alfabetizar: o segredo é a inteligência da prática - Centro de ...
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Na fala <strong>da</strong>s educadoras entrevista<strong>da</strong>s, observamos que em sua <strong>prática</strong> educativa há o<br />
reconhecimento <strong>da</strong>s experiências <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do educando. Encontramos este resultado, quando as<br />
educadoras ressaltam que o contexto cultural e social do educando são trabalhados no espaço<br />
escolar por meio <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> alguns recursos didáticos, como: a observação, o diálogo, o<br />
<strong>de</strong>bate e a produção textual, captando a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do educando. Sobre essa questão,<br />
Freire (1992, p. 48) em meio a um diálogo com um camponês pergunta: “O que <strong>é</strong> ser<br />
camponês?” obtendo a seguinte resposta: “<strong>é</strong> não ter educação, posses, trabalhar <strong>de</strong> sol a sol<br />
sem direitos, sem esperança <strong>de</strong> um dia melhor [...]”.<br />
Ao provocar esse diálogo, Freire mostra em sua <strong>prática</strong> educativa, que cabe ao<br />
educador e à educadora, ao trabalhar com o educando jovem e adulto, direcionar (não<br />
manipular) sua ação pe<strong>da</strong>gógica num trabalho envolvente acerca <strong>da</strong> própria reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
educando, consi<strong>de</strong>rando seus saberes pr<strong>é</strong>vios, transformando e ultrapassando a aprendizagem<br />
puramente mecânica <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita, em conhecimento <strong>de</strong> mundo. Nesse processo, o<br />
educando se torna sujeito pensante, escrevendo e lendo sua <strong>prática</strong> social, esclarecido sobre os<br />
acontecimentos que o cerca.<br />
Das sete alfabetizadoras, quatro <strong>de</strong>monstram uma preocupação <strong>de</strong> fazer em sua <strong>prática</strong><br />
algo especial, um trabalho que consi<strong>de</strong>re a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos educandos, valorizando as<br />
experiências do seu cotidiano. Elas externaram em seus discursos a importância <strong>de</strong> um saber<br />
fazer educativo contextualizado com o mundo vivido pelo educando, afirmando que este <strong>é</strong> um<br />
meio para um aprendizado eficaz, em que o educando apren<strong>de</strong> a ler e escrever a sua história.<br />
Como assinala a professora Anita Garibaldi, “O aluno trabalhador, [...] precisa <strong>de</strong> algo<br />
especial [...] livro com textos pequenos, estória que chama a atenção <strong>de</strong>les. Ex. sobre futebol,<br />
novelas, texto que conte pequenas estórias, relatando um fato [...]” (grifos nossos).<br />
Ao analisarmos a fala <strong>de</strong> Anita Garibaldi percebemos que ela compreen<strong>de</strong> o trabalho<br />
com a alfabetização <strong>de</strong> jovens e adultos, como algo que precisa ser realizado <strong>de</strong> forma<br />
peculiar a esse grupo <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes. Ao in<strong>da</strong>gá-la sobre esta questão, num movimento com o<br />
grupo focal, a educadora explicitou que o algo especial que o educando necessita, refere-se à<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do(a) educador(a) <strong>da</strong> alfabetização <strong>de</strong> jovens e adultos em produzir um material<br />
que não se encontra elaborado nos livros didáticos. Esta produção baseia-se <strong>de</strong> acordo com os<br />
fatos ocorridos na vi<strong>da</strong> do estu<strong>da</strong>nte, <strong>de</strong> acordo com os acontecimentos <strong>de</strong> seu cotidiano,<br />
valorizando sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social e cultural na <strong>prática</strong> educativa. Como assinala Freire (2003,<br />
p. 28), “a <strong>prática</strong> educativa consciente, crítica, política, não se permite limitar-se aos<br />
procedimentos escolarizantes”.<br />
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