17.04.2013 Views

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

quadros <strong>de</strong> pauperização, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e<br />

marginalização constituem, com efeito,<br />

factores não únicos, mas dos mais <strong>de</strong>cisivos<br />

para o advento das mudanças políticas na<br />

região.Também resultam factores <strong>de</strong>safiantes<br />

e problematizadores para a gestão <strong>de</strong>stes<br />

novos governos <strong>de</strong> tipo progressista. Em<br />

suma, os mesmos factores que estimularam<br />

o seu crescimento eleitoral e o seu triunfo<br />

nas urnas ten<strong>de</strong>m a problematizar e a interpelar<br />

a gestão <strong>de</strong>stas forças políticas, uma<br />

vez que se transformem em governo, tendo<br />

<strong>de</strong> lidar com realida<strong>de</strong>s dramáticas que<br />

exigem transformações urgentes e profundas.<br />

AS DEMOCRACIAS DE «BAIXA<br />

INTENSIDADE» NO CONTINENTE<br />

«MAIS DESIGUAL DO PLANETA»<br />

Por outro lado, as sondagens ou inquéritos<br />

<strong>de</strong> opinião pública, como veremos<br />

mais adiante, dão conta <strong>de</strong> uma situação<br />

preocupante: em muitos países, uma percentagem<br />

significativa dos cidadãos não<br />

acredita nas instituições <strong>de</strong>mocráticas,<br />

manifesta não preferir a <strong>de</strong>mocracia face a<br />

qualquer outra forma <strong>de</strong> governo, não se<br />

sente representada pelos partidos políticos<br />

e avalia criticamente o <strong>de</strong>sempenho dos<br />

governos e das instituições públicas (o<br />

po<strong>de</strong>r executivo, o Parlamento, o sistema<br />

judicial e os governos locais), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da sua i<strong>de</strong>ologia. Por exemplo, na<br />

Argentina, 46% das pessoas maiores <strong>de</strong> 18<br />

anos diziam estar satisfeitas com o funcionamento<br />

da <strong>de</strong>mocracia no ano <strong>de</strong> 2000;<br />

em 2002, após a crise institucional <strong>de</strong><br />

finais <strong>de</strong> 2001, só 8% dos inquiridos manifestaram<br />

sentir-se satisfeitos com a<br />

<strong>de</strong>mocracia 1 .<br />

Importa também <strong>de</strong>stacar que o avanço<br />

da <strong>de</strong>mocracia no continente não permitiu,<br />

contudo, garantir, nem sequer<br />

aumentar, o respeito pelos direitos humanos,<br />

em particular das mulheres, dos sectores<br />

mais pobres e das minorias (os povos<br />

indígenas, os afro-americanos, etc.). Seguramente,<br />

uma das principais matérias pen<strong>de</strong>ntes<br />

da <strong>de</strong>mocracia é a persistência <strong>de</strong><br />

altos níveis <strong>de</strong> pobreza, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> económica<br />

e carências em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano (<strong>de</strong>snutrição, falta <strong>de</strong><br />

O aprofundamento<br />

da rejeição popular nas<br />

socieda<strong>de</strong>s sul-americanas<br />

da política exterior<br />

norte-americana,<br />

em geral, e, em particular,<br />

na região, a crítica<br />

crescente às políticas<br />

«neoliberais» e aos seus<br />

<strong>de</strong>fensores no<br />

subcontinente e o<br />

agravamento dos quadros<br />

<strong>de</strong> pauperização,<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

e marginalização<br />

constituem, com efeito,<br />

factores não únicos,<br />

mas dos mais <strong>de</strong>cisivos<br />

para o advento<br />

das mudanças políticas<br />

na região.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!