capa BARRAMENTOS DE CAMPO A EVOLUÇÃO DO PROJETO, INSTALAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE BARRAMENTOS DE CAMPO FIELDBUS FOUNDATION. Augusto Pereira (app.eng@uol.com.br), APP Consultoria e Treinamento. 6 InTech 140
INTRODUÇÃO Como tudo começou o primeiro projeto Fieldbus Foundation em uma planta de processo do mundo. Uma coisa que a maioria das pessoas desconhece é o fato de que a primeira fábrica do mundo em que foi implementado o controle com Fieldbus Foundation foi a fábrica da Deten, localizada no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia (Figura 1). Figura 1 – Planta da Deten em Camaçari, BA. Em novembro de 1993, quando eu estava iniciando na Smar, a empresa lançou oficialmente os primeiros produtos com Fieldbus Foundation na feira da ISA na cidade de Anaheim, Califórnia, EUA. Naquela época, a feira da ISA era realizada em novembro. Foi feito o lançamento dos transmissores de pressão, temperatura, dos conversores de 4-20mA para Fieldbus e vice-versa e também de uma placa de interface que era instalada dentro dos PCs. Naquela época, no final de 1993, os computadores tipo PC, isto é, os desktops, tinham slots que possibilitavam a instalação de placas de interface, e desenvolveu-se, então, uma placa de interface Fieldbus Foundation para ser integrada dentro de um desktop/PC. Eu jamais me esquecerei da data da venda, pois foi exatamente no dia 26 de dezembro de 1993, um dia após o natal. A venda foi feita; no início, não eram muitos instrumentos – cerca de 70, apenas, mas era o primeiro projeto no mundo que iria funcionar com Fieldbus Foundation. Não era mais um simples teste em que os instrumentos eram instalados numa determinada parte do processo. Eram feitos os testes de validação, eram corrigidos os eventuais erros, era feita a validação e depois era feita a sua retirada. Já nesse caso, não. Era uma parte de expansão da fábrica onde era necessário ter um projeto executivo, ter todos os cuidados necessários com a instalação, pois BARRAMENTOS DE CAMPO capa era uma área classificada; no processo havia a presença de oxigênio, hidrogênio, etc., e esse projeto era irreversível, pois ele teria que ser implementado e a planta teria que partir. Não podia dar errado. É lógico que a primeira semana de janeiro de 1994 foi uma semana de festas, lá em Sertãozinho, SP. Todo dia, comemorava-se o primeiro projeto do mundo e, geralmente, essa comemoração terminava numa churrascaria. Na segunda semana de janeiro, tivemos, então, o kick-off meeting interno. É uma imagem que nunca vai sair da minha mente: era uma mesa muito grande na sala de reuniões; na cabeceira da mesa, estava Marcos Peluso, que era o diretor de engenharia e meu chefe direto, além de vários colegas das várias especialidades que compunham o projeto. Peluso começou sua fala parabenizando a todos e dividindo tarefas – quem ficaria encarregado da especialização dos instrumentos, quem ficaria encarregado da configuração dos instrumentos etc., e um detalhe: naquela época, não existiam os configuradores baseados em Windows. Toda a configuração precisava ser feita através daquele mecanismo da famosa chave-de-fenda magnética e dos dois orifícios, um com S de Span e o outro com Z de Zero. Naquela época, aqueles instrumentos eram configurados como quem acerta as horas de um relógio, por exemplo. Havia toda uma árvore de configuração em que nós, através da chave magnética, íamos colocando os valores. Você pode imaginar o que significava cometer um erro. Era necessário fazer o reset e recomeçar uma interminável sequência de ações com a chave-de-fenda entre os buracos de Zero e de Span. Então, Peluso foi seguindo na distribuição das atribuições. Num momento, ele fez o seguinte comentário: “Bem, agora não é mais um teste. Agora, não é mais uma prova de Fieldbus. Agora, é um projeto. E, como todo projeto, precisa ter documentação, desenhos, metodologia de desenvolvimento da distribuição dos instrumentos do barramento e assim por diante.” Nessa hora, a sala de reuniões ficou num silêncio absoluto. E Peluso, se dirigindo a mim, perguntou: “Augusto, você não era o Superintendente do Departamento de Engenharia da Dow Química?” Eu disse: “Sim.” Ao que ele disse: “Então, você é a pessoa mais indicada para ler a norma Fieldbus...” e nessa hora, ele a mostrou – parecia uma lista telefônica, com quase um palmo de altura – e ele me disse: “Então, Augusto, faça o seguinte: você vai lendo a Norma e vai verificando que InTech 140 7