Pensar é transgredir
Pensar é transgredir Pensar é transgredir
perdas forma em parte a nossa humanidade ameaçada. Nós somos também isso. Segundo, perder dói mesmo. Não há como não sofrer. É tolice dizer “não sofra, não chore”. Também o luto e a dor são importantes – desde que não nos paralisem demasiado por demasiado tempo. Terceiro, precisamos de recursos internos para enfrentar Por tudo isso, que não compreendemos mas podemos sentir, a vida vale a pena – também quando o mundo parece desabar sobre nós ou arrancar de nossas mãos aquela última pequena e pálida esperança. A dor. O apoio dos outros é relativo e passageiro. A força decisiva terá de vir do nosso interior, onde se depositou a bagagem de nossa vida. Lidar com a perda vai depender do que encontraremos ali: se nesse lugar crescem árvores sólidas, teremos onde nos agarrar. Se houver apenas plantinhas rasteiras, estaremos mal. Por isso, aliás, a tragédia faz emergir forças insuspeitadas em algumas pessoas, e para outras aparece como uma injustiça pessoal ou uma traição da vida. Uma doença grave, um insulto à dignidade ou o esvaziamento da nossa confiança nos deixam _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 67
encurralados. Não vemos mais sentido em nada, e isso será mais difícil se até ali corremos desnorteados no tempo em que, sem refletir nem apreciar, ainda possuíamos isso que agora perdemos. Não acho que seja preciso alta filosofia e devoção ardente, nem acredito em muita teorização sobre o sentido da existência. Mas creio numa expressão meio fora de moda, que no meu caso não tem conotação religiosa: vida interior. Que é o espaço da ética, dos afetos, da humildade e da coragem, da visão de nossa transcendência. Somos parte de um misterioso ciclo vital que é o da própria natureza, e nos confere sentido. Dentro dele, mesmo sendo insignificantes, temos grandeza. Mesmo sendo bem jovens, podemos ser maduros. _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 68
- Page 18 and 19: _________________________ Lya Luft
- Page 20 and 21: no urso de pelúcia e prosseguir, n
- Page 22 and 23: _________________________ Lya Luft
- Page 24 and 25: - Não, filho, Deus fez brotar a se
- Page 26 and 27: _________________________ Lya Luft
- Page 28 and 29: O que sonha, na redoma da sua desme
- Page 30 and 31: _________________________ Lya Luft
- Page 32 and 33: Que seja vital: isso me parece uma
- Page 34 and 35: _________________________ Lya Luft
- Page 36 and 37: Meu pai se droga, minha mãe se pro
- Page 38 and 39: determinadas - feito hâmsteres que
- Page 40 and 41: nas lajes, e tudo o que fala muito
- Page 42 and 43: Use-o para pesquisar, para se comun
- Page 44 and 45: _________________________ Lya Luft
- Page 46 and 47: Juntos fazem a vida valer a pena -
- Page 48 and 49: Depois de ler num congresso de escr
- Page 50 and 51: _________________________ Lya Luft
- Page 52 and 53: Os dois sabíamos aonde ia levar aq
- Page 54 and 55: _________________________ Lya Luft
- Page 56 and 57: indevidas cobranças, entender que
- Page 58 and 59: asileira quanto minha amiguinha Ros
- Page 60 and 61: _________________________ Lya Luft
- Page 62 and 63: - Mas ninguém tem a originalidade
- Page 64 and 65: _________________________ Lya Luft
- Page 66 and 67: Há pouco veio me falar, com olhos
- Page 70 and 71: _________________________ Lya Luft
- Page 72 and 73: Criar personagens trágicos não si
- Page 74 and 75: Corte, mas algumas davam cursos pú
- Page 76 and 77: Questionar é um bom começo. Para
- Page 78 and 79: “Não conta pra sua mãe que queb
- Page 80 and 81: fiquei um pouco aliviada: os meus p
- Page 82 and 83: antigos. A Idade Média. As Cruzada
- Page 84 and 85: _________________________ Lya Luft
- Page 86 and 87: Por que uma velha dama não pode mo
- Page 88 and 89: Será pior ter mais equilíbrio, ma
- Page 90 and 91: _________________________ Lya Luft
- Page 92 and 93: Dois holofotes azuis como só menin
- Page 94 and 95: lamuriosas, frívolas e agitadas, c
- Page 96 and 97: encantamento e magia, ainda que o n
- Page 98 and 99: Parada, atônita, mãos em garra pe
- Page 100 and 101: _________________________ Lya Luft
- Page 102 and 103: positivo, não me enxergando como a
- Page 104 and 105: imprevisível, começa a dizer em v
- Page 106 and 107: _________________________ Lya Luft
- Page 108 and 109: _________________________ Lya Luft
- Page 110 and 111: precisaria ser assim. Labutamos com
- Page 112 and 113: _________________________ Lya Luft
- Page 114 and 115: Que não se insinue com minha secre
- Page 116 and 117: _________________________ Lya Luft
encurralados. Não vemos mais sentido em nada, e isso<br />
será mais difícil se at<strong>é</strong> ali corremos desnorteados no<br />
tempo em que, sem refletir nem apreciar, ainda<br />
possuíamos isso que agora perdemos.<br />
Não acho que seja preciso alta filosofia e devoção<br />
ardente, nem acredito em muita teorização sobre o<br />
sentido da existência.<br />
Mas creio numa expressão meio fora de moda, que no<br />
meu caso não tem conotação religiosa: vida interior.<br />
Que <strong>é</strong> o espaço da <strong>é</strong>tica, dos afetos, da humildade e da<br />
coragem, da visão de nossa transcendência. Somos<br />
parte de um misterioso ciclo vital que <strong>é</strong> o da própria<br />
natureza, e nos confere sentido.<br />
Dentro dele, mesmo sendo insignificantes, temos<br />
grandeza.<br />
Mesmo sendo bem jovens, podemos ser maduros.<br />
_________________________<br />
Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
68