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metáfora global da cena. Tais experiências são holográficas de um outro modo,<br />
naquele em que cada pequena parte da cena também pode conter uma<br />
constelação inteira de informação. Assim, associação livre e outras técnicas<br />
analíticas realizadas sobre os minúsculos detalhes da cena podem trazer à tona<br />
um fluxo adicional de dados sobre o indivíduo envolvido.<br />
A natureza composta das imagens arquetípicas pode ser moldada pela<br />
idéia holográfica. Como Grof observa, a holografia torna possível formar uma<br />
seqüência de exposições, como fotografias de cada membro de uma grande<br />
família, sobre o mesmo pedaço de filme. Quando isto é feito o pedaço de filme<br />
revelado conterá a imagem de um indivíduo que representa não um membro da<br />
família, mas todos eles ao mesmo tempo. "Estas imagens genuinamente<br />
compostas representam um modelo extraordinário de um certo tipo de<br />
experiência transpessoal, tal como as imagens arquetípicas do Homem<br />
Cósmico, Mulher, Mãe, Pai, Amante, Malandro, Tolo ou Mártir", diz Grof. 17<br />
Se cada fotografia é tirada de um ângulo levemente diferente, em vez de<br />
resultar numa foto composta, o pedaço de filme holográfico pode ser usado<br />
para criar uma série de imagens holográficas que parecem deslizar uma dentro<br />
da outra. Grof acredita que isto ilustra um outro aspecto da experiência<br />
visionária, isto é, a tendência de incontáveis imagens se desdobrarem em rápida<br />
seqüência, cada uma aparecendo e então se dissolvendo na próxima como que<br />
por mágica. Ele acha que o sucesso da holografia em moldelar tantos aspectos<br />
diferentes de uma experiência arquetípica sugere que existe uma ligação<br />
profunda entre os processos holográficos e o modo como os arquétipos são<br />
produzidos.<br />
Na verdade, Grof acha que a evidência de uma ordem holográfica oculta<br />
vem à tona virtualmente todas as vezes que o indivíduo vivência um estado<br />
incomum de consciência:<br />
O Conceito de Bohm das ordens encobertas e descobertas, e a idéia que<br />
certos aspectos importantes da realidade não são acessíveis à experiência e ao<br />
estudo sob condições habituais, são de relevância direta para o entendimento de<br />
estados incomuns de consciência. Indivíduos que experimentaram diversos<br />
estados incomuns dê consciência, inclusive cientistas sofisticados e cultos de<br />
várias disciplinas, muitas vezes relatam que entraram em domínios ocultos da<br />
realidade que pareciam ser autênticos e num certo sentido implícitos<br />
e,sobreordenados à realidade cotidiana. 18<br />
A Terapia Holotrópica<br />
Talvez a descoberta mais notável de Grof seja que os mesmos fenômenos<br />
relatados por indivíduos que tomaram LSD também podem ser experimentados<br />
sem recorrer a drogas de qualquer tipo. Para este fim, Grof e sua mulher,<br />
Christina, desenvolveram uma técnica simples, sem drogas, para induzir estes<br />
estado de consciência incomuns ou holotrópicos. Eles definem um estado<br />
holotrópico de consciência como aquele no qual é possível ter acesso ao<br />
labirinto holográfico que liga todos os aspectos da existência. Estes incluem os<br />
biológicos, psicológicos, raciais e de história espiritual, o passado, presente e<br />
futuro do mundo, outros níveis de realidade e todas as outras experiências já<br />
discutidas no contexto da experiência com o LSD.<br />
Os Grof chamam sua técnica de terapia holotrópica e usam apenas<br />
respiração rápida e controlada, música evocativa e massagem e trabalho<br />
corporal para induzir estados alterados de consciência. Até o momento,<br />
milhares de indivíduos participaram de seus workshops e relatam experiências<br />
que são exatamente tão espetaculares e profundas emocionalmente quanto<br />
aquelas descritas pelos sujeitos do trabalho anterior de Grof sobre o LSD. Grof<br />
descreve seu trabalho atual e dá um relato detalhado de seus métodos em seu<br />
livro A Aventura da Autodescobería.<br />
Os Vórtices do Pensamento e as Personalidades<br />
Múltiplas<br />
Inúmeros pesquisadores usaram o modelo holográfico para explicar<br />
diversos aspectos do próprio processo de pensamento. Por exemplo, o<br />
psiquiatra Edgar A. Levenson, de Nova York, acredita que o holograma fornece<br />
um modelo valioso para o entendimento de mudanças transformadoras e<br />
repentinas que muitas vezes os indivíduos vivenciam durante a psicoterapia.<br />
Ele baseia sua conclusão no fato de que tais mudanças acontecem independente<br />
da técnica ou abordagem psicanalítica que o terapeuta utilize. Assim, ele acha<br />
que as abordagens psicanalíticas são puramente cerimoniais e a mudança se<br />
deve inteiramente a algo mais.<br />
Levenson acredita que algo tem ressonância. Um terapeuta sempre sabe<br />
quando a terapia vai indo bem, ele observa. Existe uma opinião errônea de que<br />
as partes de um padrão ilusório devem aparecer juntos. O terapeuta não está<br />
dizendo nada de novo para o paciente mas, em vez disso, parece estar em<br />
ressonância com algo que o paciente inconscientemente já sabe: "É como se<br />
uma representação espacialmente codificada, tridimensional, imensa da<br />
experiência do paciente se desenvolvesse na terapia, passando por todos os<br />
aspectos de sua vida, de sua história e sua de participação com o terapeuta. Em<br />
algum momento existe uma espécie de sobrecarga' e todas as coisas ficam no<br />
lugar." 19<br />
Levenson acredita que estas representações tridimensionais da experiência<br />
são hologramas enterrados profundamente na psique do paciente e<br />
uma ressonância de sentimentos entre o terapeuta e o paciente os faz emergir<br />
num processo semelhante ao modo como um laser de uma determinada<br />
freqüência faz emergir uma imagem, feita com um laser da mesma freqüência a