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Caminhando pela primeira via, MOSCHANDREAS (i<strong>de</strong>m, p. 42-45) enxerga o<br />
comportamento humano <strong>de</strong> forma muito mais rica, como a própria dicotomia vebleniana<br />
entre ações predatórias e construtivas já sugeria. A comparação feita por Williamson entre<br />
os riscos <strong>de</strong> se negociar no Japão e nos EUA é explorada para ex<strong>em</strong>plificar o quão restrita<br />
é a sua explicação das diferenças existentes entre os agentes através do oportunismo (como<br />
também feito por DIETRICH, 1994, apresentado na seção 4.2). Williamson (como citado<br />
<strong>em</strong> nosso capítulo 3) diz que há, no Japão, maior controle ou vigilância cultural ou institu-<br />
cional sobre o oportunismo. Isso, para Moschandreas, representa na verda<strong>de</strong> subestimar o<br />
papel da cultura nos <strong>de</strong>terminantes comportamentais, o que lhe parece ser comum aos eco-<br />
nomistas da TCT. 181 Façamos uma simplificação <strong>de</strong> sua crítica: se todo e qualquer indiví-<br />
duo t<strong>em</strong> um montante <strong>de</strong> motivação comportamental (mc=q, on<strong>de</strong> q∈Q + ), não se po<strong>de</strong><br />
avaliar sua aplicação às transações (e/ou produção) apenas pela parcela <strong>de</strong> oportunismo<br />
(op) nele presente e <strong>de</strong>sprezar completamente o que po<strong>de</strong> estar contido <strong>em</strong> "q - op", e.g. a<br />
confiança (co) (cf. FUKUYAMA, 1995, apud MOSCHANDREAS, p. 44), a honestida<strong>de</strong><br />
(cf. RABIN, 1993, apud i<strong>de</strong>m) e a i<strong>de</strong>ntificação patriótica (cf. PATRICK e ROSOVSKY,<br />
1976, apud i<strong>de</strong>m). Na verda<strong>de</strong>, as influências políticas e históricas/filosóficas po<strong>de</strong>m muito<br />
b<strong>em</strong> afetar o comportamento e a ética humana, fazendo com que o "cesto <strong>de</strong> motivações"<br />
seja preenchido endogenamente (com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> op=0). Se a eficiência (ef) resi-<br />
<strong>de</strong>nte no arranjo das transações é função, <strong>de</strong>ntre outras coisas, do montante <strong>de</strong> motivação<br />
comportamental dos agentes (ef=ƒ(mc)), e sendo esta formada por mais <strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento<br />
explicativo não paramétrico, 182 po<strong>de</strong>mos esperar que ∂ef / ∂op < 0. Mas ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />
po<strong>de</strong>mos ter, por ex<strong>em</strong>plo, ∂ef / ∂co > 0, e outros fatores comportamentais com efeitos<br />
positivos, como os citados acima..<br />
Um feed-back bastante negativo sobre a produtivida<strong>de</strong> e sobre a propensão<br />
comportamental dos indivíduos que po<strong>de</strong> vir <strong>de</strong> tal generalização in<strong>de</strong>vida do comporta-<br />
crucial que os separa: para a TCT o oportunismo é da própria natureza humana, enquanto para tais<br />
mo<strong>de</strong>los marxistas ele é uma característica do hom<strong>em</strong> na socieda<strong>de</strong> capitalista (cf. BOWLES, 1985,<br />
apud JACOBY, i<strong>de</strong>m).<br />
181<br />
Apesar <strong>de</strong> Neil Kay se consi<strong>de</strong>rar um integrante da abordag<strong>em</strong> dos custos <strong>de</strong> transação<br />
(GALBRAITH e KAY, 1986, p. 72), também critica tanto o papel secundário dado por Williamson<br />
à cultura, quanto a centralida<strong>de</strong> e generalização do oportunismo como característica comportamental<br />
<strong>de</strong>finitiva (KAY, 1993, p. 248).<br />
182<br />
Já que Williamson alega consi<strong>de</strong>rar apenas alguns indivíduos, <strong>em</strong> algumas ocasiões,<br />
agindo <strong>de</strong> forma oportunista.<br />
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