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surpreendente e algo que não pode ser respondido em termos do nosso<br />
padrão de imagem da realidade.<br />
•Entretanto, pode ser explicado pela concepção holográfica. De modo<br />
inverso, uma vez que os eventos paranormais não podem ser explicados por<br />
nosso atual conhecimento científico, clamam por um novo modo de encarar<br />
o universo, um paradigma mais científico. Além de mostrar como o modelo<br />
holográfico pode responder à paranormalidade, o livro também examinará<br />
como evidências acumuladas em favor da paranormalidade parecem, por<br />
sua vez, necessitar na verdade da existência de um tal modelo.<br />
O fato de que a paranormalidade não pode ser explicada por nossa<br />
atual concepção científica do mundo é apenas uma das razões de tal<br />
condição permanecer tão controvertida. Uma outra é que a questão da<br />
mediunidade é muitas vezes muito difícil de ser comprovada em<br />
laboratório, fazendo muitos cientistas concluírem que, portanto, tal função<br />
não existe. Este artifício óbvio também será discutido no livro.<br />
Uma razão ainda mais importante é que, ao contrário do que muitos<br />
de nós veio a acreditar, a ciência não está livre do preconceito. Aprendi isso<br />
pela primeira vez vários anos atrás, quando perguntei a um físico de renome<br />
o que ele pensava sobre um determinado experimento parapsicológico. O<br />
físico (que tinha a reputação de ser cético a respeito da paranormalidade)<br />
olhou para mim e, com grande autoridade, afirmou que os resultados não<br />
revelavam "nenhuma prova de qualquer comportamento mediúnico,<br />
absolutamente". Eu ainda não tinha visto os resultados mas, por respeitar a<br />
inteligência e a reputação do físico, aceitei sua opinião sem questionar.<br />
Mais tarde, quando examinei eu mesmo os resultados, fiquei espantado ao<br />
descobrir que o experimento fornecia prova muito surpeendente de<br />
capacidade mediúnica. Percebi então que os cientistas de renome podem ter<br />
falhas e preconceitos.<br />
Infelizmente, essa é uma situação que ocorre muitas vezes na investigação<br />
da paranormalidade. Num recente artigo no American Psychologist,<br />
o psicólogo de Yalc Irvin L. Child investigou de que maneira uma famosa<br />
série de experimentos sobre a manifestação de percepcão extra-sensorial<br />
(PÉS) realizados no Centro Médico Maimonides, no Brooklin, Nova York,<br />
foram tratados pela instituição científica. Apesar de expressiva prova<br />
confirmando a presença de PÉS pelos experimentadores, Child achou que o<br />
trabalho deles foi quase totalmente ignorado pela comunidade científica. De<br />
maneira ainda mais desanimadora, ele concluiu que, nas poucas publicações<br />
científicas que se preocuparam em comentar os experimentos, a pesquisa<br />
foi tão "seriamente distorcida" que sua importância ficou completamente<br />
obscurecida. 1<br />
Como é possível uma coisa dessas? Uma razão é que a ciência não é<br />
sempre tão objetiva quanto gostaríamos. Encaramos os cientistas com um<br />
pouco de medo e, quando eles nos afirmam algo, nos convencemos de que<br />
deve ser verdade. Esquecemos que eles são apenas seres humanos e sujeitos<br />
aos mesmos preconceitos culturais, filosóficos e religiosos que todos nós.<br />
Infelizmente, pois, como este livro vai mostrar, existe um sem-número de<br />
evidências de que o universo abarca consideravelmente mais do que nossa<br />
concepção atual do mundo permite.<br />
Mas por que a ciência é tão resistente especificamente no que concerne<br />
à paranormalidade? Esta é uma questão mais difícil. Ao comentar<br />
sobre a resistência que experimentou por sua própria visão não ortodoxa<br />
sobre saúde, o dr. Bernie S. Siegel, cirurgião de Yale e autor do famoso<br />
livro Amor, Medicina e Milagres, afirma que é porque as pessoas estão<br />
viciadas em suas crenças. Siegel diz que é por isso que, quando você tenta<br />
mudar a crença de alguém, ela age como um viciado.<br />
Parece haver muita verdade na observação de Siegel, e talvez seja a<br />
razão pela qual a maioria das descobertas e dos avanços da civilização<br />
tenham sido acolhidos com recusa tão veemente pela primeira vez. Somos<br />
viciados em nossas crenças e agimos como viciados quando alguém tenta<br />
arrancar de nós o poderoso ópio de nossos dogmas. E, uma vez que a<br />
ciência ocidental se devotou durante tantos séculos a não acreditar na<br />
paranormalidade, não vai capitular diante de seu vício alegremente.<br />
Tenho sorte. Sempre soube que havia mais no mundo do que era em<br />
geral aceito. Cresci numa família de médiuns e desde a mais tenra idade<br />
experimentei cm primeira mão muitos dos fenômenos sobre os quais se<br />
falará neste livro. Ocasionalmente, e quando for relevante para o assunto<br />
que estiver sendo discutido, contarei um pouco de minhas próprias<br />
experiências. Embora essas experiências só possam ser encaradas como<br />
evidências anedóticas, para mim elas forneceram a prova mais veemente de<br />
todas de que vivemos num universo ao qual apenas começamos pesquisar, e as<br />
incluo por causa da compreensão que elas propiciam.<br />
Finalmente, porque o conceito de holografia ainda é uma idéia em<br />
formação e um mosaico de muitos conceitos e evidências diversas, certos<br />
pesquisadores argumentaram que não deveria ser chamado de modelo ou teoria<br />
até que esses conceitos diferentes fossem integrados numa totalidade mais<br />
unificada. Como resultado, alguns pesquisadores referem-se às idéias como<br />
paradigma holográfico. Outros preferem analogia holográfica, metáfora<br />
holográfica e assim por diante. Neste livro, por razões de diversidade,<br />
empreguei todas estas expressões, incluindo modelo holográfico e teoria<br />
holográfica, mas não significa concluir que a idéia holográfica atingiu o status<br />
de um modelo ou teoria no sentido mais estrito desses termos.