Paradigmas 2 - Tarja Editorial
Paradigmas 2 - Tarja Editorial
Paradigmas 2 - Tarja Editorial
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PARADIGMAS<br />
São Paulo<br />
Brasil<br />
1ª Edição<br />
2009<br />
Gabriel Boz<br />
Raul Tabajara<br />
Ataíde Tartari<br />
Luciana Muniz<br />
Ademir Pascale<br />
Ricardo Delfin<br />
Flávio Medeiros<br />
Richard Diegues<br />
Camila Fernandes<br />
Fernando S. Trevisan<br />
Ubiratan Peleteiro<br />
Saint-Clair Stockler<br />
Ana Cristina Rodrigues<br />
2
Copyright © 2009 <strong>Tarja</strong> <strong>Editorial</strong><br />
Todos os direitos desta edição reservados à<br />
<strong>Tarja</strong> <strong>Editorial</strong>. Nenhuma parte deste livro<br />
poderá ser reproduzida, de forma alguma,<br />
sem a permissão formal, por escrito da editora<br />
ou do autor, exceto para citações incorporadas<br />
em artigos de crítica ou resenhas.<br />
1ª edição em abril de 2009 - Impresso no Brasil<br />
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)<br />
<strong>Paradigmas</strong>/ Ataíde Tartari, Raul Tabajara, Flávio Medeiros,... [et al.]. -- São Paulo :<br />
<strong>Tarja</strong> <strong>Editorial</strong>, 2009. -- (<strong>Paradigmas</strong> ; 2)<br />
1.<br />
[2009]<br />
ISBN 978-85-61541-10-1<br />
TARJA EDITORIAL LTDA.<br />
Rua Piatá, 633<br />
Santana - São Paulo<br />
CEP 02080-010 / SP<br />
editora@tarjaeditorial.com.br<br />
www.tarjalivros.com.br<br />
www.tarjaeditorial.com.br<br />
EDITOR:<br />
REVISÃO:<br />
PROJETO GRÁFICO:<br />
CAPA:<br />
DIAGRAMAÇÃO:<br />
ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:<br />
1. Contos : Antologia : Literatura brasileira<br />
869.9308<br />
Richard Diegues<br />
Camila Fernandes<br />
Mila F<br />
Richard Diegues<br />
Mila F<br />
Richard Diegues<br />
Contos brasileiros: Literatura brasileira: Coletâneas - I. Tartari, Ataíde. II. Tabajara, Raul.<br />
III. Medeiros, Flávio. IV. Fernandes, Camila. V. Trevisan, Fernando S.. VI. Boz, Gabriel.<br />
VII. Pascale, Ademir. VIII. Muniz, Luciana. IX. Rodrigues, Ana Cristina. X. Stockler,<br />
Saint-Claire. XI. Delfin, Ricardo. XII. Peleteiro, Ubiratan. XIII. Diegues, Richard.<br />
XVI. Série.<br />
CDD-869.9308<br />
LITERATURA FANTÁSTICA MUITO ALÉM DOS GÊNEROS<br />
Todas as citações e nomes incidentes neste livro<br />
são fruto do inconsciente coletivo de seus<br />
autores, devendo ser encarados como não intencionais.<br />
Caso sinta-se ofendido com algo<br />
nestas páginas, basta fechar a obra. Todavia, se<br />
resolver insistir, compreenda que o mundo não<br />
gira ao seu redor e coincidências realmente<br />
ocorrem. Todas as opiniões expressas nessa<br />
obra pertencem aos seus autores, mas o editor<br />
concordou em publicá-las, portanto, partilhar<br />
delas. Reclamar com ele não adiantará. Os animais<br />
que eventualmente foram feridos, molestados<br />
e traumatizados durante a produção desta<br />
obra não pertencem a espécies diferentes do<br />
Homo sapiens. A cola usada na lombada pode<br />
conter glúten. Sim, exercício provoca enfarto<br />
e TV causa retardamento mental. Vá ler!
Não...<br />
...Introdução<br />
[ 3 ]<br />
Algumas obras têm época certa para surgir. Muitas<br />
são teimosas, dando fuças antes do devido tempo. El<br />
Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha é um bom exemplo.<br />
Os passeios de Alonso e Sancho hoje são considerados<br />
épicos, sendo a obra tida como a melhor de todos os<br />
tempos por muitos leitores. Nem sempre foi assim. Nas<br />
suas primeiras impressões, Dom Quixote recebeu somente<br />
escárnio e zombarias. O livro foi visto como uma afronta<br />
ao modo de vida e à moral de seu século original.<br />
Cervantes deu-se tanto trabalho para repudiar críticas<br />
quanto Rocinante dava a seu heróico fidalgo. O tempo<br />
deixou que a obra mostrasse sua qualidade. Bendito fluxo<br />
contínuo da ampulheta!<br />
Neste livro teremos também diversas obras que podem<br />
ter surgido um tanto antes de seu tempo. Miasmas<br />
de um futuro que aguarda melhor compreensão.<br />
Em conversa com Richard Diegues, organizador da<br />
coleção, umas frases suas ficaram-me na mente:<br />
Não suporto mais aqueles livros escritos para os preguiçosos.<br />
A literatura tem que ser nivelada por cima, não por baixo.<br />
(Queria eu poder escrever pensando assim... Ghostwriters<br />
do mundo: uni-vos!)<br />
Se alguém não entende um texto hoje, deve aprender,<br />
adquirir conhecimento e só então reler com uma maior<br />
capacidade de compreensão. Não sou eu quem escreverá de<br />
forma prosaica apenas para atingir um público maior. Escritor<br />
deve escrever para um público melhor, isso sim. Mesmo<br />
o entretenimento deve ser inteligente. É compulsório.<br />
Alguns dos textos deste volume, de toda a coleção,<br />
em verdade, não serão prontamente recebidos como ab-<br />
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solutos. Um paradigma é algo partilhado por diversos membros de<br />
uma comunidade, bem disse Kuhn tempos atrás. Ao elevamos o nível<br />
de um texto, podemos diminuir seu alcance, correndo o risco de aparentarmos<br />
uma ausência de modéstia. Mas isso não deve ser dado por<br />
real. Textos devem, sim, ter uma qualidade acima do que seus leitores<br />
esperam, pois somente desse modo quem deles sorve realmente se sacia<br />
com algo fresco.<br />
Se falamos aqui de subversão de paradigmas, um bom mote seria<br />
apontarmos justamente essa quebra: a da escrita minorizada, sublevada,<br />
até mesmo menor. Sou um profissional que vive da escrita de<br />
livros que se encaixam nesse modelo. Escrevo à grande massa, para a<br />
maioria. Leitura para coletivos, aviões e banheiros. Mas também tenho<br />
ganas de escrita para estantes, bibliotecas e tablados universitários.<br />
Compreendo Diegues no que diz, portanto.<br />
Então, ao fim de tudo isso, explico: a seleção aqui se deu por vários<br />
motivos. Cada narrativa encerrada nestas páginas possui seu mérito.<br />
Mas fiz uma divisão entre os dois pesos e as duas medidas de que tanto<br />
falei agora. Como em uma moeda ao ar, em giro, a mente do leitor que<br />
se deparar com os textos a seguir encontrará a fluência inocente da<br />
escrita simplista em uma obra somente para, logo a seguir, esbarrar na<br />
intrincada estrutura de escrita daquele autor que se deu ao trabalho de<br />
escolher a dedo as palavras para perturbar seu leitor.<br />
Ambos os casos são agradáveis e prazerosos aos olhos. Basta que<br />
se tenha a cabeça aberta para compreender a beleza de cada uma dessas<br />
vertentes.<br />
Existe o belo nas linhas rígidas do paradigma; e ele habita também<br />
as curvas sinuosas do seu rompimento.<br />
O Prof. Dr. Heraldo Assis Barber, 86 anos, atua como consultor<br />
e ghost-writer para as maiores editoras do planeta, tendo<br />
preparado mais de 110 originais, vários deles best sellers. É<br />
mestre em Teoria Literária, doutor em Literatura Brasileira e<br />
em Literatura Norte-Americana, além de Ph.D em Literatura<br />
Inglesa. Possui 8 pseudônimos que lhe permitem escrever o<br />
que quiser sem se envergonhar, apreciar a companhia dos dois<br />
netos e caminhar com altivez até o Los Caracoles, seu restaurante<br />
de coração, para tomar uma boa taça do Imperial.
Quase...<br />
...Introdução<br />
[ 5 ]<br />
Escrever uma introdução para explicar um projeto<br />
como o <strong>Paradigmas</strong> é uma tarefa dura. Eu teria milhares<br />
de formas de fazer isso, possivelmente contando trechos<br />
das conversas que tive com cada um dos autores, seja<br />
por e-mail, pessoalmente em uma mesa de bar, ou por<br />
telefone em uma madrugada distante. Sim, eu teria muita<br />
coisa para contar, mas não espaço suficiente para explicar<br />
o conceito da coleção. Dizer que reuni o melhor da<br />
produção literária dessa época, com os autores que realmente<br />
tem feito – ou farão – a diferença na atualidade<br />
seria clichê demais. Além de óbvio! Explicar que a seleção<br />
dos textos foi feita com o intuito de prestigiar a literatura<br />
fantástica – com um cuidado especial para não<br />
cairmos em um filtro de subgêneros – seria desnecessário.<br />
Falar sobre as discussões do projeto gráfico com a<br />
MilaF, envolvendo não apenas as imagens do primeiro e<br />
deste segundo volume, mas toda uma concepção de projeto<br />
para a coleção, com a Espiral Áurea adotada como<br />
nosso arquétipo maior de um paradigma, a idéia da referência<br />
a uma “descoberta” diferente em cada livro – Abra<br />
a porta! Abra a cabeça! Abra as asas!... –, o tratamento do<br />
miolo da obra sem as amarras gráficas convencionais –<br />
antiquadas e quase sempre estereotipadas, enfadonhas,<br />
normaizinhas – permitindo um contato mais similar do<br />
leitor com uma revista de entretenimento do que com<br />
um livro acadêmico. Isso é interessante, mas nem tão<br />
relevante. Explicar que tudo nesse projeto foi pensado<br />
para inovar e firmar o conceito de paradigma: a página<br />
de rosto, a ficha técnica, as fontes (Perpétua de corpo e<br />
Infinita de cabeça), a distribuição das manchas de texto<br />
e imagens... redundante, não?<br />
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Como espero que tenha percebido, desisti de fazer uma introdução<br />
de verdade (seja lá o que isso queira dizer em sua concepção).<br />
Abdiquei da idéia original e mais padronizada em favor<br />
do Professor Heraldo – sujeito gentil que me quebrou o galho e<br />
livrou a barra para este volume e o anterior. Escapei pela tangente<br />
do carrossel, mas a coisa não acabava por aí. Senti falta de algo<br />
mais. Ainda restava a apresentação do conteúdo do livro em si.<br />
Sempre é bacana falar um pouco dos contos, ambientar o leitor na<br />
idéia principal que o autor desenvolveu, dar uma cara e clima ao<br />
texto. Mini introduções em cada obra. Você conhece isso: são aqueles<br />
textinhos que precedem a obra, geralmente em uma página<br />
separada, ou em seu início, com uma linha separando do texto<br />
propriamente dito. Resolvi que subverteria isso também. Primeiro,<br />
pedindo aos próprios autores que falassem sobre suas criações<br />
– ninguém melhor do que eles mesmos para fazer isso. Depois,<br />
colocando os resumos na primeira página de cada conto, em uma<br />
posição estratégica, bacana, diferente.<br />
E ainda assim não havia acabado toda a tarefa de introdução<br />
dessa obra. Ainda era necessário falar um pouquinho sobre cada<br />
autor. Dar algo ao leitor para criar alguma proximidade. Passar o<br />
quem é quem afinal. O padrão seria colocar isso ao final de cada<br />
conto. Fiz uma nova quebra. A introdução deve ser uma apresentação<br />
do que o leitor irá encontrar, então achei adequado que o têteà-tête<br />
entre leitor e autor se desse assim, logo de início. Franco e<br />
direto. E como ainda precisava criar um índice, então juntarei tudo:<br />
posição dos contos e apresentação dos autores. Creio que essa mistura<br />
será uma introdução melhor do que qualquer uma que eu pudesse<br />
escrever. Ela irá falar por si mesma, através dos autores convidados<br />
especialmente para fazer parte dessa coleção.<br />
Um bom exemplo do que não são paradigmas.<br />
Richard Diegues<br />
Organizador, inclusive!
A Verdadeira...<br />
...Introdução<br />
[ 7 ]<br />
[ 1 1 ] Ricardo Edgar, Detetive Particular »<br />
Ataíde Tartari » empresário e escritor, já participou de<br />
várias coletâneas de contos de FC, entre as quais Estranhos<br />
Contatos (1998), Phantastica Brasiliana (2000) e Futuro Presente<br />
(2009). Participou também de coletâneas mainstream<br />
como Contos Cruéis (2006). Publicou os romances Amazon<br />
(2001) e Tropical Shade (2003), ambos em inglês. Colaborou<br />
com o projeto literário internacional Babylonia, do<br />
qual participa com o e-book bilíngüe Tropical Shade/O Doutor<br />
Suástica. Entre 1999 e 2001, atuou como cronista na<br />
coluna Arte pela Arte do Jornal da Tarde de São Paulo. Investigações:<br />
ataide.tartari@yahoo.com.br<br />
[ 1 7 ] O Pequeno Oenteph » Raul Tabajara »<br />
diretor de criação e professor de arte conceitual em uma<br />
escola de cinema em São Paulo. Publicou o livro Horror e<br />
Pensamentos (2004) por produção independente e o conto<br />
Sensíveis no livro Visões de São Paulo – Ensaios Urbanos (2006),<br />
além de escrever periodicamente matérias para revistas<br />
da área de publicidade e cinema. Seus trabalhos de criação<br />
e ilustração podem ser vistos em sua página pessoal. Sonhos:<br />
raultabajara@gmail.com<br />
[ 2 3 ] Efeitos Adversos » Flávio Medeiros »<br />
médico oftalmologista em Belo Horizonte, onde nasceu.<br />
Leitor compulsivo de tudo que lhe cai nas mãos, bem cedo<br />
começou a achar que também sabia escrever. Autor dos romances<br />
Quintessência (2004) e Casas de Vampiro (inédito),<br />
além da coletânea de contos Leia e Fique Rico (inédita). Também<br />
escreveu dezenas de contos e crônicas, além de cartoons<br />
publicados por jornais universitários da UFMG e FUMEC<br />
e pelo jornal Felicíssimo. Terceiro colocado no concurso de<br />
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contos do Gabinete Paraibano de Cultura (1989) e menção honrosa no<br />
mesmo concurso pelo conjunto das obras. Escritor de peças teatrais<br />
montadas por grupos amadores de Belo Horizonte. Bulas:<br />
flaviocmedeiros@terra.com.br<br />
[ 3 3 ] A Boa Senhora de Covent Garden » Camila<br />
Fernandes » alter ego de Mila F. Enquanto Camila Fernandes assina<br />
contos e revisões com seu nome de batismo, Mila F, o apelido, é ilustradora<br />
e capista desta edição. Nascida em São Paulo, capital, lançou<br />
contos no NecroZine e nos livros Necrópole – Histórias de Vampiros (2005),<br />
Necrópole – Histórias de Fantasmas (2006), Visões de São Paulo – Ensaios<br />
Urbanos (2006), Necrópole – Histórias de Bruxaria (2008) e <strong>Paradigmas</strong> –<br />
Volume I (2009). Fantasia, horror, realismo e erotismo habitam seu<br />
universo. No momento, tem desenhado muito, feito revisão de textos<br />
para editoras e autores independentes e montado um livro solo.<br />
Canetadas e pinceladas: camilailustradora@gmail.com<br />
[ 3 7 ] Fuga » Fernando S. Trevisan » com a cabeça<br />
enfiada num computador desde os 8 anos de idade, já foi empresário<br />
na área e hoje atua como consultor freelancer. No campo literário,<br />
sempre teve o incentivo de professores para escrever, notas<br />
excelentes em redação e algumas boas colocações em concursos<br />
literários, como um 2° lugar no concurso de poesia promovido pela<br />
ETE Jorge Street (1997). Possui textos publicados online, em blogs,<br />
revistas e sites literários, além de fanzines. Foi um dos mentores do<br />
MeloDrama, movimento literário que envolveu mais de 50 autores<br />
em Itajaí, Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul, Florianópolis e<br />
Maringá. Seu conto nesta edição é sua primeira publicação offline.<br />
Corridas: fernandotrevisan@gmail.com<br />
[ 4 5 ] O Deus de Muitas Faces » Gabriel Boz » escritor<br />
e designer gráfico. É co-editor da revista Scarium Megazine, foi<br />
editor da revista eletrônica de literatura Desfolhar e tem um livro<br />
publicado: Arcontes (1999). Publicações mais recentes incluem os<br />
contos Digital Éden na antologia portuguesa Por Universos Nunca Dantes<br />
Navegados (2007) e Mar Negro na antologia FC do B – Ficção Científica<br />
Brasileira – Panorama 2006/2007 (2008). Sacrifícios:<br />
gbozmail@gmail.com
[ 5 1 ] Frei François » Ademir Pascale » lingüista, crítico<br />
de cinema, ativista cultural, escritor, professor de informática,<br />
idealizador do projeto de inclusão social Vá ao Cinema e do zine TerrorZine<br />
– Minicontos de Terror. Administrador do Portal Cranik e dos sites O<br />
Entrevistador e Divulga Livros. É autor do audiolivro Cinema – Despertando<br />
Seu Olhar Crítico (2007). Já publicou seus contos em diversas<br />
antologias e organizou a coletânea Draculea – o livro secreto dos vampiros<br />
(inédito) e Invasão Fic Science Edition (inédito). Penitências:<br />
ademir@cranik.com<br />
[ 5 7 ] Abaixo de Nós » Luciana Muniz » Analista de<br />
Sistemas graduada em Sistemas de Informação. Como escritora, participou<br />
de duas antologias: Soltando o Verbo (2006), com as crônicas A<br />
Catedral e Essência, e Vampirus Brasil: Sedução, Fascínio e Traição (2008),<br />
com o conto A Marca da Maldade. Escavações: lumunizf@yahoo.com.br<br />
[ 6 7 ] Carta a Monsenhor... » Ana Cristina Rodrigues »<br />
escritora, historiadora, funcionária pública, professora, editora, agitadora<br />
cultural, roteirista e mãe. Carioca e balzaquiana, escreve para<br />
tentar calar as vozes (sem sucesso). Já apareceu com contos em diversos<br />
sites brasileiros e internacionais. Publicou o livro Anacrônicas –<br />
Pequenos Contos Mágicos (2009) e está escrevendo um romance de fantasia<br />
histórica alternativa. Pestes: anacrisrodrigues@gmail.com<br />
[ 7 5 ] Triângulo em Tempo Rubato e Gota de Sangue »<br />
Saint-Clair Stockler » mineiro que vive no Rio de Janeiro há<br />
muitos anos. É mestre em literatura brasileira e tem um livro de<br />
contos inédito (por enquanto): Dias Estranhos. Semicolcheias:<br />
saintclairstockler@gmail.com<br />
[ 8 3 ] A Dama e o Cavaleiro » Ricardo Delfin » formou-se<br />
em Processamento de Dados, pois paga aluguel, e em Cinema,<br />
anos mais tarde, quando um pouco de sabedoria lhe permitiu<br />
um momento de juízo. Publicou diversos contos, na verdade quatro,<br />
em antologias. Participou do e-zine TerrorZine do Portal Cranik,<br />
cujo download é gratuito. Co-organizador da antologia Dias Contados<br />
(inédita). Além de colaborador da revista virtual B12. Cortesias:<br />
rick.delfin@yahoo.com.br
[ 8 9 ] O Fazedor de Terra » Ubiratan Peleteiro »<br />
nasceu em Vitória, Espírito Santo. É engenheiro de computação e<br />
trabalha atualmente como Auditor Fiscal no Rio de Janeiro. Sempre<br />
gostou muito de ler e teve seu primeiro contato com o escrever em<br />
2004, quando participou da Oficina da Palavra da UFES, que produziu<br />
um livro com os contos e poemas dos participantes. Em 2006,<br />
travou contato com a produção de textos de ficção científica e fantasia,<br />
gêneros com os quais se identificou. Desde então passou a<br />
escrever contos nessa linha. Participa do grupo de escritores online<br />
Fábrica dos Sonhos e também já participou da Oficina de Escritores,<br />
outro grupo virtual. Escreve na Black Rocket, revista eletrônica de<br />
ficção científica. Torrões: upeleteiro@yahoo.com.br<br />
[ 9 7 ] Clausura » Richard Diegues » autor dos livros<br />
Tempos de AlgóriA (2009), Sob a Luz do Abajur (2007) e Magia – Tomo I<br />
(1997), além de organizador e co-autor do livro Visões de São Paulo –<br />
Ensaios Urbanos (2006), co-autor dos livros Histórias do Tarô (2008),<br />
Necrópole – Histórias de Bruxaria (2008), Necrópole – Histórias de Fantasmas<br />
(2006) e Necrópole – Histórias de Vampiros (2005). Trabalha com<br />
eventos e palestras na área literária, atuando também como editor<br />
pela <strong>Tarja</strong> <strong>Editorial</strong>. Paga as contas como programador de computadores,<br />
consultor editorial para autores, rastreador de hackers e jogador<br />
de bilhar. É o idealizador do projeto <strong>Paradigmas</strong> e participou do<br />
Volume 1, além deste. Encomendas: richard@tarjaeditorial.com.br<br />
{Seu nome pode estar aqui, junto com a geração de escritores que tem<br />
feito a diferença na Literatura Fantástica. Não deixe sua arte longe de<br />
seus leitores. Escreva para paradigmas@tarjaeditorial.com.br e apresente<br />
seu trabalho. Ele poderá fazer parte de nosso próximo volume.}
Ricardo Edgar,<br />
Detetive Particular<br />
Como autor, sempre procurei reproduzir as narrativas que mais me atraem como leitor. Desta<br />
vez peguei um pouco de Phillip K. Dick, outro bocadinho de Raymond Chandler e coloquei na<br />
forma do Woody Allen, fundindo três gêneros – FC, policial e humor – neste conto que se passa<br />
em uma São Paulo futurista onde o detetive, contratado por uma loira fatal, investiga um caso de<br />
adultério do outro lado do planeta, colocando em xeque sua pra-lá-de-duvidosa moral.<br />
Ataíde Tartari<br />
[ 11 ]<br />
Meu escritório é tão pequeno que, como diz um<br />
amigo, se eu tropeçar na porta caio da janela. Não que<br />
eu me importe com isso. Eu não preciso de secretária,<br />
de staff, de nada; só do meu AIphone, da minha pistola<br />
paralisante e da minha mesa plugada no mundo. Quando<br />
o AIphone não toca, é com a mesa que eu trabalho<br />
fazendo pesquisa.<br />
Nesta manhã em particular, com a chuva desabando<br />
lá fora, eu estava debruçado sobre a mesa tomando meu<br />
iogurte com vodka e clicando em fotos de garotas que se<br />
ofereciam de frente e verso quando o computador resolveu<br />
censurar minha pesquisa. Era o interfone. O tampo<br />
da mesa agora mostrava a imagem ao vivo de uma loira<br />
interessante, mais ainda por estar molhada de chuva.<br />
“O nome é Glória”, ela disse.<br />
Em alguns minutos ela estava em meu escritório formando<br />
uma poça sob os pés. Se não fosse pelo dia chuvoso,<br />
eu poderia dizer que ela tomou uma chuveirada só pra<br />
me seduzir.<br />
“Eu te emprestaria minha toalha de rosto”, eu disse<br />
casualmente, tentando mostrar que ela não estava me deixando<br />
excitado, “se ela estivesse limpa.”<br />
“Se estivesse atrás de uma toalha limpa”, ela retrucou,<br />
enquanto jogava a bolsa molhada em cima da mesa,<br />
“eu teria procurado uma detetive mulher.”<br />
“Ou bicha”, eu respondi no ato, só pra deixar claro<br />
que eu não era nem bicha nem de deixar desaforos sem<br />
resposta.<br />
Enquanto ela percorria com seus olhos os 10 m² da<br />
sala, eu deixei os meus percorrerem seus 1,70 m. O vestido<br />
amarelo a apertava nos lugares certos, deixando as<br />
coxas e os melões de seu corpinho vitaminado como pra-<br />
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[ RICARDO EDGAR, DETETIVE PARTICULAR ]<br />
tos principais. Os cabelos literalmente escorridos, quase da cor do vestido, se<br />
mixavam a ele nos ombros.<br />
“Ainda bem.” Ela parou de examinar minha decoração acidental e sentou<br />
no sofá de veludo que até então estava seco. “Porque eu tô precisando de um<br />
guarda-costas.”<br />
“Apesar da contradição do termo, uma bicha pode ser um bom guarda-costas.”<br />
“Não se você pensar em inglês: bodyguard.”<br />
“E é nessa língua que você pensa...”<br />
“Ã-hã.”<br />
Se eu não estivesse excitado com aquela visão loira no veludo negro ou<br />
fosse um idiota sem dívidas a pagar, esta seria uma boa hora pra fazer o discurso<br />
do indignado. Afinal, ela estava confundindo detetive com guarda-costas e, pior,<br />
com michê. Eu abriria a porta pra lhe mostrar o caminho da rua, ao invés de<br />
trancá-la como fiz.<br />
“Calma lá”, ela disse ao ouvir o clique da fechadura. “Você vai ter que suar<br />
um pouco mais do que tá pensando.”<br />
Eu fiz um gesto com as mãos como se dissesse “sou todo ouvidos”.<br />
“Tem algum compromisso inadiável hoje?”<br />
Embora minha agenda de compromissos estivesse mais vazia que minha<br />
conta bancária, ela não precisava dessa informação. Dei um toque no tampo da<br />
mesa, desligando o computador. “Acabei de adiá-lo.”<br />
Apesar de a loira já estar molhada, o cavalheirismo me fez posicionar o<br />
guarda-chuva quase todo sobre ela. Mesmo abraçado, sentindo a curva de sua<br />
cintura em minha mão, fiquei com meu lado direito descoberto e ensopado.<br />
Existe uma garagem subterrânea no prédio, mas como seu aluguel é mais caro<br />
que o da sala eu deixo meu carro na casa de um amigo. Só tenho que sair da Rua<br />
Tutóia e descer duas quadras pela Rua Pirapora.<br />
Ao entrar no carro, a primeira coisa que ela fez foi lançar um sorriso de<br />
desprezo. “Ele tá velhinho, né?”<br />
Eu fiz um afago no volante. “A gente já passou por muita coisa juntos.”<br />
“Dá pra pegar a Vinte e Três com ele?”<br />
Eu fiz que não com a cabeça. Desde que privatizaram as avenidas expressas<br />
de São Paulo, minha ximbica ficou de fora delas. Os caras automatizaram tudo<br />
e as pistas passaram a dirigir os carros – mas não o meu, velho demais pra ser<br />
adaptar a isso.<br />
Ela saiu do carro. “Seguinte: vamos tomar mais um pouco de chuva.”<br />
[ 12 ]
[ ATAÍDE TARTARI ]<br />
“Quanto mais?”<br />
“Até a Rua Curitiba.”<br />
“Ah, minha vizinha?” eu disse, abrindo o guarda-chuva e deixando meu<br />
lado seco ficar igualmente ensopado.<br />
Enquanto eu enlaçava sua cintura, ela reclamou em meu ouvido, “Você<br />
nunca reparou, né?”<br />
“Nunca fui pago pra reparar em você; um sério defeito da minha profissão.”<br />
“Mas eu já tinha reparado em você. Lá no Ibirapuera. E, mesmo sem ser da<br />
profissão, fiquei sabendo quem era.”<br />
“Perguntando por aí?”<br />
Ela fez que sim com a cabeça. “A mulherada que malha no parque sabe<br />
muita coisa.”<br />
Talvez eu devesse começar a me preocupar, eu pensei, com o que elas<br />
sabiam sobre mim. O Ibirapuera é um território de caça onde a gente nunca<br />
sabe quem é o predador.<br />
Três quadras depois, na Rua Curitiba, fomos recebidos pelo porteiro do<br />
prédio.<br />
“Dona Glória!” o velhinho exclamou, olhando para o estado de seu vestido.<br />
“Pois é, eu nem percebi que tava chovendo quando saí.”<br />
Quando a porta do elevador se fechou, eu virei pra ela: “Sério?”<br />
“Ã-hã. O que aconteceu foi que eu abri uma mensagem mostrando meu<br />
marido beijando uma...” Ela suspirou, depois fez um gesto de deixa-pra-lá. “Enfim,<br />
então eu saí pra andar, espairecer...”<br />
“E lembrar de mim no parque.”<br />
Ela riu. “Tá ficando convencido, né?”<br />
“A gente sempre paga um preço por ser o que é.”<br />
Ao entrar na sala, não pude deixar de notar o padrão oriental da decoração.<br />
Alto padrão, por certo. A parede externa era toda de vidro. Do vigésimo<br />
andar, oferecia uma vista valiosa do Parque do Ibirapuera.<br />
“Vou tomar um banho rápido”, eu a ouvi dizendo. “Quer trocar de roupa?”<br />
Segui sua voz até um dos quartos. O vestido amarelo estava sobre o carpete.<br />
A calcinha preta também. O ruído agora era da ducha sendo ligada.<br />
“Não, obrigado”, eu respondi olhando para o vulto no vidro do box. “Já<br />
estou ficando seco.”<br />
“Se quiser, meu marido é mais ou menos do seu tamanho.”<br />
“E onde ele está? Se é que isso importa.”<br />
“Em Xangai”, ela disse. “É pra lá que estamos indo.”<br />
[ 13 ]<br />
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[ RICARDO EDGAR, DETETIVE PARTICULAR ]<br />
Seu carro não era propriamente um carro. Era um triciclo, um Lean<br />
Machine, desses que inclinam na curva. Ela sentou atrás do volante e eu logo<br />
atrás, no único banco de passageiro que a máquina tem. A cúpula de cristal se<br />
fechou sobre nós. Ela pilotou até a entrada da Avenida 23 de Maio, quando a<br />
pista assumiu o controle e nos encaixou entre um furgão e um sedã.<br />
Com as mãos livres, ela ajustou o espelho interno pra me ver. “Você não<br />
tem nenhum impedimento para entrar na China, tem?”<br />
“Pra entrar, não. O que eu não sei é se vou ter algum impedimento pra sair.”<br />
Pelo espelho, vi um sorriso que me deixou sem resposta.<br />
Olhando para o lado, vi quando passamos pelo Memorial do Acidente de<br />
2007, época em que as aeronaves não subiam nem pousavam na vertical. Estávamos<br />
chegando. Um segundo depois, a avenida nos soltou na entrada de<br />
Congonhas.<br />
Enquanto andávamos pelo saguão, ela pediu que eu conferisse se o tíquete<br />
de embarque já estava aparecendo no meu AIphone.<br />
“Você já tinha planejado esse vôo faz tempo”, eu perguntei, “ou é boa no<br />
encaixe?”<br />
Ela devolveu a bola: “O que você acha?”<br />
Nem me preocupei em checar o AIphone. Passei direto pelo sensor, que não<br />
fez nenhuma objeção.<br />
Sentados na sala de embarque, vimos que o vôo balístico das 11:00 para<br />
Xangai sairia em quinze minutos. Tempo suficiente pra fazer alguns planos.<br />
“Acho que mereço saber o que vou encontrar pela frente.”<br />
“Não esquenta”, ela disse, pondo a mão em minha coxa. “O Yuri não é<br />
violento, não.”<br />
Eu dei de ombros. “E você?”<br />
Ela também deu de ombros. “Meu problema é gostar de fazer surpresas.”<br />
A entrada no foguete balístico foi demorada. Eles só admitiam uma pessoa<br />
por vez. A loira foi na minha frente, o que me deu a chance de ver como era. Em<br />
pé, ela foi ensanduichada dos pés à cabeça por dois colchões de ar onde se lia<br />
“anti-G”. Depois um elevador a levou pra cima e chegou minha vez. Também<br />
fiquei prensado entre os dois colchões antigravidade que se inflaram; só meu<br />
rosto e braços ficaram livres. Na minha cara, uma irritante tela de entretenimento<br />
tentava me distrair com propaganda.<br />
De repente, a cara da loira apareceu na tela. “E aí? Tudo bem?”<br />
“Tudo. Isso aqui não é muito diferente do parquinho onde minha mãe me<br />
levava.”<br />
“Mas aqui dá tesão quando o foguete sobe.”<br />
[ 14 ]
[ ATAÍDE TARTARI ]<br />
“É? Espero não melecar nada.”<br />
Ela riu e se apagou. A tela voltou ao intervalo comercial. Apertando uns<br />
botões, descobri um gráfico mostrando como se liga São Paulo a Xangai com<br />
uma curva que passa pelo espaço. Quando o bicho decolou, o canto da tela<br />
passou a mostrar uma contagem regressiva de oito minutos para o desligamento<br />
dos motores. A aceleração deve ter sido violenta, mas, com aqueles<br />
colchões compensando, só deu pra sentir um frio na barriga. A loira ficou me<br />
devendo o tesão.<br />
No ponto mais alto da curva, com os motores já desligados, liguei a câmera<br />
externa pra ver as estrelas. A loira interrompeu o visual com outro “e aí?”<br />
“Tudo limpo por aqui”, eu respondi.<br />
Então o frio na barriga voltou. Agora estávamos em queda livre até Xangai.<br />
Meia-noite, segundo o relógio na recepção do hotel, e o maridão traidor<br />
ainda não tinha chegado.<br />
“Deve estar jantando com ela”, foi a dedução da loira.<br />
“Se esta for a única entrada do hotel”, eu disse, “ele vai passar por nós.”<br />
“Eles”, ela insistiu.<br />
Enquanto eu preparava meu AIphone pra uma foto do flagrante de adultério,<br />
um grupo de engravatados barulhentos entrou na saguão. A loira virou o<br />
pescoço.<br />
“São da firma”, ela me disse, “são colegas dele.”<br />
Um deles a reconheceu e veio em nossa direção. Ao chegar perto, porém,<br />
ele se lembrou de algo, ficou sem jeito e olhou pra trás, pra outro engravatado,<br />
este bem acompanhado por uma chinesinha com pinta de estagiária da vez. Eu<br />
bati uma foto do casal antes de saber se era mesmo meu alvo.<br />
Com cara de poucos amigos, ele deixou a chinesinha pra trás e veio até<br />
nós.<br />
“Eu resolvi aparecer aqui”, a loira disse pra ele, me abraçando pela cintura,<br />
“pra te mostrar que eu também me arrumei.”<br />
Ele tirou a cara de poucos amigos, forçou um sorriso e apertou minha<br />
mão. “Yuri.”<br />
“Ricardo.”<br />
“Quanto ela tá te pagando?” ele me perguntou como se ela não estivesse ao<br />
meu lado.<br />
“Há!” ela exclamou. “Você não poderia dar o que eu dou pra ele.”<br />
“Quanto?” ele insistiu.<br />
[ 15 ]<br />
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[ RICARDO EDGAR, DETETIVE PARTICULAR ]<br />
De repente, meus instintos apurados me fizeram perceber que, além de<br />
ter muita bala na agulha, o homem era um negociador nato. Senti que o melhor<br />
a fazer era entrar no seu jogo. “O de praxe,” eu respondi. “Eu sou um investigador<br />
particular credenciado.”<br />
“Filho da puta”, ela resmungou.<br />
Com um passo, deixei a loira de lado.<br />
“E qual seria sua praxe ideal?”<br />
“Uma consultoria pra uma grande empresa, talvez. Num contrato de longo<br />
prazo.”<br />
“Está feito”, ele disse, e apertamos as mãos. “Eu estou prestes a ser nomeado<br />
gerente-geral para a América Latina e seria uma pena se um mal-entendido<br />
desses atrapalhasse nossa conquista.”<br />
Eu não pude deixar de concordar enquanto deletava a foto no AIphone.<br />
“Com uma ética profissional dessas”, comentou a loira, me fuzilando com<br />
os olhos, “você ia se dar bem em Brasília.”<br />
“Você também”, eu retruquei. “A diferença é que sua ética tem o prazo de<br />
validade desse corpinho aí.”<br />
Descobri que o marido da loira também é bom no encaixe: ele me colocou,<br />
ainda naquela madrugada de Xangai, no próximo balístico pra São Paulo,<br />
de modo que cheguei ao Snooker Bar da Rua Tutóia em tempo de jogar com os<br />
amigos.<br />
“Desculpem a demora, pessoal. É que hoje eu rodei o mundo atrás de uma<br />
loira”, eu disse enquanto pegava meu taco, “mas acabei me dando bem é com o<br />
marido dela.”<br />
Eles riram. Mas, claro, eu ri melhor.<br />
[ 16 ]
O Pequeno Oenteph<br />
No centro de uma avenida movimentada, próximo ao farol, há uma caixa de<br />
madeira. A todo momento algo mágico está sendo fabricado dentro dela. Uma<br />
pessoa ingênua provavelmente não acreditará que isso possa existir. Uma pessoa<br />
lógica não descartaria a minúscula probabilidade de que isso talvez exista. Já uma<br />
criança, que nunca duvidou ou se questionou, ao ver a caixa e seu conteúdo,<br />
talvez nem lhes dê tanta importância, pois isso é absolutamente normal. Mas a<br />
verdade é que todos nós já vimos essa caixa e o que contém. E é uma pena que,<br />
quando adultos, nós descartemos a lógica e nos tornemos ingênuos o suficiente<br />
para acreditar que tudo não passou de um sonho de criança...<br />
Raul Tabajara<br />
[ 17 ]<br />
Você sempre gostou das minhas histórias, não é, meu<br />
neto? Eu adorava contar as coisas que aconteceram comigo<br />
e encher o seu mundo de fantasia. Mas agora estou<br />
velho e você está crescido. Isso não é nenhum problema,<br />
ainda posso te contar minhas histórias. Quantas quiser.<br />
Eu só fico chateado por narrar fábulas, momentos de minha<br />
vida, e ver você reescrever essas histórias e publicálas<br />
em livros de terror e nessas magazines jovens para as<br />
quais você trabalha como escritor. Sabe, eu nunca tinha<br />
interpretado minhas histórias por esse ponto de vista...<br />
Mas nunca te contei como tudo começou. Esta história<br />
eu sempre guardei para o final, e acho que estou<br />
chegando perto dele. Se você a encarar como uma história<br />
de terror, tudo bem. Confesso que para mim, que na<br />
época tinha apenas oito anos de idade, foi uma experiência<br />
um tanto apavorante. Só de lembrar que isso aconteceu<br />
há 80 anos vem aquele sentimento de nostalgia...<br />
Era um feriado. E, em dias assim, minha antiga professora<br />
gostava de sair com seus alunos e levá-los a algum<br />
parque ou museu. Ela organizava suas duas turmas, fretava<br />
um ônibus, chamava algumas mães e todos saíamos para<br />
passear. Nesse feriado não foi diferente, mas todos estávamos<br />
empolgados além do normal, pois iríamos visitar o<br />
Casarão. O Casarão era uma construção muito antiga, em<br />
estilo colonial, que ficava na estrada que leva para fora da<br />
cidade. Era a última casa desse tipo naquela região e, em<br />
tempos modernos, ela havia virado uma grande biblioteca,<br />
com um imenso jardim.<br />
Quando chegamos e vimos o Casarão pela primeira<br />
vez, entendemos porque havia tantas histórias de mistério<br />
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[ O PEQUENO OENTEPH ]<br />
sobre ele: cada estátua de enfeite e cada detalhe encaracolado das colunas nos<br />
davam a nítida sensação de que a casa estava gritando para afastar os forasteiros!<br />
Logo que nos acostumamos com a visão daquele local cheio de esculturas,<br />
colunas e andares, o curador da casa veio, se apresentou e nos levou para um<br />
maravilhoso passeio.<br />
Conhecemos cada lugar. Vimos os livros antigos, os quartos dos barões e,<br />
no final, unindo as forças de todas as crianças da turma, conseguimos rodar o<br />
grande maquinário antigo, feito de engrenagens de madeira, usado para moer o<br />
trigo. Esse foi o ponto máximo da excursão! Quando as engrenagens giraram<br />
fazendo aquele som fantasmagórico, entendemos porque todos diziam que havia<br />
fantasmas por lá.<br />
Infelizmente a excursão havia acabado e a ordem foi para nos divertirmos<br />
no jardim da frente de casa. Passaram-se alguns minutos e a professora nos<br />
chamou para irmos embora.<br />
Pois é, crianças são crianças, e ninguém queria voltar para o ônibus. Todos<br />
preferiam ficar de lá para cá, aproveitando o grande gramado que tinham para<br />
correr. Já eu, não. Estava parado olhando o jardim da parte de trás da casa. Ele<br />
era protegido por um cercado baixo de arame. Uma cerca com maiores intenções<br />
de advertência do que de uma proteção efetiva.<br />
O jardim dos fundos era um terreno com grama que se elevava como um<br />
morro e se estendia a uns vinte metros para trás do Casarão. Eu olhava para o<br />
jardim de uma forma tão atenciosa que o curador, um dos descendentes do<br />
barão que viveu ali naquele lugar, veio até mim, parou do meu lado e olhou para<br />
o jardim. Ele estava sorrindo.<br />
– Eu também fico horas olhando esse jardim. Ele é muito bonito, não é<br />
mesmo? – disse o curador se agachando, colocando a mão no meu ombro.<br />
– Sim, ele é muito bonito, mas não é para ele que eu estou olhando –<br />
respondi, sentindo um calafrio enquanto esquentava as minhas mãos uma de<br />
encontro à outra.<br />
– Não? Então o que você olha com tanta atenção? – perguntou ele com<br />
receio, olhando de novo para meus olhos e depois fixando os seus exatamente<br />
para onde eu olhava.<br />
– A casa. Ali atrás. Eu estou olhando para a casa. Sabe, ela me dá medo. E<br />
é por isso que eu não consigo tirar os olhos dela.<br />
Eu disse isso com certa ingenuidade, mal sabendo o que estava para<br />
acontecer.<br />
– Mas você consegue ver a casa rosa? A que tem uma escada de pedra para<br />
chegar na porta dupla? – o curador perguntou-me assustado.<br />
[ 18 ]
[ RAUL TABAJARA ]<br />
– Sim, consigo ver a casa rosa, ela não está tão longe assim. Eu estou sem<br />
óculos, mas consigo ver.<br />
– Conseguir ver essa casa não é uma questão de estar perto ou longe,<br />
pequeno menino – disse ele, voltando-se para mim.<br />
– Não entendo. Mas tudo bem, não é a casa rosa que me dá medo, ela até<br />
que parece ser bem divertida. Estou falando daquela casa – apontei para um<br />
platô no fim do jardim e continuei: – A casa de madeira, em cima daquele<br />
morro. Ela não é um barraco, é bem construída, limpinha, mas me dá medo.<br />
Eu desviei meus olhos da casa e os voltei para o curador. Ele me fitava abismado.<br />
– Então você consegue ver a entrada também? Curioso. Venha, quero te<br />
mostrar uma coisa. Não tenha medo.<br />
O curador segurou minha mão, abriu a portinhola do cercado e andou<br />
comigo em direção ao jardim. Fiquei tenso, pois achava que ele iria me levar até<br />
a casa de madeira, mas paramos na frente da escadaria que levava para as portas<br />
duplas da outra casa. A casa rosa era um grande quadrado sem janelas. Uma<br />
construção simples, e muito estranha, pois não era um quadrado perfeito. Cada<br />
lado estava inclinado em um ângulo diferentes que mais pareciam esses desenhos<br />
novos que passam na TV de hoje em dia, todos distorcidos e divertidos.<br />
Subimos a escada e paramos na frente das portas duplas. O curador não fez<br />
menção de abri-las, apenas olhou pra mim. A princípio não fiquei curioso para<br />
ver o que tinha dentro. Parecia que eu já havia entrado naquela casa e que sempre<br />
passeava por lá. Foi um sentimento tão estranho quanto o barulho que saía<br />
de dentro do lugar.<br />
Quando comecei a ouvir os sons que saíam pelas portas, me assustei. Eram<br />
bem altos e me perguntei por que eu não conseguia ouvi-los do lado de fora do<br />
cercado, pois certamente eles chegariam até lá. Eram sons tão altos quanto<br />
esses shows de rock que você costuma ouvir. Gente gritando, passos, músicas de<br />
todos os tipos... Era como se muitas televisões estivessem ligadas em canais<br />
diferentes, no volume máximo. No entanto, entre todos os sons, três deles me<br />
chamaram a atenção. Foi um sentimento de déjà vu, eu me recordava desses sons<br />
no momento em que os ouvia.<br />
O primeiro foi o ruído de um exército marchando. O som dos passos era<br />
tão forte que parecia que marchavam dentro da casa e que eu estava parado na<br />
frente de um desfile, vendo-os passar. O chão tremia com a força dos passos e<br />
eu pus a minha mão na barriga, sentindo-a tremer com o ribombar da marcha.<br />
Quando os soldados foram embora eu continuei olhando para a porta fechada.<br />
Todos os outros sons se misturavam e o segundo apareceu. Foi um urro.<br />
O grunhido de uma grande criatura feroz. Ninguém nunca ouviu um dinossauro<br />
[ 19 ]<br />
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[ O PEQUENO OENTEPH ]<br />
gritando e rugindo, mas eu tinha a certeza de que era um. E dos grandes! Eu<br />
tremi de medo daquele som e dei um passo para trás. A criatura deu outro grito<br />
e então eu tive certeza de que ela estava lá atrás da porta, pois durante o segundo<br />
grito ela foi sacudida. Quando tentei me virar para fugir, o curador me<br />
segurou. Seu rosto estava muito sério.<br />
Ele me colocou de novo na frente da porta. O cheiro do bicho saía pelas<br />
frestas e o barulho dos mil televisores ligados em canais diferentes não parava.<br />
O terceiro som surgiu. Era de um avião antigo. Ele estava voando no céu e<br />
digladiando-se com algo que estava no chão. As metralhadoras do avião ricocheteavam<br />
do lado de dentro da porta. Muitos sons de tiros, até que o grito mayday,<br />
mayday denunciou que o avião havia sido atingido. Eu ouvia com nitidez suas<br />
asas cortando o vento em direção ao solo e, quando ele estava perto do fim, fez<br />
uma manobra de emergência e conseguiu subir ali, bem próximo da porta! O<br />
som pareceu tão perto de mim que, quando ele aconteceu, eu me abaixei, pensando<br />
que o avião ia destroçar a porta, atingindo a mim e ao curador.<br />
Quando me abaixei para me desviar da suposta queda, pisei no meu cadarço,<br />
que vivia desamarrado, e tropecei, caindo de bunda. O vento estrondoso de<br />
uma nave que supostamente havia passado por cima de mim balançou minhas<br />
roupas. Mas a porta continuava fechada e todas aquelas TVs ligadas aumentavam<br />
seus volumes cada vez mais.<br />
Vendo-me caído no chão e tentando pegar meu boné, que tinha saído da<br />
minha cabeça quando o avião passara, o curador tirou aquela expressão séria do<br />
rosto, começou a rir e ajudou-me a levantar.<br />
Todas aquelas sensações haviam acontecido com a porta fechada. O que<br />
teria dentro da casa rosa? Fiquei extremamente curioso, pois ela era pequena<br />
para um dinossauro, um exército e uma briga de aeronaves. Mas abrir aquelas<br />
portas duplas era uma coisa que eu não queria fazer. Disse o curador aos gritos:<br />
– Ah, meu rapazinho, você é um de nós! Diohn não tem uma linha temporal<br />
lógica, mas você é um de nossos antigos! – O som das TVs era tão alto que<br />
metade das palavras que ele dizia eu não entendia e apenas supunha. Ele continuou:<br />
– Venha, eu vou abrir a porta. Mas preste atenção: quando eu abrir, fique<br />
em total silêncio. Não faça barulho nenhum, está me ouvindo? – O curador<br />
ainda estava aos gritos para que eu o ouvisse.<br />
Mais estranho que ele ter pedido para que eu fizesse silêncio naquele barulho<br />
todo, só mesmo a chave que ele pegou para abrir a porta. Era uma chave<br />
normal, como as chaves de um carro, mas o local onde seguramos tinha o formato<br />
de uma aranha, e a sua escultura era formada por teias que terminavam<br />
em cada uma das pontas da serra da chave.<br />
[ 20 ]
[ RAUL TABAJARA ]<br />
O curador girou a chave. A porta estava tremendo com todo o barulho que<br />
havia dentro da casa. Quando ele ia abri-la, eu, apressado, me enchi de coragem<br />
e a empurrei no centro, fazendo-a flanquear para dentro.<br />
O que aconteceu quando abri a porta foi o total silêncio. Muito silêncio.<br />
Todo o barulho havia ido embora como num passe de mágica.<br />
O ranger das dobradiças foi o único som que ecoou para dentro da casa.<br />
Fiquei parado de braços abertos como que não conseguindo acreditar que ali<br />
não havia nada. Apenas percebia, com todos os meus sentidos, um grande vazio.<br />
No interior da casa havia somente uma lâmpada azul, no formato de uma<br />
meia-lua, que estava presa no centro do teto. Meus dois primeiros passos para dentro<br />
daquele ambiente azulado e silencioso ecoaram. E eu espantei-me com o que vi.<br />
Havia muitas camas. Em cada cama, uma pessoa dormia. A maioria crianças,<br />
mas também havia adultos e adolescentes. O curador sorria e eu voltei a<br />
atenção para aquelas camas onde todos dormiam com um sorriso no rosto.<br />
O brilho azul da lâmpada de lua contornava cada uma delas. O mais mágico<br />
daquela visão é que ninguém estava realmente lá. Quando eu fixava meus<br />
olhos para ver uma pessoa em especial, conseguia ver, de forma azulada, todo o<br />
seu quarto em volta. Elas estavam dormindo em suas próprias casas e a luz azul<br />
trazia suas imagens-fantasma para dentro da casa rosa.<br />
O curador olhou para mim e disse, agora em voz muito baixa:<br />
– Veja, são todos como você. Como eu. São testadores. Testadores de sonhos.<br />
Aqui é um dos locais onde todos os sonhos são avaliados antes de serem<br />
enviados para as pessoas que dormem. E você é um de nós. Um Oenteph, um<br />
testador de sonhos.<br />
O curador olhou para um canto e eu o acompanhei. Em azul estava a projeção<br />
do meu quarto e minha cama vazia, assim como muitas outras. Apesar de<br />
a casa rosa ser pequena, as projeções que saíam da luz azul davam a impressão<br />
de que milhares de quartos estavam lado a lado dentro daquele lugar. E então<br />
entendi que cada um dos sons que eu ouvira do lado de fora da casa era um<br />
sonho audível..<br />
Prestando mais atenção nas paredes reais da casa rosa, vi um único quadro<br />
em frente à porta. Nele havia uma pintura com uma casa de madeira bem rústica<br />
no meio de uma praia ou um deserto. Acima do quadro estava escrito: “Este<br />
é nosso mundo: Diohn, lar do que é sonho e de tudo o que sonha.”<br />
– Estaremos esperando por você, sempre. Agora vá, sua professora está ali<br />
embaixo, nos observando e te seguindo com os olhos desde que entramos no<br />
jardim. Ela não vê a casa, apenas um jardim de rosas – disse o curador.<br />
Eu corri para fora e, quando olhei para trás, vi o homem fechando a porta.<br />
[ 21 ]<br />
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[ O PEQUENO OENTEPH ]<br />
Não pude deixar de olhar para o platô e conferir se a casa de madeira era a<br />
mesma que estava no quadro. Era.<br />
Corri para a fila do ônibus e lá fiquei esperando a professora fazer a contagem<br />
das crianças. Ao final da contagem o curador chegou para se despedir de<br />
todos. Quando ele estava próximo de mim, eu perguntei:<br />
– Por que tenho medo da passagem?<br />
– Por que nem tudo que é sonho é feliz ou traz o bem – respondeu o<br />
curador.<br />
Eu podia ver aquela chave estranha no bolso de sua camisa. Ele continuou a falar:<br />
– Certa vez, em Diohn, um pequeno Oenthep convocou um exército para<br />
lutar contra Leth. Ele era o lagarto devorador de mundos, que aos poucos destruía<br />
a capacidade das pessoas de sonhar. Esse pequeno Oenteph não só comandou<br />
um grande exercito como lutou contra o inimigo em sua estranha máquina<br />
voadora. Essa história é uma lenda muito antiga e está escrita em um dos livros<br />
do Casarão.<br />
– Como poderia ser uma história antiga aquela que ouvi lá dentro? – perguntei<br />
rapidamente ao curador. – Enquanto eu ouvia os sons atrás da porta eu<br />
me lembrava dessa história. Foi isso que sonhei essa noite!<br />
– O mundo dos sonhos é dividido em Diohn. Cada pessoa pode escolher<br />
criar um mundo próprio ou viajar para um dos mundos já existentes. Esses<br />
mundos oníricos flutuam em forma de bolha sobre o deserto. Uma pessoa normal<br />
não percebe que está mudando de mundo. E nem consegue ver a aranha.<br />
– A chave? – perguntei rapidamente.<br />
– Não, a aranha real. A Grande Aranha. Ela protege os mundos como se<br />
fossem seus ovos e tece belas linhas unindo-os por toda a imensidão do deserto<br />
de Diohn. Passado e futuro estão ligados por uma teia, mas apenas alguns poucos<br />
Oentephs são capazes de caminhar sobre ela e manter em ordem a linha<br />
temporal – concluiu o curador.<br />
Pois essa é a história, meu neto, a primeira delas. O tempo foi se passando,<br />
eu fui crescendo. Depois de uns vinte anos foi fácil acreditar que tudo aquilo<br />
não passou de outro sonho. Tinha até me esquecido dele. A escola, depois a<br />
faculdade e depois o trabalho... todos me fizeram esquecer que um dia eu fui<br />
um pequeno Oenteph. Acho que essa é a história que liga todas as outras que<br />
você já escreveu... Bom, só agora, depois de velho, eu voltei a visitar Diohn<br />
mais vezes, mas essas são histórias que, se você acreditar, um dia eu te conto.<br />
[ 22 ]
1<br />
296 páginas - 14 x 21 cm<br />
120 páginas - 14 x 21 cm<br />
O primeiro volume da coleção<br />
apresenta 13 contos escritos por<br />
Ana Cristina Rodrigues, Bruno<br />
Cobbi, Camila Fernandes, Cristina<br />
Lasaitis, Eric Novello, Jacques<br />
Barcia, Leonardo Pezzella, Maria<br />
Helena Bandeira, Osiris Reis,<br />
Roberta Nunes, Romeu Martins,<br />
M. D. Amado e Richard Diegues.<br />
Abra a porta, quebre o paradigma!<br />
O Protocolo<br />
A nubis<br />
PARA DI G M A S<br />
Uma história que se inicia com dois<br />
assassinatos no Museu de Arqueologia da USP<br />
e arrasta o leitor até as escaldantes areias do<br />
Egito. Terrorismo internacional, rituais de<br />
magia negra, ciência e filosofia em um<br />
turbulento caldeirão de ação, com um enredo<br />
baseado em descobertas reais.<br />
De William Goldoni, autor de O Grito da Esfinge<br />
Um romance que pode ser saboreado de uma<br />
bocada apenas, ou em várias partes, como se<br />
fossem contos, dependendo do estômago do<br />
leitor. No futuro apocalíptico apresentado na<br />
obra não resta civilização e a fome predomina<br />
sobre as demais necessidades humanas. A fé, a<br />
esperança e piedade há muito abandonaram os<br />
corações dos homens. Mas sempre restará vida.<br />
E onde restar vida, haverá Fome.<br />
De Tibor Moricz, autor de Síndrome de Cérbero<br />
128 páginas - 12 x 18 cm<br />
Nas melhores livrarias ou pelo site<br />
www.tarjalivros.com.br<br />
FOME