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corporações) no Japão <strong>em</strong> função <strong>de</strong> tal suposto comportamental dos agentes. Se o<br />

oportunismo é culturalmente reduzido, digamos, <strong>em</strong> todo o país, po<strong>de</strong>-se esperar então que<br />

assim o será igualmente <strong>em</strong> toda a economia nacional e nos arranjos institucionais<br />

subjacentes, quer <strong>em</strong> firmas, quer também <strong>em</strong> transações <strong>de</strong> mercado, <strong>em</strong> gestões<br />

trilaterais, ou <strong>em</strong> outros tipos <strong>de</strong> relações contratuais. 150<br />

Em tais circunstâncias, a justificativa para organizar as transações <strong>de</strong> forma hierár-<br />

quica fica obscura pelo raciocínio da TCT. Isso po<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar que, mesmo na ausência<br />

total <strong>de</strong> oportunismo, a racionalida<strong>de</strong> limitada <strong>em</strong> seu componente <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong><br />

informacional po<strong>de</strong> impedir a existência <strong>de</strong> um ambiente "tranqüilo" para transações s<strong>em</strong><br />

conflitos ex ante. 151 Ou, <strong>em</strong> outras palavras, impedir que os agentes envolvidos sejam<br />

capazes <strong>de</strong> traçar uma única estratégia maximizadora conjunta, ou mesmo que concor<strong>de</strong>m<br />

que tal estratégia seria a "justa" para todas as partes. Nas palavras <strong>de</strong> DIETRICH (1993, p.<br />

transações entre firmas ou mercados <strong>de</strong> distintas socieda<strong>de</strong>s resta (<strong>de</strong> forma prepon<strong>de</strong>rante, ainda<br />

mais após a mudança dos regimes políticos dos países europeus do Leste) ao menos uma<br />

s<strong>em</strong>elhança: são capitalistas (como tenta Williamson <strong>de</strong>limitar seu trabalho <strong>de</strong> 1985 intitulando-o<br />

"The Economic Institutions of Capitalism"). O conceito po<strong>de</strong> ser endógeno ao capitalismo, e<br />

portanto generalizável (<strong>em</strong>bora falseável) e aparecer <strong>em</strong> diferentes intensida<strong>de</strong>s nas diferentes<br />

socieda<strong>de</strong>s interligadas por tal sist<strong>em</strong>a.<br />

150 O mesmo argumento é reforçado por GROENEWEGEN e VROMEN (1996, p. 372). Um<br />

canal <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate sobre este ponto abre-se a partir <strong>de</strong> duas posições, quais sejam: i) o oportunismo é<br />

um fator endógeno (assim como outros aspectos comportamentais) tanto ao ambiente institucional<br />

quanto ao arranjo institucional ou estrutura <strong>de</strong> gestão, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se esperar que cada um <strong>de</strong>les<br />

tenha a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suscitar diferentes comportamentos (e <strong>em</strong> diferentes intensida<strong>de</strong>s) - on<strong>de</strong> o<br />

aspecto da "atmosfera organizacional" levantado, e posteriormente abandonado, por Williamson<br />

teria relevância; e ii) a questão resolve-se apenas por alinhamento <strong>de</strong> incentivos, ou seja, contratos<br />

(explícitos ou implícitos) <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> garantias, como, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>cisório no chão-<strong>de</strong>-fábrica, que cortam as intenções <strong>de</strong> oportunismo, como seria a argumentação<br />

<strong>de</strong>corrente do grupo <strong>de</strong> economistas caracterizado por Williamson pela ênfase nos alinhamentos ex<br />

ante (vi<strong>de</strong> nossa seção 3.1). O segundo caminho, no entanto, teria probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> explicar o<br />

conhecido caso do diferencial produtivo entre as fábricas da Toyota no Japão e EUA, com<br />

estruturas <strong>de</strong> incentivos s<strong>em</strong>elhantes, e também o comportamento diferenciado da Toyota para com<br />

seus fornecedores japoneses e norte-americanos, que o próprio Williamson evi<strong>de</strong>ncia (1985, p.<br />

120-123).<br />

Essa oposição no <strong>de</strong>bate parece apontar para a adoção por Williamson da primeira das<br />

posições. No entanto, a ausência <strong>de</strong> dinâmica implica um engajamento incompleto ou parcial, já<br />

que a TCT assume, para princípio <strong>de</strong> análise, um ambiente institucional dado.<br />

151 Segundo DIETRICH (1994, p. 19-20), o conceito <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> limitada <strong>de</strong>senvolvido<br />

por Herbert SIMON (1957 e 1961, por ele citados) divi<strong>de</strong>-se <strong>em</strong> duas partes: 1) limitações<br />

inerentes aos indivíduos <strong>em</strong> processar informações a não ser <strong>de</strong> modo trivial - complexida<strong>de</strong><br />

informacional; e 2) <strong>de</strong>sconhecimento por parte dos indivíduos <strong>de</strong> todos os estados futuros possíveis<br />

do mundo e <strong>de</strong> todas as relações causais relevantes - incerteza informacional. E por tal<br />

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