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alfabetizar: o segredo é a inteligência da prática - Centro de ...

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4.7.2 A expectativa do educando quanto à <strong>prática</strong> social <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita<br />

Contemplamos dois fatores em especial ao analisarmos as falas dos alfabetizandos<br />

jovens e adultos frente as suas expectativas e aspirações construí<strong>da</strong>s diante <strong>da</strong> <strong>prática</strong> social<br />

<strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita. Primeiro, a ascensão social e, segundo a auto-estima.<br />

A maioria dos entrevistados falou que ingressaram na alfabetização a fim <strong>de</strong> progredir<br />

na vi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>monstrando o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r para galgar melhores empregos, pois tem<br />

consciência que <strong>é</strong> necessário ser alfabetizado, não apenas para obter um título (ter um<br />

documento que prove sua escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>), mas para ter leitura, escrita e compreensão <strong>da</strong>s coisas<br />

que o cerca. Os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>monstram o interesse dos educandos em usarem a leitura e a<br />

escrita em sua vi<strong>da</strong>, no dia-a-dia, em seu cotidiano, como propósito <strong>de</strong> realização pessoal e<br />

ascensão social.<br />

Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar como primeiro fator, frente às expectativas do educando jovem e<br />

adulto, a sua ascensão social. Sobre essa questão, ressalta a aluna Maria “se tiver um<br />

concurso, aí, já posso participar. O que eu aprendi já vai garantir alguma coisa. Fazer<br />

curso <strong>de</strong> enfermagem”. E, a aluna Rute diz: “arrumar um serviço melhor e po<strong>de</strong>r aju<strong>da</strong>r<br />

meu filho [...]”. E ain<strong>da</strong>, o aluno Jacó afirma “Quero oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> melhor, como ela já<br />

estar sendo utiliza<strong>da</strong> em minha vi<strong>da</strong>” (grifos nossos). Estes <strong>de</strong>poimentos nos fazem in<strong>da</strong>gar: o<br />

ensino <strong>da</strong> alfabetização <strong>de</strong> jovens e adultos <strong>é</strong> uma ponte para a ascensão social?<br />

Notamos na fala dos interlocutores, que a ascensão social entendi<strong>da</strong> por eles, refere-se,<br />

na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a uma melhoria <strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, um emprego mais suave, não<br />

propriamente uma função intelectual, como expõe a aluna Judite, a alfabetização mudou<br />

“muita coisa, agora recebi at<strong>é</strong> um convite para trabalhar. Mudou a convivência, at<strong>é</strong> em<br />

conversar. Quem estu<strong>da</strong> se sai melhor. Eu não assinava, hoje eu assino, não escrevia, hoje eu<br />

escrevo” (grifo nosso).<br />

Nessa direção i<strong>de</strong>ntificamos na pesquisa realiza<strong>da</strong> por Gonsalves (1996, p. 82) 13 , com<br />

trabalhadores alfabetizandos, uma relação como que estamos <strong>de</strong>stacando aqui. Gonsalves<br />

i<strong>de</strong>ntificou que a compreensão <strong>de</strong> ascensão social via alfabetização pelos educandos, estava<br />

relaciona<strong>da</strong> a uma “mo<strong>de</strong>sta melhoria <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites que caracterizam o ‘trabalho pesado’ e<br />

que a escola po<strong>de</strong> oferecer”.<br />

13 GONSALVES, Elisa Pereira (1996). “Escola e Trabalhadores: revisando o tema <strong>da</strong> ascensão social pela<br />

educação escolar”. Pesquisa realiza<strong>da</strong> com alunos operários <strong>da</strong> construção civil em João Pessoa. (p.82).<br />

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