Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
tenha arvores <strong>de</strong> fructo; sem embargo que as po<strong>de</strong>rá ter, em muitas partes, se houvesse curiozida<strong>de</strong>.<br />
De arvores sylvestres tem bastantes,na mayor parte <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>curso,como sam amieyros e outras mais<br />
<strong>de</strong> semelhante qualida<strong>de</strong>.11.– A este nam há que respon<strong>de</strong>r [se têm alguma virtu<strong>de</strong> particular estas<br />
águas]. 12. – Des<strong>de</strong> o seu nascimento athé on<strong>de</strong> morre, sempre conserva o mesmo nome, nem consta<br />
que em tempo algum tivesse outro. 13. – Vay morrer em hum Ryo chamado Douro em distancia <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zasseis legoas nas vizinhanças <strong>de</strong> huma Villa chamada Villanova <strong>de</strong> Foscoa, e naquelle sitio é só que<br />
per<strong>de</strong> o seu nome.14. – Nam tem a tal Ribeyra capacida<strong>de</strong> que admita navegaçoens. Nam me<br />
consta que tenha cachoeyra ou reprezas gran<strong>de</strong>s, e só sim pella mayor parte <strong>de</strong>lla tem quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
assu<strong>de</strong>s e pegos, por razão dos moinhos que nella há. 15. – Athé on<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong> a minha noticia, me<br />
consta que a dita Ribeyra tem sette pontes: duas <strong>de</strong>llas com pilares ou cortamares <strong>de</strong> cantaria; e o<br />
pavimento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira; huma <strong>de</strong>llas está em huma Al<strong>de</strong>a chamada Val <strong>de</strong> Espinho e outra está neste<br />
povo <strong>de</strong> Coadrasaes.Das cinco <strong>de</strong> cantaria huma está na Villa do Sabugal,outra que chamam a ponte<br />
<strong>de</strong> Sequeyros 9 ,perto <strong>de</strong> um povo chamado Miusella,outra junto a Villa <strong>de</strong> Castello Bom,outra meya<br />
legoa distante da praça <strong>de</strong> Almeyda e outra perto <strong>de</strong> hum povo chamado Sinco Villas. 16. – Só me<br />
consta que a dita Rybeira, pella mayor parte <strong>de</strong>lla, tem moinhos e <strong>de</strong> que tenha lagares ou pizões me<br />
não consta.17.– Conheço-me lembrado <strong>de</strong> que haverá vinte annos,pouco mais ou menos,vieram às<br />
vizinhanças <strong>de</strong>ste povo certos homens, e que com instrumentos que traziam, tiraram nas areas e entre<br />
as pedras <strong>de</strong>sta Ribeyra algum ouro, mas muito pouco, e por tirarem pouco lucro nam repetiram a<br />
vinda mais que em duas ou tres ocazioens.18.– Nam me consta que no uso das aguas <strong>de</strong> tal Ribeyra,<br />
para a <strong>cultura</strong> dos campos, haja pençam alguma nestas vizinhanças, mas antes, <strong>de</strong>llas se uza livre-<br />
mente pelos habitadores, e melhor podiam usar, se nam foram negligentes. 19. – Tem a tal Ribeyra<br />
16 legoas <strong>de</strong> curso, pouco mais ou menos em direytura, que tantas sam as que fazem da Al<strong>de</strong>a dos<br />
Foyos, aon<strong>de</strong> nasce, a Villa Nova <strong>de</strong> Foscoa, on<strong>de</strong> morre; passa por meyo da dita Al<strong>de</strong>a dos Foyos, vem<br />
à vista do Lugar <strong>de</strong> Val <strong>de</strong> Espinho, à vista <strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Coadrasaes, à vista do Lugar da Rapoula, à vista<br />
<strong>de</strong> Val Longo e Seixo do Côa, à vista <strong>de</strong> Vadamallos e Porto <strong>de</strong> Ovelha, cujas povoaçoens se acham<br />
na distância <strong>de</strong> quatro legoas em direitura <strong>de</strong> tal Ribeyra, e nam chega a mais a minha notícia<br />
neste particular.»<br />
8 Esta grafia parece preten<strong>de</strong>r<br />
indicar um nexo etimológico<br />
entre o nome do rio e o da<br />
povoação, o que não está<br />
cientificamente provado.<br />
A este topónimo atribui-se<br />
uma possível origem arcaica<br />
leonesa. Terra-mãe <strong>de</strong><br />
contrabandistas, Quadrazais<br />
foi cenário <strong>de</strong> aventuras<br />
e dramas das suas vidas<br />
arriscadas, que o supracitado<br />
romance <strong>de</strong> Nuno<br />
<strong>de</strong> Montemor ilustra<br />
com verda<strong>de</strong> e emoção.<br />
9 Um dos dois únicos exemplos<br />
que ainda subsistem no<br />
nosso país <strong>de</strong> ponte com<br />
habitáculo on<strong>de</strong> se cobrava<br />
a portagem. Ou, como sugere<br />
Joaquim Correia, se<br />
controlava a passagem<br />
<strong>de</strong> portugueses para<br />
Espanha, uma vez que<br />
o torreão posicionado junto<br />
à margem direita do rio<br />
sugere ser uma espécie<br />
<strong>de</strong> posto fronteiriço. A ser<br />
assim, a ponte seria <strong>de</strong><br />
construção anterior<br />
ao domínio português<br />
em Riba Côa.