17.04.2013 Views

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Comunista, e percebeu-se nestes<br />

dois grupos o divisionismo na<br />

esquerda <strong>de</strong> então. Uns <strong>de</strong>monstravam<br />

simpatia e apoio a Celia,<br />

outros a Sibila. O seu enterro foi<br />

um acto político, não havia dinheiro<br />

suficiente para o seu túmulo<br />

e Alicia Maguiña fez uma<br />

colecta. Não teve filhos. Celia sobreviveu<br />

até 1973, morrendo<br />

tragicamente a 25 <strong>de</strong> Agosto<br />

<strong>de</strong>sse ano, a caminho <strong>de</strong> Supe.<br />

Num artigo do El Comercio, assinado<br />

com as iniciais H.B.G., no<br />

dia 14 <strong>de</strong> Setembro do mesmo<br />

ano, <strong>de</strong>la se diz: «O país per<strong>de</strong>u<br />

uma mulher excepcional que <strong>de</strong>dicou<br />

a sua vida às mais altas manifestações<br />

do espírito.Afirmou-<br />

-se na sua condição <strong>de</strong> incansável<br />

promotora da arte popular…<br />

1 Doada em vida <strong>de</strong> ambas as irmãs à Universida<strong>de</strong><br />

Nacional Mayor <strong>de</strong> São Marcos <strong>de</strong> Lima e ao povo <strong>de</strong><br />

Cuba. Celia viajou para Cuba com esse fim, em 1971.<br />

Confundiram-na comigo no Aeroporto <strong>de</strong> Barajas e<br />

<strong>de</strong>spediram-me do meu trabalho no Consulado dos EUA<br />

em Barcelona. Quando se <strong>de</strong>dicava a entregar a outra<br />

parte da colecção à UNMSM, morreu num aci<strong>de</strong>nte,<br />

a 25 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1973, no povoado <strong>de</strong> Barranca,<br />

o que só se <strong>de</strong>scobriu várias semanas <strong>de</strong>pois.<br />

O seu trabalho ficou por concluir.<br />

2 A escritora porto-riquenha Concha Melén<strong>de</strong>z disse,<br />

num reconto da sua viagem ao Peru: «A Peña Pancho<br />

Fierro é um local <strong>de</strong> reunião das gentes das artes e das<br />

até ao último instante da sua vida,<br />

Celia, como antes a sua irmã Alicia,<br />

esteve <strong>de</strong>dicada à recolha,<br />

cuidado e incremento da «Colecção<br />

<strong>de</strong> Arte Popular Peruana».<br />

Acabaram assim, separados e<br />

vítimas <strong>de</strong> um meio tão inclemente,<br />

como é o Peru, para com<br />

os seus criadores. José María e<br />

Celia não <strong>de</strong>ixaram filhos. Alicia<br />

não se casou, irritou, sim, alguns<br />

convencionalismos limenhos.Deixaram<br />

muitos livros, alguns quadros,<br />

a sua magnífica colecção <strong>de</strong><br />

arte popular. Lamentavelmente,<br />

foi tudo <strong>de</strong>sagregado pela própria<br />

família. Contudo, tinha eu o<br />

propósito <strong>de</strong> reunir os seus documentos<br />

e criar na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Texas, em Austin, um<br />

Centro <strong>de</strong> Documentação e Ar-<br />

letras <strong>de</strong> Lima (…) Dirigem a Peña duas raparigas<br />

jovens, inteligentes, limenhas na graça e no tipo:<br />

Alicia e Celia Bustamante. Vendo-as rir, conversar (…)<br />

recordava as observações <strong>de</strong> Radiguez<br />

(sobre as limenhas), José Sabogal pintou o retrato<br />

das duas irmãs em grupo. Apresentaram-me a Xavier<br />

Abril, Emílio Adolfo Westphalen, Enrique Peña<br />

Barrenechea, José Hernán<strong>de</strong>z, Alberto Tauro,<br />

Orestes Plath, Martín Adan, César Moro,<br />

José María Arguedas, o contador <strong>de</strong> «Agua…»,<br />

Entrada al Peru, Havana, 1941, pp. 48-50.<br />

3 Gorro com orelhas, <strong>de</strong> lã, com <strong>de</strong>senhos multicolores,<br />

usado nas regiões andinas para proteger do frio. (N. da T.)<br />

quivo José María Arguedas, que<br />

não se pô<strong>de</strong> concretizar. José Miguel<br />

Oviedo, que estava então <strong>de</strong><br />

visita a Austin, disse-me sem querer:<br />

«Esquece… é uma tarefa impossível…<br />

sim, parece que nunca<br />

existiram…»<br />

Mas, à medida que os anos<br />

passam, é como se os ouvisse<br />

cantar cada vez com mais força,<br />

com o Mestre Oblitas <strong>de</strong> Os Rios<br />

Profundos:<br />

Aún estoy vivo<br />

El hálcon te hablará <strong>de</strong> mí,<br />

Las estrellas <strong>de</strong> los cielos te hablarán<br />

[<strong>de</strong> mí,<br />

He <strong>de</strong> regresar todavía,<br />

Todavía he <strong>de</strong> volver.<br />

4 Flauta aborígene construída tradicionalmente<br />

com cânhamo, osso ou barro. Me<strong>de</strong> à volta <strong>de</strong> 50 cm<br />

<strong>de</strong> comprimento. (N. da T.)<br />

5 Capa indígena, vistosa, com a qual as mulheres cobrem<br />

os ombros e as costas. (N. da T.)<br />

6 Instrumento musical <strong>de</strong> corda, usado especialmente<br />

na zona andina, semelhante a uma pequena guitarra<br />

<strong>de</strong> cinco cordas duplas e cuja caixa <strong>de</strong> ressonância<br />

é feita com carapaça <strong>de</strong> tatu. (N. da T.)<br />

7 Carta a Gonzalo Losada, <strong>Revista</strong> Oiga, Lima, N.º 353,<br />

1969, pp. 17-18.<br />

8 Carta a Sibila Arredondo, <strong>Revista</strong> Visión <strong>de</strong>l Perú, Lima,<br />

1970. N.º 5, pp. 28-29.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!