Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...
Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...
Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
parte com aqueles colaboradores do que Williamson chamou "enfoque da agência" (vi<strong>de</strong><br />
nossa seção 3.1).<br />
Outro ponto que nos parece relevante apresentar a priori é o próprio cuidado <strong>de</strong><br />
Williamson <strong>em</strong> evi<strong>de</strong>nciar suas diferenças para com a ortodoxia s<strong>em</strong> <strong>de</strong>la se afastar<br />
(1996a, p. 6-8), 196 utilizando três principais argumentos: i) os propósitos e efeitos das<br />
diferentes formas <strong>de</strong> organização econômica continuam envoltos <strong>em</strong> eficiência, ou<br />
economização dos custos <strong>de</strong> transação; 197 ii) as preocupações da TCT continuam <strong>em</strong><br />
gran<strong>de</strong> parte as mesmas da ortodoxia, tais quais integração vertical ou lateral, gestão cor-<br />
porativa, organização do trabalho, <strong>de</strong>ntre outras; e iii) permanec<strong>em</strong> os comprometimentos<br />
neoclássicos centrais, quais sejam, uma perspectiva sistêmica combinada ao espírito<br />
racional. 198 No entanto, como comentado há pouco, a inclusão da racionalida<strong>de</strong> limitada no<br />
núcleo da TCT é um pilar <strong>de</strong> sustentação externo ao núcleo neoclássico. Além disso, uma<br />
outra questão intrigante v<strong>em</strong> <strong>de</strong> um recorrente pressuposto da TCT, contido na forte<br />
afirmação feita por WILLIAMSON (1975, p. 20) que "in the beginning there were<br />
markets." Tal posição, que o aproxima do pensamento neoclássico, é posta <strong>em</strong> xeque <strong>em</strong><br />
sua mais recente obra (WILLIAMSON, 1996a, p. 13):<br />
qualificação (p. 38): "O papel do pressuposto <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> limitada é <strong>de</strong>cisivo, distinguindo a<br />
ECT da genericamente <strong>de</strong>nominada 'Teoria dos Contratos' "; e também (p. 39): "Ainda filiada à<br />
tradição ortodoxa, a literatura <strong>de</strong> Agente-Principal apóia-se no pressuposto <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> plena<br />
por parte dos agentes econômicos". Uma visão diferente v<strong>em</strong> <strong>de</strong> Oliver HART (1989, p. 359-360),<br />
que parece esperar um futuro conciliador <strong>de</strong> tais abordagens: "One promising sign is that the<br />
different approaches economists have used to address this issue - neoclassical, principal-agent,<br />
transaction cost, nexus of contracts, property rights - appear to be converging".<br />
196 A <strong>de</strong>speito da própria ambigüida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Williamson <strong>em</strong> tentar evi<strong>de</strong>nciar as diferenças<br />
entre a TCT e a abordag<strong>em</strong> neoclássica, como já comentado anteriormente, e ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />
manter-se aliado ao mainstream, admite que "[...] many of the insights of the transaction cost<br />
approach will be absorbed within the corpus of 'exten<strong>de</strong>d' neoclassical analysis. The capacity of<br />
neoclassical economics to expand its boundaries is quite r<strong>em</strong>arkable in this respect" (1989, p. 178).<br />
Para uma evidência <strong>de</strong> tal capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção neoclássica vi<strong>de</strong> POSSAS (1995).<br />
197 Para ARCHIBALD (1987, p. 357) a resposta <strong>de</strong> Coase (e, por extensão, a <strong>de</strong> Williamson)<br />
para a existência das firmas - qual seja, a existência <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> transação - é suficiente para<br />
interpretá-la como neoclássica, pois permite a continuida<strong>de</strong> do pressuposto <strong>de</strong> retornos constantes<br />
<strong>de</strong> escala (fundamental à teoria do equilíbrio geral), e impe<strong>de</strong> que se cogite a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
existir<strong>em</strong> firmas <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>em</strong> gerar retornos crescentes <strong>de</strong> escala (no mínimo).<br />
198 Como já evi<strong>de</strong>nciado anteriormente neste trabalho, Williamson parece bastante<br />
preocupado <strong>em</strong> legitimar seu programa <strong>de</strong> pesquisa. A explícita ruptura com o arcabouço<br />
neoclássico certamente impossibilitaria seu objetivo, fechando várias portas <strong>em</strong> sua progressão,<br />
como po<strong>de</strong> ser interpretado a partir <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scrição dos personagens e do ambiente acadêmico <strong>em</strong><br />
sua pós-graduação - o que intitulou <strong>de</strong> "Carnegie connection" (WILLIAMSON, 1996a, cap. 1).<br />
111