Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
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RIOS PROFUNDOS 80<br />
81<br />
«Resposta sobre a Ribeyra <strong>de</strong>ste Lugar: 1. – Junto a este povo <strong>de</strong> Coadrazaes 8 , como já se disse,<br />
passa huma Ribeyra chamada Côa.Esta nasce,distância <strong>de</strong>ste povo duas légoas,perto <strong>de</strong> huma Al<strong>de</strong>a<br />
chamada Foyos,em hum sítio chamado Currais das Moreyras,<strong>de</strong> fronte <strong>de</strong> hum cabeço que chamam<br />
o Cabeço Vermelho,na distância <strong>de</strong> dous tiros <strong>de</strong> mosquete da Serra já nomeada da Nave Molhada ou<br />
das Mezas. 2. – Nasce a dita Ribeyra dando vista ao Norte, logo bastantemente vigoroza, porque em<br />
menos <strong>de</strong> meyo quarto <strong>de</strong> legoa moem logo nella moinhos.Corre todo anno por estas vizinhanças,em<br />
espaço <strong>de</strong> outo ou nove legoas, sem embargo <strong>de</strong> que, haverá seis annos, secou no tempo <strong>de</strong> Verão, em<br />
muitas partes, mas foy cazo que outro se não conheceu dos nascidos. 3. – As Ribeyras <strong>de</strong> que tenho<br />
noticia entram nella, há uma chamada dos Sargaçais, perto da Villa do Sabugal; outra chamada a<br />
Ribeyra <strong>de</strong> Pega, perto <strong>de</strong> um povo que chamam Rapoula; outra chamada Ribeyra <strong>de</strong> Villar Mayor,<br />
junto a hum povo que chamam Vadamallos. 4. – Nam me consta que a dita Ribeyra seja navegável,<br />
e só tenho notícia que lá perto don<strong>de</strong> se mete no Rio Douro, tem suas barcas <strong>de</strong> passagem. 5. – He<br />
<strong>de</strong> curso arrebatado, em toda a sua distância, menos em algumas partes, mas em muito pouco espaço,<br />
como em alguns açu<strong>de</strong>s ou pedaços <strong>de</strong> terra que chamam veigas. 6. – Tem a dita Ribeyra o seu nas-<br />
cimento ao nascente do Sol, sem embargo, <strong>de</strong> quando nasce dá vista ao Norte como levo dito e leva o<br />
seu <strong>de</strong>curso a Nor<strong>de</strong>ste para o Poente. 7. – Os peixes que cria nestas vizinhanças, por serem aguas<br />
muito frias, san trutas com suficiente abundancia, cria tambem barbos, bordallos e bogas, no espaço<br />
<strong>de</strong> tres legoas <strong>de</strong> distância e no mais espaço do seu <strong>de</strong>curso,já cria poucas trutas,por serem aguas mais<br />
quentes, mas cria mais abundancia dos mais peixes acima nomeados, e mais criaria se o tempo ou<br />
mezes <strong>de</strong>fezos com rigor se observassem, e se prohibissem os materiais que no Rio se lançam para<br />
matar os peixes, com que morrem gran<strong>de</strong>s e pequenos. 8. – Em todo o tempo do anno, há na dita<br />
Ribeyra pescarias, porque se não observam os tempos prohibidos pella ley do Reyno. 9. – Por estas<br />
vizinhanças, em espaço <strong>de</strong> quatro legoas não me consta que na dita Ribeyra haja pesqueyros, porem<br />
mais abaixo,me consta que alguns há <strong>de</strong> pessoas particulares.10.– Em alguns sítios da dita Ribeyra<br />
se cultivam as suas margens como na Villa do Sabugal, e junto a um povo Vadamallos e em outros<br />
sítios mais; mas nam me consta <strong>de</strong> que se valham das aguas <strong>de</strong> tal Ribeyra para a <strong>cultura</strong> dos cam-<br />
pos, o que tudo hé incuria dos habitadores. Athé on<strong>de</strong> chega a minha noticia, nem me consta que