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Pensar é transgredir

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exterior, mas tinha dois filhos pequenos e não deu<br />

nem para pensar nisso”, “eu queria estudar Direito<br />

quando os filhos eram adolescentes, mas eles<br />

reclamaram das minhas ausências de casa e larguei...”,<br />

“eu tinha um excelente emprego mas sai da empresa<br />

porque meu marido não me deixava trabalhar fora...”<br />

A lista foi longa e o debate animado. Éramos de uma<br />

geração que não tivera muitas escolhas, ou escolhas<br />

fáceis: fora preciso descobrir nosso desejo e potencial,<br />

vencer medo e preconceitos, derrubar mitos,<br />

contrariar pessoas importantes em seus afetos, ter uma<br />

audácia que não se esperava da gente.<br />

Revisamos alguns conceitos: submeter-se a filhos<br />

grosseiros <strong>é</strong> resultado de toda uma relação, desde o<br />

nascimento deles (e do nosso tamb<strong>é</strong>m, pois<br />

repetíamos eventualmente velhos padrões). A mãe<br />

vítima, a mártir venerada, a eternamente disponível e<br />

de preferência sem vida própria, ainda aparecia como<br />

modelo desejável. Não tenho dúvidas de que essa<br />

imagem materna desperta nos filhos (e no marido)<br />

sensações contraditórias de culpa e insatisfação.<br />

Deixar um bom emprego porque o marido não admitia<br />

(“mulher minha não trabalha fora”) era melancólico<br />

mas nada original: mulheres que numa relação não<br />

são amantes/amigas mas meninas submissas, vivem a<br />

sua solidão e aumentam a dos seus companheiros.<br />

_________________________<br />

Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />

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