Pensar é transgredir
Pensar é transgredir Pensar é transgredir
Será pior ter mais equilíbrio, mais serenidade, mais elegância e até bom humor diante de fatos que na juventude nos fariam arrancar os cabelos de aflição? Visitei uma artista plástica de quase noventa anos, que pinta telas de uns vermelhos palpitantes. E eu lhe disse: – Seus quadros celebram a vida. Ela respondeu junto do meu ouvido, brilho nos olhos: – Eu os crio para mim mesma, para meu prazer. Seu rosto enrugado e seu corpo já encurvado emanavam uma alegria de viver que me causou inveja. Por um instante desejei ter chegado ao mesmo patamar – onde muitas coisas pelas quais hoje luto e sofro fossem uma celebração, recobertas de uma beleza menos ilusória. Esse encontro mostrou a importância de conquistar o tempo tornando-o nosso bichinho de estimação, em lugar de sermos devorados por ele. E descobrir o tom segundo o qual queremos viver cada fase – também a maturidade e a velhice. Juventude em allegro, maturidade em adágio e velhice em tom de marcha fúnebre – terá de ser necessariamente assim? Talvez o concerto da nossa vida exija uma mistura ou encadeamento de tudo isso, em cada fase. Apesar dos _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 87
descompassos, vai-se instaurar a harmonia possível, e sempre é mais possível do que, na nossa torta visão da passagem do tempo, nós nos permitimos. _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 88
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Será pior ter mais equilíbrio, mais serenidade, mais<br />
elegância e at<strong>é</strong> bom humor diante de fatos que na<br />
juventude nos fariam arrancar os cabelos de aflição?<br />
Visitei uma artista plástica de quase noventa anos, que<br />
pinta telas de uns vermelhos palpitantes. E eu lhe<br />
disse:<br />
– Seus quadros celebram a vida.<br />
Ela respondeu junto do meu ouvido, brilho nos olhos:<br />
– Eu os crio para mim mesma, para meu prazer.<br />
Seu rosto enrugado e seu corpo já encurvado<br />
emanavam uma alegria de viver que me causou<br />
inveja. Por um instante desejei ter chegado ao mesmo<br />
patamar – onde muitas coisas pelas quais hoje luto e<br />
sofro fossem uma celebração, recobertas de uma<br />
beleza menos ilusória.<br />
Esse encontro mostrou a importância de conquistar o<br />
tempo tornando-o nosso bichinho de estimação, em<br />
lugar de sermos devorados por ele. E descobrir o tom<br />
segundo o qual queremos viver cada fase – tamb<strong>é</strong>m a<br />
maturidade e a velhice.<br />
Juventude em allegro, maturidade em adágio e velhice<br />
em tom de marcha fúnebre – terá de ser<br />
necessariamente assim?<br />
Talvez o concerto da nossa vida exija uma mistura ou<br />
encadeamento de tudo isso, em cada fase. Apesar dos<br />
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Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
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