Pensar é transgredir
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todo tipo de novas terapias – nem sempre<br />
fundamentadas –, estamos nos convencendo de que<br />
ter e criar filho tamb<strong>é</strong>m não <strong>é</strong> lá muito natural.<br />
Alimentados com duvidosas id<strong>é</strong>ias de uma pedagogia<br />
de botequim, passamos do extremo antigo, de achar<br />
que criança não pensa, ao outro extremo: criança <strong>é</strong><br />
complicação e nos tiraniza. Receitas de como tratar do<br />
bebê ao adolescente atormentam gerações de pais<br />
aflitos. A aflição não <strong>é</strong> boa conselheira. (Afobado,<br />
aliás, a gente vive – e ama – bem mal.)<br />
Esquecemos o melhor mestre: o bom senso. A escuta<br />
do que temos no nosso interior, aquela coisa antiquada<br />
chamada intuição, lembram? Claro que para isso<br />
precisamos ter bom senso, e uma voz dentro de nós<br />
para ser ouvida – não o eco das propostas estranhas<br />
que nos são apresentadas.<br />
Ou cada vez que o bebê chorar desafinado, a criança<br />
ficar menos ativa (ela em geral está querendo que a<br />
deixem um pouco quieta), ou ativa demais, vamos<br />
correndo procurar um especialista. Para que ele nos<br />
ensine a segurar o bebê, a dar a mamadeira, a cortar a<br />
unha, a olhar no olho, aconchegar ao peito, amar a<br />
criança nossa de cada dia.<br />
É que, al<strong>é</strong>m de aflitos e desorientados pelo excesso de<br />
informação inútil, somos muito superficiais. Falta-nos<br />
o hábito de observar e refletir. Assustados com<br />
responsabilidade, escolha e decisão, despreparados<br />
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Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
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