Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
Revista Atlântica de cultura ibero-americanat
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
É chegado o mês <strong>de</strong> Julho e os preparativos são iniciados. Preparam-se os barcos,<br />
as pinturas, as limpezas, afinam-se os motores e os compressores, reúnem-se as<br />
companhas e avança-se para mais uma época <strong>de</strong> apanha submarina <strong>de</strong> algas.São<br />
cerca <strong>de</strong> três meses <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> que, ao longo <strong>de</strong> alguns pontos da costa<br />
portuguesa, se revela como uma das mais duras tarefas executadas sob os auspí-<br />
cios do reino dos mares.<br />
Um ciclo <strong>de</strong> trabalhos que se inicia na Carrapateira e na Azenha do Mar, em<br />
terra, bem cedo pela manhã. E é junto ao «muro das lamentações», como alguns<br />
chamam ao muro que fica virado para o mar da Azenha, que os apanhadores <strong>de</strong><br />
algas olham o mar e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m se o dia é <strong>de</strong> trabalho. É aqui, também, que se reú-<br />
nem quando o mar está mau e é aqui, ainda, que conversam acerca do futuro da<br />
activida<strong>de</strong> e recordam outros tempos <strong>de</strong> safra.<br />
A apanha submarina <strong>de</strong> algas, em todas as suas fases <strong>de</strong> recolha, é uma activi-<br />
da<strong>de</strong> on<strong>de</strong> os limites físicos do ser humano são levados ao extremo. São horas <strong>de</strong><br />
trabalho extenuante, com uma repetição <strong>de</strong> movimentos executados num meio<br />
adverso e sujeito a variações constantes <strong>de</strong> pressão atmosférica em que, frequen-<br />
temente, as regras elementares <strong>de</strong> mergulho não são cumpridas. É um esforço<br />
enorme, em circunstâncias a que o ser humano não está, por natureza, habituado,<br />
que transforma a apanha <strong>de</strong> algas num dos trabalhos mais árduos, duros e arris-<br />
cados que po<strong>de</strong>mos presenciar em território português.