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ombros também estão sobre sua cabeça. Como a imagem num pedaço de filme<br />
holográfico, as coisas não têm mais locais exatos e as relações espaciais<br />
deixam de ter significado.<br />
Ullman acredita que certos aspectos do pensamento holográfico são até<br />
mais pronunciados em maníaco-depressivos. Enquanto o esquizofrênico<br />
percebe bafejos da ordem holográfica, o maníaco está profundamente<br />
envolvido nela e identifica-se de modo grandioso com seu potencial infinito.<br />
"Ele não pode adaptar-se a todos os pensamentos e idéias que chegam a ele de<br />
um modo tão opressivo", afirma Ullman. "Ele tem que mentir, dissimular e<br />
manipular aquelas idéias em volta dele, assim como se acomodar à sua<br />
perspectiva expansiva. O resultado final, é claro, é caos e confusão na maioria<br />
das vezes, misturado à explosões de criatividade e de sucesso na realidade<br />
consensual." 7 Por sua vez, os maníacos ficam deprimidos depois que voltam<br />
destas férias surrealistas e uma vez mais encaram as ocorrências de risco e sorte<br />
da vida cotidiana.<br />
Se é verdade que todos nós nos confrontamos com aspectos da ordem<br />
implícita quando sonhamos, por que estes confrontos não têm o mesmo efeito<br />
sobre nós que têm sobre os psicóticos? Urna razão, diz Ullman, é que deixamos<br />
a lógica desafiadora e singular do sonho para trás quando acordamos. Por<br />
causa, de sua condição o psicótico é forçado a lutar com isso enquanto tenta<br />
simultaneamente funcionar na realidade cotidiana. Ullman também teoriza que,<br />
quando sonhamos, a maioria de nós tem um mecanismo protetor natural que<br />
nos preserva de entrar mais em contato com a ordem implícita do que somos<br />
capazes.<br />
Os Sonhos Lúcidos e os <strong>Universo</strong>s Paralelos<br />
Nos anos recentes os psicólogos ficaram cada vez mais interessados nos<br />
sonhos lúcidos, um tipo de sonho no qual o sonhador mantém a consciência<br />
totalmente desperta e está ciente de que está sonhando. Além do fator de<br />
consciência, os sonhos lúcidos são singulares de muitas outras maneiras.<br />
Diferentes dos sonhos normais nos quais o sonhador muitas vezes é capaz de<br />
controlar o sonho de vários modos — transformar pesadelos em experiências<br />
prazerosa, mudar o cenário do sonho e/ou criar indivíduos ou situações<br />
específicos. Os sonhos lúcidos são também muito mais vividos e cheios de<br />
vitalidade do que os sonhos normais. Em um sonho lúcido, chãos de mármore<br />
parecem misteriosamente sólidos e reais, flores deslumbrantemente coloridas e<br />
perfumadas, e tudo é vibrante e estranhamente energizado. Pesquisadores que<br />
estudam os sonhos lúcidos acreditam que eles podem levar a novos caminhos<br />
para estimular o crescimento pessoal, aumentar a autoconfiança, promover<br />
saúde física e mental e facilitar a • resolução criativa de problemas. 8<br />
No encontro anual de 1987 da Associação para o Estudo dos Sonhos<br />
realizado em Washington, o físico Fred Alan Wolf proferiu uma conferência na<br />
qual afirmou que o modelo holográfico pode ajudar a explicar este fenômeno<br />
incomum. Wolf, ele próprio um sonhador lúcido ocasional, chama a atenção<br />
para o fato de que um pedaço de filme holográfico realmente gera duas<br />
imagens, uma imagem virtual que parece estar no espaço atrás do filme e uma<br />
imagem real que entra em foco no espaço na frente do filme. Uma diferença<br />
entre os dois é que as ondas de luz que compõem uma imagem virtual parecem<br />
estar divergindo a partir de um foco ou fonte aparente. Como vimos, isto é<br />
uma ilusão, pois a imagem virtual de um holograma não tem mais extensão no<br />
espaço do que a imagem num espelho. Mas a imagem real de um holograma é<br />
formada pelas ondas de luz que estão entrando em foco e isto não é uma ilusão.<br />
A imagem real possui extensão no espaço. Infelizmente, pouca atenção é dada a<br />
esta imagem real nas habituais aplicações da holografia porque uma imagem<br />
que entra em foco no ar vazio é invisível e só pode ser vista quando partículas<br />
de pó passam através dela ou quando alguém sopra uma baforada de fumaça<br />
através dela.<br />
Wolf acredita que todos os sonhos são hologramas internos e os sonhos<br />
comuns são menos vividos porque são imagens virtuais. Entretanto, ele acha<br />
que o cérebro também tem a capacidade de gerar imagens reais e que é<br />
exatamente o que ele faz quando estamos sonhando lucidamente. A vibração<br />
incomum do sonho lúcido se deve ao fato das ondas serem convergentes e não<br />
divergentes. "Se existe um 'espectador' onde estas ondas focalizam, este<br />
espectador será banhado na cena e a cena entrando em foco o 'incluirá'. Deste<br />
modo a experiência do sonho parecerá 'lúcida' ", observa Wolf. 9<br />
Como Pribram, Wolf acredita que nossa mentes cria a ilusão da realidade<br />
"lá fora" por meio do mesmo tipo de processos estudados por Bekesy. Ele<br />
acredita que estes processos também são o que permitem ao sonhador lúcido<br />
criar realidades objetivas nas quais coisas como chãos de mármore e flores<br />
serem tão tangíveis e reais quanto suas assim chamadas contrapartes objetivas.<br />
De fato, ele acha que nossa capacidade de estarmos lúcidos em nossos sonhos<br />
sugere que pode não haver muita diferença entre o mundo como um todo e o<br />
mundo de dentro de nossas cabeças. "Quando o observador e o observado<br />
podem se separar e dizer este é o observado e este é o observador, que é um<br />
efeito que o sujeito parece ter quando está lúcido, então penso que é<br />
questionável se [os sonhos lúcidos] podem ser considerados subjetivos", diz<br />
Wolf. 10<br />
Wolf postula que os sonhos lúcidos (ou talvez todos os sonhos) são<br />
realmente visitas aos universos paralelos. Eles são apenas hologramas menores<br />
dentro do holograma cósmico maior e mais abrangente. Ele até sugere que a<br />
capacidade para o sonho lúcido poderia ser melhor chamada de consciência do<br />
universo paralelo. "Chamo de consciência do universo paralelo porque acredito<br />
que os universos paralelos surgem como outras imagens no holograma", afirma