Pensar é transgredir
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indevidas cobranças, entender que a culpa é o selo da morte. E abrir-se para a vida: que nem sempre é mesquinha; e que nem sempre nos trai. Mas isso foram reflexões ineficientes de uma hora cansada, diante de um rio enigmático, que não me deu nenhuma resposta. _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 55
_________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 15 Nós, os diferentes O tema do exotismo, que os estrangeiros tanto requisitam do Brasil e dos brasileiros, me remete a outro preconceito parecido, num momento em que virou moda (ou mania) tentar definir quem é o quê e como: gaúchos, nordestinos, mineiros? Em qualquer lugar do Brasil acima do Paraná, é freqüente o tedioso comentário, pronunciado com um misto de lisonja ou ironia: “Vocês lá do Rio Grande do Sul nem são brasileiros, são europeus!” Não acho nem simpático, nem inteligente, nem elogioso. Não quero ser deixada de fora. Mexe com brios que tenho desde criança, quando, numa cidadezinha então povoada sobretudo por descendentes de imigrantes alemães, se falava em um “nós” (os de sobrenome Schmidt, Schneider) e um “eles, os brasileiros” (de sobrenome Silva, Rocha). Por conta dessa loucura proibiam-se namoros, liquidavam-se amizades, vidas eram podadas, eventualmente grassavam suspeitas de parte a parte. Aos oito anos, anunciei em casa: “Se eu nasci no Brasil, se até minhas avós nasceram aqui, sou tão 56
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indevidas cobranças, entender que a culpa <strong>é</strong> o selo da<br />
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Mas isso foram reflexões ineficientes de uma hora<br />
cansada, diante de um rio enigmático, que não me deu<br />
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