Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...
Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...
Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
permanece na TCT como herança <strong>de</strong> Coase, enquanto os dois seguintes foram criação do<br />
próprio Williamson.<br />
4.2.1 Mercados e firmas: estaticamente alternativos ou<br />
dinamicamente compl<strong>em</strong>entares?<br />
Para a primeira das críticas, tanto DIETRICH (1994, p. 17) quanto PITELIS<br />
(1993a, p. 18-9) e SAWYER (1993, p. 33) citam o argumento <strong>de</strong> FOURIE (1989, apud<br />
DIETRICH, <strong>de</strong>ntre os <strong>de</strong>mais) que os mercados nada produz<strong>em</strong> - são apenas o locus das<br />
trocas <strong>de</strong> mercadorias e serviços anteriormente produzidos <strong>de</strong> alguma forma coor<strong>de</strong>nada,<br />
ou seja, que a troca (ou consumo) <strong>de</strong> bens pressupõe a sua produção. 118 Isso significa dizer<br />
que as firmas não po<strong>de</strong>m vir suprimir os mercados, mas que os mercados só exist<strong>em</strong> graças<br />
às firmas e, portanto, não é lógico afirmar que é s<strong>em</strong>pre possível à firma <strong>de</strong>sverticalizar-se<br />
e recorrer ao mercado, como sugeriu COASE (1937) e assim a análise estáticocomparativa<br />
torna-se falha por construção. 119<br />
Dietrich argumenta que a ênfase exclusiva na troca e o conseqüente tratamento da<br />
firma como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca suprim<strong>em</strong> a natureza essencial da firma como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
produção e distribuição, ou <strong>em</strong> suas palavras (1994, p. 6): "as an economic unit that<br />
transforms inputs into outputs for use by other economic agents"; ou ainda "the [TCT]<br />
framework relies on the control aspect of resource allocation and ignores the use<br />
dimension" (DIETRICH, 1993, p. 166). Dessa forma, Williamson estaria, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
consi<strong>de</strong>rando a presença <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> limitada apenas nas relações <strong>de</strong> contratação fora<br />
118 CHESNAIS (1996, apud WALSH, 1996, p. 519) critica a TCT <strong>de</strong> forma s<strong>em</strong>elhante, ou<br />
seja, por ignorar a firma como a instituição central para a criação e transformação dos recursos - e<br />
não apenas alocação - e, por conseguinte, tratá-la como uma "mera" alternativa ao mercado. Crítica<br />
s<strong>em</strong>elhante v<strong>em</strong> <strong>de</strong> LAZONICK (1991, p. 169, apud SAMUELS, 1995, p. 580, que, a propósito,<br />
consi<strong>de</strong>ra Lazonick um autor com bastante autonomia teórica, mas com viés institucionalista): "The<br />
history of twentieth-century capitalist <strong>de</strong>velopment shows ... that as a dynamic process firms create<br />
markets, not vice-versa. By <strong>de</strong>finition, Coase's approach casts the firm as a passive player that<br />
arises out of 'market failure' rather than 'organizational success.'"<br />
119 Em adição, po<strong>de</strong>-se imaginar a existência <strong>de</strong> recursos que somente uma firma, ao crescer,<br />
é capaz <strong>de</strong> produzir, como por ex<strong>em</strong>plo a capacitação e a experiência <strong>de</strong> seu pessoal, as vantagens<br />
<strong>de</strong> mercado auferidas por boa reputação e, enfim, a capacida<strong>de</strong> organizacional para formular e<br />
impl<strong>em</strong>entar estratégias <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> tais recursos (cf. PENROSE, 1987, p. 563).<br />
69