alfabetizar: o segredo é a inteligência da prática - Centro de ...
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Apesar <strong>de</strong> ter existido gran<strong>de</strong>s “investimentos” em várias <strong>é</strong>pocas em to<strong>da</strong> a Am<strong>é</strong>rica<br />
Latina com o objetivo <strong>de</strong> alimentar as ofertas educacionais para crianças e jovens<br />
em i<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, existe ain<strong>da</strong> um número relevante <strong>de</strong> pessoas que nunca<br />
entraram na escola e os que entraram abandonaram antes <strong>de</strong> finalizar a educação<br />
obrigatória. Uma <strong>da</strong>s conseqüências <strong>de</strong>ssa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>é</strong> o número altíssimo <strong>de</strong> jovens<br />
com mais <strong>de</strong> 15 anos, que não sabem ler nem escrever.<br />
Essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas jovens e adultas, necessitando<br />
<strong>de</strong> maior atenção e interesse por parte <strong>de</strong> todos os envolvidos diretamente ou indiretamente na<br />
educação <strong>de</strong>ssa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, a União, os Estados, Municípios, as escolas (como um<br />
todo), os(as) educadores(as). Pois, como assinala Kalman (In UNESCO-CEAAL-CREFAL-<br />
INEA, 2000, p. 72) na V Conferência Internacional <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Adultos – V<br />
CONFINTEIA - “os mo<strong>de</strong>los tradicionais <strong>de</strong> alfabetização e educação <strong>de</strong> adultos [...] são<br />
ultrapassados e ineficazes, para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> educacional <strong>da</strong> população adulta. E, que<br />
[...] se estabeleça novas estrat<strong>é</strong>gias que re-valorizem a EJA”.<br />
A V CONFINTEIA <strong>de</strong>dicou-se especialmente a analisar a alfabetização enquanto<br />
fenômeno social e individual. Destacando-se tamb<strong>é</strong>m nesse processo o exame <strong>da</strong>s <strong>prática</strong>s<br />
existentes, <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>mentações teóricas e dos novos rumos que se <strong>de</strong>sejam e precisam tomar<br />
em relação à situação <strong>da</strong> EJA.<br />
Assim, <strong>é</strong> relevante <strong>de</strong>senvolver serviços educativos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>rem<br />
jovens e adultos que por motivos sociais, culturais e econômicos, foram obrigados a<br />
abandonar a escola antes do tempo ou nem sequer tiveram a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressar nela.<br />
Entrar no s<strong>é</strong>culo XXI com esta reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como diz Rivero (1989) citado por Kalman (op.cit.<br />
2000, p. 72-73) “representa uma violação ao princípio <strong>de</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os seres humanos e<br />
ao direito fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> educação, reconhecido como condição para o cumprimento <strong>de</strong><br />
outros direitos”.<br />
Por isso, <strong>é</strong> urgente <strong>de</strong>senvolver uma <strong>prática</strong> alfabetizadora inteligente, que possibilite<br />
<strong>de</strong>spertar e ampliar no educando sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> atuante contribuindo com sua formação <strong>de</strong><br />
sujeito consciente e sensível, transformador <strong>de</strong> sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Como diz Freire (1980, p. 41)<br />
“[...] procurávamos uma metodologia que fosse um instrumento do educando, e não somente<br />
do educador, e que i<strong>de</strong>ntificasse [...] o conteúdo <strong>da</strong> aprendizagem com o processo mesmo <strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r”. Pois não <strong>é</strong> fácil li<strong>da</strong>r com jovens e adultos no espaço escolar, a professora Raquel<br />
<strong>de</strong> Queiroz diz<br />
Driblar o analfabetismo não <strong>é</strong> na<strong>da</strong> fácil, <strong>é</strong> preciso ter muito amor, muita força <strong>de</strong><br />
vonta<strong>de</strong> e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Então, como po<strong>de</strong>mos aten<strong>de</strong>r as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos alunos,<br />
ao <strong>alfabetizar</strong>. Primeiro teremos que trabalhar com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do aluno, e dá a<br />
ele oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mostrar suas id<strong>é</strong>ias e opiniões próprias e experiências no seu<br />
dia-a-dia. (grifos nossos)<br />
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