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planetas, uma afirmação espantosa para um homem que nasceu há cerca<br />
de trezentos anos! 80<br />
O mais intrigante de tudo são aquelas observações de Swedenborg<br />
que parecem se referir às qualidades holográficas da realidade. Por<br />
exemplo, ele dizia que embora os seres humanos pareçam estar separados<br />
uns dos outros, estamos todos ligados numa unidade cósmica.<br />
Além disso, cada um de nós é um céu em miniatura, e todas as pessoas,<br />
na verdade o universo físico inteiro, formama um microcosmo de uma<br />
realidade divina maior. Como vimos, ele também acredita que<br />
subjacente à realidade visível havia uma substância-onda.<br />
De fato, diversos estudiosos de Swedenborg comentaram sobre os<br />
vários paralelos entre alguns de seus conceitos e a teoria de Bohm e de<br />
Pribram. Um destes estudiosos é o dr. George F. Dole, professor de<br />
teologia na Faculdade de Religião Swedenborg em Newton,<br />
Massachusetts. Dole, que obteve graduações em Yale, Oxford e em<br />
Harvard, observa que uma das doutrinas mais básicas do pensamento de<br />
Swedenborg é que nosso universo é criado constantemente e sustentado<br />
por dois fluxos semelhantes à onda, um proveniente do céu e um que<br />
vem de nossa própria alma ou espírito. "Se juntarmos estas imagens, a<br />
semelhança com o holograma é surpreendente", diz Dole. "Somos<br />
constituídos pela intersecção de dois fluxos — um direto, proveniente do<br />
divino, e um indireto, proveniente do divino via nosso ambiente.<br />
Podemos nos considerar como padrões de interferência, porque o<br />
influxo é um fenômeno de onda e estamos onde as ondas se<br />
encontram." 81<br />
Swedenborg também acreditava que, apesar de suas qualidades efêmeras<br />
e semelhantes a fantasmas, o céu é na realidade um nível mais<br />
fundamental de realidade do que nosso próprio mundo físico. É, ele<br />
dizia, a fonte arquetípica a partir da qual todas as formas terrenas se<br />
originam e para a qual todas as formas retornam, um conceito não muito<br />
diferente da idéia de Bohm das ordens implícita e explícita. Além '<br />
disso, ele também acreditava que o domínio pós-vida e a realidade física<br />
são diferentes em grau mas não em tipo e que o mundo material é<br />
apenas uma versão congelada da realidade do céu construída de<br />
pensamento. A substância que abrange tanto o céu como a terra "flui por<br />
estágios" a partir do Divino, dizia Swedenborg e "a cada novo estágio se<br />
torna mais geral e portanto mais grosseiro e nebuloso e se torna mais<br />
lento e portanto mais viscoso e mais frio". 82<br />
Swedenborg encheu quase vinte volumes com suas experiências e<br />
em seu leito de morte perguntaram a ele se havia algo que ele quisesse<br />
desdizer. Ele respondeu seriamente: "Todas as coisas que eu escrevi são<br />
tão verdadeiras como você estar me vendo agora. Teria dito muito mais<br />
se me fosse permitido. Depois da morte você verá tudo e então<br />
poderemos ter muito para dizer um ao outro sobre o assunto". 83<br />
A Terra do Não-Lugar<br />
Swedenborg não é o único indivíduo da história com a capacidade<br />
de fazer viagens fora do corpo para níveis mais sutis da realidade. Os<br />
sufis persas do século 12 também empregavam meditação como transes<br />
profundos para visitar a "terra onde os espíritos moram". E outra vez, os<br />
paralelos entre os relatos deles e o conjunto de evidências que<br />
resultaram neste capítulo são impressionantes. Eles alegam que neste<br />
outro domínio a pessoa tem um "corpo sutil" e conta com sentidos que<br />
não estão sempre associados com "órgãos específicos" naquele corpo.<br />
Eles afirmam que é uma dimensão povoada por muitos mestres<br />
espirituais, ou imames e algumas vezes o chamam de "o país do Imame<br />
oculto."<br />
Eles sustentam que é um mundo criado somente a partir da matéria<br />
sutil do alam almithal ou pensamento. Mesmo o próprio espaço,<br />
inclusive "proximidade", "distâncias" e lugares "longínquos" eram<br />
criados pelo pensamento. Mas isto não queria dizer que o país do Imame<br />
oculto fosse irreal, um mundo constituído a partir do nada total. Nem<br />
que fosse uma paisagem criada apenas por uma mente. Ao contrário, era<br />
um plano de existência criado pela imaginação de muitas pessoas e um<br />
plano que até tinha sua própria corporeidade e dimensão, suas próprias<br />
florestas, montanhas e mesmo cidades. Os sufis dedicaram muito de<br />
seus escritos ao esclarecimento deste ponto. Esta idéia é tão estranha<br />
para muitos pensadores ocidentais que o falecido Henry Corbin,<br />
professor de Religião Islâmica na Sorbonne em Paris e uma das<br />
principais autoridades no pensamento Islâmico-Iraniano, cunhou o<br />
termo imaginai para descrevê-lo, significando um mundo que é criado<br />
pela imaginação mas não é nada menos real ontologicamente do que a<br />
realidade física. "A razão de eu ter achado absolutamente uma outra<br />
expressão foi que, durante muitos anos, meu professor exigiu que eu<br />
interpretasse textos persas e arábicos, cujo significado eu sem dúvida