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Figura 9. Quando uma gota de tinta é colocada num jarro cheio de glicerina c um<br />
cilindro dentro do jarro é girado, a gota parece se espalhar e desaparecer. Mas, quando o<br />
cilindro é girado na direção oposta, a gota se junta de novo. Bohm usa este fenômeno<br />
como um exemplo de como a ordem pode ser tanto manifesta (explícita) como oculta<br />
(implícita).<br />
Quanto mais Bohm pensava sobre isso, mais convencido ficava de que o<br />
universo realmente empregava princípios holográficos em suas operações, era<br />
ele próprio uma espécie de holograma flutuante, gigante, e esta compreensão<br />
permitiu-Ihe cristalizar todas as suas reflexões num todo coeso e vasto. Assim,<br />
publicou os primeiros artigos sobre sua concepção holográfica do universo no<br />
início dos anos 70 e em 1980 apresentou uma síntese madura de seus<br />
pensamentos num livro chamado A Totalidade e a Ordem Implícita. Nele, fazia<br />
mais do que apenas juntar suas incontáveis idéias. Ele as transformou em um<br />
novo modo de encarar a realidade, que era tão excitante quanto radical.<br />
Ordens Encobertas e Realidades Descobertas<br />
Uma das afirmações mais surpreendentes de Bohm é que a realidade<br />
tangível da vida cotidiana é realmente uma espécie de ilusão, como uma<br />
imagem holográfica. Subjacente a ela existe uma ordem de existência mais<br />
profunda, um nível de realidade mais fundamental e vasto que gera todos os<br />
objetos e manifestações do nosso mundo físico, do mesmo modo que um<br />
pedaço de filme holográfico gera um holograma. Bohm chama este nível mais<br />
profundo de realidade de ordem envolvida (que quer dizer velada) e se refere ao<br />
nosso nível de existência como ordem exposta ou revelada.<br />
Ele usa estes termos porque vê a manifestação de todas as formas no<br />
universo como o resultado de encobrimentos e descobrimentos entre estas duas<br />
ordens. Por exemplo, Bohm acredita que um elétron não é uma coisa, mas uma<br />
totalidade ou conjunto envolvido por toda parte de todo o espaço. Quando um<br />
instrumento detecta a presença de um único elétron, é simplesmente porque um<br />
aspecto do conjunto do elétron foi descoberto, semelhante ao modo como uma<br />
gota de tinta se revela na glicerina, naquele local específico. Quando um elétron<br />
parece estar se movendo, isto se deve a uma série contínua de tais encobrimentos<br />
e descobrimentos.<br />
Dito de outro modo, os elétrons e todas as outras partículas não são mais<br />
reais ou permanentes do que a forma que um gêiser de água tem quando jorra<br />
para fora de uma fonte. Eles são sustentados por um influxo constante a partir<br />
da ordem envolvida e, quando uma partícula parece estar destruída, não está<br />
perdida. Ela meramente se encobriu de novo, numa ordem mais profunda a<br />
partir da qual surgiu. Um pedaço de filme holográfico e a imagem que ele gera<br />
também são um exemplo de uma ordem implícita e explícita. O filme é uma<br />
ordem implícita porque a imagem codificada cm seus padrões de interferência é<br />
uma totalidade oculta encoberta em toda parte do todo. O holograma projetado<br />
a partir do filme é uma ordem explícita porque representa a versão perceptível e<br />
revelada da imagem.<br />
A troca constante que flui entre as duas ordens explica como partículas<br />
tais como o elétron no átomo de positrônio pode mudar a forma de um tipo de<br />
partícula para outro. Tais inconstâncias podem ser vistas quando uma partícula,<br />
digamos um elétron, volta a se encobrir numa ordem implícita, enquanto uma<br />
outra, um fóton, se revela e toma seu lugar. Isto também explica como um<br />
quantum pode se manifestar tanto como uma partícula como na forma de uma<br />
onda. De acordo com Bohm, ambos os aspectos estão sempre cobertos num<br />
conjunto quântico, mas o modo que um observador interage com o conjunto<br />
determina quais aspectos descobre e quais permanecem escondidos. Como tal,<br />
o papel que um observador tem ao determinar a forma que o quantum toma<br />
pode não ser mais misterioso do que o fato que o modo de um joalheiro<br />
manipular uma gema determina quais das suas facetas se tornam visíveis e<br />
quais não. Porque o termo holograma em geral se refere a uma imagem que é