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Por exemplo, numa conferência recente sobre psiconeuroimunologia —<br />
uma ciência nova que estuda o modo que a mente (psico), o sistema nervoso<br />
(neuro) e o sistema imune (imunologia) interagem — a chefe de bioquímica<br />
cerebral no Instituto Nacional de Saúde Mental, Candace Pert, declarou que as<br />
células imunes têm receptores neuropeptídeos. Os neuropeptídeos são<br />
moléculas que o cérebro usa para se comunicar, os telegramas do cérebro, se<br />
você quiser. Houve um tempo, quando se acreditava que os neuropeptídeos só<br />
podiam ser encontrados no cérebro. Mas a existência de receptores<br />
(destinatários do telegrama) nas células de nosso sistema imune implica que o<br />
sistema imune não está separado do cérebro mas é uma extensão dele. Os neuropeptídeos<br />
também foram encontrados em outras diversas partes do corpo,<br />
levando Pert a admitir que ela não podia mais falar onde o cérebro termina e<br />
onde o corpo começa. 71<br />
Excluí tais particularidades, não só porque senti que examinar o quanto a<br />
mente pode formar e controlar o corpo fosse mais relevante para a presente<br />
discussão, mas também porque os processos biológicos responsáveis pelas<br />
interações mente-corpo são muito vastos para o interesse deste livro. No início<br />
da seção sobre milagres, eu disse que não havia nenhuma razão definida para<br />
acreditar que a regeneração óssea de Michelli não pudesse ser explicada por<br />
nosso atual entendimento da física. Isto é menos verdade para os estigmas.<br />
Parece também não ser muito verdade para diversos fenômenos paranormais relatados<br />
por indivíduos crentes ao longo da história e em tempos recentes por<br />
diversos biólogos, físicos e outros pesquisadores.<br />
Neste capítulo olhamos para coisas surpreendentes que a mente pode<br />
fazer e que, embora não totalmente entendidas, não parecem violar qualquer lei<br />
da física. No próximo capítulo olharemos para algumas coisas que a mente<br />
pode fazer que não podem ser explicadas por nossos atuais entendimentos<br />
científicos. Como veremos, a idéia holográfica pode lançar luz nestas áreas<br />
também. Aventurar-se nestes territórios envolverá muitas vezes lidar com o que<br />
poderia parecer, a princípio, andar num chão incerto e examinar fenômenos<br />
ainda mais atordoantes e inacreditáveis do que a rapidez da cura dos ferimentos<br />
de Mohotty e as imagens no coração de verônica Giuliani. Mas outra vez<br />
acharemos que, apesar de sua natureza assustadora, a ciência também está<br />
começando a fazer incursões nestes territórios.<br />
Os Microssistemas de Acupuntura e o Homenzinho na<br />
Orelha<br />
Antes de terminar, uma última evidência da natureza holográfica do corpo<br />
merece ser mencionada. A antiga arte chinesa da acupuntura está baseada na<br />
idéia que todo órgão e osso no corpo está ligado a pontos específicos sobre a<br />
superfície do corpo. Ao ativar estes pontos de acupuntura, tanto com agulhas<br />
como com alguma outra forma de estimulação, acredita-se que as doenças e<br />
desequilíbrios que afetam as partes do corpo ligadas aos pontos podem ser<br />
aliviados e mesmo curados. Existem cerca de uma centena de pontos de<br />
acupuntura organizados em linhas imaginárias chamadas meridianos sobre a<br />
superfície do corpo. Embora ainda controversa, a acupuntura está ganhando<br />
aceitação na comunidade médica e tem sido usada com sucesso para tratar<br />
dores crônicas nas costas em cavalos de corrida.<br />
Em 1957, um médico e acupunturista francês chamado Paul Nogier<br />
publicou um livro chamado Tratado de Auriculoterapia, no qual apresentava<br />
sua descoberta de que, além do sistema principal de acupuntura, existem dois<br />
sistemas de acupuntura menores em ambas as orelhas. Ele os cognominou de<br />
microssistemas de acupuntura e observou que, quando alguém desempenhava<br />
um tipo de jogo de ligar pontos com eles, estes formavam um mapa anatômico<br />
de um humano em miniatura, invertido como um feto (Figura 13).<br />
Desconhecido para Nogier, os chineses descobriram o "homenzinho na orelha"<br />
quase 4 mil anos antes, mas um mapa do sistema da orelha chinês não foi<br />
publicado senão depois que Nogier já tinha apresentado a idéia.<br />
O homenzinho na orelha não só é uma parte atraente na história da<br />
acupuntura. O dr. Terry Oleson, um psicobiologista da Clínica de Manejo da<br />
Dor na Universidade da Califórnia na Faculdade de Medicina de Los Angeles,<br />
descobriu que o microssistema na orelha pode ser usado para diagnosticar com<br />
exatidão o que está se passando no corpo. Por exemplo, Oleson descobriu que a<br />
atividade elétrica aumentada em um dos pontos de acupuntura na orelha em<br />
geral indica uma condição patológica (tanto passada como presente) na área<br />
correspondente do corpo. Em um estudo, quarenta pacientes foram examinados<br />
para determinar as áreas de seu corpo onde experimentavam dor crônica.<br />
Depois do exame, cada paciente foi coberto com um lençol para esconder<br />
qualquer problema visível. Então um acupunturista sem nenhum conhecimento<br />
dos resultados examinou apenas suas orelhas.