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O - Universo Holográfico

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distribuída, e depois que Pribram ficou ciente da holografia começou a querer<br />

saber se também a visão era holográfica. A natureza do "todo em cada parte" de<br />

um holograma certamente parecia explicar como uma parte tão grande do<br />

córtex visual podia ser removida sem afetar a habilidade para realizar tarefas<br />

visuais. Se o cérebro processava imagens empregando algum tipo dç holograma<br />

interno, mesmo um pedaço muito pequeno do holograma ainda podia reconstruir<br />

a totalidade do que os olhos estivessem vendo. Isto também explicava a<br />

falta de correspondência de um para um entre o mundo externo e a atividade<br />

elétrica do cérebro. Outra vez, se o cérebro estivesse usando princípios<br />

holográficos para processar a informação visual, não haveria mais<br />

correspondência de um para um entre a atividade elétrica e as imagens vistas,<br />

mas sim entre o torvelinho sem sentido dos padrões de interferência de um<br />

pedaço de filme holográfico e a imagem que o filme codificasse.<br />

A única questão persistente era que tipo de fenômeno semelhante à onda<br />

o cérebro estaria usando para criar tais hologramas internos.<br />

Assim que Pribram considerou a questão, pensou numa possível resposta.<br />

Sabia-se que as comunicações elétricas que acontecem entre as células nervosas<br />

cerebrais, ou neurônios, não ocorrem isoladas. Os neurônios possuem ramos,<br />

como pequenas árvores, e quando uma mensagem elétrica atinge o fim de um<br />

desses ramos, ele se propaga como a ondulação numa lagoa. Pelos neurônios<br />

estarem tão densamente agrupados, estas ondulações de eletricidade que se<br />

expandem — também um fenômeno semelhante à onda — estão constantemente<br />

cruzando umas com as outras. Quando Pribram se lembrou disso,<br />

compreendeu que seguramente elas estavam formando um arranjo<br />

caleidoscópico quase infinito de padrões de interferência e isto, por sua vez,<br />

podia ser o que dá ao cérebro suas propriedades holográficas. "O holograma<br />

estava lá todo o tempo, na natureza em forma de onda da conexão das células<br />

cerebrais", observou Pribram. "Nós simplesmente não tínhamos a perspicácia<br />

de compreender isto." 5<br />

Outros Enigmas Explicados pelo Modelo Cerebral<br />

<strong>Holográfico</strong><br />

Pribram publicou seu primeiro artigo sobre a natureza possivelmente<br />

holográfica do cérebro em 1966 e continuou a ampliar e aperfeiçoar suas idéias<br />

durante vários anos seguintes. Como ele, outros pesquisadores ficaram cientes<br />

dessa teoria, e compreendeu-se rapidamente que a natureza espalhada da<br />

memória e da visão não é o único enigma neurofisiológico que o modelo<br />

holográfico pode explicar.<br />

A VASTIDÃO DE NOSSA MEMÓRIA<br />

A holografia também explica como nosso cérebro pode armazenar tantas<br />

lembranças em tão pouco espaço. O brilhante físico e matemático húngaro John<br />

von Neumann uma vez calculou que durante a vida humana média o cérebro<br />

armazena algo da ordem de 2,8 X IO 20 (280.000.000.000.000.000.000) de bits<br />

de informação. Esta é uma quantidade vertiginosa e os pesquisadores do<br />

cérebro têm lutado há muito tempo para indicar um mecanismo que explique<br />

uma capacidade tão imensa.<br />

De modo interessante, os hologramas também têm uma capacidade<br />

fantástica de armazenagem de informação. Ao mudar o ângulo no qual os dois<br />

lasers atingem um pedaço de filme fotográfico é possível registrar muitas<br />

imagens diferentes sobre a mesma superfície. Qualquer imagem assim<br />

registrada pode ser recuperada simplesmente iluminando-se o filme com um<br />

feixe de raio laser que tenha o mesmo ângulo dos dois feixes originais.<br />

Empregando este método, os pesquisadores calcularam que um quadrado de<br />

filme de l polegada (2,54 centímetros) pode armazenar a mesma quantidade de<br />

informação contida em cinqüenta Bíblias! 6<br />

NOSSA CAPACIDADE DE LEMBRAR E ESQUECER<br />

Pedaços de filme holográfico contendo múltiplas imagens, como aquelas<br />

descritas acima, também fornecem um modo de entender nossa habilidade tanto<br />

para lembrar como para esquecer. Quando seguramos um desses pedaços de<br />

filme num feixe de raio laser e o balançamos para trás e para frente, as diversas<br />

imagens que ele contém aparecem e desaparecem num fluxo brilhante. Sugeriuse<br />

que nossa capacidade para lembrar é análoga ao ato de emitir um feixe de<br />

raio laser em um destes pedaços de filme evocando uma imagem específica. Da<br />

mesma forma, quando somos incapazes de lembrar alguma coisa, isto pode ser<br />

o mesmo que emitir vários feixes num pedaço de filme de múltiplas imagens,<br />

mas sem encontrar o ângulo certo para recuperar a memória/imagem que<br />

estamos procurando.<br />

A MEMÓRIA ASSOCIATIVA<br />

No Caminho de Swann, de Proust, um golinho de chá e um pedaço de um<br />

biscoito em forma de concha, conhecido como petite madeleine, faz o narrador<br />

encontrar-se de repente inundado por lembranças provenientes de seu passado.<br />

A princípio ele fica confuso, mas então, lentamente, depois de muito esforço de<br />

sua parte, ele se lembra que sua tia costumava dar a ele chá e madeleines<br />

quando ele era um menininho e esta associação estimulou sua memória. Todos<br />

nós j; tivemos experiências semelhantes — um cheiro de uma determinada<br />

comida sendo preparada ou a visão de relance de algum objeto esquecido há<br />

muito tempo, que de repente evoca alguma cena remota de nosso passado.

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