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necesse prova absoluta de que o cérebro era um holograma, fornecia<br />
prova suficiente para convencer Pribram de que sua teoria estava correta.<br />
Estimulado pela idéia de que o córtex visual estava respondendo<br />
não aos padrões mas às freqüências de várias formas de onda, ele<br />
começou a reavaliar o papel que a freqüência tem em outros sentidos.<br />
Não demorou muito para ele compreender que a importância desse<br />
papel fora talvez negligenciada pelos cientistas do século 20. Cerca de<br />
um século antes da descoberta dos DeValois, o fisiologista e físico<br />
alemão Hermànn von Helmholtz mostrou que o ouvido é um analisador<br />
de freqüência. Uma pesquisa mais recente revelava que nosso .sentido<br />
do olfato parece estar baseado no que é denominado de freqüências<br />
ósmicas. O trabalho de Bekesy demonstrava claramente que nossa pele é<br />
sensível a freqüências de vibração e esse cientista até apresentou provas<br />
de que o paladar pode envolver análise de freqüência. De maneira<br />
interessante, Bekesy descobriu também que as equações matemáticas<br />
que lhe possibilitaram predizgfcomo as suas cobaias responderiam às<br />
várias freqüências de vibração também eram do tipo Fourier.<br />
O Dançarino como Forma de Onda<br />
Contudo, o achado mais surpreendente que Pribram localizou talvez<br />
tenha sido a descoberta do cientista russo Nikolai Bernstein de que<br />
até nossos movimentos podem estar codificados no cérebro na linguagem de<br />
formas de onda de Fourier. Nos anos 30, Bernstein vestiu pessoas com trajes de<br />
malha pretos e pintou pontos brancos em seus cotovelos, joelhos e outras<br />
juntas. Então ele as colocou contra fundos negros e as filmou fazendo diversas<br />
atividades físicas como dançar, andar, pular, martelar e datilografar. Quando<br />
revelou o filme, só os pontos brancos apareciam, movimentando-se para cima e<br />
para baixo e de um lado a outro da tela, em diversos movimentos fluidos e<br />
complexos (Figura 6). Para quantificar suas descobertas, ele analisou segundo<br />
Fourier as várias linhas que os pontos traçavam e as converteu numa linguagem<br />
de formas de onda. Para sua surpresa, ele descobriu que as formas de onda<br />
tinham padrões ocultos que lhe permitiam predizer o movimento seguinte das<br />
cobaias em uma fração de centímetro.<br />
Quando Pribram se deparou com o trabalho de Bernstein, imediatamente<br />
avaliou suas implicações. O motivo de se revelarem os padrões ocultos depois<br />
que Bernstein analisou segundo Fourier os movimentos de suas cobaias talyez<br />
se devesse ao fato de que é dessa forma que os movimentos estão armazenados<br />
no cérebro. Tratava-se de uma possibilidade excitante pois, se o cérebro<br />
analisara os movimentos partindo-os em seus componentes de freqüência, isto<br />
explicava a rapidez com a qual aprendemos tantas tarefas complexas. Por<br />
exemplo, não aprendemos a andar de bicicleta memorizando meticulosamente<br />
cada mínimo aspecto do processo. Aprendemos assimilando o movimento<br />
como um fluxo contínuo único e integral. A totalidade fluida que exemplifica a<br />
maneira de aprendermos tantas atividades físicas é difícil de explicar se nosso<br />
cérebro está armazenando informação aos poucos. Mas torna-se muito mais<br />
fácil de entender se o cérebro está analisando segundo Fourier estas tarefas e<br />
absorvendo-as como um todo.<br />
Figura 6. O pesquisador russo Nikolai Bernstein pintou pontos brancos em<br />
dançarinos e os filmou dançando contra um fundo negro. Quando ele converteu seus<br />
movimentos numa linguagem em forma de ondas, descobriu que podiam ser analisados<br />
usando-se a matemática de Fourier, a mesma fórmula que Gabor usou para inventar o<br />
holograma.<br />
A Reação da Comunidade Científica<br />
Apesar de tal prova, o modelo holográfico de Pribram permanece<br />
extremamente controvertido. Parte do problema é que existem muitas teorias<br />
bastante divulgadas sobre a forma de funcionamento do cérebro, e há provas<br />
para sustentar a todas. Alguns pesquisadores acreditam que a natureza difusa da<br />
memória pode ser explicada pelo fluxo e refluxo de várias substâncias químicas<br />
cerebrais. Outros afirmam que os responsáveis pela memória e pelo<br />
aprendizado modem ser as flutuações elétricas entre grandes grupos de<br />
neurônios. \Cada escola de pensamento tem seus defensores fervorosos e é<br />
provavelmente certo dizer que a maioria dos cientistas ainda não se<br />
convenceVcanues argumentos de Pribram. Por exemplo, o neuropsicólogo<br />
Frank Wood, da Faculdade de Medicina Bowman Gray, em Winston-Salem,<br />
Carolina do Norte, acha que "existem umas pouquíssimas descobertas experimentais<br />
para as quais a holografia é a explicação necessária ou até mesmo