17.04.2013 Views

Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...

Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...

Download - Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Talvez por isso seja importante para a TCT repensar as pr<strong>em</strong>issas do fiat, que é<br />

usado por Williamson justamente para rebater as críticas da corrente do "nexo <strong>de</strong> contra-<br />

tos" (notoriamente Alchian e D<strong>em</strong>setz, como será discutido <strong>em</strong> nossa seção 4.4), mas que<br />

parece ainda <strong>de</strong>ixá-lo na esfera estritamente neoclássica dos indivíduos com liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escolha <strong>em</strong> qualquer situação (vi<strong>de</strong> discussão apresentada <strong>em</strong> nossa nota <strong>de</strong> rodapé 43). 166<br />

As conseqüências são refletidas num mo<strong>de</strong>lo teórico <strong>em</strong> que a eficiência sobrepuja,<br />

prece<strong>de</strong> ou simplesmente não atenta para a eqüida<strong>de</strong> (tão recorrente no mundo da<br />

concorrência perfeita), e on<strong>de</strong> a distribuição e o uso (e abuso) do po<strong>de</strong>r privado são<br />

ignorados (MILLER, 1993, p. 1049-50). Além disso, o mo<strong>de</strong>lo acaba ignorando ainda<br />

outras variáveis relevantes construídas institucionalmente (institutionalized myth), como<br />

por ex<strong>em</strong>plo o comportamento mimético 167 dos agentes e/ou das organizações <strong>em</strong> resposta<br />

à incerteza, mais baseado na ansieda<strong>de</strong> ou medo <strong>de</strong> um processo seletivo que aja <strong>em</strong> favor<br />

da nova forma (quer reduza ou não os custos <strong>de</strong> transação) que na ótica racional da busca<br />

da eficiência (SELZNICK, 1996, p. 273). 168<br />

166 Clau<strong>de</strong> Ménard, um dos economistas da NEI mais preocupados <strong>em</strong> lapidar a conceituação<br />

da TCT, tenta distinguir autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hierarquia s<strong>em</strong> aludir ao po<strong>de</strong>r (MÉNARD, 1996a, p. 155-<br />

7). Para ele, a autorida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> existir <strong>em</strong> diferentes arranjos institucionais, formais ou informais, a<br />

partir do que chama "influência" (legitimada pelas capacitações do indivíduo e sua situação numa<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações). Já a hierarquia é específica das organizações formais, sendo i<strong>de</strong>ntificada pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar o comando como instrumento <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, legitimada por alguma regra do<br />

ambiente institucional que garanta um status formal a qu<strong>em</strong> exerça. A distinção <strong>de</strong> Ménard, no<br />

entanto, não cria nenhuma categoria distinta das que os críticos da TCT mais afastados da<br />

ortodoxia neoclássica continuariam chamando <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, e por isso parece servir "apenas" para<br />

rebater os argumentos da abordag<strong>em</strong> do "nexo <strong>de</strong> contratos", como será discutido <strong>em</strong> nossa seção<br />

4.4. Embora essa pareça ser a única intenção <strong>de</strong> MÉNARD (i<strong>de</strong>m, p. 157) e, por isso, sua<br />

argumentação não mereça críticas <strong>em</strong> si, po<strong>de</strong> estar evi<strong>de</strong>nciando o <strong>de</strong>sinteresse da NEI <strong>em</strong><br />

operacionalizar o po<strong>de</strong>r, como comentado anteriormente <strong>em</strong> nossa seção 4.2.<br />

167 Ou mesmo motivado por <strong>em</strong>ulação organizacional, cf. BURLAMAQUI (1995, p. 52),<br />

sendo tais formas <strong>de</strong> comportamento aparent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>correntes do que KEYNES (1982, cap. 12)<br />

chamou <strong>de</strong> "psicologia coletiva" ou "<strong>de</strong> massa", por sua vez <strong>de</strong>corrente da incerteza e das<br />

racionalida<strong>de</strong>s limitadas <strong>de</strong> "indivíduos ignorantes", que utilizam tal recurso por enten<strong>de</strong>r que "A<br />

sabedoria universal indica ser melhor para a reputação fracassar junto com o mercado do que<br />

vencer contra ele" (i<strong>de</strong>m, p. 130). E tal comportamento "does not always result from full, conscious<br />

choice, as all animal species are born with some capacity to imitate" (HODGSON, 1988, p. 127). O<br />

próprio HODGSON (1993b, p. 92-93) dá ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> historiadores que encontram muitos paralelos<br />

entre a hierarquização das estruturas militares do século XVII e a hierarquização organizacional<br />

estabelecida nas origens do sist<strong>em</strong>a fabril, como uma mistura <strong>de</strong> path <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncy, context<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncy e, claramente <strong>em</strong> nossa opinião, <strong>de</strong> mimêsis - muito <strong>em</strong>bora entre instituições com<br />

naturezas e propósitos significativamente distintos.<br />

168 Entretanto, SELZNICK (1996, p. 274) vê com bons olhos a adoção do conceito <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong><br />

limitada e as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> incerteza pela NEI na medida <strong>em</strong> que po<strong>de</strong>m permitir a<br />

94

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!