17.04.2013 Views

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

Revista Atlântica de cultura ibero-americanat

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ao mar. João Serenus ainda media distâncias e latitu<strong>de</strong>s, porém o<br />

mapa já se encontrava pronto. Rubem Focs trouxe um vinho,<br />

Lucas Baldus quis solfejar cançonetas esquecidas. E ali, um tanto<br />

acriançados <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>s inocentes, ficamos ouvindo as histórias<br />

do Coleccionador <strong>de</strong> Ventania. Assim que chegava ao fim um relato,<br />

Ferdinando Flauta Mágica dava o mote para mais uma narrativa<br />

interminável.<br />

E assim estávamos. Um outro bilhete tinha chegado na noite<br />

anterior e dizia: «Em Luanda, o Estrela-do-Mar tem igualmente<br />

ânsias para navegar.»<br />

7. MOMENTOS<br />

[DE COMO O CURIOSO PERGUNTOU E ESCUTOU]<br />

– Mas isto é um navio, um barco, uma traineira?<br />

– Isto é uma embarcação.<br />

– E para on<strong>de</strong> vai?<br />

– Para longe.<br />

– Mas em que direcção?<br />

– Do outro lado <strong>de</strong>ste mar aqui. Para as bandas do Brasil.<br />

– Brasil?<br />

– Sim.<br />

– E param nalgum lugar, <strong>de</strong> caminho para lá?<br />

– É possível. Assim queira a embarcação.<br />

– Você enten<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegação científica?<br />

– Eu só arrisco na navegação por estrelas.<br />

– E <strong>de</strong> dia?<br />

– Espero que a noite volte.<br />

UMA HÉLICE PARA O EUZEBEL (8)<br />

Ferdinando Flauta Mágica sugeriu que colocássemos uma<br />

hélice-helicóptera no mastro do Euzebel, <strong>de</strong> modo a que nossa<br />

embarcação pu<strong>de</strong>sse vencer o Mar <strong>de</strong> Minas, o qual, todos sabem,<br />

é um mar seco, mar <strong>de</strong> morrarias e serranias. Com tal instrumento,<br />

em dois ou três dias, pelos ares, po<strong>de</strong>ríamos atingir o<br />

Atlântico e lá nos metermos <strong>de</strong> vez pelo curso das peripécias.<br />

Sugestão dada, sugestão aceita. Logo, mãos exímias no lavrar<br />

e no chanfrar, mãos artífices e engenhosas se puseram na tarefa <strong>de</strong><br />

construir a hélice, <strong>de</strong> polir as suas pás e <strong>de</strong> colocá-la nos altos do<br />

mastro-mestre. E um jogo <strong>de</strong> polias e roldanas fez a hélice se acoplar<br />

ao motor, um pequeno mas vigoroso motor, agora com a<br />

função <strong>de</strong> dar ao Euzebel a condição <strong>de</strong> barco alado.<br />

Nem é preciso dizer que tivemos <strong>de</strong> brindar, e brindar em<br />

brin<strong>de</strong>s e alaridos <strong>de</strong> alegria o novo invento. Houve júbilo. Até<br />

pu<strong>de</strong> ouvir canções e cançonetas entre as mulheres e os meninos<br />

que por ali estiveram, todo o tempo, assistindo a tão doidivanas<br />

cerimónia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!