Pensar é transgredir
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Susto positivo esse, pois nos mostra que não fugindo demais das responsabilidades a gente pode modificar as coisas. Não é preciso mover montanhas: pode-se valorizar alguém, escutar uma palavra, transmitir confiança ou mostrar afeto. Talvez essa seja uma das nossas dificuldades em sermos naturais: esperamos grandes milagres, analisamos complexas teorias, engolimos informações indigestas. Inseguros, optamos pela complicação. Aflitos, queremos que a teoria na prática sempre funcione. Como não funciona, abrem-se manuais e consultórios fáceis, ouvem-se especialistas exaustos, fazem-se cursos e cursinhos para aprender a ser gente e lidar com o que é humano. Tudo isso – moderno e antigo, teórico e concreto – só vai adiantar na medida em que construir sobre o indispensável alicerce da reflexão, da seriedade, da integridade. As nossas, é claro. _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 173
_________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 47 O sexo mais oprimido Deliciosa matéria em uma revista nacional: um historiador especialista em conflitos mundiais, depois de publicar livros sobre a guerra, acabou enveredando pelo território altamente minado da chamada guerra dos sexos. A entrevista é daquelas de acender mil fogueiras de reações contraditórias: os que vão adorar, os que vão detestar. Os que vão achar de um ridículo atroz. (Eu, fiquei pensativa.) Nela aprendemos que a verdadeira grande discriminação em nosso mundo ocidental acontece contra os homens. Estudando a opressão que as mulheres sofriam por parte deles, o homem acabou descobrindo o contrário. Por exemplo: antes as mulheres não podiam trabalhar, mas hoje podem optar, enquanto homem nunca teve escolha. Ou trabalha e sustenta a família (mesmo que a mulher possa fazer isso sozinha), ou leva pecha de vagabundo, parasita. As grandes inovações e invenções do mundo devemse na maior parte aos homens porque mulheres seriam 174
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Susto positivo esse, pois nos mostra que não fugindo<br />
demais das responsabilidades a gente pode modificar<br />
as coisas. Não <strong>é</strong> preciso mover montanhas: pode-se<br />
valorizar algu<strong>é</strong>m, escutar uma palavra, transmitir<br />
confiança ou mostrar afeto.<br />
Talvez essa seja uma das nossas dificuldades em<br />
sermos naturais: esperamos grandes milagres,<br />
analisamos complexas teorias, engolimos informações<br />
indigestas. Inseguros, optamos pela complicação.<br />
Aflitos, queremos que a teoria na prática sempre<br />
funcione.<br />
Como não funciona, abrem-se manuais e consultórios<br />
fáceis, ouvem-se especialistas exaustos, fazem-se<br />
cursos e cursinhos para aprender a ser gente e lidar<br />
com o que <strong>é</strong> humano.<br />
Tudo isso – moderno e antigo, teórico e concreto – só<br />
vai adiantar na medida em que construir sobre o<br />
indispensável alicerce da reflexão, da seriedade, da<br />
integridade. As nossas, <strong>é</strong> claro.<br />
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