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O - Universo Holográfico

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que, durante um segundo ou dois em que não esteve olhando para ela, a bola de<br />

boliche parou de traçar uma linha e em vez disso deixou uma larga' faixa<br />

ondulada, como o caminho sinuoso de uma cobra do deserto ao se movimentar<br />

lateralmente sobre a areia (Figura 7).<br />

* Quanta é o plural do termo de origem latina quantum. Um elétron é um quantum.<br />

Diversos elétrons são um grupo de quanta. A palavra quantum também é sinônimo de partícula de<br />

onda, um termo que também é usado para se referir a alguma coisa que tem aparência tanto de<br />

partícula quanto de onda.<br />

Tal situação é comparável àquela com a qual os físicos quânticos se<br />

depararam quando descobriram pela primeira vez que os quanta se aglutinam<br />

em partículas só quando estão sendo observados. O físico Nick Herbert, um<br />

defensor desta interpretação, diz que tal realidade algumas vezes o faz imaginar<br />

que às suas costas o mundo é sempre "um fluxo ininterrupto e radicalmente<br />

ambíguo da sopa quântica". Mas toda vez que ele se vira e tenta olhar para a<br />

sopa, seu olhar a congela instantaneamente e ela volta a se transformar em<br />

realidade habitual. Ele acredita que isso faz a todos nós um pouco semelhantes<br />

a Midas, o legendário rei que nunca conheceu a sensação da seda ou a carícia<br />

de uma mão humana porque tudo que ele tocava virava ouro. "Do mesmo<br />

modo, os humanos não podem nunca experimentar a verdadeira textura da<br />

realidade quântica", diz Herbert, "porque tudo o que tocamos se transforma em<br />

matéria." 2<br />

Figura 7. Os físicos encontraram evidências contundentes de que a única vez<br />

que os elétrons e outros quanta se manifestam como partículas é quando estamos<br />

olhando para eles. Em todas as outras vezes eles se comportam como ondas. Isto é<br />

tão estranho quanto ter uma bola de boliche que traça uma única linha na pista<br />

enquanto você está olhando para ela, mas que deixa um padrão de onda toda vez<br />

que você pisca os olhos.<br />

Bohm e a Interconexão<br />

Um aspecto da realidade quântica que Bohm achou especialmente<br />

interessante foi o estranho estado de interconexão que parece existir entre<br />

eventos subatômicos aparentemente não relacionados. O que era igualmente<br />

desconcertante era que a maioria dos físicos tendia a dar pouca importância ao<br />

fenômeno. De fato, tão pouco foi feito com relação ao fato que um dos mais<br />

famosos exemplos de interconexão permaneceu oculto em uma das hipóteses<br />

básicas da física quântica por muitos anos, antes que alguém notasse que se<br />

encontrava lá.<br />

Esta hipótese foi levantada por um dos fundadores da física quântica, o<br />

físico dinamarquês Niels Bohr. Bohr chama a atenção para o fato de que, se as<br />

partículas subatômicas só vêm a existir na presença de um observador, então<br />

também não tem sentido falar das propriedades e características de uma<br />

partícula como se existissem antes de serem observadas, lal afirmação parecia<br />

perturbadora para muitos físicos, pois grande parte da ciência se baseava na<br />

descoberta das propriedades dos fenômenos. Mas, se o ato de observação<br />

realmente ajudava a criar tais propriedades, o que isto significava para o futuro<br />

da ciência?<br />

Um físico que se preocupou com as afirmações de Bohr foi Einstein.<br />

Apesar do papel que Einstein desempenhou na descoberta da teoria quântica,<br />

ele não ficou de forma alguma feliz com a direção que a novata ciência tinha<br />

tomado. Einstein considerou a conclusão de Bohr (de que as propriedades de<br />

uma partícula não existem até que sejam observadas) especialmente censurável<br />

porque, quando combinada com outras descobertas da física quântica,<br />

significava que as partículas subatômicas estavam interligadas de um modo que<br />

ele próprio simplesmente não acreditava que fosse possível.<br />

Tais achados eram a descoberta de que alguns processos subatômicos<br />

resultam na criação de um par de partículas com propriedades muito<br />

relacionadas ou idênticas. Considere um átomo extremamente instável, que os<br />

físicos chamam de positrônio. O átomo de positrônio é composto de um elétron<br />

e de um pósitron (um pósitron é um elétron com carga positiva). Uma vez que<br />

um pósitron é uma anti-partícula oposta ao elétron, conseqüentemente os dois<br />

anulam um ao outro e se decompõem em dois quanta de luz ou "fótons", que se<br />

movimentam em direções opostas (a capacidade para a mudança de forma de<br />

um tipo de partícula para outro é na verdade uma das faculdades do quantum).<br />

De acordo com a física quântica, não importa a que distância os fótons se<br />

movimentem, quando forem medidos se descobrirá que eles têm ângulos de<br />

polarização idênticos. (Polarização é a orientação espacial do aspecto ondulante<br />

do fóton enquanto ele se movimenta para longe de seu ponto de origem.)<br />

Em 1935, Einstein e seus colegas Boris Podolsky e Nathan Rosen<br />

publicaram um ensaio atualmente famoso intitulado "A Descrição Mecânica-<br />

Quântica da Realidade Física Pode ser Considerada Completa?" Nele, eles<br />

explicavam por que a existência dessas partículas gêmeas provava que não era<br />

possível que Bohr estivesse certo. Como esses cientistas salientavam, podia-se<br />

induzir ou permitir que duas dessas partículas, quer dizer, os fótons emitidos<br />

quando o positrônio se decompõe, se movimentassem a uma distância<br />

considerável uma da outra.* Então os tais fótons poderiam ser interceptados e

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