Pensar é transgredir
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Talvez seja essa a função de toda a arte (se é que ela tem alguma): a libertação e o crescimento de quem a exerce e de quem a vai contemplar. Nessa medida a pessoa do escritor é desimportante: valem os questionamentos que faz, e a forma com que elabora em textos a nossa essencial contradição – matéria viva de sua contemplação e arte. _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 183
_________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 50 Dizer “sim” dizer “não” A história mais difícil de escrever é a nossa própria, complexa, obscura, inocente ou perversa – bem mais do que são as narrativas ficcionais. Brinquei muito tempo com a idéia de dizer “sim” ou “não” a nós mesmos, aos outros, à vida, aos deuses, como parte essencial dessa escrita de nosso destino – com os naturais intervalos de fatalidades que não se podem evitar, mas tem de ser enfrentadas. Acredito em pegar o touro pelos chifres, mas vezes demais fiquei simplesmente deitada e ele me pisoteou com gosto. Afinal a gente é apenas humano. Nessa difícil história nossa, dizer sim ao negativo, ao sombrio, em lugar de dizer “sim” ao bom, ao positivo, é o desafio maior. Pois a questão é saber a hora de pronunciar uma ou outra palavra, de assumir uma ou outra postura. O risco de errar pode significar inferno ou paraíso. Também descobri (eu inventei?) isso de existir um ponto cego da perspectiva humana, em que não se enxerga o outro mas apenas um lado dele: seu olho 184
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Talvez seja essa a função de toda a arte (se <strong>é</strong> que ela<br />
tem alguma): a libertação e o crescimento de quem a<br />
exerce e de quem a vai contemplar.<br />
Nessa medida a pessoa do escritor <strong>é</strong> desimportante:<br />
valem os questionamentos que faz, e a forma com que<br />
elabora em textos a nossa essencial contradição –<br />
mat<strong>é</strong>ria viva de sua contemplação e arte.<br />
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Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
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