Pensar é transgredir
Pensar é transgredir
Pensar é transgredir
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
_________________________<br />
Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
25<br />
Não somos santas<br />
No começo diziam que eu escrevia mais para<br />
mulheres (o que <strong>é</strong> bobagem), e que minhas<br />
personagens femininas são mais fortes do que os<br />
homens (idem).<br />
Rótulos são imprecisos e empobrecedores, mas o que<br />
se há de fazer.<br />
Depois de O rio do meio, de 1976, passaram a dizer<br />
que eu defendia demais os homens. Devo ter do<br />
masculino uma visão mais positiva do que, parece,<br />
boa parte das mulheres.<br />
Tive um pai amigo que desde criança me ensinou a<br />
cuidar da minha dignidade, e dois companheiros que<br />
me respeitaram como ser humano, empurrando-me<br />
para a frente e para cima.<br />
No Rio, escrevi entre outras coisas que tamb<strong>é</strong>m os<br />
homens sofrem de solidão – na medida da solidão (ou<br />
da infantilidade) de suas mulheres –, que tamb<strong>é</strong>m<br />
querem ser amados, ouvidos, olhados, não só<br />
criticados e cobrados. Em palestras afirmo (para<br />
horror de muitas) que nós mulheres tamb<strong>é</strong>m sabemos<br />
ser muito chatas. Insatisfeitas, cobradoras, ásperas ou<br />
92