Pensar é transgredir

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17.04.2013 Views

porque era uma bruxa. Pouca gente sabia isso: era segredo. Mas ela era bruxa boa, claro, das que fazem feitiço para proteger as pessoas e assustar as bruxas más. Quando não estava na escola nem brincando no jardim, nem no seu quarto desenhando ou olhando livros de história, ou quem sabe assistindo a um pouco de televisão, Tatinha gostava de ficar perto da Vovó. Às vezes esta deixava a neta jogar em seu computador, uns jogos de criança bem bonitos, outras vezes lhe mostrava um pouco de seus feitiços. E falava na sua guerra contra outras bruxas más, principalmente as que moravam perto de casa, e de que a gente vai falar daqui a pouco. Um dia na escolinha as crianças estavam no pátio comendo seus lanches e brincando. Aí Tatinha esqueceu que aquilo era segredo, e contou que sua avó era bruxa. – Onde já se viu – disseram as meninas – avó da gente ser bruxa? – Mas a minha é, sim – respondeu a Tatinha, já ficando zangada. Os meninos da turma duvidaram: – Bruxa de verdade não existe! E sua avó nem é tão feia, nem tem cara assim de bruxa. A gente não tem medo dela. _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 119

Ela às vezes traz você para a escola de carro, e bruxa voa montada em vassoura!!!! – Mas eu já falei que ela é bruxa boa! – explicou Tatinha de novo, quase chorando. – Bruxa boa é diferente! – E ela faz feitiço? – Faz, claro que faz! As crianças continuavam duvidando. Então a menina Tatinha disse: – Pois eu vou contar pra vocês umas histórias da minha avó Lilibeth, pra verem que realmente existe bruxa boa, e ela é uma dessas. – E que história vai ser essa? – perguntou a professora, sentando junto das crianças. – É a história das bruxas más – respondeu Tatinha. E o que ela contou foi mais ou menos assim: Era uma vez duas bruxas muito feias e muito más, que eram irmãs. Uma se chamava Bruxa Cara-de-Panela, e a outra Bruxa Cara-de-Janela. A Cara-de-Panela era gordinha, com cara assim (redonda), a Cara-de-Janela era magra, com cara assim (retangular). Elas moravam num buraco enorme, na esquina da rua da casa da Tatinha, uma toca escura onde viviam com ratos feios e fedorentos. Os ratos traziam doença e eram muito perigosos. Havia ratos porque algumas _________________________ Lya Luft – Pensar é transgredir 120

porque era uma bruxa. Pouca gente sabia isso: era<br />

segredo. Mas ela era bruxa boa, claro, das que fazem<br />

feitiço para proteger as pessoas e assustar as bruxas<br />

más.<br />

Quando não estava na escola nem brincando no<br />

jardim, nem no seu quarto desenhando ou olhando<br />

livros de história, ou quem sabe assistindo a um pouco<br />

de televisão, Tatinha gostava de ficar perto da Vovó.<br />

Às vezes esta deixava a neta jogar em seu<br />

computador, uns jogos de criança bem bonitos, outras<br />

vezes lhe mostrava um pouco de seus feitiços. E<br />

falava na sua guerra contra outras bruxas más,<br />

principalmente as que moravam perto de casa, e de<br />

que a gente vai falar daqui a pouco.<br />

Um dia na escolinha as crianças estavam no pátio<br />

comendo seus lanches e brincando. Aí Tatinha<br />

esqueceu que aquilo era segredo, e contou que sua avó<br />

era bruxa.<br />

– Onde já se viu – disseram as meninas – avó da gente<br />

ser bruxa?<br />

– Mas a minha <strong>é</strong>, sim – respondeu a Tatinha, já<br />

ficando zangada.<br />

Os meninos da turma duvidaram:<br />

– Bruxa de verdade não existe! E sua avó nem <strong>é</strong> tão<br />

feia, nem tem cara assim de bruxa. A gente não tem<br />

medo dela.<br />

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Lya Luft – <strong>Pensar</strong> <strong>é</strong> <strong>transgredir</strong><br />

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