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Pensar é transgredir

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Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />

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Nós, os diferentes<br />

O tema do exotismo, que os estrangeiros tanto<br />

requisitam do Brasil e dos brasileiros, me remete a<br />

outro preconceito parecido, num momento em que<br />

virou moda (ou mania) tentar definir quem <strong>é</strong> o quê e<br />

como: gaúchos, nordestinos, mineiros?<br />

Em qualquer lugar do Brasil acima do Paraná, <strong>é</strong><br />

freqüente o tedioso comentário, pronunciado com um<br />

misto de lisonja ou ironia: “Vocês lá do Rio Grande<br />

do Sul nem são brasileiros, são europeus!”<br />

Não acho nem simpático, nem inteligente, nem<br />

elogioso. Não quero ser deixada de fora.<br />

Mexe com brios que tenho desde criança, quando,<br />

numa cidadezinha então povoada sobretudo por<br />

descendentes de imigrantes alemães, se falava em um<br />

“nós” (os de sobrenome Schmidt, Schneider) e um<br />

“eles, os brasileiros” (de sobrenome Silva, Rocha).<br />

Por conta dessa loucura proibiam-se namoros,<br />

liquidavam-se amizades, vidas eram podadas,<br />

eventualmente grassavam suspeitas de parte a parte.<br />

Aos oito anos, anunciei em casa: “Se eu nasci no<br />

Brasil, se at<strong>é</strong> minhas avós nasceram aqui, sou tão<br />

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