Pensar é transgredir
Pensar é transgredir
Pensar é transgredir
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Por que uma velha dama não pode morar numa casa<br />
grande, a não ser por recomendação m<strong>é</strong>dica ou<br />
segurança?<br />
Por que um velho tem de usar sapato cambaio e calça<br />
larga?<br />
Por que não podem procurar e curtir uma nova<br />
companhia?<br />
Solidão não <strong>é</strong> dever de ningu<strong>é</strong>m, muito menos de um<br />
velho.<br />
Somos contraditórios (por isso tamb<strong>é</strong>m interessantes):<br />
na <strong>é</strong>poca em que mais tempo vivemos, parece haver<br />
mais dificuldade em relação ao que se convencionou<br />
chamar velhice.<br />
Para a maioria, ela traz a marca da incapacidade, do<br />
feio e da deterioração. É algo a ser evitado como uma<br />
doença, um defeito. Não deixa de ser fútil, encarar a<br />
vida como um conjunto de gavetas compartimentadas<br />
nas quais somos jovens, maduros ou velhos – por<strong>é</strong>m<br />
só em uma delas, a da juventude, com direito a<br />
alegrias e realizações. A possibilidade de ter<br />
qualidade de vida, saúde, projetos e ternura at<strong>é</strong> os<br />
noventa anos <strong>é</strong> real, desde que levando em conta as<br />
limitações de cada período.<br />
Este livro <strong>é</strong> dedicado a uma grande amiga, Mafalda<br />
Veríssimo, que at<strong>é</strong> sua morte, aos noventa anos, foi<br />
uma pessoa atuante e agregadora. A gente não a<br />
_________________________<br />
Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
85