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com tanto destaque na pesquisa de Penfield, não criava nenhuma lacuna nas<br />
lembranças de uma pessoa.<br />
O pensamento de Pribram foi ainda mais fortalecido pela inabilidade,<br />
tanto dele como de outros pesquisadores, de reproduzir as descobertas de<br />
Penfield na estimulação de cérebros outros que não de epiléticos. Mesmo o<br />
próprio Penfield foi incapaz de reproduzir seus resultados em pacientes não<br />
epiléticos.<br />
A despeito do aumento de provas que as lembranças estavam distribuídas,<br />
Pribram ainda estava perplexo de como o cérebro podia realizar um feito<br />
aparentemente mágico. Então, em meados de 1960, um artigo que ele leu na<br />
Scientific American descrevendo a primeira construção de um holograma<br />
atingiu-o como um raio. Não só o conceito de holografia era deslumbrante, mas<br />
fornecia também uma solução para o enigma com o qual estava se debatendo.<br />
ESPELHO DIVISOR DO FEIXE DE LUZ |~LASER<<br />
CHAPA HOLOGRÁFICA ESPELHO<br />
Figura 1. Um holograma é produzido quando um único raio laser é dividido em<br />
dois feixes separados. O primeiro feixe é projetado no objeto a ser fotografado,<br />
neste caso uma maçã. Então deixa-se que o segundo feixe colida com a luz refletida<br />
do primeiro e o padrão de interferência resultante é registrado em filme.<br />
Para entender por que Pribram ficou tão excitado, é necessário entender<br />
um pouco mais sobre hologramas. Uma das coisas que torna a holografia<br />
possível é um fenômeno conhecido como interferência. Interferência é o padrão<br />
de linhas cruzadas que ocorre quando duas ou mais ondas, como as ondas de<br />
água, perpassam uma através da outra. Por exemplo, se você deixar cair uma<br />
pedra numa lagoa, ela vai produzir uma série de ondas concêntricas que se<br />
expandem para fora. Se você deixar cair duas pedras numa lagoa, você terá dois<br />
conjuntos de ondas que se expandem e passam uma através da outra. O arranjo<br />
de cristas e depressões que resulta dessa colisão é conhecido como padrão de<br />
interferência.<br />
Qualquer fenômeno parecido com o das ondas pode criar um padrão de<br />
interferência, incluindo as ondas de luz e de rádio. Por ser a luz laser uma<br />
forma coerente e extremamente pura de luz, é particularmente boa na criação<br />
de padrões de interferência. Ela fornece, em essência, a pedra perfeita e a lagoa<br />
perfeita. Como resultado, não foi senão com a invenção do laser que os<br />
hologramas, como os conhecemos hoje, tornaram-se possíveis.<br />
Um holograma é produzido quando um único raio laser é dividido em<br />
dois feixes separados. O primeiro feixe de luz é projetado no objeto a ser<br />
fotografado. Então deixa-se que o segundo feixe de luz colida com a luz<br />
refletida do primeiro. Quando isso acontece, eles criam um padrão de<br />
interferência que é então registrado num pedaço de filme (veja a Figura 1).<br />
A olho nu, a imagem no filme não se parece nada com o objeto<br />
fotografado. De fato, ela até se parece um pouco com os anéis concêntricos que<br />
se formam quando um punhado de pedras é jogado numa lagoa (Figura 2).<br />
Mas, assim que um outro feixe de raio laser (ou em alguns casos apenas uma<br />
fonte de luz), brilha através do filme, uma imagem tridimensional do objeto<br />
original reaparece. A tridimensionalidade dessas imagens é muitas vezes<br />
misteriosamente convincente. Você pode realmente andar em volta de uma<br />
projeção holográfica e vê-la a partir de diferentes ângulos como se fosse um<br />
objeto real. Porém, se você esticar o braço e tentar tocá-la, sua mão flutuará de<br />
um lado a outro dela e você descobrirá que na verdade não existe nada ali<br />
(Figura 3).<br />
A tridimensionalidade não é o único aspecto notável dos hologramas. Se<br />
um pedaço de filme holográfico contendo a imagem de uma maçã é cortado ao<br />
meio e então iluminado por laser, cada metade ainda conterá a imagem inteira<br />
da maçã!<br />
Mesmo se as metades forem divididas outra e outra vez, uma maçã inteira<br />
ainda pode ser reconstruída a partir de cada pequeno pedaço do filme (embora<br />
as imagens fiquem mais nebulosas à medida que os pedaços ficam menores).<br />
Diferente das fotografias normais, todo pequeno fragmento de um pedaço de<br />
filme holográfico contém todas as informações registradas no todo (Figura 4).*