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O - Universo Holográfico

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Pietsch concluiu que, se o comportamento alimentar da salamandra não<br />

estivesse restrito a uma localização específica no cérebro, então não importaria<br />

qual o posicionamento do cérebro na cabeça. Se importasse, a teoria de Pribram<br />

seria refutada. Ele então deu uma virada nos hemisférios esquerdo e direito do<br />

cérebro de uma salamandra mas, para seu espanto, a salamandra, assim que se<br />

recuperou, rapidamente voltou à alimentação normal.<br />

Pietsch pegou outra salamandra e pôs o cérebro dela de cabeça para<br />

baixo. Esta, quando se recuperou, também comeu normalmente. Cada vez mais<br />

frustrado, ele decidiu recorrer a medidas mais drásticas. Numa série de<br />

aproximadamente setecentas operações, cortou em fatias, virou, embaralhou,<br />

tirou e até picou em pedacinhos o cérebro de suas infelizes cobaias mas, sempre<br />

quando recolocava o que tinha tirado do cérebro delas, o comportamento dos<br />

animais voltava ao normal. 11<br />

Estas e outras descobertas fizeram Pietsch mudar de idéia e atraíram tanta<br />

atenção que sua pesquisa se tornou objeto de uma parte do show de televisão<br />

60 Minutos. Em seu revelador livro Shufflebrain (Cérebro Embaralhado), ele<br />

escreve sobre essa experiência, incluindo um relatório detalhado de seus<br />

experimentos.<br />

A Linguagem Matemática do Holograma<br />

Embora as "teorias que possibilitaram o desenvolvimento do holograma<br />

tenham sido formuladas pela primeira vez em 1947, por Dennis Gabor (que<br />

mais tarde ganhou um Prêmio Nobel por seus esforços), nos fins dos anos 60 e<br />

começo dos 70 a teoria de Pribram recebeu apoio experimental ainda mais<br />

decisivo. Qtíando Gabor concebeu pela primeira vez a idéia da holografia, não|<br />

estava pensando em lasers. Seu objetivo era aperfeiçoar o microscópio<br />

eletrônico, na época um aparelho imperfeito e primitivo. Sua abordagem<br />

era matemática, e a matemática que ele usou era um tipo de cálculo<br />

inventado por um francês do século 18 chamado. Jean B. J. Fourier.<br />

Falando grosso modo, o que Fourier desenvolveu foi uma fórmula<br />

matemática para converter qualquer padrão, não importa quão complexo<br />

seja, numa linguagem de ondas simples. Ele mostrou também como<br />

essas formas de onda podiam ser reconvertidas ao padrão original. Em<br />

outras palavras, assim como uma câmera de televisão converte uma<br />

imagem em freqüências eletromagnéticas e um aparelho de televisão<br />

reconverte essas freqüências à imagem original, Fourier mostrava como<br />

um processo semelhante podia ser conseguido matematicamente. As<br />

equações que ele desenvolveu para converter imagens em formas de<br />

onda e vice-versa são conhecidas como conversões de Fourier.<br />

As conversões de Fourier possibilitaram a Gabor converter a fotografia<br />

de um objeto no borrão de padrões de interferência de um pedaço<br />

de filme holográfico. Elas também possibilitaram a ele inventar um<br />

modo de reconverter aqueles padrões de interferência em uma imagem<br />

do objeto original. Na verdade, a especificidade do todo em cada parte<br />

de um holograma é um dos subprodutos decorrentes de quando uma<br />

imagem ou padrão é traduzido para a linguagem de formas de ondas de<br />

Fourier.<br />

Durante os fins dos anos 60 e início dos 70, vários pesquisadores<br />

entraram em contato com Pribram, informando-o de que tinham descoberto<br />

provas de que o sistema visual operava como um tipo de<br />

analisador de freqüência. Como a freqüência é a medida do número de<br />

oscilações que uma onda sofre por segundo, isto sugeria de maneira<br />

gritante que o cérebro podia funcionar como um holograma.<br />

Mas não foi senão em 1979 que os neurofisiologistas Russell e<br />

Karen DeValois, de Berkeley, fizeram a descoberta que decidiu a questão.<br />

A pesquisa nos anos 60 tinha mostrado que cada célula cerebral no<br />

córtex visual está ajustada para responder a um padrão diferente —<br />

algumas células cerebrais se excitam quando os olhos vêem uma linha<br />

horizontal, outras se excitam quando os olhos vêem uma vertical e assim<br />

por diante. Como resultado, muitos pesquisadores concluíram que o<br />

cérebro recebe a quantidade de energia que entra a partir dessas células<br />

altamente especializadas, chamadas de detectores de características, e de<br />

alguma maneira as ajusta para nos prover com as percepções visuais do<br />

mundo.<br />

Apesar de esse ponto de vista ter-se tornado muito popular, os De-<br />

Valois sentiram que isso era só parte da verdade. Para testar sua hipótese,<br />

usaram as equações de Fourier para converter padrões de tabuleiro<br />

de dama e xadrez em formas de onda simples. Então fizeram testes para<br />

verificar como as células cerebrais no córtex visual respondiam a estas<br />

novas imagens em forma de onda. O que eles descobriram foi que as<br />

células cerebrais respondiam, não aos padrões originais, mas às<br />

traduções dos padrões de Fourier. Só se podia tirar uma única conclusão:<br />

o cérebro estava usando o cálculo de Fourier — o mesmo cálculo<br />

aplicado à holografia — para converter as imagens visuais na linguagem<br />

de Fourier de formas de onda. 12<br />

A descoberta dos DeValois foi posteriormente confirmada por outros<br />

numerosos laboratórios de todo o mundo e, embora isso não for-

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