17.04.2013 Views

O - Universo Holográfico

O - Universo Holográfico

O - Universo Holográfico

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O COSMO COMO HOLOGRAMA<br />

Ninguém pode deixar de se maravilhar com o quanto [Bohm] é capaz de romper<br />

os estreitos modelos do condicionamento científico e permanecer sozinho com uma<br />

idéia literalmente vasta e nova, que tem tanto consistência interna quanto poder lógico<br />

para explicar abertamente divergentes fenômenos da experiência física a partir de uma<br />

concepção inteiramente inesperada. (...) É uma teoria tão satisfatória intuitivamente que<br />

muitas pessoas sentiram que, se o universo não é do jeito que Bohm o descreve, deveria<br />

ser.<br />

— John P. Briggs e F. David Peat O <strong>Universo</strong> do Espelho<br />

O caminho que levou Bohm à convicção de que o universo é construído<br />

como um holograma começou no próprio limiar da matéria, no mundo das<br />

partículas subatômicas. Seu interesse pela ciência e pelo modo como as coisas<br />

funcionam floresceu precocemente. Como um menino que cresceu em Wilkes-<br />

Barre, Pensilvânia, ele inventou uma chaleira que não pingava e seu pai, um<br />

bem-sucedido homem de negócios o estimulou a tentar tirar proveito da idéia.<br />

Mas, depois de saber que o primeiro passo nessa aventura era realizar um<br />

levantamento de porta em porta para testar no mercado sua invenção, seu<br />

interesse no negócio se desvaneceu. 1<br />

Sua atração pela ciência, porém, c sua prodigiosa curiosidade o compeliram<br />

à procura de novas metas a conquistar. Ele descobriu a meta mais<br />

desafiadora de todas nos anos 30, quando freqüentava a Faculdade Estadual da<br />

Pensilvânia, pois foi lá que pela primeira vez ficou fascinado pela física<br />

quântica.<br />

Trata-se de um fascínio fácil de entender. O novo e interessante mundo<br />

que os físicos tinham descoberto espreitando o âmago do átomo continha<br />

elementos mais maravilhosos do que qualquer novidade encontrada por Cortez<br />

ou Marco Pólo. E este mundo novo era tão mais intrigante quanto tudo o que<br />

tinha a ver com ele parecia ser tão contrário ao bom senso. Assemelhava-se<br />

mais com uma terra governada pela magia do que uma extensão do mundo<br />

natural, um domínio de Alice no País das Maravilhas, no qual as forças<br />

ilusórias eram a norma e todos os fenômenos lógicos tinham sido viradas de<br />

cabeça para baixo.<br />

Uma descoberta surpreendente feita pelos físicos quânticos era que,<br />

partindo a matéria em pedaços cada vez menores, podia-se finalmente chegar a<br />

um ponto onde aqueles pedaços — elétrons, prótons e assim por diante — não<br />

tinham mais as características dos objetos. Por exemplo, a maioria de nós tende<br />

a pensar num elétron como uma esfera minúscula ou um projétil zunindo em<br />

volta, mas não há nada mais distante da verdade. Embora um elétron possa<br />

algumas vezes se comportar como se fosse uma pequena partícula compacta, os<br />

físicos descobriram que ele literalmente não possui nenhuma dimensão. Para a<br />

maioria de nós, isto é difícil de imaginar, porque tudo em nosso nível de<br />

existência possui dimensão. E, mesmo se você tentar medir a largura de um<br />

elétron, descobrirá que é uma tarefa impossível. Um elétron simplesmente não<br />

é um objeto como conhecemos.<br />

Uma outra descoberta a que chegaram os físicos é que um elétron pode se<br />

manifestar tanto como uma partícula quanto sob a forma de onda. Se você lança<br />

um elétron na tela de uma televisão desligada, um minúsculo ponto de luz<br />

aparecerá quando ele bater na substância química fosforescente que cobre o<br />

vidro. O único ponto de impacto que o elétron deixa na tela revela claramente o<br />

lado semelhante à partícula de sua natureza.<br />

Mas esta não é a única forma que o elétron pode assumir. Ele pode<br />

também se dissolver numa nuvem indistinta de energia e se comportar como se<br />

fosse uma onda que se expande através do espaço. Quando um elétron se<br />

manifesta como onda, pode fazer coisas que nenhuma partícula consegue. Se é<br />

disparado contra uma barreira onde foram abertas duas fendas, ele pode passar<br />

através de ambas simultaneamente. Quando elétrons semelhantes a ondas<br />

colidem um com outro até criam padrões de interferência. Enfim, o mesmo<br />

elétron, como um transformista saído de algum folclore, pode se manifestar ao<br />

mesmo tempo tanto como partícula como na forma de onda.<br />

Esta capacidade camaleônica é comum a todas as partículas subatômicas.<br />

Também é comum a todas as coisas que uma vez se pensou se manifestarem<br />

exclusivamente como ondas. A luz, os raios gama, as ondas de rádio, os raios X<br />

— todos podem mudar de ondas para partículas e vice-versa. Hoje os físicos<br />

acreditam que os fenômenos subatômicos não deveriam ser classificados<br />

unicamente nem como ondas nem como partículas, mas como uma única<br />

categoria de manifestação que é sempre, de alguma forma, ambas. Estas<br />

manifestações são chamadas de quanta, e os físicos acreditam que são a<br />

matéria-prima da qual o universo inteiro é feito.*<br />

Talvez o mais surpreendente de tudo é que há provas contundentes de que<br />

a única vez em que os quanta se manifestam como partículas é quando estamos<br />

olhando para eles. Por exemplo, descobertas experimentais sugerem que,<br />

quando um elétron não está sendo visto, é sempre uma onda. Os físicos são<br />

capazes de chegar a essa conclusão porque inventaram hábeis estratégias para<br />

inferir como um elétron se comporta quando não está sendo observado. (Devese<br />

notar que esta é apenas uma interpretação da prova e não a conclusão de<br />

todos os físicos; como veremos, o próprio Bohm tem uma interpretação diferente.)<br />

Mais uma vez, o fenômeno se parece mais com magia do que com o tipo<br />

de comportamento que estamos acostumados a esperar do mundo natural.<br />

Imagine-se segurando uma bola de boliche, que é apenas uma bola de boliche<br />

quando você olha para ela. Se você pulverizar toda a extensão da pista de<br />

boliche com talco e jogar uma dessas "bolas-quantum" na direção das garrafas<br />

de boliche, ela traçará uma linha única sobre o pó de talco enquanto você<br />

estiver olhando. Mas, se piscar enquanto ela estiver em trânsito, você achará

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!