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preferível". 13 Pribram fica intrigado com afirmações como as de Wood e se<br />
opõe mencionando que tem no momento um livro no prelo com mais de<br />
quinhentas referências a esses dados.<br />
Outros pesquisadores concordam com Pribram. O dr. Larry Dossey, exchefe<br />
de departamento do Hospital Médico da Cidade de Dallas, admite que a<br />
teoria de Pribram desafia muitas hipóteses sobre o cérebro sustentadas há muito<br />
tempo, mas chama a atenção para o fato de que "muitos especialistas da função<br />
cerebral são atraídos por essa idéia, senão por outras razões, pelo menos pela<br />
evidente inadequação das atuais posições ortodoxas". 14<br />
O neurologista Richard Restak, autor da série O Cérebro para a televisão<br />
PBS, partilha da opinião de Dossey. Ele observa que, apesar da evidência<br />
esmagadora de que as capacidades humanas estão holisticamente espalhadas<br />
por todo o cérebro, a maioria dos pesquisadores continua aderindo à idéia de<br />
que a função pode estar localizada no cérebro do mesmo modo que as cidades<br />
podem estar localizadas num mapa. Restak acredita que teorias baseadas nesta<br />
premissa são não apenas "excessivamente simplistas" mas que na verdade<br />
funcionam como "camisas-de-força conceituais" que nos impedem de reconhecer<br />
as verdadeiras complexidades do cérebro. 15 Ele acha que "um<br />
holograma não só é possível como, neste momento, provavelmente represente<br />
nosso melhor 'modelo' para o funcionamento cerebral. 16<br />
Pribram Depara-se com Bohm<br />
Quanto a Pribram, até os anos 70 foi acumulada prova suficiente para<br />
convencê-lo de que sua teoria estava certa. Além do mais, ele levou suas idéias<br />
para dentro do laboratório e descobriu que neurônios isolados no córtex motor<br />
respondem seletivamente a uma faixa de freqüência limitada, descoberta que<br />
apoiou mais ainda suas conclusões. A questão que começava a preocupá-lo era:<br />
se a imagem da realidade em nosso cérebro não é de forma nenhuma uma<br />
imagem mas, sim, um holograma, então seria um holograma do quê? O dilema<br />
apresentado por esta questão é análogo a tirar uma fotografia Polaroid de um<br />
grupo de pessoas sentadas em volta de uma mesa e, depois de revelada a<br />
fotografia, descobrir que, em vez de pessoas, existem somente nuvens borradas<br />
de padrões de interferência posicionados em volta da mesa. Em ambos os<br />
casos, alguém poderia com razão perguntar: Qual a realidade verdadeira, o<br />
mundo aparentemente vivenciado pelo observador-fotógrafo ou o borrão de<br />
padrões de interferência registrado pela câmera-cérebro?<br />
Pribram compreendeu que, se o modelo do cérebro holográfico fosse<br />
levado em conta por suas conclusões lógicas, abriria a porta para a<br />
possibilidade de a realidade objetiva — o mundo das xícaras de café,<br />
panoramas montanhosos, olmos e abajures — nem mesmo existir, ou pelo<br />
menos não existir da maneira como acreditamos que exista. Será possível, ele<br />
indagava, que aquilo que os místicos disseram durante séculos seja verdade,<br />
que a realidade seja um maya, uma ilusão, e que o que estaria lá fora fosse na<br />
verdade uma sinfonia ressonante e vasta de formas de onda, um "domínio de<br />
freqüência" que se transformou no mundo como o conhecemos só depois de ter<br />
adentrado nossos sentidos?<br />
Percebendo que a solução que buscava podia estar fora do domínio de seu<br />
próprio campo, ele procurou seu filho físico para se aconselhar. Seu filho o<br />
aconselhou a examinar a obra de um físico chamado David Bohm. Quando<br />
Pribram o fez, ficou eletrizado. Ele não só descobriu a resposta para sua<br />
pergunta, como também descobriu que, de acordo com Bohm, o universo<br />
inteiro seria um holograma.