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não poderiam ser explicadas inteiramente como produtos da história pessoal<br />
deles. Em vez disso, tais símbolos se pareciam mais com as imagens e temas<br />
das grandes mitologias e religiões do mundo. Jung concluiu que mitos, sonhos,<br />
alucinações e visões religiosas brotam todos da mesma origem, um<br />
inconsciente coletivo que é partilhado por todas as pessoas.<br />
Uma experiência que levou Jung a esta conclusão aconteceu em 1906 e<br />
envolveu a alucinação de um homem que sofria de esquizofrenia paranóide.<br />
Um dia, Jung encontrou o homem em pé numa janela olhando fixamente para o<br />
sol e mexendo a cabeça de um lado para o outro de uma forma curiosa. Quando<br />
Jung perguntou a ele o que estava fazendo, ele explicou que estava olhando<br />
para o pênis do sol e que quando mexia a cabeça de um lado para o outro, o<br />
pênis do sol se mexia e fazia o vento soprar.<br />
Na época Jung encarou a afirmação do homem como produto de uma<br />
alucinação. Mas vários anos mais tarde ele se deparou com a tradução de um<br />
texto pérsico de 2 mil anos, que o fez mudar de opinião. O texto consistia de<br />
uma série de rituais e invocações destinadas a induzir visões. Descrevia-se uma<br />
das visões dizendo que, se o participante olhasse para o sol, veria um tubo<br />
pendendo dele e, quando o tubo se movesse de um lado para o outro fazia o<br />
vento soprar. Uma vez que as circunstâncias tornavam extremamente<br />
improvável que o homem tivesse tido contato com o texto que continha o ritual,<br />
Jung concluiu que a visão do homem não era simplesmente um produto de sua<br />
mente inconsciente mas tinha borbulhado de um nível mais profundo,<br />
proveniente do inconsciente coletivo da própria espécie humana. Jung chamou<br />
tais imagens de arquétipos e acreditava que eles fossem tão antigos que é como<br />
se cada um de nós tivesse a memória de um homem de 2 milhões de anos em<br />
algum lugar, nas profundezas de nossa mente inconsciente.<br />
Embora o conceito de Jung de um inconsciente coletivo tenha tido um<br />
impacto enorme sobre a psicologia e seja aceita agora por milhares de<br />
psicólogos e psiquiatras, nosso entendimento habitual do universo não fornece<br />
nenhum mecanismo para explicar sua existência. A interligação de todas as<br />
coisas prevista pelo modelo holográfico, porém, oferece uma explicação. Num<br />
universo no qual todas as coisas são infinitamente interligadas, todas as<br />
consciências também estão interligadas. Apesar das aparências, somos seres<br />
sem fronteiras. Ou, como Bohm afirma: "Dentro da profundeza da consciência<br />
da humanidade está o uno". 1<br />
Se cada um de nós tem acesso ao conhecimento inconsciente de toda<br />
espécie humana, por que não somos todos enciclopédias ambulantes? O<br />
psicólogo Robert M. Anderson Jr., do Instituto Politécnico Rensselaer, en Troy,<br />
Nova York, acredita que é porque somos capazes apenas de penetrar a<br />
informação na ordem implícita que é diretamente relevante para nossa<br />
memória. Anderson chama este processo seletivo de ressonância pessoal e o<br />
compara com o fato de que um diapasão vibrador ressoará com (ou estabelecerá<br />
uma vibração em) outro diapasão só se o segundo diapasão tiver estrutura,<br />
forma e tamanho semelhantes. "Devido à ressonância pessoal, relativamente<br />
poucas da quase infinita variedade de "imagens" na estrutura holográfica implícita<br />
do universo estão disponíveis à consciência pessoal do indivíduo", diz<br />
Anderson. "Assim, quando as pessoas cultas tiveram um vislumbre desta<br />
consciência uniária, séculos atrás, não escreveram a teoria da relatividade<br />
porque não estavam estudando física em um contexto semelhante àquele no<br />
qual Einstein estudou física." 2<br />
Os Sonhos e o <strong>Universo</strong> <strong>Holográfico</strong><br />
Um outro pesquisador que acredita que a ordem implícita de Bohm tem<br />
implicações na psicologia é o psiquiatra Montague Ullman, fundador do<br />
Laboratório do Sonho, no Centro Médico Maimonides, no Brooklin, Nova<br />
York, e professor emérito de psiquiatria clínica da Faculdade de Medicina<br />
Albert Einstein, também em Nova York. O interesse inicial de Ullman pelo<br />
conceito holográfico também surgiu da proposta de que todas as pessoas estão<br />
interligadas numa ordem holográfica. Ele tem uma boa razão para seu interesse.<br />
Durante todos os anos 60 e 70 ele foi responsável por muitos dos experimentos<br />
de sonho ESP mencionados na Introdução deste livro. Até hoje, os estudos de<br />
sonho ESP realizados em Maimonides permanecem como umas das melhores<br />
evidências empíricas de que, em nossos sonhos pelo menos, somos capazes de<br />
nos comunicar com outra pessoas de modos que não podem ser explicados<br />
atualmente.<br />
Num experimento típico pediu-se a um voluntário pago, que afirmava não<br />
ter nenhuma capacidade sensitiva, para dormir num quarto no laboratório<br />
enquanto uma pessoa num outro quarto se concentrava numa pintura<br />
selecionada ao acaso e tentava fazer o voluntário sonhar com a imagem que ela<br />
continha. Algumas vezes o resultado não era conclusivo. Mas outras vezes os<br />
voluntários tinham sonhos que eram claramente influenciados pelas pinturas.<br />
Por exemplo, quando o quadro considerado era Animais, de Tamoyo, um<br />
quadro que descreve dois cachorros luzindo os dentes e uivando sobre uma<br />
pilha de ossos, o sujeito do teste sonhou que estava num banquete onde não<br />
havia carne suficiente e todo mundo estava cautelosamente olhando um para o<br />
outro enquanto comia avidamente suas porções.<br />
Em um outro experimento, o quadro era Paris de uma Janela, de Chagall,<br />
urna pintura alegremente colorida que descreve um homem olhando de uma<br />
janela para o •horizonte de Paris. A pintura também tem várias outras<br />
características incomuns, incluindo um gato com um rosto humano, várias<br />
figuras pequenas de homens voando no ar e uma cadeira coberta de flores.<br />
Durante várias noites o sujeito do teste sonhou repetidamente com coisas<br />
francesas, arquitetura francesa, o chapéu de um policial francês e um homem<br />
com um traje francês olhando para as diversas "camadas" de uma aldeia