Pensar é transgredir
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Não fazer doutorado no exterior pelos filhos pequenos<br />
pode abrir um buraco na alma e uma lacuna concreta<br />
em uma atividade profissional. Mas algu<strong>é</strong>m sugeriu a<br />
pergunta: a família era uma real prioridade minha,<br />
sabida e consentida, ou agi apenas por covardia?<br />
Naquele caso, tinha existido uma prioridade válida.<br />
A lista seria longa: interessa que nesses encontros<br />
muita coisa ficou menos confusa, e mais claros os<br />
“buracos” que decisões passadas ainda representavam<br />
no caminho de cada uma.<br />
Diante deles havia várias posturas possíveis: podiam<br />
ser contornados, ignorados, tapados, ou preenchidos<br />
de magoa e arrependimento.<br />
Mas tamb<strong>é</strong>m podiam ser aliviados ao se constatar:<br />
naquele momento, eu fiz o melhor que podia. Ou essa<br />
pessoa, da qual tanto me ressinto, fez o melhor que<br />
sabia.<br />
Assim pelo menos mudamos nossa postura com<br />
relação ao irremediável: uma reconciliação consigo<br />
mesma, com aquela que tínhamos podido ser na<br />
juventude, no começo da vida adulta, ou at<strong>é</strong> depois.<br />
“A gente tem de se perdoar, <strong>é</strong> isso?”, perguntou<br />
algu<strong>é</strong>m. Acabamos escolhendo outro termo, que não<br />
conotasse magnanimidade ou bondade, mas justiça: a<br />
gente se “anistiava” pelas escolhas indevidas. E<br />
“anistiava” os que aparentemente tinham nos causado<br />
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Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />
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