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COMISSIONAMENTO EM REDES INDUSTRIAIS VAZAMENTO EM ...

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entrevista HORÁCIO LAFER PIVA<br />

uma boa capacidade de fazer boa pesquisa e de pensar um<br />

pouco fora da caixa. O truque hoje em dia não é decorar, é<br />

transformar informação em compreensão. A informação está<br />

toda disponível. O que Deus não sabe o Google sabe.<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – A questão da relação ainda<br />

não satisfatória entre a empresa e a universidade ainda<br />

é um assunto polêmico. Qual é a sua opinião a respeito?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Havia uma frase clássica que<br />

dizia que acadêmicos e empresários são como água e óleo,<br />

jamais se misturam. E era um pouco isso mesmo. A academia<br />

achava que você como empresário estava explorando a<br />

inteligência embarcada dessas figuras, e nós achávamos<br />

que eles precisavam ser abatidos a tiros, porque eram meros<br />

sonhadores, que iam lá para a estratosfera e não traziam<br />

nada de útil. Mas acho que isto está melhorando. Eu faço<br />

parte do Conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do<br />

Estado de São Paulo (Fapesp), o nosso grande órgão indutor<br />

de inovação, e eu fico muito feliz em ver que hoje em dia<br />

já se consegue pensar em pesquisa aplicada e em pesquisa<br />

pura. Já se consegue pensar naquilo que são mudanças<br />

disruptivas e naquilo que são mudanças incrementais.<br />

Ou seja, já se consegue estabelecer uma linguagem entre<br />

aquilo que interessa mais à academia e o que interessa<br />

mais ao empresariado. E o empresário já começa a buscar<br />

acadêmicos para que trabalhem nas suas áreas de pesquisa<br />

e desenvolvimento, e os cientistas também já compreendem<br />

que muitas vezes as empresas de determinados setores são<br />

grandes laboratórios para as suas pesquisas. Tenho visto um<br />

avanço interessante e acho ótimo. Mas, deixe-me aqui fazer<br />

uma pequena ode ao meu patriotismo, à minha brasilidade.<br />

Eu sou muito crítico em relação ao País; eu acho que o Brasil<br />

é um país que olha para frente pelo retrovisor, mas tem uma<br />

característica no Brasil que eu acho absolutamente inigualável,<br />

que é a nossa capacidade de lidar com a diversidade. E neste<br />

bravo novo mundo esta será uma característica excepcional.<br />

A mistura do nosso cientista – com uma cabeça muito<br />

“engenheirada” e muito matemática – e do empresário<br />

brasileiro – que teve que se acostumar com inflação, que lidar<br />

com dificuldades únicas, que trabalhar debaixo de um custo<br />

Brasil terrível – se faz com certa tranquilidade. E eu tenho visto<br />

isto acontecer em uma série de setores. O Brasil tem uma saída<br />

pelo lado da diversidade que faz, de fato, com que ele seja um<br />

protagonista importante neste próximo século, e não mais<br />

coadjuvante como tem sido.<br />

76 InTech 140<br />

“EU ACho qUE o BRASIl é Um pAíS qUE olhA<br />

pARA FRENTE pElo RETRovISoR, mAS TEm<br />

UmA CARACTERíSTICA No BRASIl qUE EU ACho<br />

ABSolUTAmENTE INIgUAlávEl, qUE é A NoSSA<br />

CApACIDADE DE lIDAR Com A DIvERSIDADE”<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Existe uma tendência dos<br />

cientistas brasileiros voltarem ao País ou, ao menos,<br />

de não o deixarem em grande escala como vinha<br />

acontecendo, não é verdade?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Alguns cientistas estão tentando,<br />

até porque o mercado de trabalho no Brasil é excitante neste<br />

momento. E o País também está fazendo uma coisa positiva,<br />

que foi o projeto da Presidente Dilma Rousseff e que precisa<br />

ser digno de nota, no sentido de oferecer bolsas para que mais<br />

estudantes possam estudar fora do Brasil. Agora, como tudo,<br />

é um processo de médio prazo. Você não consegue convencer<br />

de hoje para amanhã todos os cientistas virem para o Brasil,<br />

porque a dificuldade aqui é extraordinária. Apesar de todos os<br />

esforços que está se fazendo, a verdade é que existe a soma de<br />

burocracia com a falta de recursos, o que obviamente os coloca<br />

em uma situação nos laboratórios lá fora muito diferente. É<br />

difícil. Tem um pouco de heroísmo em vir aqui para fazer ciência.<br />

Mas eu acho que os que vêm, vêm porque entendem que é o<br />

momento certo de estar no Brasil. Mas precisa ter um pouco<br />

dessa perspectiva de médio e longo prazo.<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Como foi a sua experiência nos<br />

seus dois mandatos de três anos na presidência da Fiesp?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Foi uma experiência muito<br />

rica, mas eu costumo dizer que não foi uma experiência<br />

definidora. Foi uma pós-graduação em vaidades e conflitos<br />

humanos. É muito curiosa essa proximidade que você pode<br />

ter do poder, que é compreendê-lo de dentro, embora<br />

eu tenha tido a sorte na vida de vir de uma família muito<br />

envolvida com isso. Ter estado lá foi muito interessante,<br />

porque o tipo de entidade como a Fiesp – diferentemente da<br />

entidade como a Associação Sul-Americana de Automação<br />

ISA Distrito 4, que é setorial – tem uma agenda muito larga,<br />

muito horizontal, e, portanto, você não consegue mergulhar<br />

profundamente em assunto nenhum. A Fiesp é uma entidade<br />

política, de lobby empresarial importante, tem uma marca<br />

importante, mas ela demanda um determinado espírito para

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