psicológico <strong>da</strong><br />

criança; em outras, percebe-se um formalismo exacerba<strong>do</strong> e grande rigor <strong>na</strong> maneira pelo<br />

qual são planeja<strong>da</strong>s e cumpri<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des. Tal fato justifica a necessi<strong>da</strong>de aponta<strong>da</strong><br />

por alguns autores, de se desenvolver trabalhos científicos que considerem mais os saberes<br />

produzi<strong>do</strong>s e prática <strong>da</strong> alfabetização (CARVALHO, 2005), uma vez que a<br />

literatura especializa<strong>da</strong> não abarca, suficientemente, os saberes <strong>do</strong>centes sob esse enfoque.<br />

A propósito, cabe reportar-se a Carvalho (2005), cuja obra traz o depoimento de<br />

três professoras, alu<strong>na</strong>s <strong>do</strong> XIII Curso de Extensão em Alfabetização, que participaram <strong>da</strong><br />

pesquisa <strong>Prática</strong>s de Leitura e Escrita no Ensino Fun<strong>da</strong>mental (1999), com perspectivas de<br />

estabelecer e a<strong>na</strong>lisar as relações possíveis com práticas outrora aprecia<strong>da</strong>s.Ten<strong>do</strong> em vista<br />

o que se almeja hoje em matéria de alfabetização e os referenciais teóricos recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

pelos órgãos oficiais, surgiram situações para<strong>do</strong>xais que demonstram o conflito entre a<br />

teoria e a prática. Por exemplo, em alguns casos há uma grande distância entre a proposta<br />

oficial e a postura tradicio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s professores; em outros, prevalecem o discurso<br />

progressista <strong>do</strong>cente e práticas aparentemente condizentes( embora uma análise mais<br />

aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> possa revelar discrepâncias) ; e, por fim, discurso e práticas progressistas<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> fase inicial <strong>do</strong> processo de alfabetização (em caso de “dificul<strong>da</strong>de”, retomam-<br />

se práticas convencio<strong>na</strong>is).<br />

A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong>-se a primeira situação, verifica-se que apesar <strong>da</strong>s políticas de<br />

divulgação <strong>do</strong> referencial teórico e <strong>da</strong>s propostas de “capacitação” ou formação continua<strong>da</strong><br />

de alfabetiza<strong>do</strong>res, os professores mantêm um discurso em defesa <strong>da</strong> utilização <strong>do</strong>s<br />

méto<strong>do</strong>s enquanto questão central <strong>do</strong> processo, em atitude de resistência e oposição às<br />

novas propostas de alfabetização, que centralizam o interesse em como a criança aprende.<br />

Será pela certeza de que a utilização <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s (sintéticos, a<strong>na</strong>líticos ou mistos) por<br />

gerações “deu certo”, sem que se tenha considera<strong>do</strong> nenhum nível de concepção <strong>da</strong> escrita<br />

(perspectiva ferreiria<strong>na</strong>)? Ou fun<strong>da</strong>mentam-se num critério de escolha, segun<strong>do</strong> uma lógica<br />

em que se opta por “aplicar” saberes anteriormente construí<strong>do</strong>s, com a intenção de garantir<br />

um mínimo padroniza<strong>do</strong>, a fim de não correrem riscos em uma proposta desconheci<strong>da</strong>?<br />

4


Ou persistem no esforço de não permitir a desqualificação <strong>da</strong>s suas experiências anteriores,<br />

<strong>na</strong> qual sejam reconheci<strong>da</strong>s como ultrapassa<strong>da</strong>s? Ou ain<strong>da</strong>, duvi<strong>da</strong>m <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de se<br />

estabelecer uma meto<strong>do</strong>logia que abarque tais ideais, sen<strong>do</strong> possível garantir a to<strong>do</strong>s, em<br />

eqüi<strong>da</strong>de, o acesso ao capital cultural reconheci<strong>do</strong> <strong>na</strong>s matrizes oficiais e contemplar a<br />

construção <strong>do</strong> conhecimento segun<strong>do</strong> à individuali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança?<br />

No contexto <strong>da</strong> pesquisa em pauta, é possível reconhecer que algumas <strong>da</strong>s<br />

suposições acima vão ao encontro de falas <strong>da</strong> professora, quan<strong>do</strong> a mesma verbaliza sobre<br />

sua resistência inicial à proposta construtivista de alfabetização. Carvalho assume uma<br />

postura em defesa <strong>da</strong>s professoras envolvi<strong>da</strong>s em sua pesquisa e argumenta que:<br />

... não estão suficientemente ampara<strong>da</strong>s por um projeto pe<strong>da</strong>gógico, uma<br />

formação teórica aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>, e pelo pertencimento a uma equipe de<br />

trabalho, forma<strong>da</strong> <strong>na</strong> própria escola, para fazerem experimentações<br />

ousa<strong>da</strong>s. Nas condições concretas em que trabalham, parece-lhes mais<br />

correto investir <strong>na</strong>quilo que lhes é familiar... (2005, p. 112)<br />

Enfim, muitas podem ser as possibili<strong>da</strong>des de justificativa em relação a tal<br />

comportamento, e no meio deste emaranha<strong>do</strong> de incertezas e inseguranças a respeito <strong>do</strong><br />

novo, urge uma pergunta: por que mu<strong>da</strong>r? De certa maneira, este questio<strong>na</strong>mento sugere<br />

questões que perpassam basicamente pelo “por que e como fazer”, no esforço de <strong>da</strong>r<br />

conta <strong>do</strong>s novos referenciais. Portanto, é conveniente lembrar que as contribuições<br />

construtivistas para a redefinição <strong>da</strong>s propostas de alfabetização “forneceram uma<br />

excelente base teórica para a compreensão <strong>da</strong> maneira pela qual as crianças aprendem a<br />

língua escrita... mas de fato não propuseram quaisquer recomen<strong>da</strong>ções meto<strong>do</strong>lógicas...”<br />

(CARVALHO, M. 2005, p. 17). Desta forma, tor<strong>na</strong>-se indispensável refletir sobre os<br />

caminhos percorri<strong>do</strong>s pelos alfabetiza<strong>do</strong>res, <strong>na</strong> tentativa de diminuir o distanciamento que<br />

há entre o que se deseja e o que se realiza. Será que em algum momento buscaram traçar<br />

estratégias a fim de se aproximarem <strong>do</strong> que lhes foi proposto? A partir <strong>do</strong> depoimento <strong>da</strong><br />

professora observa<strong>da</strong> <strong>na</strong> pesquisa, pode-se identificar um movimento em busca de<br />

compreender de que maneira isto poderia se desenvolver <strong>na</strong> prática, mas não a constituição<br />

de uma perspectiva real.<br />

A prática <strong>do</strong>s professores que abertamente resistem à mu<strong>da</strong>nça é o reflexo fiel de<br />

seus discursos, nos quais se reafirmam os paradigmas tradicio<strong>na</strong>is de alfabetização, com a<br />

utilização de um méto<strong>do</strong> específico, com o que já trabalharam anteriormente ou que lhes<br />

inspira mais segurança. Normalmente, utilizam-se cartilhas ou outros materiais didáticos<br />

5


com a intenção de fazer cumprir uma ordem de apresentação de conteú<strong>do</strong>s (letras,<br />

fonemas ou sílabas) acreditan<strong>do</strong> ser possível determi<strong>na</strong>r o momento em que to<strong>do</strong>s os<br />

alunos apreenderão um conceito específico. Para eles, a não utilização <strong>da</strong>s cartilhas é um<br />

risco: sugere um não saber-fazer, um ficar-sem- rumo.<br />

Embora se compreen<strong>da</strong> que a alfabetização por um processo tradicio<strong>na</strong>l não dá<br />

conta <strong>da</strong> formação de um ci<strong>da</strong>dão letra<strong>do</strong>, é preciso reconhecer o valor <strong>da</strong>s experiências<br />

<strong>do</strong>s professores e não desqualificar, generaliza<strong>da</strong>mente, suas práticas.<br />

A segun<strong>da</strong> situação sugere o sucesso <strong>da</strong>s políticas de divulgação <strong>da</strong>s novas<br />

propostas de alfabetização, por se referir a professores que já se apropriaram de um<br />

discurso progressista, inova<strong>do</strong>r. Porém, a grande questão se dá <strong>na</strong> contradição entre seus<br />

depoimentos e suas práticas, que se constituem a partir de ativi<strong>da</strong>des, em sua maioria<br />

tradicio<strong>na</strong>is, não condizentes com a teoria que verbalizam. Cabe refletir os motivos pelos<br />

quais assumem tal postura. Em princípio, é possível dizer que, embora já tenha ocorri<strong>do</strong> a<br />

apropriação <strong>do</strong> discurso, há indícios <strong>da</strong> falta de compreensão real <strong>do</strong>s professores sobre os<br />

novos referenciais teóricos. Assim, desenvolvem uma prática <strong>na</strong> qual se observa uma<br />

maioria de procedimentos tradicio<strong>na</strong>is e ape<strong>na</strong>s algumas ativi<strong>da</strong>des pertinentes ao que se<br />

propõe hoje. Por fim, ain<strong>da</strong> acreditam estar realmente alfabetizan<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com as<br />

diretrizes teóricas atuais. Há de se compreender a posição delica<strong>da</strong> <strong>da</strong>s alfabetiza<strong>do</strong>ras,<br />

pois “ao sabor <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças de governo e <strong>da</strong>s equipes pe<strong>da</strong>gógicas, são por vezes leva<strong>da</strong>s<br />

a mu<strong>da</strong>r seus procedimentos habituais, a a<strong>do</strong>tar um novo referencial teórico, a trocar o<br />

certo pelo duvi<strong>do</strong>so” (CARVALHO, 2005, p. 112).<br />

No âmbito <strong>da</strong> presente pesquisa, é possível reconhecer que a postura <strong>da</strong> professora<br />

corresponde, de forma preponderante, à situação em análise. Em seus discursos iniciais, a<br />

regente foi bastante segura ao afirmar que, embora já alfabetize a partir <strong>da</strong>s matrizes<br />

construtivistas, algumas de suas práticas continuam bem tradicio<strong>na</strong>is e no que concerne às<br />

demais discipli<strong>na</strong>s, seu trabalho é totalmente conserva<strong>do</strong>r.<br />

Tal situação é bastante complexa <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que demonstra, por parte <strong>do</strong>s<br />

professores, um conhecimento equivoca<strong>do</strong> ou bastante superficial a respeito <strong>do</strong> referencial<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>. Isto sugere que durante sua formação inicial não tiveram acesso a essas teorias,<br />

bem como em sua trajetória profissio<strong>na</strong>l não tiveram oportuni<strong>da</strong>des de formação<br />

continua<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> vale ressaltar, neste emaranha<strong>do</strong> de possibili<strong>da</strong>des, que as políticas de<br />

estu<strong>do</strong> desenvolvi<strong>da</strong>s pelas Secretarias de Educação com vistas a esclarecer e aprofun<strong>da</strong>r<br />

as teorias a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s não garantem , de fato, a apropriação <strong>do</strong> conhecimento.<br />

6


De maneira secundária, é propício refletir sobre o distanciamento entre discurso e<br />

prática <strong>do</strong>s professores sob uma outra ótica: aquela em que a prática tradicio<strong>na</strong>l representa<br />

um ato voluntário. Isto implica admitir uma decisão consciente em não construir uma<br />

prática pertinente ao discurso. E então, o que se pretende com esta postura?<br />

Para que se possa refletir nesta direção, é recomendável admitir os critérios de valor<br />

e juízo de ca<strong>da</strong> professor, construí<strong>do</strong>s ao longo de sua trajetória de vi<strong>da</strong>. Isto porque, as<br />

possibili<strong>da</strong>des de compreensão referem-se a atitudes que estão diretamente relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s às<br />

limitações e razões de ca<strong>da</strong> um. Nesta perspectiva, cita-se a resistência às mu<strong>da</strong>nças como<br />

uma forma de entender um comportamento tão adverso; a escolha pela aplicação <strong>do</strong> que<br />

considera ser mais fácil e menos trabalhoso; o juízo <strong>da</strong> sua ver<strong>da</strong>de como única e absoluta;<br />

a certeza de que as condições reais <strong>do</strong> contexto escolar não favorecem um trabalho mais<br />

inova<strong>do</strong>r e coletivo; a idéia de que não há reconhecimento e recompensa pelo bom<br />

profissio<strong>na</strong>l etc.<br />

Em contraparti<strong>da</strong>, é preciso lembrar que os professores não são sujeitos que<br />

passaram ape<strong>na</strong>s por uma formação acadêmica para que pudessem alfabetizar, mas<br />

também são atores sociais, que interagem com o contexto transforman<strong>do</strong>-o e sen<strong>do</strong><br />

transforma<strong>do</strong>s por ele. Assim, é necessário considerar a reali<strong>da</strong>de profissio<strong>na</strong>l desses<br />

<strong>do</strong>centes que têm pouco ou nenhum tempo para estu<strong>da</strong>r, por conta de trabalharem em<br />

vários turnos e serem mal remunera<strong>do</strong>s, bem como o fato de não terem condições<br />

fi<strong>na</strong>nceiras para investir continuamente em sua formação; ou ain<strong>da</strong>, terem de aceitar e<br />

passar por várias reformas institucio<strong>na</strong>is, como se as novas propostas tivessem a sua<br />

participação efetiva.<br />

A última situação a ser a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong> refere-se a uma postura não menos complexa que<br />

as anteriores. Neste caso, os professores reconhecem a importância de se alfabetizar numa<br />

perspectiva ferreiria<strong>na</strong>, a partir de referenciais construtivistas, e por conta disto assumem<br />

um discurso firme e inova<strong>do</strong>r. Nota-se que há empenho e esforço em aproximar suas falas<br />

à origi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de teórica admiti<strong>da</strong>, como se isso pudesse garantir a legitimi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> processo<br />

de alfabetização. Sen<strong>do</strong> assim, mantêm-se sempre atentos às novi<strong>da</strong>des publica<strong>da</strong>s a<br />

respeito <strong>do</strong> assunto, trocam experiências e demonstram interesse em consultar publicações<br />

sobre o tema. Suas práticas têm se constituí<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s ideais defendi<strong>do</strong>s em seus<br />

discursos com a certeza de que “é possível alfabetizar letran<strong>do</strong>” (SOARES, 2003).<br />

Carvalho (2005) identifica o aumento <strong>da</strong> tolerância em relação aos erros <strong>da</strong>s crianças e a<br />

aceitação <strong>da</strong> escrita espontânea como alguns aspectos positivos <strong>da</strong> herança emilia<strong>na</strong>.<br />

7


Embora discurso e prática se apresentem imbuí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mesmos ideais, os problemas<br />

surgem no momento em que esses professores se deparam com a aparente dificul<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

aluno. De imediato, busca-se responsabilizar esta nova proposta de alfabetização pelo<br />

reconheci<strong>do</strong> insucesso <strong>do</strong> alfabetizan<strong>do</strong>, com a certeza de que só pelo méto<strong>do</strong> tradicio<strong>na</strong>l<br />

será possível reverter o processo. A partir <strong>da</strong>í, tem-se a impressão de que tu<strong>do</strong> pode ser<br />

realiza<strong>do</strong> para que o aluno apren<strong>da</strong>. Isto implica seriamente mu<strong>da</strong>nça radical <strong>da</strong>s<br />

estratégias que passam a ser estabeleci<strong>da</strong>s com base nos princípios tradicio<strong>na</strong>is. Isto é, as<br />

ativi<strong>da</strong>des passam a ser propostas e desenvolvi<strong>da</strong>s segun<strong>do</strong> um planejamento inflexível e<br />

fecha<strong>do</strong>, no qual não se valoriza o saber e a participação discente. De alguma maneira, tal<br />

fato parece não constranger esses professores que, por razões por eles julga<strong>da</strong>s como<br />

superiores, sublimam seus próprios ideais teóricos e sentem-se como que absolvi<strong>do</strong>s por<br />

adquirirem tal postura. Essa situação sugere a idéia de que se reconheça serie<strong>da</strong>de, rigor e<br />

planejamento somente nos méto<strong>do</strong>s tradicio<strong>na</strong>is, em contraparti<strong>da</strong> a um certo<br />

espontaneísmo admiti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s propostas que procuram a<strong>da</strong>ptar-se à cultura pessoal <strong>do</strong>s<br />

educan<strong>do</strong>s e suas especifici<strong>da</strong>des, e percebê-los como sujeitos de sua alfabetização.<br />

Embora no contexto <strong>da</strong> pesquisa em an<strong>da</strong>mento não se identifique tal situação, a professora<br />

a reconhece como uma possibili<strong>da</strong>de de uma prática <strong>do</strong>cente, quan<strong>do</strong> se refere à<br />

experiências de outros profissio<strong>na</strong>is em contextos diferencia<strong>do</strong>s.<br />

Considerações fi<strong>na</strong>is<br />

No processo de alfabetização basea<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s de Emília Ferreiro, vários são os<br />

caminhos que podem ser trilha<strong>do</strong>s pelos grupos, de forma que a utilização de méto<strong>do</strong>s<br />

tradicio<strong>na</strong>is ou inova<strong>do</strong>res aconteça, desde que mediante a sua adequação à reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />

alunos. Isto significa que é viável a diversi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s, <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que se<br />

prioriza a maneira e o ritmo pelos quais o aluno aprende. Porém, tais mu<strong>da</strong>nças não são<br />

concebi<strong>da</strong>s como redentoras de dificul<strong>da</strong>des, mas sim como possibili<strong>da</strong>des de avanços. Há<br />

de se ter atenção às possíveis tramas que podem decorrer <strong>do</strong> esforço de se contemplar as<br />

especifici<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s alunos, com o propósito de não correr o risco de perder-se <strong>do</strong> objetivo.<br />

Esta perspectiva de trabalho considera que “os ritmos de aprendizagem variam, as<br />

experiências anteriores <strong>do</strong>s alunos com a leitura e a escrita também” (CARVALHO, 2005,<br />

p. 16). Portanto, é preciso que ao longo de to<strong>do</strong> o processo se tenha espaço para refletir<br />

sobre os avanços <strong>na</strong> concepção de escrita de ca<strong>da</strong> aluno, bem como possíveis entraves<br />

8


desta construção, para que se possa estabelecer novas estratégias e caminhos em prol <strong>da</strong><br />

formação de um sujeito letra<strong>do</strong>.<br />

A partir destas reflexões, é importante pensar ca<strong>da</strong> espaço alfabetiza<strong>do</strong>r como<br />

único, com suas características e des<strong>do</strong>bramentos próprios, que em muito traduzem<br />

variáveis sociais que interferem no processo de construção <strong>da</strong> escrita e <strong>da</strong> leitura, bem<br />

como a maneira pela qual se estabelece o grau de relevância pela formação de um sujeito<br />

letra<strong>do</strong>. Para isto, é preciso desconstruir, junto à cultura escolar, algumas acepções e<br />

posturas que embasam as práticas alfabetiza<strong>do</strong>ras, <strong>na</strong>s quais a apropriação <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong><br />

escrita ocorre de forma limita<strong>da</strong>, engessa<strong>da</strong> e empobreci<strong>da</strong>, desqualifican<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o<br />

processo. É necessário que se compreen<strong>da</strong> que as mu<strong>da</strong>nças em termos pe<strong>da</strong>gógicos e<br />

organizacio<strong>na</strong>is têm o intuito de atender às especifici<strong>da</strong>des de uma deman<strong>da</strong> social e não<br />

representam necessariamente a troca <strong>do</strong> velho pelo novo - este último, obviamente<br />

desconheci<strong>do</strong>. Mas sim, uma forma de a<strong>da</strong>ptar-se e atender aos novos paradigmas <strong>da</strong><br />

alfabetização, ao mesmo tempo em que se afirma a importância <strong>da</strong> compreensão efetiva<br />

<strong>do</strong>s alfabetiza<strong>do</strong>res a respeito <strong>da</strong>s novas propostas.<br />

As práticas alfabetiza<strong>do</strong>ras devem constituir-se a partir <strong>da</strong> transversalização <strong>do</strong>s<br />

saberes <strong>do</strong>centes e discentes, <strong>da</strong> cultura pessoal de ca<strong>da</strong> componente <strong>do</strong> grupo, <strong>da</strong><br />

compreensão de que as condições sociais <strong>do</strong>s alunos não são variáveis determi<strong>na</strong>ntes <strong>do</strong><br />

seu aprendiza<strong>do</strong>, <strong>da</strong> aceitação às mu<strong>da</strong>nças como alter<strong>na</strong>tivas de qualificação, <strong>do</strong> respeito<br />

aos níveis de desenvolvimento psicológico <strong>do</strong>s alunos, <strong>da</strong> certeza de que não só os<br />

materiais didáticos representam possíveis caminhos de aprendizagem, <strong>do</strong> reconhecimento<br />

de que é necessário letrar as pessoas para que se possa estabelecer uma nova ordem social<br />

em busca de uma quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> mais justa, <strong>da</strong> visão de educação como possibili<strong>da</strong>de<br />

de transformação social.<br />

E quanto ao futuro alfabetiza<strong>do</strong>r, é preciso passar por uma formação mais<br />

comprometi<strong>da</strong> com as questões cruciais <strong>da</strong> prática, construir o hábito e o valor <strong>da</strong> formação<br />

continua<strong>da</strong>, ganhar o respeito e reconhecimento social que lhe cabe, ter melhores<br />

condições para atuar. Enfim, é necessário que as instituições de formação <strong>do</strong>cente estejam<br />

comprometi<strong>da</strong>s com a missão de “educar intelectuais dispostos a desempenhar um papel<br />

central <strong>na</strong> grande luta pela democracia e pela justiça social” (GIROUX; MCLAREN,<br />

1986)<br />

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