COMISSIONAMENTO EM REDES INDUSTRIAIS VAZAMENTO EM ...
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<strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
<strong>EM</strong> <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />
Número 140<br />
<strong>VAZAMENTO</strong><br />
<strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
COMUNICAÇÃO S<strong>EM</strong> FIO<br />
MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
REpORTAg<strong>EM</strong><br />
A crise na Europa<br />
ENTREVISTA<br />
Horácio Lafer piva,<br />
Conselho de Administração<br />
da Klabin S.A.<br />
InTech 140 1
2 InTech 140
6<br />
75<br />
37<br />
SEÇÕES<br />
CALENDÁRIO 04<br />
NEWSLETTER 082<br />
EVENTOS 83<br />
<strong>EM</strong>PRESAS 84<br />
PRODUTOS 89<br />
Número 140<br />
CAPA<br />
6 BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
A EVOLUÇÃO DO PROJETO, INSTALAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE BARRAMENTOS<br />
DE CAMPO FIELDBUS FOUNDATION.<br />
Augusto Pereira, APP Consultoria e Treinamento.<br />
CAPA<br />
14 BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
BLOCOS FF: FERRAMENTAS DE INTEGRAÇÃO.<br />
Libanio Carlos de Souza, Smar Equipamentos Industriais.<br />
CAPA<br />
22 BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS<br />
Marcos Peluso, Emerson Process Management.<br />
CASE<br />
32 ETHERNET IP<br />
ETHERNET/IP APLICADA À INSTRUMENTAÇÃO DE CAMPO<br />
André Nadais, Endress+Hauser; Marcos Vinicius de Lima e<br />
Rogério Oliveira da Costa, Química Amparo.<br />
ARTIGO<br />
37 <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
<strong>COMISSIONAMENTO</strong> <strong>EM</strong> SIST<strong>EM</strong>AS E DISPOSITIVOS INTERLIGADOS<br />
VIA <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />
Fernando da Silva Mota Junior, Rafael Pacheco Oliveira e<br />
Thiago Machado, Six Automação.<br />
ARTIGO<br />
45 MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
NOVIDADES NA MEDIÇÃO DE VAZÃO <strong>EM</strong> CANAIS ABERTOS<br />
Gérard Delmée, Consultor.<br />
ARTIGO<br />
52 VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
NORMAS PARA TESTE DE <strong>VAZAMENTO</strong> PELA SEDE <strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
David Livingstone Villar Rodrigues, Consultor.<br />
ARTIGO<br />
56 VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
<strong>VAZAMENTO</strong> <strong>EM</strong> VÁLVULA DE CONTROLE<br />
Gilson Yoshinori Mabuchi, GE Energy.<br />
ARTIGO<br />
61 <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />
ANÁLISE DE <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO <strong>INDUSTRIAIS</strong> – ISA100 X WIRELESSHART<br />
Márcio S. Costa e Jorge L. M. Amaral, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.<br />
REPORTAG<strong>EM</strong><br />
68 WIRELESS<br />
A REALIDADE DA COMUNICAÇÃO S<strong>EM</strong> FIO<br />
Sílvia Bruin Pereira, InTech América do Sul.<br />
ENTREVISTA<br />
75 HORÁCIO LAFER PIVA<br />
Membro do Conselho de Administração da Klabin S.A.<br />
Sílvia Bruin Pereira, InTech América do Sul.<br />
REPORTAG<strong>EM</strong><br />
78 CRISE EUROPÉIA<br />
A CRISE NA EUROPA AFETA OU NÃO O BRASIL?<br />
Ângela Ennes, jornalista freelance.<br />
InTech 140 3
calendário<br />
2012<br />
Maio<br />
7 a 11 – CURSO: INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
14 a 17 – CURSO: INCERTEZA NA MEDIÇÃO<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
15 – 1º FÓRUM INTERNACIONAL<br />
DE INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
15 – NI DAYS 2012 - CONFERÊNCIA TECNOLÓGICA SOBRE<br />
PROJETO GRÁFICO DE SIST<strong>EM</strong>AS<br />
São Paulo, SP.<br />
brasil.ni.com/nidays<br />
21 a 23 – CURSO: VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
28 a 30 – CURSO: APROVANDO PROJETOS DE AUTOMAÇÃO<br />
COM BASES FINANCEIRAS<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
29 a 1º de junho – CURSO: MEDIÇÃO DE VAZÃO DE GASES<br />
E LÍQUIDOS<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
30 e 31 – CURSO: PROJETOS E MONTAGENS COM <strong>REDES</strong><br />
<strong>INDUSTRIAIS</strong><br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
Junho<br />
4 a 6 – CURSO: CONFIGURAÇÃO DE INSTRUMENTOS<br />
FOUNDATION FIELDBUS E PROFIBUS PA<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
nota de falecimento<br />
Deusdedit Carvalho de Moraes<br />
Faleceu em 17 de março em Ribeirão Preto, SP, Deusdedit<br />
Carvalho de Moraes, um dos grandes nomes da comunidade<br />
de instrumentação e controle de processos. Deusdedit Carvalho<br />
de Moraes era Mecânico Eletricista formado pelo Senai<br />
(1956); Instrutor formado pelo Cenafor (1968); Técnico em<br />
Eletrotécnica formado pela Fundação Getúlio Vargas (1968);<br />
Técnico de Chefia e Dinâmica de Grupo pelo Idort (1964);<br />
Pedagogo formado pela Senador Flaquer com Habilitação em<br />
Administração Escolar de 1.º e 2.º Grau e Professor de Psicologia<br />
da Educação e Sociologia da Educação (1974); Controle<br />
Avançado formado no IRA/ Institut de Régulation et Automation,<br />
França (1978); Lato Censo (2006), Teoria de Psicanálise Aplicada<br />
pelo Instituto Saber de Brasília; Técnico em Instrumentação<br />
em Energia (CPFL – 1956 a 1961); Instrutor, Chefe dos Cursos<br />
de Elétrica Eletrônica; Supervisor de Instrumentação; Assessor<br />
da Diretoria de Formação Profissional do Senai/DR/SP (1961 a<br />
4 InTech 140<br />
8 e 9 – CURSO: NORMA IEC 61131-3 PARA PROGRAMAÇÃO<br />
DE CONTROLADORES<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
11 a 13 – CURSO: CÁLCULO DE INCERTEZAS <strong>EM</strong> MEDIÇÕES –<br />
TEORIA E PRÁTICA<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
21 e 22 – CURSO: CURSO DE PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO<br />
– INTERLIGAÇÕES<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
23 a 26 – CURSO: SIS – SIST<strong>EM</strong>AS INSTRUMENTADOS DE<br />
SEGURANÇA E/C 50<br />
São Paulo, SP.<br />
www.isadistrito4.org.br<br />
Agosto<br />
29 e 30 – ISA SHOW ESPÍRITO SANTO 2011 – XI S<strong>EM</strong>INÁRIO E<br />
EXPOSIÇÃO DE INSTRUMENTAÇÃO, SIST<strong>EM</strong>AS, ELÉTRICA E<br />
AUTOMAÇÃO<br />
Vitória, ES<br />
www.isa-es.org.br<br />
Setembro<br />
24 a 27 – ISA AUTOMATION WEEK 2012: TECHNOLOGY AND<br />
SOLUTIONS EVENT<br />
Orlando, Flórida, EUA<br />
www.isa.org.br<br />
Outubro<br />
17 e 18 – 16º S<strong>EM</strong>INÁRIO TÉCNICO E EXPOSIÇÃO DE<br />
AUTOMAÇÃO – ISA AUTOMATION WEEK 2011 SEÇÃO CURITIBA<br />
Curitiba, PR<br />
www.isacuritiba.org.br<br />
Novembro<br />
6 a 8 – BRAZIL AUTOMATION ISA 2011 – 16º CONGRESSO<br />
INTERNACIONAL E EXPOSIÇÃO DE AUTOMAÇÃO, SIST<strong>EM</strong>AS<br />
E INSTRUMENTAÇÃO<br />
São Paulo, SP<br />
www.isadistrito4.org<br />
1985); no Senai, acumulou a função de Assessor da Secretaria<br />
Especial de Informática (SEI) da Presidência da República (1979 a<br />
1985), para projeto e execução da Lei de Informática para reserva<br />
de mercado; Coordenador no Senai da implantação do Curso<br />
Técnico de Instrumentação (1974 a 1985) nos Departamentos<br />
Regionais de São Paulo em Santos e Campinas, no DR/BA, DR/<br />
RS, DR/ES; Coordenador da Transferência de Tecnologia da<br />
França para o Senai/Santos e do Japão para o Senai/Vitória.<br />
Foi presidente da Associação Brasileira de Instrumentação e<br />
Sistemas Técnico-Científicos (Insiste) e o Grupo Nacional de<br />
Instrumentação de Açúcar, Álcool e Alimentos (Ginaaa) e<br />
desde 1985 era Assessor da Presidência da Smar Equipamentos<br />
Industriais. Em 2002, Deusdedit foi homenageado<br />
pelo Distrito 4, ao receber o Prêmio “Desenvolvimento<br />
Profissional” por sua dedicação na formação de profissionais<br />
em Instrumentação, Sistemas e Automação.
editorial<br />
História<br />
Como o registro dos eventos ocorridos no passado, a história<br />
permeia todas as ações nas quais o homem esteja engajado,<br />
mental ou fisicamente.<br />
Com os inimagináveis recursos disponíveis hoje pela<br />
tecnologia, não é tão difícil colher informações, classificá-las,<br />
organizá-las e concluir um compêndio histórico que possa ser<br />
consultado décadas e séculos à frente. Disse alguém tempos<br />
atrás que o conhecimento é a informação organizada.<br />
Pois bem, todos nós fazemos história. Recentemente,<br />
perdemos um dos baluartes da história da comunidade<br />
de instrumentação e controle, o Deusdedit Carvalho de<br />
Moraes. E ele fez história, pelo sem número de atividades nas<br />
quais se envolveu, pelas experiências que vivenciou e pelos<br />
conhecimentos que compartilhou, sempre com humildade,<br />
bom humor e cordialidade. Sim, ele escreveu a sua história e,<br />
de certo, ajudou outros tantos a construir as suas.<br />
Nas páginas desta edição da InTech América do Sul o leitor<br />
encontrará assuntos que comprovam a relação intrínseca<br />
da história com o cotidiano da área que escolhemos para<br />
dedicar as nossas profissões. Os três artigos de capa tratam<br />
da evolução dos barramentos de campo. Basta voltar os<br />
olhos dez anos atrás para constatar o quanto este tema<br />
avançou, o quanto a própria tecnologia evoluiu e até<br />
ISA - International Society of Automation / District 4 (South America)<br />
DIRETORIA<br />
Vice-Presidente – José Jorge de Albuquerque Ramos<br />
Vice-Presidente Eleito – Nilson Rana<br />
Vice-Presidente Passado – José Otávio Mattiazzo<br />
Diretor Tesoureiro – Stéfano Angioletti<br />
Diretor Secretário – Carlos Liboni<br />
Diretor de Membros e Seções – Enio Viana<br />
Diretor de Eventos – Augusto Passos Pereira<br />
Diretor de Marketing – Roberto Magalhães<br />
Diretor de Educação, Treinamento<br />
e Desenvolvimento Profissional – Claudio Makarovsky<br />
Diretor para a Área de Analítica – Claudio de Almeida<br />
Diretor para Área de Celulose – José Luiz de Almeida<br />
Diretor de Relações Institucionais – Marcus Coester<br />
Diretor de Relações com ISA/RTP – Nelson Ninin<br />
Diretor de Publicações – José Manoel Fernandes<br />
Diretor de Web – Antonio Spadim<br />
Nominator – José Otávio Mattiazzo<br />
www.intechamericadosul.com.br<br />
InTech América do Sul<br />
é uma publicação do Distrito 4 (América do Sul) da ISA<br />
(International Society of Automation)<br />
ISSN 2177-8906<br />
EDITORA CHEFE<br />
Sílvia Bruin Pereira (silviapereira@intechamericadosul.com.br)<br />
MTb 11.065 - M.S. 5936<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Membros – Ary de Souza Siqueira Jr. (Promin Engenharia); Augusto Passos<br />
Pereira (Consultor); Carlos Liboni (Techind); Claudio Makarovsky (GE<br />
Energy - Oil & Gas); Constantino Seixas Filho (Accenture Automation &<br />
mesmo o quanto os especialistas se dedicaram à pesquisa<br />
e ao desenvolvimento para que tudo se concluísse em uma<br />
história com final feliz. Ou, um capítulo dela.<br />
A questão das redes sem fio também está nas páginas<br />
seguintes. Um artigo impecável faz uma comparação entre<br />
os padrões ISA100 e WirelessHART, descrevendo suas<br />
principais características e vantagens, com vistas a permitir<br />
uma visão geral das soluções. Teoria também é história.<br />
Pelo lado prático, uma reportagem com quatro<br />
fornecedores de soluções sem fio complementa o artigo.<br />
A ideia é demonstrar para os leitores o grau de aceitação<br />
mercadológica da tecnologia de instrumentação sem fio<br />
e não avaliar ou comparar a tecnologia de um fabricante<br />
com outro. Acreditamos que a constatação de fatos sobre a<br />
tecnologia sem fio seja uma das melhores formas de divulgála.<br />
Ou melhor, historiá-la.<br />
Avenida Ibirapuera, 2.120 – 16º andar – sala 165<br />
São Paulo, SP, Brasil – CEP 04028-001<br />
Telefone/Fax: 55 (11) 5053-7400<br />
e-mail: info@isadistrito4.org.br – site: www.isadistrito4.org<br />
Industrial Solutions); David Jugend (Jugend Engenharia de Automação); David<br />
Livingstone Vilar Rodrigues (Consultor); Guilherme Rocha Lovisi (Bayer Material<br />
Science); Jim Aliperti (Honeywell do Brasil); João Miguel Bassa (Consultor); José<br />
Jorge de Albuquerque Ramos (Parker Hannifin); José Roberto Costa de Lacerda<br />
(Consultor); Lourival Salles Filho (Technip Brasil); Luiz Antonio da Paz Campagnac<br />
(GE Energy Services); Luiz Felipe Sinay (Construtora Queiroz Galvão); Luiz Henrique<br />
Lamarque (Consultor); Marco Antonio Ribeiro (T&C Treinamento e Consultoria);<br />
Mário Hermes Rezende (Gerdau Açominas); Maurício Kurcgant (ARC<br />
Advisory Group); Ronaldo Ribeiro (Celulose Nipo-Brasileira – Cenibra); Rüdiger<br />
Röpke (Consultor); Sidney Puosso da Cunha (UTC Engenharia); Stéfano Angioletti<br />
(Schneider Electric); e Vitor S. Finkel (Contromation).<br />
DIRETORIA EXECUTIVA<br />
Maria Helena Pires (helena@isadistrito4.org.br)<br />
COMERCIALIZAÇÃO<br />
Maria Helena Pires (helena@isadistrito4.org.br)<br />
Simone Araújo (simone@isadistrito4.org.br)<br />
PRODUÇÃO<br />
2T Comunicação - www.2tcomunicacao.com.br<br />
FOTOS/ILUSTRAÇÕES<br />
www.istockphoto.com<br />
IMPRESSÃO<br />
Referência Gráfica<br />
Filiada à<br />
“A única história que vale alguma coisa<br />
é a história que fazemos hoje” (Henry Ford).<br />
Sílvia Bruin Pereira<br />
Editora<br />
A Revista InTech América do Sul não se responsabiliza por conceitos emitidos em matérias e<br />
artigos assinados, e pela qualidade de imagens enviadas através de meio eletrônico para a<br />
publicação em páginas editoriais.<br />
Copyright 1997 pela ISA Services Inc. InTech, ISA e ISA logomarca são marcas registradas de<br />
International Society of Automation, do Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos.<br />
InTech 140 5
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
A EVOLUÇÃO DO PROJETO,<br />
INSTALAÇÃO E CERTIFICAÇÃO<br />
DE BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
FIELDBUS FOUNDATION.<br />
Augusto Pereira (app.eng@uol.com.br),<br />
APP Consultoria e Treinamento.<br />
6 InTech 140
INTRODUÇÃO<br />
Como tudo começou o primeiro projeto Fieldbus<br />
Foundation em uma planta de processo do mundo.<br />
Uma coisa que a maioria das pessoas desconhece é o<br />
fato de que a primeira fábrica do mundo em que foi<br />
implementado o controle com Fieldbus Foundation foi<br />
a fábrica da Deten, localizada no Polo Petroquímico de<br />
Camaçari, na Bahia (Figura 1).<br />
Figura 1 – Planta da Deten em Camaçari, BA.<br />
Em novembro de 1993, quando eu estava iniciando na Smar,<br />
a empresa lançou oficialmente os primeiros produtos com<br />
Fieldbus Foundation na feira da ISA na cidade de Anaheim,<br />
Califórnia, EUA. Naquela época, a feira da ISA era realizada<br />
em novembro. Foi feito o lançamento dos transmissores de<br />
pressão, temperatura, dos conversores de 4-20mA para<br />
Fieldbus e vice-versa e também de uma placa de interface<br />
que era instalada dentro dos PCs. Naquela época, no final de<br />
1993, os computadores tipo PC, isto é, os desktops, tinham<br />
slots que possibilitavam a instalação de placas de interface,<br />
e desenvolveu-se, então, uma placa de interface Fieldbus<br />
Foundation para ser integrada dentro de um desktop/PC.<br />
Eu jamais me esquecerei da data da venda, pois foi<br />
exatamente no dia 26 de dezembro de 1993, um dia<br />
após o natal. A venda foi feita; no início, não eram muitos<br />
instrumentos – cerca de 70, apenas, mas era o primeiro<br />
projeto no mundo que iria funcionar com Fieldbus<br />
Foundation. Não era mais um simples teste em que os<br />
instrumentos eram instalados numa determinada parte do<br />
processo. Eram feitos os testes de validação, eram corrigidos<br />
os eventuais erros, era feita a validação e depois era feita a<br />
sua retirada. Já nesse caso, não. Era uma parte de expansão<br />
da fábrica onde era necessário ter um projeto executivo,<br />
ter todos os cuidados necessários com a instalação, pois<br />
BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />
era uma área classificada; no processo havia a presença de<br />
oxigênio, hidrogênio, etc., e esse projeto era irreversível,<br />
pois ele teria que ser implementado e a planta teria que<br />
partir. Não podia dar errado.<br />
É lógico que a primeira semana de janeiro de 1994 foi<br />
uma semana de festas, lá em Sertãozinho, SP. Todo dia,<br />
comemorava-se o primeiro projeto do mundo e, geralmente,<br />
essa comemoração terminava numa churrascaria.<br />
Na segunda semana de janeiro, tivemos, então, o kick-off<br />
meeting interno. É uma imagem que nunca vai sair da minha<br />
mente: era uma mesa muito grande na sala de reuniões; na<br />
cabeceira da mesa, estava Marcos Peluso, que era o diretor<br />
de engenharia e meu chefe direto, além de vários colegas<br />
das várias especialidades que compunham o projeto.<br />
Peluso começou sua fala parabenizando a todos e dividindo<br />
tarefas – quem ficaria encarregado da especialização dos<br />
instrumentos, quem ficaria encarregado da configuração<br />
dos instrumentos etc., e um detalhe: naquela época, não<br />
existiam os configuradores baseados em Windows. Toda a<br />
configuração precisava ser feita através daquele mecanismo<br />
da famosa chave-de-fenda magnética e dos dois orifícios,<br />
um com S de Span e o outro com Z de Zero. Naquela época,<br />
aqueles instrumentos eram configurados como quem acerta<br />
as horas de um relógio, por exemplo. Havia toda uma árvore<br />
de configuração em que nós, através da chave magnética,<br />
íamos colocando os valores.<br />
Você pode imaginar o que significava cometer um erro.<br />
Era necessário fazer o reset e recomeçar uma interminável<br />
sequência de ações com a chave-de-fenda entre os buracos<br />
de Zero e de Span.<br />
Então, Peluso foi seguindo na distribuição das atribuições.<br />
Num momento, ele fez o seguinte comentário: “Bem,<br />
agora não é mais um teste. Agora, não é mais uma prova<br />
de Fieldbus. Agora, é um projeto. E, como todo projeto,<br />
precisa ter documentação, desenhos, metodologia de<br />
desenvolvimento da distribuição dos instrumentos do<br />
barramento e assim por diante.” Nessa hora, a sala de<br />
reuniões ficou num silêncio absoluto. E Peluso, se dirigindo a<br />
mim, perguntou: “Augusto, você não era o Superintendente<br />
do Departamento de Engenharia da Dow Química?” Eu<br />
disse: “Sim.” Ao que ele disse: “Então, você é a pessoa<br />
mais indicada para ler a norma Fieldbus...” e nessa hora,<br />
ele a mostrou – parecia uma lista telefônica, com quase um<br />
palmo de altura – e ele me disse: “Então, Augusto, faça<br />
o seguinte: você vai lendo a Norma e vai verificando que<br />
InTech 140 7
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
embora ela tenha sido escrita principalmente para construir<br />
um instrumento Fieldbus, há algumas partes em que ela dá<br />
algumas instruções de como fazer o projeto e a instalação.<br />
Então, por favor, você vai extraindo essas informações e<br />
passando para o nosso grupo de detalhamento.” Na Figura<br />
2 temos um esquemático típico de uma arquitetura Fieldbus.<br />
Figura 2 – Arquitetura Fieldbus.<br />
Então, a partir daquela reunião, eu, durante os próximos dois<br />
meses, fiquei lendo a norma, analisando quais partes eram<br />
interessantes para o projeto de detalhamento e passando<br />
para a equipe de projetos.<br />
Em resumo, assim que foi feito todo o detalhamento, também<br />
foram feitas as instruções de instalação, aterramento e assim<br />
por diante. Esse projeto foi instalado ainda no primeiro<br />
semestre de 1994, e partiu no final de junho. Foi um projeto<br />
vitorioso, que hoje já conta com mais de 1.500 instrumentos<br />
Fieldbus, e a Planta produz desde então.<br />
Como estamos hoje os grandes projetos nas áreas de<br />
Química e Petroquímica e de Óleo e Gás aqui no Brasil estão,<br />
na sua grande maioria, sendo desenvolvidos com Fieldbus<br />
Foundation, podemos destacar empresas com a Braskem e<br />
a Petrobras (no refino) onde temos projetos de grande porte<br />
mais recentes como:<br />
• Braskem<br />
o Planta de Eteno Verde<br />
o Planta de Butadieno<br />
o Planta de PVC de Alagoas<br />
• Petrobras<br />
o RNEST<br />
o Comperj<br />
8 InTech 140<br />
Estimamos que no Brasil, temos um universo de mais de<br />
150.000 instrumentos de campo Fieldbus Foundation.<br />
Na Figura 3 apresentamos uma estimativa só da área do<br />
Refino da Petrobras.<br />
Figura 3 – Estimativa de instrumentos Fieldbus na área de Refino da<br />
Petrobras.<br />
Fonte: LEAD – Centro de Excelência em Redes da Petrobras.<br />
Somente como exemplo, na figura temos um retrato<br />
das Unidades dentro do universo da Petrobras, onde já<br />
temos instalações com Fieldbus. Estima-se que o total de<br />
instrumentos ultrapassa a quantia de 120.000 instrumentos.<br />
OS PRIMEIROS PROJETOS E A FALTA<br />
DE ACESSÓRIOS DE MONTAG<strong>EM</strong><br />
Voltando ao início dos projetos em Foundation Fieldbus,<br />
por volta de 1994-5, naquela época, ainda não existiam<br />
as caixas de derivação de campo, por exemplo. Então, os<br />
projetos eram feitos envolvendo também o detalhamento<br />
dessas caixas de campo. Essas caixas eram realmente muito<br />
primárias. Elas consistiam, basicamente, numa borneira de<br />
conexão sendo "jumpeada" com as outras borneiras, onde<br />
você entrava com o tronco e cada saída do jumper eram as<br />
derivações (spurs) para os instrumentos (Figura 4).<br />
Figura 4 – Caixa de campo antiga.
Essas caixas de junção eram construídas a partir de caixaspadrão<br />
de mercado, em aço-carbono ou em plástico.<br />
Também nessas caixas, não havia proteções, tais como a<br />
proteção contra curto-circuito, não havia nenhuma proteção<br />
contra a desconexão errada dos equipamentos, enfim, era<br />
um tipo de projeto ainda muito embrionário.<br />
Com o passar dos anos, vários fabricantes começaram a<br />
desenvolver caixas de derivação de campo especialmente<br />
projetadas para Fieldbus Foundation. Atualmente, essas<br />
caixas têm, em cada derivação, uma proteção contra curtocircuito,<br />
e isso impede, caso haja um curto-circuito no spur ou<br />
no instrumento, que haja uma queda de todo o barramento,<br />
que era o grande problema dos primeiros projetos.<br />
Mais recentemente, com o surgimento do conceito de<br />
levar as barreiras de segurança para o campo, temos<br />
hoje em dia, de praticamente todos os fornecedores do<br />
mercado, as barreiras de campo, às quais se chega com os<br />
troncos de alta potência nessas caixas e, dentro delas, nós<br />
temos duas eletrônicas – a barreira de segurança intrínseca<br />
e a proteção contra curto-circuito nas derivações. Hoje<br />
BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />
em dia, encontramos essas caixas em vários materiais de<br />
construção, como aço-carbono, aço inox, plástico, fibra de<br />
vidro reforçada etc., com visor de vidro, sem visor de vidro, e<br />
também, esses fabricantes, em muitos projetos, customizam<br />
essas caixas para as aplicações dos clientes finais (Figura 5).<br />
Figura 5 – Caixa de barreira de campo.<br />
Então, observando desde o início, em 1994, até hoje, em<br />
2012, nós podemos dizer que aconteceu uma grande evolução<br />
nos acessórios de campo. Não somente as caixas, mas também<br />
os fabricantes de cabos e conectores. Hoje em dia, temos
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
cabos especialmente projetados para Fieldbus Foundation.<br />
Com isso, os projetos se tornaram muito mais confiáveis,<br />
principalmente em segmentos com grandes distâncias.<br />
Outro ponto importante são os conectores. Hoje em dia,<br />
temos conectores especialmente desenvolvidos para projetos<br />
com Fieldbus Foundation ou Profibus PA. Essa parte de<br />
acessórios continua em constante evolução, facilitando os<br />
projetos e diminuindo os seus custos de implementação.<br />
A CRIAÇÃO DE UMA<br />
METODOLOGIA DE PROJETO<br />
Esta é uma importante etapa de um projeto, pois precisamos<br />
estabelecer logo de início quais são as premissas de projeto.<br />
Por exemplo, por incrível que pareça, ainda tenho encontrado<br />
alguns projetos sendo implementados sem caixas de<br />
derivação, como mostra a Figura 6.<br />
Figura 6 – Instalação Daisy Chain.<br />
Outros pontos importantes para o estabelecimento de uma<br />
metodologia de projeto são:<br />
• Topologia.<br />
• Padronização do número de spurs por caixa.<br />
• Instalação à prova de explosão ou segurança intrínseca.<br />
• Barreira de segurança de campo ou de painel.<br />
• Distância máxima de cada spur (a Norma permite até 120 m).<br />
• Encaminhamento via eletrodutos ou eletro-calhas.<br />
10 InTech 140<br />
Estas e outras definições de metodologia devem ser<br />
estabelecidas logo no início de um projeto, pois assim<br />
evitaremos erros e retrabalhos. Eu observei em vários projetos<br />
que as pessoas querem iniciar a divisão dos instrumentos nos<br />
segmentos mesmo sem estas e outras definições básicas.<br />
A ELIMINAÇÃO DE 94%<br />
DOS PROBL<strong>EM</strong>AS DOS PROJETOS<br />
Depois de um projeto bem elaborado, muitas pessoas pensam,<br />
erradamente, que isso é o bastante para que um projeto tenha<br />
sucesso, mas na realidade os grandes problemas que nas<br />
estatísticas chegam a 94% em todas as falhas dos projetos<br />
estão relacionados aos erros de montagem. Portanto, uma boa<br />
montagem é fundamental para eliminarmos estes problemas.<br />
Eu já declarei em várias ocasiões que o pior problema não é<br />
montar um barramento e ele não funcionar, o pior é quando<br />
se instala um segmento e ele tem um comportamento errático,<br />
isto é, funciona e depois para, logo depois volta a funcionar,<br />
pois se o segmento não funciona, a equipe de montagem<br />
tem que buscar o erro e fazer a correção, mas se o problema<br />
é intermitente, a situação é realmente pior, pois as pessoas da<br />
operação vão começar a perder a confiança no projeto, e isto é a<br />
última coisa que pode acontecer num projeto de automação. Na<br />
Figura 7, podemos observar uma montagem correta do spur do<br />
segmento Fieldbus chegando até uma válvula de controle.<br />
Figura 7 – Instalação Fieldbus correta.<br />
INTEGRAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE ATIVOS<br />
COM OS DIAGNÓSTICOS DA COMUNICAÇÃO<br />
NOS SEGMENTOS<br />
Uma grande evolução nos projetos com Fieldbus Foundation<br />
foi o aparecimento dos equipamentos e dos softwares para o<br />
diagnóstico da comunicação de campo. No passado, mesmo<br />
com a utilização de osciloscópios e algumas ferramentas<br />
de leitura de dados, a tarefa de descobrir o que tinha de
errado numa comunicação num segmento era árdua e muito<br />
imprecisa. Agora, com estas novas ferramentas, podemos ter,<br />
com certeza, um diagnóstico preciso.<br />
Ainda na sequência desta evolução, foi a integração dos<br />
diagnósticos da comunicação de campo com os Sistemas<br />
de Gerenciamento de Ativos como podemos ver na Figura<br />
8, pois assim podemos ter certeza se o problema é um<br />
mau funcionamento do instrumento ou uma deformação<br />
da forma da onda da frequência Fieldbus, prejudicando a<br />
comunicação do barramento.<br />
Figura 8 – Integração dos diagnósticos com os sistemas<br />
de gerenciamento de ativos.<br />
BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />
INSPEÇÃO E CERTIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO<br />
DIGITAL NOS SEGMENTOS FF<br />
Com os equipamentos e o software de diagnóstico da<br />
comunicação de campo, surgiu uma etapa muito importante<br />
nos projetos com Fieldbus Foundation. Na realidade,<br />
podemos dizer que o fundamental para a partida e a entrega<br />
de um projeto é a Inspeção e a Certificação das instalações, e<br />
a certificação da instalação como um todo.<br />
Um projeto precisa ter, na sua instalação, pessoas treinadas e<br />
que entendam que agora a comunicação entre os instrumentos<br />
de campo e o sistema de controle é feita através de frequência,<br />
e não mais com um sinal de corrente de 4-20 mA. Portanto,<br />
podemos dizer que um projeto irá funcionar melhor quanto<br />
mais a forma de onda for próxima do padrão descrito na Norma.<br />
A inspeção de uma instalação Fieldbus é muito próxima de<br />
uma instalação convencional. Precisamos verificar:<br />
• Conexões<br />
• Aterramento do shield do cabo e da carcaça dos instrumentos<br />
• Vedações das caixas de derivação e dos instrumentos<br />
InTech 140 11
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
Depois da inspeção com as ferramentas de análise<br />
da comunicação, um megômetro e um capacímetro,<br />
devemos verificar:<br />
• Isolação de cada trecho do cabo<br />
• Capacitância de cada trecho do cabo<br />
• Nível do sinal<br />
• Ruído<br />
• Desbalanceamento<br />
• Jitter<br />
• Forma de onda (Figura 9)<br />
Figura 9 – Forma de onda Fieldbus correta.<br />
Um ponto importante é que todas estas medições devem<br />
atender os valores descritos na Norma IEC 61158, e<br />
qualquer desvio fora da faixa de tolerância prevista na<br />
própria Norma deverá ser corrigido. Também devemos<br />
ter em mente que um projeto Fieldbus Foundation irá<br />
funcionar com mais estabilidade e confiabilidade quanto<br />
mais a forma da onda no segmento se aproximar do<br />
padrão estabelecido na Norma.<br />
CONCLUSÕES<br />
Como observamos neste artigo, a tecnologia Fieldbus<br />
Foundation teve uma grande evolução desde 1994; os<br />
níveis de software do protocolo foram aprimorados,<br />
principalmente nas facilidades de configuração e<br />
parametrização; foram desenvolvidas novas tecnologias<br />
de drivers de comunicação, tais como o EDDL (Eletronic<br />
Device Description Language) e o FDT/DTM, cuja descrição<br />
mais simples é FDT-Frame Application, e o DTM-Device<br />
Driver, ambos baseados no Windows e que deverão<br />
12 InTech 140<br />
convergir para o FDI-Field Device Integration, e a parte de<br />
acessórios de hardware também contou com um grande<br />
número de novos produtos.<br />
Figura 10<br />
Podemos citar: acopladores com isolação galvânica,<br />
cabos projetados especialmente para trabalhar com a<br />
frequência do FF, caixas de derivação de segmentos com<br />
proteção contra sobrecorrente, permitindo que um curtocircuito<br />
num determinado spur não provoque a falha de<br />
todo o barramento, as barreiras de segurança intrínseca<br />
na modalidade FISCO-Fieldbus Intrinsic Safety Concept,<br />
inclusive com a opção mais utilizada de ser instalada<br />
no campo através de um tronco de alta potência, como<br />
podemos ver na Figura 10 e, mais recentemente, os<br />
sistemas de tronco redundante ou, mais precisamente, os<br />
troncos com fechamento em anel, como podemos ver na<br />
Figura 11, permitindo que as malhas com criticidade Níveis<br />
1 e 2 possam ter uma confiabilidade máxima.<br />
Figura 11
InTech 140 13
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
BLOCOS FF:<br />
FERRAMENTAS DE INTEGRAÇÃO.<br />
Libanio Carlos de Souza (libanio@smar.com.br),<br />
Diretor de Desenvolvimento da Smar Equipamentos Industriais Ltda.<br />
14 InTech 140
INTRODUÇÃO<br />
Um sistema implementado com a tecnologia da Fieldbus<br />
Foundation (FF) é composto por equipamentos de<br />
campo inteligentes e por controladores/equipamentos<br />
de monitoração interconectados por uma das redes<br />
de comunicação da FF (rede H1 ou rede HSE). Estes<br />
equipamentos estão integrados fisicamente na planta e<br />
atuam juntos para prover sinal de entrada/saída e controle<br />
para a correta operação da planta.<br />
Cada equipamento de campo executa uma pequena parte<br />
das funções necessárias para operação completa da planta,<br />
através da implementação de uma ou mais aplicações<br />
em tempo real, tais como leitura de um sensor e/ou<br />
processamento de um algoritmo de controle.<br />
Por sua vez, cada aplicação é composta por um conjunto<br />
de funções básicas modeladas por blocos. Portanto,<br />
os blocos proporcionam uma estrutura geral para<br />
especificar diferentes tipos de funções executados pelos<br />
equipamentos de campo.<br />
Os blocos, juntamente com os arquivos de descrição<br />
dos equipamentos (DDs), são elementos fundamentais<br />
na promoção da interoperabilidade de um sistema<br />
implementado com a tecnologia da FF. Os parâmetros dos<br />
blocos são descritos na DD. A descrição carrega todas as<br />
informações necessárias para configuração e visualização<br />
dos parâmetros nos sistemas (unidade, texto explicativo<br />
da funcionalidade do parâmetro, processos associados,<br />
dependências de outros parâmetros, etc.). Os sistemas que<br />
suportam as DDs podem integrar com facilidade os blocos<br />
dos equipamentos registrados na FF. A Figura 1 mostra a<br />
visão que um sistema tem de um equipamento de campo e o<br />
uso das DDs para mostrar os parâmetros ao usuário.<br />
Os blocos são elementos chaves também na distribuição<br />
das funções de controle entre os vários equipamentos<br />
inteligentes presentes no sistema. A distribuição ou não<br />
de controle parece ser uma questão de preferência dos<br />
usuários, mas na realidade de hoje, percebe-se que a<br />
distribuição de controle proporciona ganhos fabulosos<br />
de desempenho ao sistema de controle. Em vez do<br />
processamento serial feito pelas grandes CPUs, usa-se<br />
o processamento paralelo, ou seja, centenas ou milhares<br />
de processadores executando em paralelo as pequenas<br />
funções básicas de controle para compor o controle total<br />
de uma planta.<br />
BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />
Outros fatores importantes são a precisão e o sincronismo<br />
alcançado com o uso dos blocos. Os blocos estão<br />
conectados com a fonte do dado dos sensores e dos<br />
atuadores, e nenhuma outra eletrônica é capaz de acessar<br />
estes dados de forma tão precisa, rápida e com a exata<br />
informação temporal dos mesmos.<br />
Os blocos são tipicamente utilizados nos SDCDs e permitem<br />
uma engenharia mais fácil dos sistemas através da<br />
configuração/seleção de valores para os parâmetros dos<br />
blocos. Eles se contrapõem às lógicas dos Controladores<br />
Lógicos Programáveis, que muitas vezes precisam ser<br />
inteiramente programados, o que pode implicar em um<br />
tempo de engenharia elevado.<br />
CONCEITOS BÁSICOS<br />
A FF define alguns conceitos que são válidos para todos<br />
os blocos. Os principais conceitos são: 1) Conexão entre<br />
entradas e saídas; 2) Modo de operação do bloco (MODE_<br />
BLK); 3) Qualidade das variáveis expressa através de um byte<br />
de informação chamado status byte; 4) Detecção, notificação<br />
e reconhecimento de alarmes; 5) Coleta e publicação de<br />
dados de tendência (Trend); 6) Sincronismo de execução.<br />
Figura 1 – Representação do Equipamento de Campo via Blocos.<br />
1) Conexão entre entradas e saídas: FF define os tipos de dados<br />
que podem ser utilizados para as entradas e saídas dos<br />
blocos. Ela também definiu que somente dados do mesmo<br />
tipo podem ser conectados, assim os equipamentos devem<br />
rejeitar as conexões com tipos diferentes.<br />
Os equipamentos controlam o fluxo da recepção das<br />
conexões. Se um parâmetro de saída não é publicado<br />
InTech 140 15
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
na frequência configurada, o parâmetro de entrada vai<br />
refletir no byte de status esta condição, e os algoritmos<br />
dos blocos podem fazer uso desta informação para<br />
processar ou não o valor do parâmetro de entrada, de<br />
acordo com a configuração do usuário.<br />
2) Modo de operação do bloco (MODE_BLK): FF define<br />
oito modos possíveis para a operação de um bloco:<br />
fora de operação (Out of Service - O/S); manual forçado<br />
(Initialization Manual - IMan); sobreposição local (Local<br />
Override - LO); manual (Man); automático (Auto); cascata<br />
(Cascade - Cas); cascata com set point remoto (Remote-<br />
Cascade - RCas); e Saída Remota (Remote-Output - Rout).<br />
Os modos automáticos são: Auto, Cas e RCas. Os<br />
modos manuais são: IMan, LO, Man e Rout. No<br />
modo O/S, o algoritmo não é executado e os alarmes<br />
pendentes são removidos.<br />
O parâmetro de modo possui quatro elementos. O<br />
primeiro elemento é o modo desejado (Target mode),<br />
o segundo é o modo atual (Actual mode, gerado pelo<br />
bloco no início da execução do bloco e reflete o modo<br />
usado para executar o bloco), o terceiro define os modos<br />
permitidos (Permitted mode, configurado pelo usuário<br />
para definir os modos permitidos para o Target mode<br />
durante a operação da planta), e o quarto é o modo<br />
normal de operação do bloco (Normal mode).<br />
3) Qualidade das variáveis expressa através de um byte de<br />
informação chamado status attribute: permite que os<br />
blocos expressem a qualidade das variáveis. É composto<br />
por dois bits para a qualidade (Good Cascade, Good<br />
Non-cascade, Bad, Uncertain), quatro bits para o<br />
detalhamento da qualidade (sub status), e dois bits para<br />
limites (Not limited, Low limited, High limited e Constant).<br />
O sub status para a qualidade indicada como Good<br />
Cascade é utilizado para promover o sincronismo dos<br />
blocos que atuam em cascata.<br />
4) Detecção, notificação e reconhecimento de alarmes: Os<br />
blocos verificam a ocorrência de alarmes a cada ciclo de<br />
execução. Quando uma condição de alarme é detectada,<br />
os dados de alarme são atualizados no parâmetro de<br />
alarme correspondente, juntamente com a informação<br />
temporal da ocorrência da condição de alarme (data e<br />
hora). Este alarme, então, é reportado na rede.<br />
16 InTech 140<br />
Quando o operador reconhece a existência do alarme,<br />
uma mensagem é enviada para o bloco sinalizando o<br />
reconhecimento do usuário.<br />
Este é um grande diferencial de um sistema<br />
genuinamente FF dos demais sistemas, uma vez que o<br />
alarme é gerado na fonte com a informação temporal<br />
precisa. Os demais sistemas fazem a leitura dos<br />
transmissores e então geram os alarmes. A informação<br />
temporal é totalmente dependente da leitura dos<br />
transmissores, e não refletem o tempo exato da<br />
ocorrência da condição de alarme.<br />
5) Coleta e publicação de dados de tendência (Trend): a<br />
cada ciclo de execução, um bloco pode armazenar uma<br />
amostra de uma variável. O conjunto de 16 amostras é<br />
reportado para o sistema. Este pode armazenar parte<br />
ou a totalidade das amostras para compor o histórico da<br />
variável. Novamente aqui temos uma fiel amostragem<br />
temporal das variáveis, o que não acontece em sistemas<br />
que não utilizam FF.<br />
6) Sincronismo de execução: todos os equipamentos FF<br />
têm uma mesma informação de tempo, e os blocos são<br />
configurados para serem executados de forma sincronizada.<br />
BLOCOS PADRÕES<br />
Alguns blocos estão normalizados pela FF. Esta normalização<br />
consiste na descrição do bloco, definição da lista de<br />
parâmetros, definição dos modos suportados e da<br />
manipulação dos modos, definição dos tipos de alarmes e<br />
a definição da manipulação dos status. O algoritmo não é<br />
especificado. Cada fabricante define o seu algoritmo.<br />
Os blocos padrões têm a lista de parâmetros com as suas<br />
informações anexada na DD padrão, fornecida pela FF. Os<br />
blocos já padronizados pela FF até hoje são: Analog Input;<br />
Analog Output; Bias & Gain; Control Selector; Discrete<br />
Input; Discrete Output; Manual Loader; PD Control; PID<br />
Control; Ratio Control; Analog Alarm; Arithmetic; Deadtime;<br />
8 Channel Discrete Input/Output; 8 Channel Analog Input/<br />
Output; Flexible Function Block; Input Selector; Integrator;<br />
Lead/Lag; Setpoint Ramp Generator; Signal Characterizer;<br />
Splitter; Timer; MBI-64; MBO-64; MAI-16; MAO-16; HART<br />
TB; HART Gateway TB.
InTech 140 17
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
BLOCOS CUSTOMIZADOS<br />
A tecnologia da FF é muito flexível e permite que os<br />
fabricantes incluam nos seus equipamentos blocos<br />
customizados, ou seja, blocos cujos parâmetros são definidos<br />
pelo fabricante. Estes blocos devem seguir os conceitos<br />
básicos definidos pela FF. O fabricante cria uma DD nova<br />
para incluir os blocos padrões mais os blocos customizados,<br />
criando assim a DD do equipamento.<br />
Os blocos dos sensores, denominados blocos<br />
transdutores, são muitas vezes customizados, pois<br />
refletem a tecnologia utilizada na confecção dos<br />
sensores. Porém, para alguns tipos de sensores, estão<br />
sendo padronizados conjuntos básicos de parâmetros<br />
que podem ser utilizados pelos fabricantes e então<br />
registrados pela FF. Já foram normalizados blocos<br />
transdutores para medição de vazão, temperatura,<br />
pressão e para posicionadores.<br />
Alguns usuários solicitam a criação de blocos exclusivos,<br />
blocos que só podem ser utilizados pelas empresas<br />
afiliadas à empresa que definiu o bloco. Estes blocos<br />
não são nem mesmo registrados devido às restrições de<br />
divulgação de seu conteúdo.<br />
BLOCOS FLEXÍVEIS<br />
Os blocos flexíveis podem ter diferentes graus de<br />
flexibilidade: i) Parâmetros pré-definidos; ii) Parâmetros<br />
definidos pelo usuário; iii) Controle de execução (pare/<br />
execute) comandado via serviços de comunicação. O<br />
algoritmo do bloco é definido pelo próprio usuário através de<br />
ferramenta de configuração do equipamento fornecida pelo<br />
fabricante do equipamento.<br />
Por exemplo, um bloco flexível poderia permitir que o<br />
usuário definisse uma expressão matemática complexa<br />
envolvendo um conjunto de entradas e saídas, ou<br />
suportar uma lógica ladder para fazer intertravamento<br />
de uma planta ou parte de uma planta. Veja que isto<br />
permite a integração da programação típica dos<br />
Controladores Lógicos Programáveis com os blocos<br />
funcionais utilizados nos SDCDs. Com esta tecnologia,<br />
o usuário pode criar o seu próprio bloco e manter<br />
uma biblioteca de aplicações de sua empresa para<br />
duplicação e reutilização.<br />
18 InTech 140<br />
FF-ROM: FIELDBUS FOUNDATION<br />
PARA GERENCIAMENTO<br />
DE OPERAÇÕES R<strong>EM</strong>OTAS<br />
Em 2005, a FF iniciou um novo projeto para atender<br />
as aplicações remotas. A maioria dos sistemas<br />
integra as aplicações remotas com tecnologias<br />
diferentes da tecnologia do sistema de controle da<br />
planta, necessitando de ferramentas especiais e não<br />
integradas para a configuração destas aplicações. Outra<br />
constatação é que geralmente os dados de diagnósticos<br />
obtidos e gerenciados nos sistemas de controle não<br />
estão disponíveis nas aplicações remotas. Além disso,<br />
em alguns casos, as decisões são tomadas através de<br />
dados de históricos coletados, pois não se tem dados em<br />
tempo real confiáveis.<br />
Um conjunto de blocos foi definido pela FF para<br />
padronizar e integrar as aplicações remotas com<br />
os sistemas que utilizam a tecnologia da FF (Figura<br />
2). Equipamentos que incorporam estes blocos<br />
são denominados equipamentos ROM e devem ser<br />
registrados pela FF.<br />
Os blocos produzidos neste projeto oferecem acesso<br />
a diferentes tecnologias, tais como: 4-20mA, sinais<br />
discretos de entrada e saída, equipamentos HART e<br />
equipamentos WirelessHART, e ISA 100.11a. Outros<br />
protocolos, como Modbus, Profibus, DeviceNet e ASI,<br />
deverão ser integrados futuramente.<br />
Novos conceitos criados por este projeto: a) Bloco de<br />
associação; b) VAR_NAME & CHANNEL_TAG; c) Novos blocos<br />
funcionais de entrada e saída MBI-64, MBO-64, MAI-16 e<br />
MAO-16; d) Bloco Transdutor HART/WirelessHART; e)<br />
Bloco Transdutor HART gateway.<br />
Figura 2 – Blocos definidos pela FF para suportar ROM.
InTech 140 19
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
a) Bloco de associação: os equipamentos ROM geralmente<br />
são constituídos de vários módulos de entrada e saída,<br />
cada um suportando um ou mais tipos de sinais:<br />
analógicos, discretos, HART, WirelessHART, H1, etc.<br />
Cada módulo é mapeado como um bloco transdutor. Os<br />
módulos para uma determinada aplicação do usuário são<br />
configurados pela ferramenta de configuração do sistema<br />
FF através da parametrização do bloco de associação.<br />
Para cada módulo temos um parâmetro no bloco de<br />
associação para informar o tipo do módulo e suas<br />
propriedades para o sistema.<br />
b) VAR_NAME & CHANNEL_TAG: diferentemente dos<br />
equipamentos de controle que geralmente produzem um<br />
dado de processo por bloco transdutor, os equipamentos<br />
ROM integram vários dados de processo num mesmo<br />
bloco transdutor.<br />
Cada ponto de entrada e saída recebe um nome (tag)<br />
denominado de VAR_NAME. Os blocos funcionais de<br />
entrada e saída referenciam o ponto de entrada/saída<br />
dos transdutores através do parâmetro CHANNEL_TAG.<br />
Assim, o casamento de VAR_NAME com o CHANNEL_<br />
TAG promove a associação dos pontos de entrada e saída.<br />
Ao invés de números, como no conceito do parâmetro<br />
CHANNEL usado nos blocos do H1, o tag foi usado para<br />
facilitar a identificação e diferenciação do usuário. O<br />
usuário atribui nomes que fazem sentido para a sua<br />
equipe nos parâmetros VAR_NAMEs/CHANNEL_TAGs.<br />
c) Novos blocos funcionais de entrada e saída MBI-64,<br />
MBO-64, MAI-16 e MAO-16: blocos com uma única<br />
saída ou entrada com múltiplas variáveis de processo.<br />
Estes blocos podem ser conectados com os blocos de<br />
controle dos equipamentos ROM de forma a permitir<br />
uma transferência de dados eficiente utilizando melhor<br />
a banda de comunicação para os dados de controle.<br />
Consequentemente, em uma única conexão, podese<br />
transferir ao mesmo tempo 64 dados binários ou 16<br />
dados no formato status mais valor em ponto flutuante.<br />
d) Bloco Transdutor HART/WirelessHART: cada<br />
equipamento HART e/ou WirelessHART é<br />
representado por um bloco transdutor. As variáveis<br />
de processo lidas destes equipamentos são mapeadas<br />
20 InTech 140<br />
em pontos de entrada e/ou saída do transdutor, e cada<br />
uma possui um VAR_NAME atribuído pelo configurador<br />
do sistema. O configurador pode associar os blocos<br />
funcionais a estas variáveis através do parâmetro<br />
CHANNEL_TAG e utilizá-las na sua estratégia de controle.<br />
Este bloco transdutor também provê os dados<br />
de diagnóstico do equipamento HART ou<br />
WirelessHART no formato requisitado pela NAMUR<br />
e, desta forma, para o usuário um equipamento FF e<br />
HART é mapeado de forma similar num sistema que<br />
utilize estes novos conceitos e produz os mesmos tipos<br />
de notificação de alarme.<br />
Este bloco também provê acesso aos dados de<br />
configuração e manutenção do equipamento HART<br />
ou WirelessHART através de parâmetros de passagem<br />
dos comandos HART. Qualquer comando pode ser<br />
enviado através destes parâmetros, e será trocado com o<br />
equipamento associado a este bloco transdutor.<br />
e) Bloco Transdutor HART gateway: este bloco provê<br />
informações dos equipamentos presentes ou esperados<br />
pelo equipamento ROM.<br />
Esta é uma funcionalidade geralmente provida pelo<br />
sistema de gerenciamento da rede. Como estamos<br />
provendo acesso a redes não-nativas da Fieldbus<br />
Foundation, criamos uma maneira de prover esta<br />
informação através de um bloco transdutor.<br />
CONCLUSÃO<br />
Os blocos da FF são ferramentas poderosas e flexíveis<br />
que promovem a fácil integração de funcionalidades,<br />
equipamentos e sistemas.<br />
O uso dos blocos dá aos fabricantes uma facilidade<br />
e rapidez no desenvolvimento e integração de novas<br />
funcionalidades em seus produtos e sistema. Garante,<br />
também, a interoperabilidade com demais equipamentos<br />
e sistemas FF.<br />
Para os usuários, permite a reutilização dos conceitos<br />
assimilados com um bloco em novos blocos<br />
disponibilizados pelos fabricantes de equipamentos.<br />
Permite também a fácil integração de novos equipamentos<br />
em suas aplicações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1. FF-890 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />
Process Part 1.<br />
2. FF-891 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />
Process Part 2.<br />
3. FF-892 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />
Process Part 3.<br />
4. FF-893 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />
Process Part 3.<br />
5. FF-894 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />
Process Part 5.<br />
6. FF-903 FOUNDATION Specification Pressure Transducer Block.<br />
7. FF-904 FOUNDATION Specification Temperature Transducer Block.<br />
BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />
8. FF-906 FOUNDATION Specification Positioner<br />
Transducer Block.<br />
9. FF-908 FOUNDATION Specification Flow<br />
Transducer Block.<br />
10. FF-633 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />
Process Part 6 for HSE Remote IO.<br />
11. FF-061 FOUNDATION Specification Addendum<br />
to System Architecture for Wired<br />
& Wireless Input/Output (WIO).<br />
12. FF-915 FOUNDATION Specification Transducer Block<br />
for HSE RIO Module.<br />
13. FF-913 FOUNDATION Specification Transducer Block<br />
for Wired and WirelessHART Devices.<br />
InTech 140 21
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
DE PRODUTOS<br />
Marcos Peluso (marcos.peluso@emerson.com),<br />
Distinguished Technologist, Emerson Process Management.<br />
22 InTech 140
INTRODUÇÃO<br />
Ao desembarcar em um aeroporto, é muito comum<br />
encontrar uma porção de pessoas esperando seus convidados<br />
ou clientes. Essas pessoas costumavam segurar cartazes<br />
com o nome do passageiro (a) e/ou a empresa que ele (a)<br />
representa. Aqueles pedaços de papelão estão dando lugar a<br />
tablets e mesmo laptops. E os improvisados garranchos foram<br />
substituídos por textos legíveis, acompanhados de logotipos<br />
e até mesmo música tema. As pessoas podem verificar o<br />
status do voo que estão esperando diretamente no website<br />
da companhia aérea, podem comunicar através de e-mail,<br />
mensagem de textos, ver fotografia da pessoa esperada, etc.<br />
Enquanto alguns utilizam a ferramenta de forma criativa<br />
para tornar seu trabalho mais eficiente e até mesmo fazer<br />
propaganda institucional das empresas que representam,<br />
outros somente substituíram o papel por um display<br />
iluminado.<br />
Os profissionais da área de automação, fornecedores<br />
ou usuários, muitas vezes agem da mesma forma. Os<br />
instrumentos e sistemas inteligentes comunicando<br />
através de barramentos de campo, oferecem um campo<br />
extremamente fértil para a criação de produtos, ferramentas<br />
e procedimentos que ajudam a reduzir tempos de instalação,<br />
comissionamento, operação da planta e manutenção.<br />
Mas como no caso dos cartazes, o potencial oferecido pela<br />
tecnologia ainda não tem sido explorado em sua plenitude<br />
por parte do mercado. Muitas empresas ainda oferecem<br />
produtos com a mesma funcionalidade oferecida pelos<br />
antigos instrumentos analógicos, sem tirar vantagem<br />
da maior disponibilidade de energia e de capacidade de<br />
comunicação. E usuários ainda utilizam os produtos da<br />
mesma forma como utilizavam os instrumentos em 4-20 mA,<br />
por falta de treinamento adequado ou por dificuldade em<br />
explorar novas funções e processos. E as normas precisaram<br />
evoluir para atender algumas áreas que a experiência<br />
demonstrou que precisavam ser melhoradas.<br />
A SITUAÇÃO INICIAL<br />
Num passado não muito distante, os congressos de<br />
automação organizavam intermináveis mesas redondas<br />
para discutir instrumentação pneumática x eletrônica,<br />
segurança intrínseca x prova de explosão, transmissores<br />
BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />
analógicos x digitais, controladores analógicos x controle<br />
digital, reles x CLP, controladores single loop x SDCD,<br />
ligação individual de instrumento x ligação via barramentos<br />
de campo e agora assistimos a discussão sobre redes<br />
wireless x redes com fio.<br />
Mas o que é surpreendente é que apesar de toda a<br />
evolução da tecnologia, o potencial que essa evolução<br />
oferece para reduzir custos e melhorar qualidade tem sido<br />
muito pouco explorado.<br />
Segundo pesquisas, uma das razões para a exploração parcial<br />
dos benefícios é que o investimento em treinamento não é<br />
fácil de justificar. Ou, como ocorre muitas vezes, a prioridade<br />
é colocar a planta em operação e a melhoria de desempenho<br />
é deixada para mais tarde, e nunca acaba ocorrendo.<br />
Todos nós conhecemos exemplos de malhas de controle que<br />
nunca foram sintonizadas, jumpers de interlocks que nunca<br />
foram removidos, desenhos “as-builts” que nunca foram<br />
passados a limpo, etc. Tempo sempre foi muito curto e hoje<br />
em dia é ainda mais curto porque o número de pessoal<br />
técnico foi extremamente reduzido e as plantas são maiores<br />
e mais complexas.<br />
Mas parte do problema é que muitos dos produtos<br />
lançados inicialmente no mercado expuseram as vísceras<br />
da comunicação, exigindo do usuário um conhecimento<br />
mais profundo da tecnologia, o que não faz sentido. Várias<br />
dessas operações deveriam ocorrer automaticamente,<br />
sem que o usuário precisasse intervir ou mesmo saber que<br />
estavam ocorrendo.<br />
Como exemplo, hoje é possível fazer uma ligação telefônica<br />
para qualquer lugar do planeta apertando uma simples tecla<br />
no telefone. Imagine se tivéssemos que saber o código das<br />
diversas estações e satélites pelos quais a ligação deve passar,<br />
além dos detalhes do protocolo de comunicação utilizado<br />
pelas diferentes concessionárias envolvidas no processo.<br />
Haveria muito poucas ligações.<br />
Os barramentos de campo têm tudo para fazer uma porção<br />
de coisas automaticamente, de maneira muito mais simples,<br />
eficiente e segura do que os métodos convencionais.<br />
A situação é muito parecida com a dos finados vídeos<br />
cassetes. Os toca-fitas tinham uma porção de funções que<br />
permitiam ao usuário gravar a novela ou jogo de futebol<br />
quando uma visita inesperada aparecia, mas ninguém<br />
conseguia fazer isso direito. Era a coisa mais comum ver<br />
InTech 140 23
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
o relógio piscando um horário errado por que ninguém<br />
conseguia entrar a data e horário corretos.<br />
O problema é que a interface de programação era muito<br />
complicada e difícil de entender. A maioria dos usuários<br />
comprava equipamentos sofisticados, mas acabavam se<br />
contentando em só usar a tecla “play”.<br />
Chegaram os DVDs, DVRs, Blue Rays, etc., e tudo se<br />
tornou muito mais fácil e automático. O horário é ajustado<br />
automaticamente, a lista de programas é apresentada por<br />
gênero, canal, horário etc. Tudo muito claro e intuitivo.<br />
Bem, onde estamos indo com esta conversa? Na verdade<br />
nosso mercado não é muito diferente do mercado<br />
consumidor. Somente as empresas fornecedoras e usuárias<br />
de equipamento pensam ao contrario.<br />
A menos que a implementação das funções adicionais não<br />
requeira um esforço muito grande, a probabilidade que elas<br />
sejam utilizadas fica bastante reduzida. Os benefícios das funções<br />
adicionais têm que ser muito grandes para justificar o esforço<br />
de implementá-las. E, muitas vezes, esses benefícios não são<br />
de interesse imediato, o que acaba justificando a postergação.<br />
É claro que os equipamentos de automação são complexos<br />
e que a sua utilização requer um bocado e conhecimento e<br />
preparação. Se assim não fosse, nós engenheiros teríamos<br />
que vender salgadinhos. Mas será que os instrumentos atuais<br />
têm que ser utilizados exatamente como eram utilizados os<br />
seus antepassados?<br />
A EVOLUÇÃO DO MERCADO<br />
Os barramentos de campo chegaram ao mercado nos<br />
anos 90. A comunicação por 4-20mA foi substituída por<br />
comunicação digital e os instrumentos foram equipados<br />
com mais e melhores diagnósticos, blocos de funções,<br />
capacidade de comunicar com outros instrumentos<br />
e funcionalidade que permite simplificar instalação,<br />
comissionamento, operação e manutenção.<br />
Mas como aconteceu com os primeiros videocassetes, a<br />
configuração dos equipamentos de campo e sistemas não<br />
primavam pela simplicidade. Usuários pressionados para colocar<br />
uma planta em operação acabaram se limitando a utilizar os<br />
mesmos procedimentos de comissionamento do passado e as<br />
funções mais básicas dos equipamentos utilizados.<br />
24 InTech 140<br />
A variedade de instrumentos, sistemas e ferramentas era<br />
bastante reduzida, e quando as coisas não iam bem, os<br />
técnicos não sabiam muito bem como encontrar a origem do<br />
problema, mesmo porque as ferramentas inexistiam ou eram<br />
muito difíceis de operar.<br />
Além disso, a redução de custo de capital em função<br />
da redução do número de cabos, caixas de junção,<br />
bandejamento, armários de roteamento, armários de<br />
cartões de entrada e saída, etc. acabava sendo corroída<br />
pelo custo mais alto dos equipamentos, cabos e fontes de<br />
alimentação. Empresas de engenharia também tiveram que<br />
passar por uma curva de aprendizado, e o custo de projeto,<br />
que deveria ser bem menor, acabou não sendo tão menor<br />
como esperado.<br />
A oferta de equipamentos era também reduzida, e a<br />
demanda limitada, o que contribuía para o aumento do custo<br />
e, consequentemente, do preço.<br />
Houve ainda áreas de desapontamento por parte de alguns<br />
usuários, pois utilizaram fornecedores que lançaram produtos<br />
no mercado que ainda tinham muitos problemas de projeto,<br />
performance e de falta de suporte.<br />
SITUAÇÃO ATUAL<br />
Hoje o mercado mudou bastante. Praticamente todos os<br />
fornecedores tradicionais de equipamento de campo e de<br />
sistemas oferecem soluções em Fieldbus e/ou Profibus. Por<br />
exemplo, uma simples visita a pagina da Fieldbus Foundation<br />
na internet mostra:<br />
• 46 opções para transmissores de pressão<br />
• 52 opções para transmissores de vazão<br />
• 57 opções para transmissores de nível<br />
• Vários fornecedores para fontes de alimentação,<br />
condicionares de potencia, terminadores, blocos de<br />
terminais com proteção de curto circuito, etc.<br />
Como exemplo do aumento da oferta, a Figura 1<br />
mostra o crescimento de produtos registrados pela<br />
Fieldbus Foundation e a Figura 2 mostra a diversidade<br />
dos produtos.
InTech 140 25
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
Figura 1 – Número de produtos registrados pela Fieldbus Foundation.<br />
Figura 2 – Tipos de produtos registrados pela Fieldbus Foundation.<br />
A Fieldbus Foundation aumentou a cobertura de teste de<br />
instrumentos, arquivos, sistemas de controle e componentes<br />
auxiliares, reduzindo para praticamente zero os problemas de<br />
interoperabilidade.<br />
Em função do aumento de demanda e da concorrência, o<br />
custo adicional para instrumentos Fieldbus ou Profibus nos<br />
dias de hoje, de um modo geral, varia de 0 a 5 %.<br />
A variedade de instrumentos oferecida pelos diversos<br />
fornecedores estendeu a utilização de barramentos de campo<br />
em praticamente todos os tipos de aplicações.<br />
E desde a inserção de Fieldbus no mercado, os instrumentos<br />
de campo passaram por uma grande evolução. O tempo para<br />
execução de blocos de função foi reduzida por certos fornecedores<br />
em mais de 80%, permitindo ciclos de controle mais rápidos.<br />
26 InTech 140<br />
Os chamados Network Parameters, que governam os tempos<br />
entre mensagens no barramento e o tempo de espera<br />
alocado para a resposta a uma solicitação, entre outras<br />
coisas, também sofreram uma grande redução, tornando as<br />
redes mais rápidas e eficientes.<br />
DIAGNÓSTICOS<br />
A evolução dos microprocessadores e de outros<br />
componentes eletrônicos permitiu que instrumentos<br />
tivessem diagnósticos avançados que oferecem informações<br />
importantes sobre a saúde da variável de processo, do<br />
instrumento e até mesmo do processo.<br />
Para permitir um acesso organizado a esses diagnósticos,<br />
a Fieldbus Foundation desenvolveu a norma FF-912<br />
que estabelece as regras para categorizar os alertas<br />
originados nos diagnósticos dos instrumentos de campo<br />
em quatro tipos:<br />
• Falha – Quando o diagnóstico indica que o sinal é<br />
inválido, devido à falha no instrumento ou periféricos.<br />
• Fora de especificação – O sinal é válido, mas o<br />
instrumento está operando fora das especificações, por<br />
exemplo, a temperatura ambiente é muito alta.<br />
• Requer Manutenção - O sinal é válido e bom, mas a vida<br />
do sensor, por exemplo, está chegando ao final e o sensor<br />
precisa ser substituído.<br />
• Cheque de Função – Se o instrumento está<br />
sendo submetido à manutenção, o sinal se torna<br />
temporariamente inválido.<br />
Figura 3 – A recomendação NAMUR 107 como parte das normas<br />
Fieldbus e Profibus.
InTech 140 27
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
A categorização foi sugerida pela NAMUR, associação de<br />
empresas usuárias da Europa, envolvendo empresas como<br />
Basf, Bayer, Shell, Dow, etc. através da recomendação<br />
NE107. Ela pode ser configurada pelo usuário e alertas<br />
podem ser suprimidos, simulados e priorizados. Cada alerta<br />
deve oferecer uma recomendação sobre o que fazer para<br />
sanar o problema.<br />
Novos instrumentos ou revisões de instrumentos existentes<br />
para que possam ser registrados na Fieldbus Foundation<br />
deverão estar conformes com essa norma. Os existentes não<br />
precisam ser registrados novamente.<br />
E para tornar a interface entre o instrumento e usuário<br />
mais fácil e intuitiva, a linguagem eletrônica que interpreta<br />
os dados (EDDL), foi ampliada para permitir utilização<br />
de gráficos, desenhos, fotos, etc. As interfaces humanomáquinas<br />
puderam oferecer mais informações melhores,<br />
mais claras e consistentes de instrumento para instrumento,<br />
reduzindo ou eliminando a necessidade de treinamento.<br />
A Figura 4 mostra exemplos do que pode ser feito com a<br />
melhoria do EDDL.<br />
Profibus PA também introduziu a recomendação NE107 e<br />
também utiliza o EDDL avançado.<br />
Figura 4 – Exemplos de interfaces utilizando a nova versão de EDDL.<br />
28 InTech 140<br />
Fieldbus e Profibus utilizam também FDT-DTM como interface<br />
para os instrumentos. Recentemente foi estabelecida uma<br />
organização formada pela Fieldbus Foundation, HART<br />
Foundation, Profibus Organization e FDT-DTM Organization<br />
para convergir as duas tecnologias.<br />
SUBSTITUIÇÃO DE INSTRUMENTOS<br />
Em Fieldbus, em teoria, uma nova revisão de um tipo<br />
de instrumento pode modificar completamente o<br />
instrumento. Essa característica oferece uma flexibilidade<br />
muito grande, mas pode complicar um pouco a<br />
substituição de instrumentos numa planta em operação.<br />
Se os arquivos do novo instrumento não foram instalados<br />
no sistema de controle, é possível que o instrumento não<br />
possa ser utilizado.<br />
Para possibilitar uma substituição sem problemas, a Fieldbus<br />
Foundation lançou um Application Note que estabelece<br />
um parâmetro chamado Compatibility Rev. Esse parâmetro<br />
descreve as regras de compatibilidade de um instrumento<br />
com revisões previas. Com isso, é possível substituir um<br />
instrumento por um com revisão mais nova sem que seja<br />
necessário carregar os arquivos de suporte da nova revisão ou<br />
ter que se preocupar com perda de funcionalidade. As novas<br />
revisões devem ser compatíveis com revisões anteriores.<br />
<strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
Muitas vezes, o sistema de controle tem na base de dados<br />
a lista de todos os parâmetros que um instrumento suporta<br />
e, durante o download, procura escrever todos esses<br />
parâmetros nos instrumentos. Muitos desses parâmetros<br />
não podem ser escritos, outros só podem ser escritos se<br />
uma série de condições for satisfeita. Como consequência,<br />
durante o download muitas mensagens de erro são<br />
registradas e/ou são necessárias várias tentativas de escrever<br />
parâmetros com condicionais.<br />
Para eliminar esse problema, a Fieldbus Foundation<br />
estabeleceu a lista de coisas que não devem fazer parte do<br />
download e como desarmar a escrita condicionada. Essa<br />
lista é incorporada nos arquivos de suporte do instrumento<br />
e o sistema de controle utiliza a informação para evitar<br />
escritas desnecessárias ou fora de ordem. Com isso o<br />
comissionamento é mais rápido e eficiente.
InTech 140 29
capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />
SIST<strong>EM</strong>AS DE SEGURANÇA<br />
Em Fieldbus, a variável de processo é sempre acompanhada<br />
de status, que descreve a saúde da variável e do instrumento<br />
de campo. Se o valor medido é questionável, a condição<br />
é representada no status. E o valor do status é computado<br />
pelos blocos de controle que podem colocar uma malha em<br />
manual ou numa posição de segurança.<br />
Esta e outras características técnicas de Fieldbus são<br />
ideais para sua utilização em sistemas de segurança.<br />
Vários usuários de grande porte identificaram o poder<br />
dos diagnósticos e a facilidade de acesso aos mesmos,<br />
através de Fieldbus e como isso pode aumentar a<br />
confiabilidade e aumentar a disponibilidade dos<br />
sistemas de segurança.<br />
Para que a tecnologia Fieldbus possa ser utilizada em sistemas<br />
de segurança, foi preciso adicionar o chamado Canal Negro,<br />
que permite maior confiabilidade da comunicação digital, e<br />
blocos de funções específicos para segurança. Instrumentos<br />
devem atender a norma IEC 61508.<br />
Figura 5 – O Canal Negro nas aplicações de segurança.<br />
Figura 6 – Fieldbus nos sistemas de segurança.<br />
30 InTech 140<br />
Instrumentos Fieldbus para sistemas de segurança deverão<br />
atingir o mercado em 2013.<br />
MANUTENÇÃO<br />
Existem ferramentas de troubleshooting que oferecem<br />
importantes informações sobre a instalação de maneira<br />
simples e objetiva, permitindo que mesmo uma pessoa não<br />
treinada saiba o que está errado numa rede.<br />
Existem instrumentos bem simples, com a simples indicação<br />
“Verde”, significando que tudo está bem, e “Vermelho” para<br />
indicar que existe um problema com a instalação.<br />
Outros oferecem informações detalhadas, indicando o nível<br />
de sinal de cada instrumento e do sistema, nível de ruído,<br />
número de tokens perdidos por instrumento, e até mesmo<br />
um osciloscópio simplificado.<br />
E mais instrumentos desse tipo estão para ser lançados no<br />
mercado por diversas empresas.<br />
WIRELESS<br />
A Fieldbus Foundation, a Profibus Organization, a HART<br />
Foundation e a Modbus Organization formaram o<br />
Wireless Cooperation Team, que está criando normas que<br />
permitem o mapeamento de WirelessHART em Fieldbus,<br />
Profibus e Modbus.<br />
Com isso, o WirelessHART pode ser automaticamente<br />
conectado a sistemas que trabalhem com Fieldbus, Profibus<br />
ou Modbus. O mesmo ocorrerá com ISA S100.11a.<br />
CONCLUSÕES<br />
A tecnologia Fieldbus está em constante evolução. Novas<br />
diretivas e funções foram introduzidas para aumentar a<br />
usabilidade dos instrumentos e sistemas Fieldbus. Novos e<br />
criativos instrumentos têm sido introduzidos no mercado<br />
para aumentar ainda mais produtividade.
InTech 140 31
case ETHERNET IP<br />
ETHERNET/IP APLICADA<br />
À INSTRUMENTAÇÃO DE CAMPO<br />
André Nadais (andre.nadais@br.endress.com),<br />
Gerente de Produtos de Vazão, Endress+Hauser Controle e Automação Ltda.;<br />
Marcos Vinicius de Lima (marcus.lima@ype.ind.br), Tecnologia da automação; e<br />
Rogério Oliveira da Costa (rogerio.costa@ype.ind.br), Tecnologia da Automação,<br />
Engenharia de instrumentação, ambos da Química Amparo.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A solução apresentada nesse artigo representa uma empresa<br />
brasileira que adotou uma tecnologia com intenção de<br />
reduzir custos de instalação e melhorar a quantidade<br />
de informações obtidas de um processo, usando um<br />
novo sistema de comunicação para integração direta e<br />
transparente de equipamentos de campo. Em sistemas<br />
de controle a utilização de Ethernet já é uma realidade na<br />
maioria das plantas industriais. Diversas tendências apontam<br />
isso como o início de uma era na busca por um único<br />
barramento de comunicação [1]. O usuário familiarizado, a<br />
redução de hardware e a facilidade de integração são alguns<br />
dos fatores que tornam o Ethernet um padrão cada vez mais<br />
popular. O surgimento dos primeiros medidores de processo<br />
em EtherNet/IP permitiu levar o barramento Ethernet até<br />
32 InTech 140<br />
Foto: André Nadais/ Endress+Hauser.<br />
o os dispositivos de campo e isso foi feito pela empresa<br />
paulista Química Amparo ao instalar os primeiros medidores<br />
de vazão em Ethernet no Brasil, se tornando uma referência<br />
para outras empresas no segmento. A empresa queria<br />
monitorar os medidores de vazão utilizados na medição de<br />
matéria prima, e adotou medidores coriolis multivariáveis<br />
com comunicação em EtherNet/IP para fazer a medição de<br />
vazão mássica, densidade e temperatura e obter um melhor<br />
controle do processo. Ao total foram instalados 16 medidores<br />
de vazão, sendo 4 para preparação de carga de matéria prima<br />
utilizados na fabricação de sabão em barra e 12 utilizados na<br />
fabricação de matéria prima para a produção de detergente.<br />
Sobre a Química Amparo<br />
A Química Amparo é uma empresa 100% brasileira que<br />
deu início as atividades empresariais em 6 de novembro de<br />
1950 em Amparo, uma pequena cidade do interior de São<br />
Paulo. Nessa comunidade, no caminho do “Circuito das<br />
Águas” paulista, inicialmente foi produzido o tradicional<br />
Sabão em Barra Ypê [5]. Sob a liderança do fundador<br />
Waldyr Beira, a empresa se desenvolveu, ganhou o mercado<br />
nacional e também passou a exportar para outros países.<br />
Impulsionados pela busca permanente da qualidade e<br />
atentos à evolução tecnológica, imprimiram valor à marca<br />
e conquistaram o reconhecimento dos consumidores,<br />
oferecendo produtos desenvolvidos dentro de rigorosos<br />
padrões de qualidade e eficiência [5].
InTech 140 33
case ETHERNET IP<br />
Foto: Divulgação Química Amparo.<br />
Figura 1 – Produtos da Química Amparo Ltda.<br />
Não é intenção desse artigo, descrever profundos detalhes de<br />
redes de comunicação baseada em Ethernet, porém, apenas<br />
descrever como foi possível implementar um sistema 100%<br />
baseado em protocolos Ethernet e quais foram os benefícios<br />
por trás dessa implementação.<br />
SOBRE O ETHERNET/IP <strong>EM</strong> INSTRUMENTAÇÃO<br />
É comum associarmos o protocolo Ethernet com a rede que<br />
temos em casa ou no escritório para interligar computadores,<br />
isto é, o Ethernet TCP/IP, porém, durante a última década<br />
diversas variações de Ethernet surgiram para atender exigências<br />
da indústria. Por esse motivo, quando mencionamos Ethernet<br />
no meio industrial, estamos falando apenas do meio físico<br />
utilizado por essa rede e não do protocolo que está trafegando.<br />
A boa notícia é: todos esses diferentes protocolos trafegam<br />
sobre o mesmo meio físico Ethernet com os padrões já<br />
conhecidos das redes TCP/IP sobre a norma IEEE 802.3 a má<br />
noticia: eles não falam a “mesma língua” e nem sempre podem<br />
trafegar ao mesmo tempo [2] atualmente existem 14 diferentes<br />
protocolos baseados em Ethernet [3].<br />
Figura 2 – Estrutura de um sistema de controle adotando rede Ethernet<br />
desde o sistema de TI até os equipamentos de campo.<br />
Um desses padrões é o EtherNet/IP – Industrial Protocol,<br />
introduzido pela Rockwell Automation em 2001 e atualmente<br />
administrado por uma organização independente, a ODVA<br />
(www.odva.org), e por esse motivo é suportado por centenas de<br />
fabricantes dando mais liberdade de escolha aos usuários finais.<br />
34 InTech 140<br />
O EtherNet/IP usa a camada física do Ethernet e os protocolos de<br />
padrões de Ethernet e Internet, permitindo a utilização de um<br />
hardware comum de Ethernet baseados em IEE802.3 incluindo<br />
cabos, fibra óptica, gateways, soluções wireless, etc. [4].<br />
Foto: André Nadais/ Endress+Hauser.<br />
Figura 3 – Dois conectores Ethernet RJ45, dentro do alojamento do<br />
medidor, permitindo a montagem de uma rede entre equipamentos.<br />
A Ethernet tem chegado aos instrumentos de campo, o<br />
recente lançamento de um medidor de vazão multivariável<br />
Coriolis com conexão para rede Ethernet, permitiu a todas<br />
as variáveis de medição e status de operação do medidor<br />
sejam conectados ao supervisório usando apenas um cabo<br />
de comunicação e mantendo o mesmo meio físico em toda a<br />
rede reduzindo a quantidade de hardware na rede.<br />
Trabalhando via Ethernet pôde-se trafegar em redes de alta<br />
velocidade, de até 1Gbps, e de acordo com o fabricante<br />
os dados de medição são atualizados a cada 60ms [6] para<br />
todas as variáveis de medição enviadas ao sistema de controle<br />
(Vazão mássica, vazão volumétrica, densidade, temperatura,<br />
viscosidade, vazão volumétrica corrigida e até três totalizadores)<br />
além do diagnóstico de operação do instrumento.<br />
O fato do EtherNet/IP trabalhar como o mesmo padrão de<br />
rede do TCP/IP permitiu a implementação de uma servidor<br />
de web dentro do equipamento, permitindo o acesso a toda<br />
configuração através de browser de Internet e usando o mesmo<br />
cabo e eliminando a necessidade de qualquer hardware ou<br />
software adicional para a configuração do equipamento.<br />
Figura 4 – Fácil acesso na configuração, através de um browser<br />
de Internet (ex. Internet Explorer, Firefox, Chrome, etc.).
MOTIVOS NA ESCOLHA<br />
A adoção do EtherNet/IP como protocolo de campo<br />
a ser utilizado na Química Amparo começou com a<br />
necessidade de leitura de diversas variáveis de um mesmo<br />
equipamento, em um sistema tradicional usando sinais<br />
analógicos, um par de cabos é necessário para cada<br />
variável, a adoção de um protocolo digital reduziu isso<br />
a apenas um cabo por equipamento. O segundo passo<br />
foi determinar qual protocolo digital a ser escolhido, o<br />
uso de um protocolo baseado em Ethernet, permitiu a<br />
mesma estrutura já existente ser usada na integração de<br />
novos equipamentos sem a necessidade de hardwares<br />
adicionais, reduzindo custos com hardware e tempo de<br />
integração adicional.<br />
Outros benefícios do EtherNet/IP foram importantes<br />
para a escolha final da solução, como a leitura em<br />
tempo real (60mS) a facilidade de integração e acesso<br />
ao medidor em qualquer computador conectado a<br />
rede Ethernet, todos esses fatores estão resumidos na<br />
Tabela 1 a seguir:<br />
Tabela 1 – Benefícios na utilização do uma rede baseada em Ethernet.<br />
Demanda por lei Um protocolo digital traz todas<br />
diversas variáveis as variáveis sobre o mesmo cabeamento.<br />
Familiaridade com Redes Ethernet estão presentes em todo<br />
redes Ethernet lugar e usuários estão familiarizados com<br />
as necessidades desse protocolo (cabo,<br />
endereço, etc.).<br />
Menor custo A integração direta elimina a necessidade<br />
de instalação gateways e conversores intermediários.<br />
Menor tempo A integração direta com menos hardwares<br />
de instalação na rede e menor necessidade<br />
e manutenção de manutenção.<br />
Acesso disponível Através de servidor de Web de qualquer<br />
em qualquer local computador da rede ou através do próprio<br />
controlador de processo, sem a necessidade<br />
de um software adicional.<br />
Maior velocidade Dados trafegam em uma rede de 1Gbps<br />
de comunicação com tempo de leitura de 60ms.<br />
ESTRUTURA DE IMPL<strong>EM</strong>ENTAÇÃO<br />
ETHERNET IP case<br />
Os medidores foram conectados a um anel de rede<br />
Ethernet de 1GBps formado por switches industriais,<br />
onde já estavam conectadas algumas unidades<br />
remotas de Flex IO da Rockwell Automation. Esse anel<br />
é composto de 6 switches industriais gerenciáveis que<br />
são responsáveis por multiplicar os pontos de conexão,<br />
e de onde de sai o cabo Ethernet para cada medidor<br />
Coriolis da mesma forma como o cabo é conectado<br />
ao controlador em EthernNet/IP e aos computadores<br />
clientes. Por fim o anel está conectado a um switch<br />
remoto (extreme black diamond 8810) através de uma<br />
rede Ethernet em fibra óptica.<br />
A mesma rede em que está trafegando o EtherNet/IP<br />
está conectado aos computadores que estão trafegando<br />
o Ethernet TCP/IP, e por isso qualquer computador da<br />
rede pode diretamente acessar os medidores, bastando<br />
apenas conhecer o endereço IP do medidor. A rede<br />
começou com 16 medidores de vazão, e visto sucesso<br />
de primeira fase foi expandida, com atual plano já está<br />
atingindo 33 medidores Coriolis ao longo do processo<br />
de produção de matéria prima.<br />
Figura 5 – Topologia adotada para instalação dos medidores de vazão<br />
Coriolis direto ao anel de rede Ethernet.<br />
Tabela 2 – Lista de hardware utilizado.<br />
Switches Advantech, EKI-7657C, EKI-7656C, EKI-7654C,<br />
EKI-7659C, gerenciáveis.<br />
Controlador Rockwell, Control Logix L72 e L61.<br />
Coriolis Endress+Hauser Promass 83F.<br />
InTech 140 35
case ETHERNET IP<br />
Foto: André Nadais/ Endress+Hauser.<br />
Figura 6 – Medidores de vazão Coriolis em Ethernet/IP junto à equipe<br />
que participou da implementação do projeto.<br />
Figura 7 – Sistema de controle recebe<br />
o cabo de rede direto de um switch.<br />
CONCLUSÃO<br />
A busca por uma padronização de protocolos de<br />
redes industriais já começou e isso já chegou ao<br />
nível de instrumentação, a solução adotada pela<br />
Química Amparo para comunicação com medidores<br />
multivariáveis através de uma rede EtherNet/IP é um<br />
exemplo disso. A integração direta a um sistema<br />
que possui Ethernet nativo permitiu uma instalação<br />
transparente, sem a necessidade de conversores<br />
intermediários, com um menor custo de projeto<br />
e menor tempo de integração. O próximo passo<br />
virá com o surgimento de novos dispositivo em<br />
Ethernet, permitindo a instalação de toda uma rede<br />
com o mesmo protocolo.<br />
36 InTech 140<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
[1] AutomationToday – América Latina –<br />
Abril/2011, ano 12, Nº32.<br />
[2] Ethernet Empowers Fieldbus –<br />
Fieldbus are adapting Ethernet<br />
to increase performance,<br />
cut costs by Craig McIntyre.<br />
Publicado na revista InTech em março de 2010.<br />
[3] <strong>REDES</strong> ETHERNET INDUSTRAIS: VISÃO GERAL.<br />
LUGLI, Alexandre – SANTOS,<br />
Max Mauro Dias – FRANCO,<br />
Lucia R. H. Rodrigues.<br />
[4] Network Infrastructure for EtherNet/IP:<br />
Introduction and considerations ODVA.<br />
[5] http://www.ype.ind.br<br />
Química Amparo, Ypê,<br />
acessado em 30/11/2011.<br />
[6] Endress+Hauser Proline Promass 83 -<br />
Data transmission via EtherNet/IP<br />
Connection to an EtherNet/IP network<br />
and integration into a control system -<br />
SD138D/06/en/01.10.
artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
<strong>COMISSIONAMENTO</strong> <strong>EM</strong> SIST<strong>EM</strong>AS<br />
E DISPOSITIVOS INTERLIGADOS<br />
VIA <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />
Fernando da Silva Mota Junior (fernando.mota@six.com.br), Supervisor de Automação;<br />
Rafael Pacheco Oliveira (rafael.pacheco@six.com.br), Técnico de Automação; e<br />
Thiago Machado Pinto Napolitano (thiago.napolitano@six.com.br), Engenheiro de Automação;<br />
todos da Six Automação S.A.<br />
1 – INTRODUÇÃO<br />
A constante evolução das indústrias e de suas necessidades<br />
de melhora da eficiência operacional (diagnósticos em tempo<br />
real, integração entre sistemas, facilidade na instalação<br />
e manutenção, redução de custos, etc.) tem levado ao<br />
investimento e utilização cada vez maior de dispositivos<br />
inteligentes, em paralelo ou mesmo em substituição em alguns<br />
casos aos padrões convencionais como o 4-20mA. A partir disto,<br />
entraram em evidência as redes de comunicação inteligentes,<br />
utilizadas para interligar e disponibilizar todos os sinais de<br />
processo oriundos destes dispositivos em um mesmo meio físico.<br />
A utilização das redes industriais engloba de uma maneira<br />
geral a integração entre dispositivos, haja vista que a<br />
interoperabilidade, devido à diversidade de fabricantes, se<br />
torna necessária em uma unidade industrial.<br />
Todos os sistemas precisam ser entregues ao cliente final pela<br />
empresa de montagem e instalação de forma organizada<br />
e segura, garantindo que o mesmo fique operacional em<br />
termos de desempenho, confiança e rastreabilidade das<br />
informações de acordo com o projetado, o que é chamado<br />
de comissionamento. O objetivo deste artigo é apresentar<br />
as etapas e particularidades do comissionamento das redes<br />
industriais, focando a análise do projeto, montagem e<br />
certificação das redes de comunicação nos empreendimentos<br />
industriais, a fim de que se tenha uma maior confiabilidade<br />
no sistema, redução do retrabalho e uma otimização do<br />
prazo de execução [2].<br />
2 – ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE PROJETO<br />
A primeira etapa a ser considerada pela equipe de<br />
comissionamento de redes é a análise crítica dos documentos<br />
do projeto. Esta análise tem o objetivo de identificar desvios<br />
antecipadamente, de forma a diminuir o retrabalho no<br />
campo e o tempo final do comissionamento.<br />
Estão listados a seguir alguns dos principais documentos a<br />
serem analisados:<br />
• Arquitetura de automação: Deve ser bem detalhada,<br />
mostrando claramente os tipos de rede (protocolos),<br />
meio físico (fibra óptica, par trançado, etc.) e o<br />
encaminhamento da rede entre o campo e o ambiente de<br />
operação, preocupando-se em identificar a localização de<br />
todos os painéis e equipamentos na unidade.<br />
• Diagramas de malhas: Precisa ilustrar a malha completa<br />
entre o instrumento e a IHM (Interface Homem Máquina),<br />
a identificação de todos os conectores e painéis e também<br />
suas funções, indicadores e alarmes tanto no campo<br />
quanto na IHM.<br />
• Mapa de memória: Deve possuir uma tabela contendo<br />
todas as informações que serão disponibilizadas pela rede. A<br />
importância destes mapas aparece no momento de integrar<br />
os dispositivos de campo com os sistemas de controle.<br />
• Esquema elétrico: Analisar o arranjo dos equipamentos<br />
no painel de forma a evitar que cabos de rede estejam<br />
próximos a equipamentos elétricos ou no mesmo<br />
InTech 140 37
artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
encaminhamento que cabos elétricos. Essa prática<br />
diminui o risco de ruídos na rede.<br />
• Detalhes típicos: Qualquer erro não observado neste<br />
documento pode gerar falhas na montagem, levando<br />
muito tempo para detectá-los e corrigi-los.<br />
É de extrema importância, durante a análise da documentação,<br />
verificar se a cronologia da partida dos sistemas, unidades e<br />
equipamentos foram levadas em conta na distribuição dos<br />
dispositivos e segmentos nas redes. Esta análise visa evitar que<br />
equipamentos e dispositivos que façam parte de processos<br />
e momentos de partida distintos estejam em um mesmo<br />
segmento de rede, o que pode causar um grande problema<br />
para a equipe de montagem, pois para a certificação da rede é<br />
necessário que a mesma esteja completa.<br />
3 – OS IMPACTOS DA ESCOLHA<br />
DOS DISPOSITIVOS E COMPONENTES<br />
O desempenho de uma rede industrial pode ser afetado por<br />
diversos fatores e um deles não muito abordado é a qualidade<br />
dos componentes utilizados na rede. Alguns componentes são<br />
de extrema importância para a rede e devem ser escolhidos<br />
com um maior critério, de forma a evitar complicações<br />
na etapa de certificação e teste de malha. Entre estes<br />
componentes estão conectores, cabos, repetidores, caixas de<br />
junção, terminadores, protetores anti-surge, etc.<br />
Os componentes devem ter como características básicas:<br />
facilidade de instalação, durabilidade, robustez e<br />
principalmente ser homologados para a rede em questão.<br />
A economia feita com a aquisição de dispositivos mais<br />
baratos pode vir a gerar não conformidades, causando<br />
pontos de falha na rede onde a solução geralmente é<br />
a troca de todos os componentes identificados como<br />
não adequados. A troca destes componentes demanda<br />
tempo e custos adicionais ao previsto causando impactos<br />
consideráveis ao andamento do comissionamento e<br />
consequentemente do empreendimento.<br />
4 – ASPECTOS QUE DEV<strong>EM</strong> SER CONSIDERADOS<br />
DURANTE A INSTALAÇÃO<br />
DAS <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />
Este tópico foca as boas práticas de instalação e interligação<br />
dos dispositivos de rede. Estes dispositivos ou devices podem<br />
ser válvulas de controle, SDCDs, Controladores Lógico<br />
Programáveis, transmissores, entre muitos outros.<br />
38 InTech 140<br />
O conceito básico de rede industrial prevê a interconexão ou<br />
interligação de dispositivos que precisam necessariamente<br />
trocar dados ou informações. Para tal “conversa” entre<br />
dispositivos é necessário que todos entendam o mesmo<br />
“idioma”, o que conhecemos por protocolo de comunicação.<br />
Cada rede industrial adota um protocolo específico, e para<br />
que o tráfego de dados ocorra perfeitamente se faz necessário<br />
que o meio físico esteja de acordo com o tipo de rede adotado.<br />
Deve-se fazer um estudo aprofundado sobre as redes utilizadas<br />
no projeto antes de começar os trabalhos de montagem e<br />
instalação. Os principais itens quando se trata de instalação das<br />
redes industriais de uma forma geral são:<br />
• Enlaces Físicos;<br />
• Interligação do cabeamento específico;<br />
• Encaminhamento dos Cabos;<br />
• Arranjo dos cabos;<br />
• Conectores e Prensa Cabos;<br />
• Aterramento.<br />
A norma que trata do meio físico das redes de campo e que<br />
certamente deve ser usada como fonte de consulta para a<br />
instalação e montagem é a norma “IEC 61158-2: Fieldbus<br />
Standard for use in industrial control systems – Part 2:<br />
Physical Layer”.<br />
Um dos fatores que mais influencia no atraso do<br />
comissionamento, por conta do retrabalho causado, é<br />
justamente a instalação feita de forma incorreta. Por muitas<br />
vezes o que está instalado em campo não condiz com o<br />
projetado ou foi efetuado de forma inadequada, podendo gerar<br />
o desbalanceamento da rede e ruídos no sinal de comunicação.<br />
Estes detalhes na análise da instalação da rede, quando não<br />
efetuados de forma criteriosa, podem ter como consequência<br />
um mau funcionamento. Este funcionamento inadequado<br />
pode ser detectado durante a fase de testes ou, o que seria<br />
pior, após o sistema entrar em operação.<br />
A capacitação dos profissionais responsáveis pela montagem<br />
e instalação das redes industriais diminui consideravelmente<br />
os erros encontrados durante a certificação e teste de malha.<br />
A seguir cada parte do processo de instalação e montagem<br />
será tratada separadamente mostrando como evitar o<br />
temido retrabalho e os problemas de comunicação nas redes<br />
industriais inteligentes.
4.1 – Enlaces físicos<br />
A redução do custo de instalação como um todo foi um dos<br />
fatores que influenciaram os investimentos em redes industriais<br />
inteligentes. Desta forma, escolhas e ações equivocadas<br />
durante o processo de montagem e instalação acarretam em<br />
um custo extra, o que faz com que a economia obtida pela<br />
utilização das redes seja reduzida ou até mesmo perdida.<br />
Quando se tem definida a rede a ser utilizada em uma<br />
determinada arquitetura tem de se levar em consideração qual<br />
o melhor enlace físico (meio de transmissão) a ser utilizado<br />
para a interligação entre os dispositivos. As particularidades<br />
dos cabos de rede (coaxial, par trançado, fibra óptica, entre<br />
outros) vão desde suas características construtivas (espessura,<br />
blindagem, rigidez, cobertura de proteção) até a sua cor.<br />
Todos esses aspectos precisam ser observados tanto na fase<br />
de projeto quanto na de montagem.<br />
Em alguns casos extremos são adquiridos e instalados cabos que<br />
não condizem com o tipo de rede utilizado, como por exemplo,<br />
a utilização de cabos para Profibus DP em uma rede Foundation<br />
Fieldbus H1. Essas discrepâncias interferem consideravelmente<br />
no comissionamento, uma vez que teriam que ser tomadas<br />
medidas para reparar essas divergências e, portanto, causando<br />
atraso em todas as etapas posteriores a montagem.<br />
As tabelas 1 e 2 a seguir ilustram as características físicas dos<br />
cabos de algumas das redes comumente utilizadas.<br />
Tabela 1 – Características dos tipos de cabos utilizados em Foundation<br />
Fieldbus H1 [7].<br />
Tabela 2 – Características do cabo tipo A utilizado em Profibus DP [8].<br />
<strong>COMISSIONAMENTO</strong> artigo<br />
4.2 – Interligações do cabeamento específico<br />
As interligações dos cabos de rede nos conectores e borneiras<br />
dos dispositivos e equipamentos da rede precisam ser<br />
inspecionadas com rigor. Muitos problemas na comunicação<br />
são gerados por ligações mal feitas nos bornes, condutores<br />
rígidos quebrados nas extremidades de ligação, inversão de<br />
polaridade, entre outros problemas.<br />
Algumas redes industriais como Modbus RTU, Foundation<br />
Fieldbus, Profibus DP/PA, entre outras, exigem que sejam<br />
instalados terminadores de rede. Os terminadores devem<br />
ser inseridos no início e no final de cada segmento de rede,<br />
porém alguns fatores podem fazer com que seja necessário<br />
utilizá-los no meio da rede, como ocorre quando se tem<br />
repetidores, onde os terminadores devem ser adicionados na<br />
entrada e na saída dos mesmos.<br />
Podemos citar como boa prática no processo de interligação<br />
dos cabos que se evitem terminais na conexão dos cabos aos<br />
bornes, pois os mesmos são considerados “pontos de falhas”<br />
na rede e na maioria dos casos são desnecessários do ponto<br />
de vista técnico. Um exemplo claro de problemas gerados<br />
pelo uso de terminais seria a trepidação de equipamentos<br />
que poderia fazer com que estes, se mal “crimpados” ao<br />
cabo, perdessem o contato com o borne e terminasse na<br />
perda da comunicação.<br />
4.3 – Encaminhamentos dos cabos<br />
As bandejas com o cabeamento de rede devem ser montadas<br />
a uma distância mínima de bandejas e/ou cabos de comando<br />
e de energia. Esta distância, de acordo com a norma IEC<br />
61000-5-2 segue ilustrada na Figura 1.<br />
Figura 1 – Distância mínima entre encaminhamentos de cabos<br />
conforme IEC 61000-5-2.<br />
InTech 140 39
artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
Cabos Classe 1 – Cabos sensíveis e de sinais cabos de rede,<br />
cabos blindados para dados digitais, cabos blindados para sinais<br />
digitais ou analógicos de baixa tensão (≤ 25V), cabos de energia<br />
de baixa tensão (AC ≤ 25V ou DC ≤ 60V) e cabos de sinal coaxiais.<br />
Cabos Classe 2 – Cabos de média tensão cabos de energia<br />
DC > 60V e ≤ 400V, cabos de energia AC > 25V e ≤ 400V.<br />
Cabos Classe 3 – Fontes de interferência de alta tensão<br />
cabos de energia DC ou AC > 400V, cabos com altas<br />
correntes elétricas, cabos de motores, drivers e inversores,<br />
cabos telefônicos (podem ter transientes de > 2000V).<br />
Cabos Classe 4 – Qualquer cabo com risco de descargas<br />
atmosféricas cabos externos, entre prédios.<br />
Nota: No caso dos cabos que passam por eletrodutos não se<br />
faz necessário essa regra de distanciamento, apenas é preciso<br />
garantir o aterramento dos mesmos.<br />
4.4 – Arranjo dos cabos<br />
Quando é feita a conexão do cabo, principalmente<br />
em instrumentos instalados em ambientes externos,<br />
é necessário deixar uma “folga” após a saída do<br />
eletroduto a fim de permitir que possa ser feita uma<br />
curvatura com formato hiperbólico. Esta curvatura<br />
visa impedir a entrada de líquidos no interior dos<br />
instrumentos através dos prensa-cabos, além de<br />
minimizar a entrada de líquidos no interior dos<br />
eletrodutos. Em muitos casos este descuido acaba<br />
fazendo com que ocorra a corrosão dos contatos e<br />
conexões nos circuitos internos aos equipamentos<br />
influenciando negativamente na qualidade do sinal de<br />
comunicação ao longo da sua vida útil.<br />
É considerada uma boa prática de instalação que os<br />
cabos sejam ligados diretamente aos dispositivos de<br />
rede, não se esquecendo da “folga” mencionada<br />
anteriormente, evitando sobras desnecessárias de<br />
cabo ou até cabos enrolados em forma de bobina, o<br />
que alteraria seus valores de capacitância e indutância<br />
prejudicando a comunicação. Curvas muito acentuadas<br />
nos cabos de rede não devem ser feitas, conforme<br />
exemplificado na Figura 2, onde a direita, apesar do<br />
arranjo estar aparentemente mais organizado, os<br />
condutores do cabo Profibus DP estão com algumas<br />
curvaturas forçadas pelas abraçadeiras.<br />
40 InTech 140<br />
Figura 2 – Exemplos de arranjo em uma caixa de repetição.<br />
Se os cabos forem ligados sem que se tenham seguidas<br />
as recomendações supracitadas, os mesmos deverão<br />
ser lançados novamente e, dependendo da distância e<br />
quantidade de cabos a ser relançado, o retrabalho, além do<br />
custo, será considerável.<br />
A Figura 3, à esquerda, ilustra a instalação feita de forma<br />
correta de um transmissor em uma rede Foundation Fieldbus<br />
e a direita um arranjo incorreto, cabo enrolado em forma de<br />
bobina, na entrada de um repetidor em uma rede Profibus DP.<br />
Figura 3 – Exemplos de instalação.<br />
Fibras ópticas são muito sensíveis à tração mecânica, por este<br />
motivo é preciso uma cautela ainda maior no lançamento e<br />
acondicionamento das mesmas.<br />
4.5 – Conectores e prensa-cabos<br />
As falhas ocasionadas pela má conexão dos cabos de rede são muito<br />
comuns. Cada tipo de rede tem uma gama de conectores diferentes,<br />
e sua correta montagem é de suma importância. Os profissionais<br />
responsáveis pela montagem dos conectores devem ser preparados<br />
para efetuar a atividade, sendo informados do impacto que será<br />
causado na rede caso a montagem seja feita de forma equivocada.
Figura 4 – Exemplos de conectores.<br />
Alguns conectores possuem um esquemático de montagem<br />
que, por muitas vezes, são ignorados ou mal interpretados<br />
pelos profissionais responsáveis pela sua montagem, fazendo<br />
com que os condutores sejam ligados em posições erradas e,<br />
consequentemente, o instrumento ou o dispositivo não se<br />
comunique com a rede.<br />
Como exemplo, vemos que em conectores de montagem<br />
mais simples como o RJ45, muito utilizado em redes Modbus<br />
TCP e Ethernet, é comum encontrar falhas, uma vez que,<br />
quando “crimpados”, alguns fios podem estar trocados.<br />
Nas redes industriais montadas em áreas classificadas com<br />
riscos de explosão, é comum ver conectores mais robustos,<br />
específicos para este tipo de atmosfera, acoplando os<br />
cabos aos dispositivos, evitando assim que haja risco de<br />
centelhamento quando um cabo é desconectado de algum<br />
instrumento ou dispositivo energizado. Porém, apesar de<br />
serem bastante eficazes, estes conectores possuem uma<br />
montagem mais elaborada, aumentando as chances de que<br />
sejam cometidos erros. Desta forma, cada conector montado<br />
deve ser testado e somente liberado para a conexão após<br />
aprovação do mesmo.<br />
As falhas nos conectores na maioria dos casos são detectadas<br />
na fase de certificação. Caso a falha seja detectada,<br />
dependendo do número de conectores a ser reparados,<br />
poderia afetar consideravelmente os prazos.<br />
Prensa-cabos também são bastante utilizados na<br />
instrumentação. Sua principal função é vedar possíveis<br />
entradas de líquidos e gases nos dispositivos. Há casos em<br />
que o instrumento tem mais de uma entrada para cabos, mas<br />
apenas uma é utilizada, nestes casos uma tampa de vedação<br />
é recomendável para que não haja infiltração de fluidos no<br />
mesmo. Quando a topologia faz uso de caixas de junção<br />
(como por exemplo, nas topologias em árvore), normalmente<br />
algumas entradas destas são para instrumentos reservas<br />
<strong>COMISSIONAMENTO</strong> artigo<br />
ou futuros. Nestes casos é necessário utilizar as tampas de<br />
vedação nestas conexões “vazias”. Um erro comum nestes<br />
casos é a utilização de tampas plásticas que vem apenas<br />
encaixada nas furações do instrumento.<br />
O importante é sempre proteger os circuitos e conexões dos<br />
dispositivos, garantindo a integridade destes e da comunicação.<br />
4.6 – Aterramento<br />
O aterramento dos painéis, dispositivos, instrumentos e<br />
calhas evita que ruídos perturbem a rede e ponham em risco<br />
a comunicação.<br />
Basicamente, devemos separar o aterramento sob dois aspectos:<br />
aterramento das carcaças (terra geral) e aterramento do sistema<br />
eletrônico ou de comunicação (terra de instrumentação). Ambos<br />
os aterramentos devem estar interligados, resultando assim em<br />
sistemas equipotenciais para proteção humana.<br />
É recomendável que as carcaças dos equipamentos dos<br />
painéis estejam interligadas a uma barra de cobre própria<br />
para estas características e o shield (blindagem) dos cabos de<br />
comunicação esteja interligado a uma barra isolada da carcaça.<br />
A Figura 5 ilustra uma barra de cobre isolada com conexão<br />
à malha de terra e, os cabos dos aterramentos oriundos do<br />
sistema de comunicação ligados a esta. Note que o parafuso<br />
do suporte da barra não pode transpassar a carcaça do painel.<br />
Figura 5 – Barra de aterramento do sistema de comunicação.<br />
O aterramento da carcaça dos instrumentos e dispositivos<br />
de campo (caixas de junção, conversores de meio físico,<br />
repetidores, entre outros) deve ser feito individualmente, ou<br />
seja, não é recomendável que apenas um cabo interligue<br />
em série todas as carcaças num só barramento e este à<br />
malha de terra geral. Por motivos óbvios, se este cabo se<br />
romper em algum trecho, o aterramento de um conjunto de<br />
instrumentos ou dispositivos perderia sua função.<br />
InTech 140 41
artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
A Figura 6 ilustra a interligação individual na barra de<br />
aterramento das carcaças das caixas de junção em uma rede<br />
FF feito da maneira citada acima.<br />
Figura 6 – Detalhes do aterramento feito de forma correta numa rede FF.<br />
O aterramento mal feito não significa que a comunicação<br />
não irá acorrer, porém, caso haja uma interferência na rede,<br />
esta poderá ser propagada provocando intermitências na<br />
comunicação e danos na troca de dados entre os dispositivos.<br />
A blindagem dos cabos de algumas redes industriais é<br />
aterrada apenas em uma das extremidades e isolada na<br />
outra. Cabe aos profissionais de montagem conhecer as<br />
especificações e recomendações do tipo de rede definida<br />
pelo projeto e realizar as interligações de maneira a evitar<br />
distúrbios na rede.<br />
5 – CONFIGURAÇÕES DE DISPOSITIVOS DE REDE<br />
Para a comunicação acontecer conforme o esperado<br />
os dispositivos da rede precisam estar corretamente<br />
configurados. Como exemplos de dispositivos configuráveis,<br />
temos: gateways, firewalls, switches, transmissores, válvulas,<br />
controladores, IHMs, entre muitos outros. Analisando os<br />
parâmetros a serem configurados nestes dispositivos, de<br />
forma geral, podemos citar:<br />
• Endereçamento;<br />
• “Range” dos transmissores (escala de sinal e de engenharia);<br />
• Unidade de Engenharia;<br />
• Redundância;<br />
• TAG do dispositivo;<br />
• Lógica e Controle;<br />
• Níveis e Set-points de Alarmes;<br />
• Parâmetros de comunicação.<br />
Seguindo documentos como mapa de memória, diagrama<br />
lógico, folha de dados, especificações técnicas, lista de<br />
pontos e ajustes e fluxogramas de engenharia evitamos<br />
42 InTech 140<br />
erros na configuração, principalmente entre dispositivos<br />
que tenham de ser integrados, onde qualquer erro nos<br />
parâmetros fundamentais inviabiliza a comunicação.<br />
Dispositivos no mesmo segmento de rede configurado com<br />
velocidades diferentes é um exemplo de erro comumente<br />
encontrado no comissionamento de redes industriais.<br />
Vale frisar que em redes como Profibus DP/PA e Foundation<br />
Fieldbus são necessários arquivos de configuração para que<br />
haja a comunicação entre os dispositivos. Estes arquivos<br />
são encontrados nos sites dos fabricantes e respectivas<br />
fundações, e são próprios para cada tipo de protocolo (como<br />
por exemplo, arquivos GSD em redes Profibus DP).<br />
Há erros que não causariam falha na comunicação,<br />
envolvendo apenas a interpretação dos sinais e<br />
visualização no sistema supervisório (ou IHM), como por<br />
exemplo, a “rangeabilização” dos instrumentos, erros no<br />
“tagueamento”, unidades de engenharia e todos os outros<br />
fatores com estas características. Estes erros afetam os testes,<br />
uma vez que demanda tempo para a correção dos mesmos.<br />
Com todos os dispositivos instalados e configurados<br />
corretamente, o comissionamento transcorreria de forma<br />
rápida, encaminhando-se assim para sua parte final.<br />
6 – CERTIFICAÇÕES DE <strong>REDES</strong><br />
A certificação das redes industriais tem um papel<br />
fundamental. Nesta etapa a rede é analisada e testada de<br />
acordo com os padrões definidos para cada protocolo.<br />
Todas as etapas de análise da certificação devem ser<br />
documentadas, visando tornar rastreáveis as informações<br />
da rede analisada. Nestes relatórios gerados constam itens<br />
fundamentais para o funcionamento da rede em questão,<br />
aprovando ou reprovando a mesma.<br />
A maioria dos problemas pós-partida estão concentrados<br />
nas conexões no campo, ou seja, cabos escolhidos<br />
de maneira errada, conexões de baixa qualidade,<br />
entrada de água, aterramento inadequado dos shields,<br />
encaminhamento dos cabos, etc.<br />
Para minimizar estes problemas é importante avaliar se<br />
a camada física está em conformidade com as normas<br />
apropriadas, conforme citado no item 4 deste artigo. Desta<br />
forma, surge a necessidade de estabelecer procedimentos<br />
para algumas etapas de testes, conforme tópicos a seguir:
6.1 – Inspeções de armazenagem de materiais e equipamentos<br />
Devem-se verificar as condições de armazenamento dos<br />
instrumentos, bobinas de cabos, painéis, enfim, de todos os<br />
materiais, equipamentos e instrumentos que farão parte do<br />
sistema de comunicação.<br />
Os materiais e equipamentos devem ser armazenados de forma<br />
a evitar a degradação dos mesmos, algumas empresas possuem<br />
normas específicas para este fim, podemos citar como exemplo<br />
a norma Petrobras “N-858 Rev. C – Construção, Montagem e<br />
Condicionamento de Instrumentação”.<br />
Uma destas recomendações é que os instrumentos<br />
(transmissores, analisadores, etc.) devem ser acondicionados<br />
em locais climatizados, preferencialmente em estantes, e<br />
citamos também as bobinas de cabos, que podem ficar em<br />
área aberta, desde que estejam cobertas por lonas plásticas e<br />
as pontas dos cabos estejam vedadas.<br />
6.2 – Inspeção da montagem<br />
Algumas condições geradoras de falhas podem ser detectadas<br />
através de uma simples inspeção visual da instalação. Nesta<br />
etapa, verificamos se todos os tópicos abordados no item 4<br />
deste artigo foram respeitados, e ainda verificar:<br />
• Se o comprimento total do segmento de rede está<br />
compatível com o tipo de rede analisado;<br />
• Se a terminação de rede está correta;<br />
• Se a identificação de todos os componentes (cabos,<br />
instrumentos, etc.) da rede está correta.<br />
O acompanhamento da montagem por uma equipe<br />
especializada em redes industriais evita problemas como os<br />
citados anteriormente e o retrabalho.<br />
6.3 – Testes Estáticos<br />
Os testes estáticos são os realizados no cabeamento antes da<br />
energização do sistema. São efetuadas medições nos trechos<br />
de cabos da rede analisada, avaliando se os valores medidos<br />
estão em conformidade com os esperados pela norma<br />
referente a cada protocolo.<br />
Cada rede possui um relatório com os valores de referência<br />
específicos para tornar clara a apresentação dos resultados. Como<br />
precisamos medir algumas grandezas elétricas se faz necessária a<br />
utilização de multímetros, capacímetros e megohmetros.<br />
6.4 – Testes Dinâmicos<br />
<strong>COMISSIONAMENTO</strong> artigo<br />
Após a conclusão dos testes estáticos o sistema deve ser<br />
energizado para a verificação dos níveis de tensão entre os<br />
condutores e os parâmetros de comunicação. A utilização de<br />
um osciloscópio digital e de analisadores de rede é essencial<br />
para o resultado final dos ensaios realizados.<br />
Devem-se efetuar medições com o auxílio de um osciloscópio<br />
que, com base na comparação com os valores padrão, indica<br />
quais parâmetros estão de acordo com o esperado. Cada<br />
um dos parâmetros é apresentado com o valor atual e com<br />
o valor mínimo e máximo obtidos num dado intervalo de<br />
tempo. Os valores de referência também são apresentados<br />
para que o usuário possa confirmar o comportamento do<br />
sistema, assim como a forma de onda do sinal. Os parâmetros<br />
testados incluem a amplitude do sinal, tensão de polarização,<br />
tempos de subida e descida, distorção de fase, distorção do<br />
sinal, jitter e níveis de ruído.<br />
Com os analisadores de rede podemos efetuar várias<br />
análises na comunicação, verificando se alguma anomalia é<br />
apresentada. São encontrados analisadores para cada tipo<br />
de rede, cada qual com funcionalidades distintas, o que<br />
pode levar a uma necessidade de adquirir mais de um tipo de<br />
analisador para ter todos os diagnósticos desejados.<br />
Os analisadores, de uma forma geral, devem ser interligados<br />
a rede a ser analisada em paralelo e sem causar interferências<br />
na mesma. A forma com que os dados são disponibilizados<br />
pode ser direta, utilizando o analisador conectado a um<br />
computador, com as informações sendo mostradas on-line<br />
ou podem ser armazenadas no analisador e descarregadas<br />
posteriormente em um computador.<br />
A seguir estão listadas características de alguns analisadores.<br />
Analisadores de redes Profibus: Verificação da velocidade<br />
de comunicação (baud rate), qualidade do sinal em cada nó<br />
(dispositivo), falta de terminação, identificação da topologia,<br />
visualização on-line do tempo de ciclo do barramento e<br />
valor do último ciclo executado, indicação detalhada das<br />
configurações, diagnósticos e estatísticas de comunicação<br />
em cada slave (escravo), função de osciloscópio com<br />
memória onde são mostradas as formas de onda em cada nó,<br />
simulação de master (mestre), etc.<br />
Analisadores de redes Fieldbus: Medição do nível<br />
de sinal, nível de ruído, jitter, verificação de inversão de<br />
polaridade, terminação, estatística de erros de comunicação<br />
InTech 140 43
artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />
por segmento, verificação do desbalanceamento dos<br />
segmentos, análise da ressonância, forma de onda (função de<br />
osciloscópio integrada), etc.<br />
Uma característica interessante destes analisadores é a<br />
geração de relatórios que contém a avaliação da rede<br />
analisada utilizando-se como referência as características das<br />
normas regulamentadoras para a rede em questão, tornando<br />
o resultado da análise bastante confiável e didático.<br />
7 – TESTE DE MALHA<br />
O teste de malha (loop test) é a etapa onde testamos<br />
todos os instrumentos, equipamentos e dispositivos<br />
pertencentes a uma mesma malha, simulando uma situação<br />
real de comando e controle. Esta é a última etapa no<br />
comissionamento em redes industriais, por este motivo, deve<br />
ser executado com toda atenção para que nenhum desvio<br />
passe despercebido.<br />
Se os tópicos abordados anteriormente neste artigo forem<br />
seguidos, provavelmente teremos um teste de malhas sem<br />
contratempos, porém, ainda podemos encontrar falhas na<br />
rede antes da entrega do sistema para o cliente.<br />
Uma das principais causas de problemas no teste de malha<br />
é quando são feitas alterações no sistema ou instrumentos<br />
após a certificação da rede, colocando em dúvida a<br />
confiabilidade da mesma. Caso seja detectado que o motivo<br />
da falha foi alteração no sistema, a rede ou o segmento<br />
deverá ser novamente certificado, o que causará atrasos e<br />
custos não previstos.<br />
8 – CONCLUSÕES<br />
Vimos que o comissionamento de um sistema interligado<br />
por redes industriais requer vários cuidados e que várias<br />
etapas devem ser seguidas objetivando uma transferência<br />
sem surpresas para o cliente. Porém se todas estas etapas<br />
seguirem as boas práticas o comissionamento terá um ganho<br />
em termos de prazo e custo se comparados aos sistemas<br />
tradicionais (4-20mA).<br />
Como mencionado repetidamente, a capacitação dos<br />
profissionais envolvidos na montagem, instalação,<br />
certificação e testes das redes é um fator bastante relevante e<br />
que, se bem realizada e compreendida pela equipe, fará com<br />
que o comissionamento transcorra sem grandes desvios. Uma<br />
44 InTech 140<br />
equipe especializada em redes industriais se faz necessária<br />
para acompanhar o comissionamento, de forma a orientar e<br />
tomar decisões que agreguem as várias disciplinas envolvidas<br />
com o objetivo único de realizar todas as atividades com o<br />
menor custo e prazo possível.<br />
Enfim, a certificação das redes tem por objetivo concatenar<br />
todas as etapas descritas neste artigo, garantindo que o<br />
sistema esteja projetado, instalado e liberado para operar<br />
de acordo com as evidências verificadas durante todo o<br />
processo, tomando as respectivas normas como referência.<br />
Entendemos também que para o sucesso desta certificação<br />
deve-se investir em bons equipamentos de diagnóstico.<br />
9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
[1] ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; ALEXANDRIA,<br />
Auzuir Ripardo de. <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong> – Aplicações em<br />
Sistemas Digitais de Controle Distribuído – 2ª Edição – Ensino<br />
Profissional Editora, 2009.<br />
[2] Comissionamento. O comissionamento durante as fases de<br />
construção de um empreendimento complexo. Disponível em:<br />
http://www.labceo.com.br/eep276/newsletter/6edicao.pdf.<br />
Acesso em 08/01/2012.<br />
[3] IEC – International Eletrotechnical Commision.<br />
IEC 61000-5-2: Electromagnetic compatibility (<strong>EM</strong>C) - Part 5:<br />
Installation and mitigation guidelines - Section 2:<br />
Earthing and cabling.<br />
[4] IEC – International Eletrotechnical Commision.<br />
IEC 61158-2: Fieldbus Standard for use in industrial control<br />
systems – Part 2: Physical Layer.<br />
[5] PEREIRA, Augusto. Como eliminar a fonte responsável por<br />
94% dos problemas em projetos com protocolos digitais.<br />
Disponível em: http://augusto1952.blogspot.com/.<br />
Acesso em 08/01/2012.<br />
[6] PI - PROFIBUS & PROFINET International.<br />
Profibus Installation Guideline.<br />
Disponível em: http://www.profibus.com/nc/downloads/<br />
downloads/profibus-installation-guideline/download/35/.<br />
Acesso em 09/01/2012.<br />
[7] FOUNDATION Fieldbus. Manual dos Procedimentos de<br />
Instalação, Operação e Manutenção. Disponível em:<br />
http://www.smar.com/PDFs/manuals/GERAL-FFMP.pdf.<br />
Acesso em 11/01/2012.<br />
[8] Profibus DP. A Rede Profibus DP. Disponível em:<br />
http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/440.<br />
Acesso em 25/01/2012.
artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
NOVIDADES NA MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
<strong>EM</strong> CANAIS ABERTOS<br />
Gérard Delmée (g.delmee@ajato.com.br), consultor.<br />
A medição de vazão tem origem histórica na necessidade<br />
de distribuir e cobrar a água consumida nas cidades. A<br />
água foi, por séculos, o objeto principal único dos estudos<br />
medição de vazão. Os estudos de Bernoulli trouxeram uma<br />
contribuição fundamental a respeito: acelerar localmente<br />
a velocidade da água, provocando assim uma pressão<br />
diferencial que é uma função da vazão.<br />
A ideia, inicialmente aproveitada para medição em conduto<br />
forçado, como no tubo de Venturi, foi também aplicada à<br />
medição em canais abertos. Surgiram então os vertedores e as<br />
calhas, que também aceleram localmente a passagem da água,<br />
o que provoca um aumento de nível a montante. Esta diferença<br />
de níveis entre montante h e jusante h , o equivalente da<br />
a b<br />
pressão diferencial de Venturi, é uma função da vazão da água.<br />
Métodos tradicionais.<br />
Os métodos tradicionais incluem os vertedores e as calhas.<br />
Os vertedores de soleira delgada, como mostrados na Figura<br />
1, podem ser de vários tipos:<br />
A – com entalhe (Poncellet), de largura b menor que a largura<br />
B do canal, chamados “de contração lateral”.<br />
B – com entalhe (Bazin), de largura plena, sendo b = B.<br />
C – de entalhe triangular, com ângulo a de 60° ou 90° (Thomson).<br />
D – de entalhe Cipolletti, trapezoidal.<br />
E – de entalhe Sutro, hiperbólico, visando uma relação linear<br />
entre o nível e a vazão.<br />
Figura 1 – Vertedores de soleira delgada.<br />
A cada tipo de entalhe corresponde uma modelo de equação<br />
que permite calcular a vazão da água em função do nível<br />
medido a montante do vertedor. Existem transmissores de vazão<br />
que podem ser configurados de acordo com o tipo de vertedor.<br />
Os vertedores de soleira espessa representados na Figura<br />
2 podem ser de soleira arredondada (A), larga (B) ou tipo<br />
Crump (C). São usados para estudos hidrológicos.<br />
Figura 2 – Vertedores de soleira espessa.<br />
InTech 140 45
artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
As calhas são de vários tipos, Parshall, tipo H, Palmer-Bowlus,<br />
Leopold Lagco, trapezoidal, Cutthroat, RBC, Montana, e<br />
incluem os bocais parabólicos e Kennison.<br />
A mais empregada no Brasil é a calha Parshall que pode ser<br />
utilizada, em 22 tamanhos diferentes (originalmente), para<br />
medir vazões de 6 m³/h a mais de 350000m³/h e necessita<br />
de pouca declividade no terreno para sua implantação.<br />
A dimensão nominal da Calha Parshall é a largura da<br />
garganta L , na Figura 3A.<br />
c<br />
A calha H, que existe também nas versões HS e HL é usada<br />
quando o local de aplicação permite que a saída da água seja<br />
em descarga livre. As três versões têm a mesma forma básica<br />
mostrada na Figura 3B, com o fundo plano, não sujeito a reter<br />
particulados e a saída trapezoidal inclinada. A diferença entre<br />
as versões é o ângulo a: 22° para a HS , 42° para a H e 55°<br />
(small)<br />
para a HL . É possível medir vazões de 16 a 12000 m³/h.<br />
(large)<br />
A calha Palmer Bowlus (Figura 3C) é mais utilizada para<br />
medir a vazão de água em tubulações, de diâmetro D de 4<br />
a 60 polegadas, parcialmente cheias. Enquanto esta calha<br />
possui uma contração trapezoidal, a calha Leopold Lagco,<br />
basicamente idêntica, tem a contração retangular.<br />
As outras calhas são raramente aplicadas no Brasil. Nota-se<br />
que a calha Cutthroat é assim chamada por ser basicamente<br />
uma calha Parshall com a garganta (throat) eliminada (cut). Os<br />
bocais (Figura 4) só podem ser utilizados com descarga livre.<br />
46 InTech 140<br />
Figura 3 – Dimensão nominal nas calhas.<br />
A – Largura da garganta, L na calha Parshall<br />
c<br />
B – Altura H na calha H<br />
C – Ciâmetro na calha Palmer-Bowlus<br />
Figura 4 – Bocais<br />
A – Parabólico, com vazão proporcional à raiz quadrada de ha B – Kenisson, com vazão diretamente proporcional a ha Para estes métodos tradicionais de medição de vazão em<br />
canais abertos, existe uma literatura abundante e rica de<br />
informações [ref.1], bem como muitas normas internacionais<br />
[ref.2]. Uma delas foi traduzida e emitida inicialmente pela<br />
ABNT em 2008.<br />
NOVIDADES NA TECNOLOGIA TRADICIONAL<br />
A norma NBR ISO 9828 (2008), Medição de vazão de líquido<br />
em canais abertos - Calhas Parshall e SANIIRI, confirmada<br />
pela ISO em 2010, ainda pouco difundida, é uma novidade<br />
importante. Nela, destacam-se as seguintes diferenças com<br />
as publicações que vinham sendo utilizadas até então (ASTM<br />
1941:1975 seguidas na especificação CETESB ET - E7251):<br />
Há uma separação das calhas de tamanho 1 (0,150m)<br />
a 13 (2,400m), padrão, das de grandes dimensões de<br />
tamanho 14 (3,05m) a 21 (15,24m), com considerações<br />
diferentes, sendo que o comprimento da garganta é<br />
limitado a 1,83m da nova norma (Figura 5).<br />
As medidas em polegadas não correspondem a<br />
padrões em milímetros e existe acréscimo de medidas<br />
intermediárias; por exemplo, a versão anterior passava de<br />
6 pés (1,830m) a 8pés (2,440m) e, na nova, a sequência é<br />
1,800m, 2,100m e 2,400m (Tabela 1).<br />
Figura 5 – Calha Parshall. Referências para as dimensões.
Apesar dessas diferenças, as equações são coerentes com as<br />
anteriores, de forma que a relação entre a altura ha e a vazão<br />
continua sendo:<br />
n Q = C ∙ h , (equação 1)<br />
a<br />
onde:<br />
Q é a vazão (em m³/s, na nova norma),<br />
C (coeficiente de vazão) = C ∙ b ∙ 3,279 D n com C sendo o<br />
D<br />
coeficiente de descarga e b a largura da garganta, para as<br />
calhas padrão e C no lugar de C para as e grandes tamanhos,<br />
1<br />
com C = C ∙ b<br />
1 D<br />
n é um expoente dependente de b, em metros.<br />
Assim, a nova norma não invalida as informações anteriores.<br />
Pode-se dizer que as complementa.<br />
A principal complementação em relação à norma anterior<br />
relaciona-se à vazão em condições de submergência,<br />
também chamada vazão afogada, o que ocorre quando a<br />
declividade do terreno onde está instalada a calha é reduzida.<br />
Tabela 1 – Dimensões das Calhas Parshall padrão.<br />
Figura 6 – Escoamento em condições de submersão.<br />
Neste caso, é necessário medir os dois níveis,<br />
diferentemente do caso da vazão em escoamento livre,<br />
em que, somente h é medido. O nível da água em h é<br />
a b<br />
representativo em relação ao nível em h . A nova norma<br />
a<br />
chama a relação h /h de “razão de submergência” com<br />
b a<br />
o símbolo s. São fixados limites recomendados de s para<br />
faixas de tamanho de calha: 0,6 até 1 m, 0,7 até 2,40m e<br />
0,8 para as de grandes dimensões.<br />
MEDIÇÃO DE VAZÃO artigo<br />
Tabela 2 – Coeficiente de vazão e expoente a ser usado<br />
na equação (1) , intervalos e medição e razão<br />
de submergência nas calhas Parshall padrão.<br />
A norma NBR ISO 9826 fornece uma fórmula empírica para<br />
calcular a vazão da calha Parshall padrão em escoamento<br />
com submergência, também chamados afogados:<br />
Q dr = Q - Q e (Equação 2)<br />
Onde:<br />
Q é a vazão em condição de submergência<br />
dr<br />
Q é a vazão em condição de escoamento livre<br />
Q é a redução na vazão devido à submergência<br />
e<br />
b é a largura da garganta, em metros<br />
Para as calhas de grandes dimensões, a norma fornece um<br />
diagrama para fazer as correções. Observa-se que esta<br />
fórmula empírica, facilmente implementável em sistemas<br />
digitais (PLC, etc.), permite agora aplicar mais amplamente a<br />
calha Parshall a escoamentos afogados.<br />
Figura 7 – Relação entre o nível ha e a vazão Q para calhas Parshall<br />
padrão em escoamento livre.<br />
InTech 140 47
artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
O canal de aproximação é agora definido com melhores<br />
critérios, um deles é que o número de Froude deve ser menor<br />
que 0,5. O número de Froude, Fr, é definido como:<br />
Fr = Qmax / A√g ∙ h , onde:<br />
max<br />
Qmax é a vazão máxima<br />
A é a área da seção transversal do canal<br />
H é a máxima lâmina de água<br />
max<br />
Uma melhoria importante é trazida pela norma: o capítulo que<br />
trata das incertezas na medição de vazão por calhas, dando<br />
informações sobre o que se pode esperar deste tipo de medição.<br />
Nota-se neste ponto um progresso interessante, já que os dados<br />
anteriores eram muito vagos, atribuindo às calhas Parshall<br />
incertezas da ordem de 5% a 10%. Num exemplo tratado na<br />
norma para o cálculo da incerteza X de uma calha de 1,0m, o<br />
Q<br />
valor de X é ∓ 3,82%, ou seja, um progresso notável.<br />
Q<br />
Outra novidade da norma é incluir a calha SANIIRI (Central Asian<br />
Research Institute of Irrigation). Estas calhas, completamente<br />
desconhecidas no Brasil, possuem uma seção transversal<br />
retangular com uma seção de entrada convergente, com base<br />
horizontal. O desenho da Figura 8 mostra uma realização típica,<br />
em concreto, de uma calha SANIIRI com alguns detalhes:<br />
uma seção de entrada trapezoidal de comprimento l , 6<br />
alinhada com o fundo do canal, com uma elevação h ; p1<br />
uma seção de saída trapezoidal de comprimento l , alinhada<br />
5<br />
com o fundo do canal, com um desnível h da base da calha;<br />
p<br />
dois poços de medição para os níveis h e h , mostrando<br />
a b<br />
a posição das tomadas (lembra o corner taps).<br />
O tamanho nominal da calha SANIIRI refere-se à largura b.<br />
Figura 8 – Calhas SANIIRI. Referências para as dimensões.<br />
48 InTech 140<br />
Legenda<br />
1 e 8 Régua ou escala<br />
2 e 7 Entradas para os poços 3 e 6<br />
3 e 6 Poços para a medição de ha e de hb<br />
4 e 5 Dispositivos de medição da lâmina de água<br />
a Escoamento livre<br />
c Escoamento em condição de submergência<br />
Tabela 3 – Dimensões, intervalos de alturas e de vazões<br />
das calhas SANIIRI.<br />
A equação para obter a vazão em escoamento livre em<br />
função da altura ha é a seguinte:<br />
Q = C b √2g h D a 1,5 , onde C é o coeficiente de descarga:<br />
D<br />
C = 0,5 – [0,109/(6,26 h + 1)] (equação 3)<br />
D a<br />
A norma fornece também as informações para calcular a<br />
vazão submersa.<br />
Figura 9 – Relação entre o nível h a e a vazão Q para calhas SANIIRI<br />
padrão em escoamento livre.<br />
Fazendo uma comparação sumária entre as duas formas de<br />
calhas, nas dimensões chamadas padrão, na norma, observase<br />
o seguinte:<br />
Nota 1: é provável que a menor altura recomendada muito<br />
maior nas calhas SANIIRI se deva ao modo de realização,
geralmente em concreto, com superfície rugosa e não tão<br />
precisa que nas calhas Parshall.<br />
Nota 2: Este ganho entre as variações de nível e as variações de vazão<br />
é um critério usado para escolha de calhas ou vertedores, em geral.<br />
Os tamanhos padrão que constam na norma não impedem<br />
que outras dimensões sejam fabricadas, já que as calhas<br />
SANIIRI são geometricamente similares e que a norma<br />
fornece as informações para calcular as dimensões da calha<br />
em função da largura b, esta na faixa de 0,2 a 1,0m.<br />
A tabela comparativa mostra uma larga vantagem da calha<br />
Parshall em relação à calha SANIIRI, salvo no que tange à<br />
realização. Com realização fácil, os preços são menores, o que<br />
pode alavancar a prática do uso destas calhas desconhecidas aqui.<br />
É provável que mais estudos sejam realizados, ampliando a<br />
faixa de larguras acima de 1,0 m e que as faixas de vazão sejam<br />
ampliadas, o que faz acreditar que estas calhas têm futuro.<br />
TECNOLOGIAS NOVAS<br />
APLICADAS A MÉTODOS NOVOS<br />
A medição de vazão em canais abertos ficou restrita, por muito<br />
tempo, a vertedores e calhas. Os progressos ficaram restritos<br />
aos transmissores de nível/vazão que medem h (e h , no caso<br />
a b<br />
de vazão afogada) e calculam o sinal de saída representativo da<br />
vazão. Estes transmissores são geralmente ultrassônicos e são<br />
dotados, hoje, de algoritmos parametrizáveis para a maioria<br />
das calhas e vertedores existentes.<br />
A norma ISO 9828 representa a calha Parshall com os poços para<br />
medir os níveis h e h na lateral, o que não é mais usual: hoje, o<br />
a b<br />
nível h é geralmente medido no meio da seção convergente, a<br />
a<br />
2/3 do seu comprimento. Quando se trata de vazão afogada, é<br />
recomendável usar os poços para as medições dos níveis.<br />
Medição por meio de ultrassom por tempo de trânsito<br />
A medição em canais abertos por meios acústicos é um método<br />
que deu origem a normas internacionais: a norma ISO 6416:2004<br />
revisa a versão anterior de 1985 e também a ISO 6418:1985<br />
descreve a instalação e operação de uma estação de medição de<br />
descarga num rio, um canal aberto ou um conduto aberto com<br />
superfície livre. É limitada à técnica de tempo de trânsito.<br />
O princípio da medição por tempo de trânsito utiliza pares de<br />
transdutores em que, cada um pode emitir ou receber o sinal<br />
do feixe ultrassônico. A direção dos feixes deve formar com<br />
MEDIÇÃO DE VAZÃO artigo<br />
a das margens um ângulo compreendido entre 30o e 60o.<br />
A diferença dos tempos de trânsito determina a velocidade<br />
da corrente no trecho considerado. É possível utilizar feixes<br />
cruzados para verificar se a direção da corrente é paralela à<br />
das margens, o que pode ser importante, dependente da<br />
proximidade de um afluente. A “calibração” da medição da<br />
velocidade poderá ser feita por meio de molinetes.<br />
Os exemplos que acompanham a norma ISO 6416 dão conta<br />
de erros limites de medição de 1,5% a 8%, dependendo da<br />
quantidade de trajetórias de feixes, e de situação do nível do<br />
rio, em relação ao escoamento modal (nível normal).<br />
A medição de vazão em grandes canais de efluentes<br />
industriais utiliza o princípio de medição de vazão por<br />
ultrassom. Nas realizações industriais de medidores para<br />
esta finalidade, a eletrônica associada ao medidor permite<br />
parametrizar o perfil da parte molhada do canal e pode<br />
receber e interpretar os sinais de vários pares de transdutores<br />
ultrassônicos, para obter maior exatidão. Utilizando 3 pares<br />
de sondas e mediante cuidados na instalação, consegue-se<br />
medir com incertezas da ordem de ±2%.<br />
Figura 10 – Método de medição de vazão num canal por ultrassom /<br />
tempo de trânsito [ref.3].<br />
O gráfico mostra uma variação de vazão em que a velocidade 1<br />
é medida durante todo o tempo e as velocidades 2 e 3 medidas<br />
somente quando o nível alcançou os transdutores correspondentes.<br />
Durante toda a medição, a vazão é calculada por um computador<br />
de vazão em função das velocidades e da seção molhada, que é<br />
função do nível e do perfil do canal, parametrizado no computador.<br />
Medição por meio de ultrassom por efeito Doppler<br />
Diferentemente da medição por tempo de trânsito, a<br />
medição por efeito Doppler ainda não é ainda objeto<br />
de norma. Entretanto, trata-se de um método muito<br />
interessante que várias fabricantes adotaram.<br />
O efeito Doppler pressupõe a presença de partículas ou de<br />
bolhas sobre as quais o feixe ultrassônico irá refletir-se. O<br />
InTech 140 49
artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />
feixe, orientado segundo uma direção formando um ângulo<br />
com o eixo da tubulação, é emitido com certa frequência. Ao<br />
encontrar as partículas que se deslocam à mesma velocidade<br />
que o fluxo, o feixe é refletido com outra frequência: mais<br />
elevada, se a direção do feixe for em sentido contrário ao<br />
das partículas, mais baixa, no caso contrário. A eletrônica<br />
associada ao medidor recebe o sinal das 2 frequências que<br />
produzem um “batimento”, outro fenômeno ondulatório,<br />
tendo como frequência a diferença da incidente e da refletida.<br />
A velocidade da partícula é calculada a partir desta frequência<br />
de batimentos. Na Figura 11 partícula A, situada longe do<br />
fundo do canal desloca-se a uma velocidade maior que a<br />
partícula B, também detectada, mais perto do fundo [ref.4].<br />
Figura 11 – Método de medição de vazão num canal por ultrassom /<br />
efeito Doppler.<br />
Figura 12 – Método de utilização do efeito Doppler para determinação<br />
do perfil de velocidades de um escoamento.<br />
Uma forma adotada por um fabricante [ref.5] usa o método<br />
da correlação cruzada para determinar o perfil de velocidades<br />
do escoamento.<br />
50 InTech 140<br />
A Figura mostra como são determinadas as velocidades<br />
em várias distâncias o fumdo do canal ou da tubulação<br />
parcialmente cheia.<br />
São analisadas 3 partículas A, B e C que deslocam-se a<br />
velocidades diferentes:<br />
São feitas imagens digitalizadas a intervalos curtos regulares<br />
das partículas.<br />
No primeiro instante, a imagem registra as partículas no<br />
Formato 1 (A1, B1 e C1)<br />
No instante seguinte, a imagem registra as partículas no<br />
Formato 2 (A2, B2 e C2)<br />
No mesmo intervalo de tempo, o deslocamento das 3<br />
partículas é representativo de suas velocidades:<br />
A distância de A1 para A2 é menor que a de B1 para B2, esta<br />
também menor que a de C1 para C2.<br />
O cálculo pelo método de correlação cruzada determina com<br />
exatidão as velocidades de cada partícula.<br />
O método ilustrado para a aplicação do efeito Doppler não<br />
é o único, outros fabricantes [ref.6] utilizam a informação<br />
de distância e de velocidade das partículas obtida por vários<br />
feixes ultrassônicos estreitos para determinar o perfil de<br />
velocidades com software especializado.<br />
Medição eletromagnética<br />
Outro método aplicado para medição de vazão em canal aberto é o<br />
representado na Figura 13. Este método já vinha sendo utilizado há<br />
anos em tubulações parcialmente cheias [ref.7] associa a medição<br />
magnética, para determinar a velocidade média do escoamento,<br />
com o nível, num canal de dimensões definidas. Os medidores<br />
eletromagnéticos são baseados na lei de Faraday, ou seja, na<br />
indução eletromagnética. O fluido, condutor elétrico, deslocase<br />
perpendicularmente a um campo magnético, gerando entre<br />
eletrodos uma força eletromotriz proporcional à sua velocidade. No<br />
caso, o campo magnético é gerado por bobinas colocadas de cada<br />
lado do canal, na parte inferior. O nível é medido por ultrassom.<br />
Figura 13 – Método de medição eletromagnético.
Aplicações especiais<br />
Aplicações especiais vêm sendo utilizadas, utilizando<br />
combinação de métodos tradicionais:<br />
A Figura mostra uma calha Parshall dupla, a menor ocupando<br />
parte da maior, fazendo uma espécie de “split range”. A<br />
Figura 14A mostra as duas tomadas para a medição de h , a<br />
uma para medir baixas vazões e outra para vazões elevadas.<br />
Não há como medir vazão afogada, já que não tem<br />
possibilidade de colocar uma tomada para h . b<br />
Figura 14 – Medidores combinados.<br />
A Figura 14B mostra um vertedor combinando, na parte inferior<br />
o formato triangular, a 90° com o retangular com contração<br />
lateral. No caso, a escala é marcada diretamente no vertedor.<br />
Encontram-se realizações de calhas associadas, nas laterais, a<br />
vertedores de parede delgada ou com soleira espessa [ref. 8].<br />
CONCLUSÃO<br />
Os progressos futuros dos medidores de vazão em canais abertos<br />
dependem, em grande parte, das exigências de certificação<br />
que deverão aparecer num futuro próximo, ligadas a emissão<br />
de efluentes e assuntos ambientais. A certificação depende de<br />
normas específicas para definir a incerteza de medição.<br />
O grande progresso introduzido pela nova norma ISO<br />
9826:2008 é a possibilidade de determinação desta<br />
incerteza. Isto coloca as calhas relacionadas entre os poucos<br />
elementos primários de medição de vazão que dispensam<br />
a calibração, como as placas de orifício, bocais e tubos de<br />
Venturi, desde que construídos de acordo com a norma.<br />
Importante é notar que a equação 3 acima identifica um<br />
“coeficiente de descarga”, termo reservado nas normas a<br />
medidores por pressão diferencial clássicos.<br />
É provável que pesquisas sejam realizadas para melhoras a<br />
definição das incertezas destes coeficientes de descarga das<br />
calhas, talvez em função do número de Froude, em analogia<br />
número de Reynolds que para os coeficientes de descarga<br />
das placas de orifício. Fabricantes devem também detectar<br />
nas características das calhas Parshall e SANIIRI relativas vazão<br />
afogada “s” a possibilidade de desenvolver transmissores<br />
MEDIÇÃO DE VAZÃO artigo<br />
especializados para vazões em fluxo submerso. Nota-se que,<br />
em muitas calhas existentes, o assunto de vazão afogada é<br />
simplesmente ignorado, apesar de existir, por falha de projeto.<br />
Para os outros medidores, por enquanto, ainda é necessário<br />
confiar nas especificações do fabricante ou realmente<br />
fazer uma calibração, por meio de molinetes [ref.9] ou de<br />
traçadores[ref.10]. Métodos modernos, como o Acoustic<br />
Doppler Velocimeter podem ser utilizados, mas não existe<br />
medidor certificado. O sucesso destes medidores é ligado<br />
à formalização e normatização de métodos de calibração,<br />
o que parece possível desde que sejam definidos o tipo<br />
de medidor para calibração (que deverá ser calibrado e<br />
certificado) e o formato do canal de medição/calibração.<br />
Estas novidades são bem vindas, neste início de século, quando<br />
finalmente existe a conscientização da necessidade de cuidar do bom<br />
uso e do reuso deste recurso natural muito precioso que é a água.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
[Ref.1] Documentação geral sobre medição de vazão em calhas abertas<br />
Centre d´expertise em analyse environnementale du Québec<br />
www.ceaeq.gouv.qc.ca<br />
Flow wastewater measurement Pars Aqua s.r.o (Vrsecky Jan, maio<br />
2010) www.pars-aqua.cz<br />
Manual de Operação da Incontrol (2008) www.incontrol.ind.br<br />
Produtos da INCCER www.incer.com.br<br />
Produtos da Alfamec www.alfamec.com.br<br />
[Ref.2] Normas internacionais ISO<br />
• ISO 1438/1:2008 - Water flow measurement in open channels<br />
using weirs and venturi flumes - Part 1: Thin-plate weirs<br />
• ISO 3846 :2008 Hydrometry - Open channel flow measurement<br />
using rectangular broad-crested weirs<br />
• ISO 3847 - Liquid flow measurement in open channels by weir<br />
• ISO 4360 - Liquid flow measurement in open channels by weirs<br />
• ISO 4362 - Measurement of liquid flow in open channels<br />
trapezoidal profile weirs<br />
• ISO 4374 - Liquid flow measurement in open channels - Roundnose<br />
horizontal broad-crested weirs<br />
• ISO 4377 - Hydrometric determinations - Flow measurement in<br />
open channels using structures - V weirs<br />
• ISO 8333 - Liquid flow measurement in open channels by weirs<br />
• ISO 9827 - Measurement of liquid flow in open channels by weirs<br />
and flumes - Streamlined triangular profile weirs.<br />
[Ref.3] Use-Ultraflux - Flowmeters for open channel measurements /<br />
sewage treatment, distribution channels and the environment.<br />
www.usea-ultraflux.com<br />
[Ref.4] Michael Teufel - Cross correlation – the better Ultra Sonic<br />
Doppler – Cross correlation technique – www.isud-conference.org<br />
[Ref.5]NIVUS - Measurement technology. From Doppler measurement<br />
to the cross correlation method. www.nivus.com<br />
[Ref.6] Teledyne Isco - Products - ADFM® Pro20 Velocity Profiler.<br />
Large pipes and channels www.isco.com<br />
[Ref.7] Friedrich Hoffman (Krohne)– Fundamental principles of flow<br />
measurements- <strong>EM</strong>Fs for partially filled pipelines. www.krohne.com<br />
[Ref.8] P WesselsI, A Rooseboom - Flow-gauging structures in South<br />
African rivers. www.scielo.org.za<br />
[Ref.9] Hydromechanics VVR090. Flow Measurements in Flumes.<br />
ADV / Propeller meter. www.tvrl.lth.se<br />
[Ref.10] Laboratório de Traçadores do Programa de Engenharia Civil da<br />
Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE/UFRJ)<br />
InTech 140 51
artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
NORMAS PARA TESTE DE <strong>VAZAMENTO</strong><br />
PELA SEDE <strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
David Livingstone Villar Rodrigues (davidvillar@terra.com.br), MsC, Engenheiro Eletricista.<br />
Consultor. Presidente da Seção ISA Bahia para o exercício 2012.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Quando o assunto vazamento em válvulas de controle for<br />
colocado em discussão devemos primeiramente identificar a<br />
parte do corpo onde este vazamento está ocorrendo.<br />
A corrente de fluido que passa através da válvula de controle<br />
pode provocar dois tipos de vazamentos: internos e externos.<br />
Os vazamentos externos ocorrem de dentro do corpo para<br />
o meio ambiente; os vazamentos internos ocorrem entre a<br />
entrada e a saída do corpo da válvula na posição fechada.<br />
Os vazamentos externos são consequência do vazamento<br />
do fluido de processo, que escapa para o meio ambiente<br />
quando a válvula de controle está em operação. Ocorre<br />
com mais frequência quando o fluido se infiltra através da<br />
caixa de gaxetas ao longo da haste ou do eixo da válvula de<br />
controle. Também pode ocorrer através da junta do castelo.<br />
O vazamento pelas gaxetas ou pela junta do castelo provoca<br />
poluição e perdas de produção.<br />
Os vazamentos internos ocorrem quando o fluido de processo<br />
passa da entrada para a saída do corpo, na posição fechada<br />
e com diferencial de pressão aplicado. Estes vazamentos são<br />
típicos das falhas entre a sede e o obturador. O vazamento<br />
entre a sede e o obturador não é o único caminho para o<br />
vazamento de fluido entre a entrada e a saída do corpo.<br />
Vazamentos podem ocorrer pela passagem de fluido que<br />
se infiltra entre a sede e o corpo e, nas válvulas globo<br />
balanceadas, entre o anel pistão e a parede interna da gaiola.<br />
Este tipo de vazamento interno, denominado de uma forma<br />
geral como vazamento pela sede (“seat leakage”), pode<br />
provocar perdas de produção, redução da eficiência e danos<br />
nas superfícies de assentamento entre o obturador e a sede.<br />
CLASSE DE <strong>VAZAMENTO</strong><br />
OU CLASSE DE VEDAÇÃO<br />
Frequentemente lemos em artigos, boletins técnicos e em<br />
algumas Folhas de Dados referencias á classe de vedação.<br />
É um termo alternativo á classe de vazamento? Tem o<br />
mesmo significado?<br />
52 InTech 140<br />
O dicionário Aurélio define a palavra vedar como “impedir<br />
que corra; estancar”.<br />
O conceito de vedação está, portanto, associado á<br />
interrupção de passagem do fluido. O uso do termo classe<br />
de vedação em válvulas de controle é, portanto, indevido<br />
porque está associado á interrupção e á estanqueidade,<br />
características próprias das válvulas de bloqueio.<br />
Neste artigo vamos adotar a nomenclatura classe de<br />
vazamento, de acordo com a tradução literal do termo<br />
original em inglês “leakage class”.<br />
ONDE COMEÇAR<br />
O primeiro contato com o termo classe de vazamento<br />
ocorre ao examinar a Folha de Dados de uma válvula de<br />
controle para preencher ou para selecionar e dimensionar<br />
uma válvula de controle.<br />
Na Folha de Dados padrão ISA S20.50, Rev 1 [1], a classe<br />
de vazamento ANSI/FCI é encontrada no bloco “Testes”<br />
juntamente com o teste de pressão hidrostática.<br />
Algumas Folhas de Dados de Processo de válvulas de controle<br />
também requerem a definição da classe de vazamento.<br />
Como existe esta duplicidade de competência cabe a<br />
questão: quem deve ser o responsável por esta definição na<br />
fase de projeto?<br />
Por ser um item relacionado com aspectos construtivos<br />
do corpo da válvula de controle a definição da classe de<br />
vazamento deve ser de responsabilidade da equipe de<br />
automação industrial. A formação do profissional que<br />
atua nesta área deve portanto incluir o estudo detalhado<br />
do funcionamento da válvula de controle incluindo a<br />
especificação, seleção, dimensionamento e aplicação.<br />
NORMAS DE <strong>VAZAMENTO</strong> PELA SEDE<br />
Existem no mercado duas normas referentes á vazamento<br />
pela sede de válvulas de controle. A primeira norma<br />
publicada sobre este assunto foi a ASME B16.104. Em 1970
esta norma passou a se chamar FCI 70-2. Atualmente esta<br />
norma é denominada ANSI/FCI 70-2-2006 [2].<br />
Diante da necessidade de uma norma internacional para<br />
tratar de inspeção e testes em válvulas de controle o<br />
subcomitê 65B da IEC publicou na década de 1990 a norma<br />
534-4. Atualmente esta norma é denominada IEC 60534-4,<br />
3ª ed. publicada em 2006 [3].<br />
A principal característica destas duas normas é o<br />
estabelecimento de classes de vazamento associadas ao tipo<br />
de construção e de aplicação das válvulas de controle. Este tipo<br />
de enfoque é único entre os diversos tipos de normas existentes<br />
para testes de vazamento de válvulas em geral. O uso de<br />
algarismos romanos entre I e VI para denominar as classes de<br />
vazamento é outra característica distinta das normas citadas.<br />
AS NORMAS DE <strong>VAZAMENTO</strong> PELA SEDE POD<strong>EM</strong><br />
SER USADAS PARA QUALQUER TIPO DE VÁLVULA?<br />
Uma nota no prefácio da norma ANSI/FCI 70-2 informa<br />
que “esta norma deve ser usada apenas em válvulas de<br />
controle. Se a aplicação exigir uma válvula para bloqueio<br />
ou interrupção de fluxo a FCI recomenda a especificação de<br />
outra norma, como, por exemplo, a API 598”.<br />
Apesar desta observação, diversos usuários de válvulas de<br />
bloqueio e válvulas on-off continuam incluindo nas Folhas de<br />
Dados testes de vazamento com procedimentos descritos nas<br />
normas ANSI/FCI e IEC. Estas Folhas de Dados deveriam indicar<br />
testes de vazamento pela sede de acordo com outras normas<br />
existentes, como por exemplo, API 6D, API 598 ou ISO 5208.<br />
É importante registrar que alguns fabricantes de válvulas onoff<br />
também publicam indevidamente nos catálogos que seus<br />
produtos atendem a norma ANSI/FCI 70-2.<br />
NORMA ANSI/FCI 70-2-2006,<br />
“CONTROL VALVE SEAT LEAKAGE”.<br />
É uma norma patrocinada pelo Fluid Controls Institute e<br />
incorporada ao American National Standard. Devido ao<br />
pioneirismo e tempo de publicação, a ANSI/FCI 70-2 se<br />
tornou uma referência para a quase totalidade dos usuários<br />
em todo o mundo. Praticamente todos os livros, artigos,<br />
boletins de fabricantes e Folhas de Dados fazem referencia á<br />
esta norma. Um dos motivos deste sucesso é o fato de ser<br />
uma norma de uso prático e exclusiva para vazamentos pela<br />
sede de válvulas de controle.<br />
A norma ANSI/FCI 70-2-2006, “Control Valve Seat Leakage”<br />
tem apenas nove paginas, define os diversos tipos de<br />
classes de vazamento, os limites máximos permitidos e os<br />
procedimentos de testes.<br />
Apesar do titulo indicar o vazamento pela sede da válvula<br />
de controle, está implícito que o vazamento a ser medido<br />
durante o teste inclui a quantidade de fluido que passa<br />
através do corpo, na posição fechada, sob as condições de<br />
teste definidas. Isto significa, por exemplo, que numa válvula<br />
globo balanceada, serão contabilizados os vazamentos entre<br />
VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />
a sede e o obturador, entre o anel pistão do obturador e a<br />
gaiola e também entre a sede e o corpo. Por este motivo a<br />
medição do vazamento é efetuada na saída do corpo da<br />
válvula de controle.<br />
Parte do texto desta norma auxilia a aplicação e a seleção<br />
ao descrever o tipo de corpo, o tipo e material dos internos<br />
associados a cada uma das seis classes de vazamento.<br />
As seis classes de vazamento são numeradas com algarismos<br />
romanos. A classe I não requer nenhum teste de vazamento,<br />
por acordo entre o usuário e o fabricante.<br />
A classe II é típica de válvulas de controle tipo globo com sede<br />
dupla ou sede simples balanceadas, com um anel de pistão e<br />
com sede e obturador fabricados com metais.<br />
A classe III é associada aos mesmos tipos de válvulas, porém<br />
com um ajuste mais rigoroso de vazamento pela sede e<br />
sistemas de selagem.<br />
A Classe IV é típica de válvulas de controle não balanceadas,<br />
sede simples, ou balanceadas com anéis de pistão especiais e<br />
com sede e obturador fabricados com metais.<br />
A classe V é a única que também está associada ao tipo de<br />
aplicação: é indicada para válvulas de controle que trabalhem<br />
normalmente fechadas. Exemplo: válvula de controle antisurge.<br />
Para atender o vazamento máximo permitido no teste,<br />
deve ser usada válvula de sede simples não balanceada, ou<br />
balanceada com anéis tipo pistão e sede especiais.<br />
A classe VI é geralmente associada às válvulas balanceadas<br />
e não balanceadas com sede e/ou obturador revestido com<br />
material resiliente. Como a redação não exige o uso de sede<br />
e/ou obturador revestidos de material resiliente existe pelo<br />
menos um fabricante que oferece válvula globo de sede<br />
simples, classe VI, com assentamento metal-metal.<br />
A Norma ANSI/FCI determina quatro tipos de testes:<br />
• O procedimento tipo A é aplicado às classes de<br />
vazamento II, III e IV.<br />
• Os procedimentos tipos B e B1 são aplicados à classe V.<br />
• O procedimento tipo C é especifico para a classe VI.<br />
Esta norma não define o tempo de teste. No texto<br />
que descreve os procedimentos de teste tipos B e C é<br />
recomendado que deve ser permitido um tempo suficiente<br />
para estabilizar a medição da vazão.<br />
Algumas observações sobre os vazamentos máximos<br />
permitidos por classe:<br />
• Os vazamentos das classes II, III, e IV são definidos como<br />
um percentual do C selecionado, ou seja, do C com a<br />
V V<br />
válvula 100% aberta.<br />
• O vazamento da classe V no teste tipo B (com água) é<br />
função do diâmetro da sede e do máximo diferencial<br />
de pressão de trabalho. O vazamento da classe VI<br />
é função apenas do diâmetro da sede. Como as<br />
bases de medição são diferentes a classe V pode, em<br />
certas circunstâncias, ser mais restritiva em termos de<br />
vazamento do que a classe VI.<br />
InTech 140 53
artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
• Válvulas de controle do mesmo tipo e diâmetro de dois<br />
fabricantes diferentes têm vazamentos diferentes uma<br />
vez o vazamento é função dos coeficientes de vazão (C ). V<br />
• Todas as classes permitem algum tipo de vazamento. Não<br />
existe válvula de controle com vazamento zero.<br />
NORMA IEC 60534-4, “INDUSTRIAL-PROCESS<br />
CONTROL VALVES – INSPECTION AND ROUTINE<br />
TESTING, 3RD EDITION 2006”<br />
Ao contrário da norma ANSI/FCI 70-2, a norma IEC 60534-4 não<br />
é exclusiva para vazamentos pela sede de válvulas de controle.<br />
O título informa que se trata de uma norma para “Inspeção<br />
e Testes de Rotina”. Na realidade, a terceira revisão<br />
desta norma indica no prefácio que foram cancelados os<br />
requerimentos de inspeção tendo em vista se tratar de item<br />
de “natureza contratual”. Esta norma, portanto, deve ser<br />
aplicada a testes de válvulas de controle fabricadas de acordo<br />
com as demais normas da série 60534 publicadas pela IEC.<br />
A norma relaciona sete testes obrigatórios a serem realizados<br />
numa válvula de controle após a conclusão de fabricação:<br />
• Teste hidrostático do corpo.<br />
• Teste de vazamento pela sede.<br />
• Teste do engaxetamento.<br />
• Teste do curso da válvula.<br />
• Teste da banda morta.<br />
• Teste da capacidade de vazão.<br />
• Teste da característica de vazão.<br />
O teste de vazamento pela sede está descrito nos itens 4.2 e<br />
5.5 desta norma.<br />
No item 4.2 encontramos três notas de grande importância<br />
para quem vai aplicar o teste de vazamento pela sede usando<br />
esta norma:<br />
• Este teste não deve ser aplicado em válvulas de controle<br />
com coeficiente de vazão C abaixo de 0,1 (KV < 0,086).<br />
V<br />
• A Classe de Vazamento VI deve ser aplicada unicamente<br />
em válvulas com sede e/ou obturador revestidos com<br />
material resiliente.<br />
A norma IEC não inclui no texto descritivo associando as classes<br />
de vazamento aos tipo de internos, materiais ou aplicação.<br />
Da mesma forma que a norma ANSI/FCI a norma IEC atribui<br />
classes de vazamento identificadas com algarismos romanos. A<br />
única diferença é que a norma IEC acrescenta mais uma classe<br />
de vazamento: a classe IV-S1. Esta classe é raramente utilizada.<br />
Os procedimentos de teste descrito na norma IEC são<br />
similares aos procedimentos de teste descritos na norma<br />
ANSI/FCI porém, a norma IEC determina apenas dois<br />
procedimentos de teste:<br />
• O procedimento de teste 1 pode ser aplicado em todas as<br />
classes de vazamento.<br />
• O procedimento de teste 2 deve ser aplicado como<br />
alternativa apenas às classes IV, IV-S1 e V.<br />
54 InTech 140<br />
O ponto de comum mais significativo entre as normas IEC e<br />
ANSI/FCI é a correspondência entre as tabelas onde constam<br />
os vazamentos máximos permitidos para as diversas classes<br />
de vazamento.<br />
DIFERENÇAS ENTRE AS NORMAS<br />
ANSI/FCI 70-2 E IEC 60534-4<br />
A norma ANSI/FCI 70-2 informa no parágrafo 2.3 que estas<br />
duas normas são similares com exceção dos seguintes pontos:<br />
• A norma IEC 60534-4 inclui mais uma classe de<br />
•<br />
vazamento: a classe IV-S1.<br />
A Norma ANSI/FCI 70-2 também abrange as válvulas com<br />
C inferior a 0.1.<br />
V<br />
Esclarecemos que existem outras diferenças significativas entre<br />
estas duas normas e que devem consideradas pelos usuários.<br />
Além das duas diferenças informadas acima relacionamos<br />
abaixo outras diferenças anotadas de acordo com a analise<br />
das últimas revisões (2006) destas duas normas:<br />
• A norma ANSI/FCI 70-2 é usada exclusivamente para testes<br />
de vazamento pela sede. A norma IEC é usada para sete tipos<br />
diferentes de testes, inclusive o de vazamento pela sede.<br />
• A norma IEC descreve apenas dois tipos de procedimento<br />
de teste. A norma ANSI/FCI descreve quatro<br />
•<br />
procedimentos de teste.<br />
Para definir os vazamentos nas classes II, III e IV a norma<br />
IEC usa o termo coeficiente de vazão. Isto possibilita o uso<br />
dos coeficientes de vazão C e K . A norma ANSI/FCI se<br />
V V<br />
refere apenas ao coeficiente C . V<br />
• A norma IEC admite a possibilidade do uso do<br />
•<br />
procedimento de teste 2 para a Classe IV. Neste teste é<br />
usada a pressão diferencial máxima de trabalho. Na<br />
norma ANSI/FCI 70-2 o teste com o diferencial máximo de<br />
pressão de trabalho é exclusivo para a classe V.<br />
A norma IEC não flexibiliza a classe de vazamento VI para<br />
assentamento com material metal-metal. A norma ANSI/<br />
FCI afirma que a classe VI está “geralmente associada”<br />
á válvulas de controle com assentamento de material<br />
resiliente. O termo “geralmente associado” dá abertura<br />
para a aplicação desta classe com válvulas de sede simples<br />
com sede e obturador fabricados com metais.<br />
OS RESULTADOS DESTES TESTES POD<strong>EM</strong><br />
SER USADOS PARA PREVER <strong>VAZAMENTO</strong>S<br />
DA VÁLVULA QUANDO SUBMETIDA<br />
ÀS CONDIÇÕES REAIS DE OPERAÇÃO?<br />
A norma para vazamento pela sede de uma válvula de<br />
controle é um documento que não é corretamente entendido<br />
por alguns profissionais do ramo.<br />
Existe um conceito disseminado de que os vazamentos<br />
máximos permitidos para cada classe podem ser relacionados<br />
com os vazamentos pela sede quando estas válvulas estão<br />
submetidas às condições reais de processo.
Esta questão pode ser esclarecida analisando os textos das<br />
normas ANSI/FCI e IEC.<br />
O parágrafo 2 da norma ANSI/FCI 70-2 estabelece a<br />
finalidade e as limitações desta norma. No item 2.3<br />
encontramos a seguinte frase: “esta norma não pode ser<br />
usada como base para prever vazamento em condições<br />
outras que aquelas especificadas”.<br />
A norma IEC 60534-4 registra no final do texto do item 4.2<br />
(teste de vazamento pela sede) uma redação ainda mais<br />
objetiva: “esta parte da norma não pode ser usada para<br />
prever vazamento quando a válvula de controle estiver<br />
instalada sob condições reais de operação”.<br />
ENTÃO, PARA QUE SERV<strong>EM</strong> ESTAS NORMAS?<br />
Considerando os parágrafos descritos acima podemos<br />
concluir que o objetivo real do teste de vazamento pela sede<br />
é detectar falhas de fabricação ou de serviços de manutenção<br />
na superfície de assentamento entre o obturador e a sede ou<br />
erros de montagem do conjunto da válvula.<br />
Este entendimento é confirmado por especialistas em válvulas<br />
de controle através dos seguintes textos:<br />
Hans D. Baumann [4]<br />
“Estes testes são testes de aceitação para o fabricante e<br />
executados sob condições especificas”<br />
“As vazões de teste não podem ser aplicadas em outras<br />
condições de vazão e de pressão”<br />
Cullen Langford [5]<br />
“Uma válvula real em um processo real, montada na<br />
tubulação com variação de pressão e temperatura, com<br />
fluidos sujos e corrosivos, após uma manutenção, certamente<br />
deverá vazar”.<br />
Les Driskell [6]<br />
“Observar, entretanto, que estes testes são efetuados para<br />
estabelecer padrões de aceitação uniformes de qualidade de<br />
fabricação”.<br />
“Estes testes não devem ser usados para estimar vazamentos<br />
nas condições reais de processo”.<br />
“As faixas de vazamento especificadas pela norma ANSI não<br />
podem ser extrapoladas para outras pressões diferenciais ou<br />
fluidos diferentes dos que são usados no teste”.<br />
O QUE FAZER ENTÃO PARA REDUZIR<br />
<strong>VAZAMENTO</strong>S <strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
Hans Baumann [7] considera que o vazamento reduzido<br />
através da sede é benéfico...porque economiza energia.<br />
De acordo com o artigo “The Control Valve’s Hidden Impact<br />
on the Bottom Line – Part 2” [8] o autor Bill Fitzgeral relaciona<br />
algumas ações que podem ser tomadas para reduzir o<br />
vazamento pela sede das válvulas de controle quando<br />
submetidas a uma condição real de processo.<br />
VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />
Durante a manutenção geral da válvula de controle<br />
adotar procedimento para garantir um contato adequado<br />
entre as superfícies do obturador e da sede. Para isto é<br />
necessário verificar o alinhamento entre as hastes do<br />
atuador e da válvula.<br />
Consultar a memória de cálculo do atuador para verificar<br />
as informações consideradas para o dimensionamento<br />
da carga de assentamento. Informações incorretas sobre<br />
a pressão diferencial máxima, classe de vazamento,<br />
diâmetro interno, material das gaxetas e sentido de fluxo<br />
podem provocar o subdimensionamento do atuador e,<br />
consequentemente, carga de assentamento insuficiente.<br />
As superfícies de assentamento também devem<br />
<br />
ser devidamente preparadas e ajustadas. Durante a<br />
manutenção geral da válvula, a depender de uma<br />
inspeção minuciosa, pode ser necessário trabalho de<br />
torno para obter os ângulos adequados de assentamento<br />
entre a sede e o obturador. Também é necessário o<br />
trabalho de ajuste manual chamado de lapidação.<br />
Não deve ser permitido o deposito de sólidos em suspensão<br />
nas superfícies de contato entre o obturador e a sede.<br />
CONCLUSÃO<br />
A classe de vazamento corretamente especificada permite<br />
uma seleção adequada do tipo de corpo, do tipo e material<br />
dos internos e dimensionamento do atuador.<br />
O conhecimento das normas que tratam de vazamento pela<br />
sede das válvulas de controle permite a aplicação correta das<br />
classes de vazamento e dos procedimentos de teste.<br />
Recomendamos que sejam usadas as versões originais das<br />
normas devidamente atualizadas. E que sejam disponíveis<br />
para consulta de todos os envolvidos na especificação,<br />
seleção, fabricação e manutenção de válvulas de controle. É<br />
essencial que as normas sejam lidas e discutidas por todos os<br />
que estão envolvidos em sua aplicação.<br />
E que sejam aplicadas de acordo com a legislação vigente e<br />
conforme os critérios de projeto de cada empresa.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1. International Society of Automation, Standard ISA-20-1981<br />
- “Specification Forms for Process Measurement and Control<br />
Instruments, Primary Elements and Control Valves”.<br />
2. American National Standard/Fluid Controls Institute,<br />
ANSI/FCI 70-2-2006, “Control Valve Seat Leakage”.<br />
3. International Electrotechnical Commission, IEC 60534-4,<br />
Industrial-process control valves - Part 4, Inspection and routine<br />
testing, 3a ed., 2006.<br />
4. International Society of Automation, Baumann, H. D.,<br />
Control Valve, Chapter 9, Valve Trim, 1998.<br />
5. International Society of Automation, Langford, Cullen,<br />
Control Valve, Chapter 14, Valve Selection, 1998.<br />
6. International Society of Automation, Driskell, Les,<br />
“Control Valve Selection and Sizing”, 1983.<br />
7. International Society of Automation, Baumann,<br />
Hans D. “Control Valve Primer”, 4th ed., 2009.<br />
8. Fitzgerald, Bill, “The Control Valve’s Hidden Impact on the Bottom<br />
Line – Part 2”, Valve Magazine, fall 2003.<br />
InTech 140 55
artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
<strong>VAZAMENTO</strong><br />
<strong>EM</strong> VÁLVULA DE CONTROLE<br />
Gilson Yoshinori Mabuchi (gilson.mabuchi@ge.com), Gerente de Vendas Brasil,<br />
GE Energy, Oil & Gas, Masoneilan & Consolidated Products.<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
O tema vazamento em válvulas de controle está em pauta<br />
na discussão de usuários, empresas de engenharia e<br />
fabricantes, desde o final dos anos 80. A discussão abrange<br />
sua necessidade, nível de vazamento e norma adequada a ser<br />
aplicada no teste de verificação e aceitação.<br />
A questão envolve todos os setores; usuário, engenharia de<br />
processo, engenharia de especificação, instalação e fabricante,<br />
chegando por fim a temível equipe de inspeção e testes.<br />
Todos buscam a resposta para esta pergunta: Válvula de<br />
controle pode vazar?<br />
Ideal seria que todas as válvulas de controle possuíssem<br />
vedação estanque (sem nenhum vazamento), igualmente as<br />
torneiras usadas em nossas casas. No entanto, a norma ANSI/<br />
FCI 70-2 de 2006 estabelece que a válvula de controle possa<br />
apresentar vazamento, de acordo com a classe de vedação.<br />
A válvula de controle tem como função principal o controle<br />
do processo, ficando a responsabilidade da vedação às<br />
válvulas de bloqueio, que são instaladas à montante.<br />
A válvula de bloqueio possui construção diferenciada e<br />
responde pela vedação total quando ocorre a necessidade de<br />
fechamento, trabalha na função tudo ou nada (on-off), ou<br />
seja, totalmente aberta ou fechada.<br />
A maior dificuldade é estabelecer a classe de vedação<br />
adequada em conjunto ao atendimento dos requisitos<br />
56 InTech 140<br />
estabelecidos pelo cliente, sempre observando e<br />
considerando a etapa do teste de aceitação.<br />
Para definição da vedação, temos que analisar<br />
criteriosamente a classe requerida, o tipo de válvula, materiais<br />
de construção e condição de serviço.<br />
Normalmente são solicitadas classes II, III, IV, V e VI para<br />
válvulas de controle, em conformidade a norma ANSI/FCI<br />
70-2 e IEC 60534-4 (vide Tabelas 1 e 2).<br />
A Tabela apresenta os valores admissíveis de vazamento e<br />
determina o procedimento de teste aplicável para cada classe.<br />
Os valores de vazamentos são calculados em função da<br />
capacidade nominal de cada válvula, usualmente conhecido<br />
como Cv. As válvulas são testadas e os valores medidos de<br />
vazamento não podem ultrapassar o estabelecido pela Norma.<br />
Por exemplo: Uma válvula de controle com classe de vedação<br />
IV deve permitir um vazamento máximo < que 0,01% do seu<br />
Cv selecionado, ou seja, pode vazar no máximo 0,01% da<br />
sua capacidade de vazão máxima @ 100% de abertura.<br />
Para execução do teste utiliza-se ar ou água com pressão<br />
de 40-60 psig (3-4 bar-g) e temperatura de 10°C até 52°C<br />
na entrada da válvula. A pressão de saída é aberta para<br />
atmosfera e, com um sistema de medição, que no caso de<br />
uso de ar, pode ser um rotâmetro, a válvula é fechada com o<br />
seu próprio atuador e assim, realiza-se a medição, cujo valor é<br />
padronizado para cada tamanho de válvula em função do Cv.
Este método de teste é aplicável às classes II, III, IV e VI, sendo que<br />
na última, verifica-se pela quantidade de bolhas de ar por minuto.<br />
Para a classe V o teste é feito apenas com água, com a<br />
pressão de fechamento da válvula (diferencial máximo<br />
ou dP de shut-off). Somente para este teste é simulado o<br />
vazamento real, com a pressão máxima a qual a válvula<br />
será submetida. O vazamento será medido em ml/minutos,<br />
conforme demonstrado a seguir:<br />
2. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO<br />
A seguir verificaremos os critérios adequados para<br />
selecionar a melhor classe de vedação, observando os<br />
requisitos técnicos do processo, as necessidades do cliente<br />
e principalmente o tipo de válvula (apropriada e disponível<br />
entre os fabricantes existentes), adequando todos os critérios<br />
dentro do orçamento. A análise inicia-se pelas condições<br />
operacionais e do projeto, determinando assim, o tipo de<br />
válvula e atuador a selecionar.<br />
Tabela 1 - Norma ANSI/FCI 70-2 e IEC 60534-4<br />
(Inspeção e teste de válvulas de controle).<br />
2.1 Condição de serviço<br />
Todo processo de seleção da válvula de controle é iniciado<br />
pela análise das condições do processo as quais a válvula será<br />
submetida. Após definido o tipo de válvula (globo, borboleta,<br />
excêntrica ou esfera), verifica-se a severidade do processo.<br />
a) Temperatura: este item pode eliminar e limitar a seleção<br />
de algumas classes de vedação. Caso a temperatura esteja<br />
acima de 200°C e abaixo de –70°C deve-se evitar a classe<br />
VI que normalmente tem revestimento de teflon na sede ou<br />
VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />
no obturador para atender a classe requerida de vazamento.<br />
Como o teflon é mais macio que o aço, apresenta uma<br />
deformação no fechamento, melhorando a vedação. Nos<br />
casos de uso de outro tipo de material macio, o limite de<br />
temperatura pode ter limitação ainda maior, como, por<br />
exemplo, o EPDM que trabalha entre –40°C até 135°C.<br />
Ainda no quesito temperatura deve-se observar se o processo<br />
envolve alguns tipos de fluidos, como vapor d’água, que<br />
além da necessidade de manusear altas temperaturas, tem<br />
características erosivas, principalmente quando em estado<br />
saturado. Para aplicações com vapor d’água, independente da<br />
função da válvula (redutora ou alivio de pressão), a melhor classe<br />
de vedação é V. Na posição fechada, a válvula deve manter a<br />
melhor classe de vedação possível, pois, o vazamento permitido<br />
pelas demais classes II, III e IV, podem causar danos na área de<br />
assentamento pela passagem do vapor, podendo danificar<br />
a sede e o obturador, em caso de um alto valor de diferencial<br />
de pressão entre a entrada e a saída da válvula (delta-p),<br />
principalmente em aplicação onde a válvula permanece<br />
muito tempo fechada, como em sistema de by-pass de turbo<br />
gerador de vapor. Com fluídos gasosos o cuidado é o mesmo,<br />
em sistemas de anti-surge de compressores.<br />
b) Pressão: existem todas as opções de classes de vedação<br />
para válvula de controle, independente do valor da pressão.<br />
O cuidado está no valor do diferencial de pressão, que pode<br />
limitar o uso da classe VI. Válvulas que trabalham com altas<br />
perdas de carga, com fluidos gasosos indicam alta velocidade<br />
na região do assentamento, que irá trazer danos para sedes<br />
macias, como os elastômeros utilizados. A melhor opção é o<br />
uso de assentamento metal- metal e classe de vedação IV ou V.<br />
c) Aplicações críticas: não podemos selecionar válvulas com<br />
sede macia para aplicações que indicam cavitação, flashing,<br />
que possuem sólidos em suspensão ou que sejam altamente<br />
viscosos. A melhor opção é a utilização de materiais endurecidos<br />
na área de assentamento e as classes III, IV, V ou ZERO. A classe<br />
ZERO destina-se às válvulas onde não existe contato entre a<br />
sede e o obturador, com a válvula vazando quando fechada.<br />
É aplicada em processo com sólidos em suspensão, onde<br />
a distância entre a sede e o obturador permite a passagem<br />
do fluido sem causar danos e também para processos com<br />
fluidos que polimerizam quando não em movimento,<br />
podendo entupir a válvula, mas, são casos específicos.<br />
Sempre que possível, para aplicação em cavitação usar<br />
válvula de assentamento metal-metal, de material endurecido<br />
InTech 140 57
artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
e classe V de vedação. Se a cavitação ocorre na válvula é<br />
porque existe um grande diferencial de pressão entre a<br />
entrada e a saída da válvula. Quando a válvula está fechada<br />
este diferencial pode aumentar, com isso, o vazamento<br />
mínimo irá causar danos na área de assentamento pela<br />
cavitação do liquido. A cavitação não ocorre somente com<br />
a válvula em operação é está totalmente ligada ao valor da<br />
perda de carga a que o fluido é submetido.<br />
d) Projeto: antes de estabelecer alto nível de vedação em uma<br />
válvula de controle, recomenda-se analisar o fluxograma do<br />
projeto, verificando se já existe uma válvula de bloqueio para<br />
fazer esta função. Normalmente existem válvulas de bloqueio<br />
para vedar 100% nas linhas em situações de emergência,<br />
deixando para a válvula de controle a função específica de<br />
controle do processo.<br />
3. TIPO E TAMANHO DA VÁLVULA<br />
Para cada aplicação é realizada a seleção do tipo da válvula de<br />
controle, que dependendo do seu tamanho, pode encontrar<br />
dificuldade em atender a classe de vedação requerida.<br />
A seguir estão os tipos e classes de vedação para cada tipo/<br />
desenho de válvula de controle.<br />
a) Tipo Globo: ainda concentra a maior quantidade das<br />
válvulas de controle e pode atender todas as classes de<br />
vedação estabelecidas da norma FCI 70-2, com as seguintes<br />
particularidades técnicas, em função do tamanho.<br />
- Sede simples: é fabricada nos diâmetros de ½” até 8”.<br />
Possui boa classe de vedação, com padrão inicial classe IV.<br />
A vedação é direta no contato da sede com o obturador e<br />
para pressão de fechamento < 20 kg/cm2-g e menores<br />
que 4”, pode trabalhar com atuador tipo diafragma de<br />
simples ação. Para fechar e garantir esta classe de vedação<br />
para válvulas > 4”, existe a necessidade de uso de atuador<br />
pneumático tipo pistão.<br />
- Gaiola balanceada: é fabricada nos diâmetros de 1” até<br />
20”. Possui obturador balanceado, com furos de equalização<br />
e atendem normalmente a classe de vedação II e III. Por<br />
ser guiada dentro de uma gaiola, possui anel ou anéis de<br />
vedação, que faz o contato entre o obturador e a gaiola. A<br />
vantagem deste tipo de construção é poder trabalhar com<br />
altos valores de diferencial de pressão, no entanto, por ter<br />
que vedar na área do assentamento da sede, obturador<br />
e também na área lateral da guia gaiola, tem limitação em<br />
58 InTech 140<br />
atender classes de vedação IV, V e VI. Normalmente trabalha<br />
com classes III e IV, esta última, com o uso de anel de vedação<br />
do obturador macio ou múltiplo.<br />
b) Tipo Borboleta de alto desempenho: pode atender sem<br />
dificuldade as classes de vedação IV para sede metálica e VI<br />
para sede macia de elastômero. Em razão de o disco estar<br />
com a sua área total sob efeito da pressão do processo, tem<br />
certa dificuldade de usar de um atuador pneumático tipo<br />
diafragma para válvulas com diâmetro superior a 8”. Para<br />
tamanhos superiores a 12” padroniza-se o uso de atuador<br />
tipo pistão de dupla ação, pela necessidade de alto torque de<br />
fechamento e de abertura para sede metálica.<br />
c) Tipo esfera: segue quase o mesmo padrão da válvula tipo<br />
borboleta de alto desempenho.<br />
d) Tipo obturador excêntrico: existem várias opções de<br />
válvulas de controle com obturador excêntrico, porém, nem<br />
todas apresentam o mesmo sistema de assentamento. O<br />
padrão seria o encosto do obturador na sede, realizado em<br />
2 etapas; a primeira etapa seria o encosto da parte superior<br />
do obturador na sede, a segunda etapa, seria usando a<br />
parte flexível do braço do obturador, fazendo com que o<br />
sistema de assentamento fosse de encosto, muito similar<br />
ao movimento de uma válvula globo em seu fechamento.<br />
Com isto apesar de ser de movimento rotativo, o torque<br />
de fechamento e de abertura seria reduzido, admitindo o<br />
trabalho com atuadores tipo diafragma para diâmetros de<br />
1” até 16”.<br />
4. TIPOS DE ATUADOR<br />
Normalmente é requerido atuador tipo pneumático de<br />
simples ação, com retorno por mola, preferencialmente o de<br />
acionamento por diafragma e mola calibrada, conhecido<br />
como atuador tipo mola x diafragma.<br />
Este atuador é de fácil manuseio, pequena manutenção,<br />
confiável e de longa vida útil. Como possui uma mola<br />
calibrada apresenta um melhor controle do processo,<br />
porém, possui limitações. Cursos lineares acima de 3”, alta<br />
força ou torque de saída são fatores que limitam seu uso.<br />
Normalmente o diafragma suporta alimentação de ar inferior<br />
a 60psig, restringindo com isto a força/torque de saída.<br />
Para garantir a vedação em válvulas que requerem alta força<br />
de fechamento, são utilizados atuadores tipo pistão de<br />
simples ou dupla ação, que trabalham com pressão de
alimentação de até 150psig e sem limitação para curso linear.<br />
Os atuadores sem mola de dupla ação possuem maior força/<br />
torque de saída, pois usa a pressão de alimentação para abrir<br />
e fechar a válvula.<br />
Como quase a totalidade das válvulas de controle possui<br />
uma posição definida na falta de ar ou de energia, o uso<br />
de atuador tipo pistão dupla ação requer a utilização de<br />
um tanque externo acumulador de ar, para fazer a função<br />
da mola, ou seja, levar a válvula à posição de falha.<br />
Assim, se faz necessário o uso de um sistema composto<br />
de vários acessórios pneumáticos; nem sempre bem<br />
aceitos pelos usuários.<br />
5. VEDAÇÃO<br />
Para cada classe de vedação é requerido uma carga de<br />
assentamento, que tem como base o tipo da válvula,<br />
tamanho da sede e diferencial máximo de pressão, que varia<br />
significativamente a força requerida para vencer todas as<br />
cargas estáticas e dinâmicas, fechar a válvula e fazer a carga<br />
extra para vedar.<br />
É muito importante saber que existe vazamento em<br />
qualquer uma das classes da norma ANSI/FCI 70-2 e que os<br />
níveis de medição devem seguir o método de teste, usando<br />
preferencialmente o ar comprimido a uma pressão de 50<br />
psig, para testar as válvulas classe II, III, IV e VI. O valor de<br />
vazamento encontrado é para um diferencial de pressão de<br />
apenas 50psig e que no caso da válvula trabalhar com um<br />
diferencial maior que o testado, haverá também um maior<br />
vazamento no processo.<br />
A classe V que é testada com a pressão de água igual<br />
ao máximo diferencial em que a válvula irá trabalhar<br />
é a que mais se aproxima do real em processo. Porém<br />
não deverá ser selecionada como padrão, pois incorrerá<br />
sempre em um custo maior comparado a uma válvula<br />
de vedação classe IV, pois requer uma construção mais<br />
refinada em materiais e acabamento dos internos<br />
(sede e obturador) da válvula, além de maior carga no<br />
assentamento, que por consequência, necessitará de um<br />
atuador maior.<br />
Para a classe VI cujo teste com ar, usa o mesmo<br />
diferencial de pressão, tem a medição do vazamento feito<br />
por bolhas por minuto, seguindo a Tabela 2 (a seguir), por<br />
diâmetro de válvula.<br />
VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />
Tabela 2 – Classe VI – Vazamento máximo.<br />
5.1 Considerações finais para escolha da classe<br />
de vedação mais adequada ao processo.<br />
* Classe de vedação: em função do projeto, aplicação,<br />
segurança e principalmente do tipo de válvula a ser utilizada.<br />
Respeitar as características técnicas de cada produto e não<br />
exigir/definir um modelo inadequado (que não atenda aos<br />
requisitos do processo).<br />
* Melhor classe de vedação: para válvula de controle,<br />
recomenda-se trabalhar com vedação mínima classe III,<br />
sendo que em aplicações especificas de alívio para atmosfera,<br />
partida de caldeira, by-pass de turbina, compressor (antisurge),<br />
injeção de água de poço de petróleo e alimentação<br />
de balão da caldeira, com cavitação, deverá ser selecionada<br />
vedação classe V.<br />
a) Vedação classe VI: pela utilização de material macio no<br />
assentamento, é susceptível ao desgaste em processo de<br />
controle contínuo, onde se mantêm uma mesma posição de<br />
abertura fixa, fluxo constante em uma determinada posição e<br />
em pequenas aberturas.<br />
A classe VI de vedação é normalmente padrão em válvulas<br />
de controle biestável, ou seja, atuando 100% aberta ou<br />
100% fechada (on-off), onde a sede macia não sofre<br />
danos constantes, ou seja, movimentos de um processo de<br />
controle contínuo.<br />
b) Teste final: atentar para não cometer o equívoco de<br />
utilizar a Norma API-598 para determinar o método de<br />
teste da válvula de controle. A norma API-598 é usada<br />
especificamente para teste de válvula de bloqueio,<br />
usualmente válvula manual. Seu teste usa água com<br />
a mesma pressão do teste hidrostático, ou seja, muito<br />
acima do utilizado no dimensionamento do atuador. Esta<br />
InTech 140 59
artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />
norma é aplicada em testes de integridade do corpo (teste<br />
hidrostático), jamais para averiguar o nível de vazamento de<br />
uma válvula de controle.<br />
c) Teste de aceitação: algumas empresas ainda confundemse<br />
e realizam o teste de aceitação, incluindo o teste de vedação,<br />
baseando-se na norma API-598, o que é incorreto e inaplicável<br />
para a verificação da vedação em válvula de controle.<br />
d) Limpeza da linha: atualmente é o maior responsável<br />
por problemas de perda de vedação. O processo de limpeza<br />
da linha (quando a válvula encontra-se instalada) requer<br />
a abertura da válvula e a retirada das partes internas (sede,<br />
obturador e gaiola), evitando danos pela condução de partes<br />
metálicas na execução da limpeza.<br />
6. COMPARATIVO DE <strong>VAZAMENTO</strong><br />
A Tabela 3 (a seguir) demonstra o comparativo de<br />
vazamento máximo permitido de acordo com as classes IV,<br />
V e VI, tendo como base uma válvula do tipo globo-gaiola,<br />
diâmetro 8”, classe de pressão 900#, Cv selecionado 640<br />
e diâmetro da sede 6,5”; para aplicação em trabalho com<br />
vapor d’água, com um diferencial máximo de pressão de 70<br />
kg/cm² (1000psig).<br />
Tabela 3<br />
Para ter-se uma ideia do vazamento real da classe de vedação<br />
V, com uma pressão igual ao máximo diferencial a que será<br />
submetida de 3,25 ml/minuto, segue a relação em gotas e<br />
bolhas por minuto.<br />
Por obviedade, a classe V de vedação possui um menor<br />
nível de vazamento efetivo, quando em processo. O<br />
vazamento da água quando submetida a uma pressão<br />
de 1000 psig é somente de 52 gotas por minuto,<br />
expressivamente menor do que o obtido pela classe VI,<br />
que é de até 108 gotas por minuto, porém, com uma<br />
60 InTech 140<br />
pressão de 50 psig. Esta classe deve ser selecionada com<br />
total critério, pois será necessária a utilização de um<br />
atuador com uma força extra de vedação; em muitos<br />
casos requer atuador do tipo pistão de dupla ação.<br />
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Seguindo as recomendações de seleção de<br />
válvula de controle e classe de vedação, depois<br />
de realizado o teste de vedação e aceitação, em<br />
conformidade a norma ANSI/FCI 70-2, adotada<br />
na IEC 60534 - parte 4; pode-se instalar a válvula<br />
na linha. Se atendidos e observados todos os<br />
requisitos e critérios, certamente a válvula<br />
apresentará desempenho adequado, tanto no teste<br />
de vedação de bancada como em funcionamento<br />
efetivo, no caso de classe V.<br />
8. BIBLIOGRAFIA<br />
Norma ANSI/FCI 70.2.<br />
SOBRE O AUTOR<br />
Gilson Yoshinori Mabuchi atua no mercado de automação<br />
industrial há mais de vinte e sete anos, no segmento de<br />
válvulas de controle, com especialização em válvulas especiais<br />
para aplicação em serviço severo, realizada na Emerson<br />
Process, Fisher Controls Division, USA. Experiência profissional:<br />
GE Energy – Oil & Gas, Masoneilan & Consolidated Products<br />
(desde 2009); Emerson Process (Fisher Division) – 1990 a 2009;<br />
Valtek Sulamericana – 1986 a 1990; Tyco Flow Control (Grupo<br />
Hiter) – 1985 a 1986.<br />
REVISÃO E EDIÇÃO<br />
Ana Paula Cerqueira, dezessete anos atuando no mercado<br />
de automação industrial, no segmento de válvulas de<br />
controle e instrumentos, com especialização em Engenharia<br />
de Petróleo e Gás. Colaboradora da GE Energy – Oil & Gas -<br />
Masoneilan Division.
artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />
ANÁLISE DE <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />
– ISA100 X WIRELESSHART<br />
Márcio S. Costa (gma.costa@uol.com.br) e Jorge L. M. Amaral (jamaral@uerj.br),<br />
Programa Pós-Graduação em Engenharia Eletrônica, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A utilização de transmissão de dados sem fio tomou<br />
conta do dia a dia das pessoas de forma definitiva. Cada<br />
vez mais, novos equipamentos são lançados no mercado<br />
com funcionalidades sem fio (wireless) e outros tantos<br />
são modernizados para substituir os atuais equipamentos<br />
fiados. A febre da conectividade móvel pelos usuários<br />
faz com que a necessidade de equipamentos sem fio seja<br />
quase uma obrigatoriedade. A vida on line, proporcionada<br />
pela internet através de celulares, notebook, TVs, tablets e<br />
outros equipamentos, faz da tecnologia sem fio, cada vez<br />
mais, a primeira opção dentre os meios convencionais de<br />
comunicação utilizados atualmente.<br />
Até que ponto poderá se associar a evolução wireless<br />
mencionada anteriormente ao ambiente industrial? Com que<br />
velocidade as redes sem fio serão verdadeiramente uma opção<br />
a ser empregada em projetos de automação e instrumentação?<br />
Só o futuro nos dirá. Porém, em um passado recente,<br />
não se imaginaria a velocidade com que as redes sem fio<br />
transformariam o mundo atual. Isso nos faz crer que o domínio<br />
do wireless industrial será apenas uma questão de tempo.<br />
De fato, a utilização de redes sem fio em projetos de<br />
instrumentação industrial tem crescido bastante nos últimos<br />
anos. O interesse pelo seu uso se dá devido às diversas<br />
vantagens que estão por trás dessa tecnologia, como a<br />
redução de tempo de instalação de dispositivos, a inexistência<br />
de estrutura de cabeamento, a economia no custo de<br />
projetos, a economia em infraestrutura, a flexibilidade<br />
de configuração de dispositivos, a economia no custo de<br />
montagem, a flexibilidade na alteração de arquiteturas<br />
existentes, a possibilidade de instalação de sensores em<br />
locais de difícil acesso, enfim, podem-se resumir todas essas<br />
vantagens em: economia de tempo e de recursos.<br />
No caminho a ser percorrido para que haja uma consolidação<br />
definitiva da tecnologia, devem ser considerados requisitos<br />
fundamentais nas soluções apresentadas pelos padrões,<br />
protocolos, metodologias e ferramentas de apoio. Requisitos<br />
como alta confiabilidade, segurança de informações<br />
de dados e acesso de usuários, desempenho, robustez,<br />
determinismo, qualidade de serviço (QoS), interoperabilidade<br />
entre equipamentos, integração com protocolos e sistemas<br />
existentes, existência de rede com grande quantidade de<br />
dispositivos (escalabilidade), ferramentas de apoio a projetos,<br />
tratamento de informações e monitoração da rede.<br />
Dentre as diversas soluções existentes no mercado, dois dos<br />
principais padrões voltados para redes sem fio industriais são o<br />
ISA100.11a e o WirelessHART. Este artigo descreve as principais<br />
características e vantagens desses padrões, de modo a proporcionar<br />
uma visão geral das soluções adotadas e a comparação entre eles.<br />
PADRÕES <strong>INDUSTRIAIS</strong> PARA AS <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />
O objetivo principal do comitê ISA100 é desenvolver uma família<br />
de padrões para redes sem fio industriais que irão cobrir uma<br />
ampla gama de aplicações, tais como controle de processos,<br />
InTech 140 61
artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />
identificação e rastreamento de pessoas e equipamentos,<br />
convergência entre diferentes padrões e aplicações de longa<br />
distância. O ISA100.11a é o primeiro padrão desta família. Ele<br />
descreve uma rede sem fio em malha projetada para fornecer<br />
uma comunicação sem fio segura para o controle de processos.<br />
Figura 1 – Arquitetura ISA-100.11a.<br />
A arquitetura básica (Figura 1) é composta por dispositivos de<br />
campo roteadores, dispositivos não roteadores, roteadores<br />
de backbone, gerenciador do sistema (System Manager),<br />
gerenciador de segurança (Security Manager) e o gateway. No<br />
caso dos dispositivos de campo, aqueles que não possuem a<br />
capacidade de roteamento são dispositivos de entrada e saída<br />
(sensores e atuadores). Já os dispositivos com capacidade de<br />
roteamento também podem atuar como sensores e atuadores.<br />
Os nós roteadores têm um papel muito importante em uma<br />
rede em malha. Nesta topologia, os dados são transmitidos<br />
da origem para o destino, através de múltiplos saltos e os<br />
roteadores são responsáveis por fazer com que os dados<br />
cheguem ao destino correto, podendo utilizar caminhos<br />
alternativos para aumentar a confiabilidade. O roteador do<br />
backbone é responsável por fazer o roteamento dos pacotes<br />
entre sub-redes diferentes; o gateway age como uma<br />
interface entre a rede de campo ISA100 e a rede de controle<br />
da planta; o System Manager é responsável pela configuração<br />
da comunicação (alocação de recursos e escalonamento),<br />
pelo controle e gerenciamento da rede; o Security Manager é<br />
responsável por gerenciar as políticas de segurança do padrão.<br />
A Figura 2 mostra a pilha de protocolos do ISA100.11a comparada<br />
com os modelos OSI e TCP/IP. Observe que a pilha de protocolos<br />
do ISA100.11a é construída a partir de padrões amplamente<br />
aceitos e testados. Por exemplo, a rede em malha está integrada<br />
com o IPv6, o que vai garantir soluções altamente escaláveis.<br />
A camada de aplicação do ISA100.11a é bastante flexível<br />
e a capacidade de tunelamento permite que os usuários<br />
mantenham a compatibilidade com os protocolos legados<br />
em uso em suas plantas.<br />
62 InTech 140<br />
Figura 2 – Pilha de Protocolos ISA 100.11a.<br />
O WirelessHART foi o primeiro padrão para comunicação sem<br />
fio em controle de processo. Ele foi oficialmente lançado pela<br />
HART Communication Foundation em setembro de 2007. Ele<br />
acrescenta funcionalidades wireless ao tradicional protocolo<br />
HART, além de manter compatibilidade com os dispositivos<br />
HART existentes. No WirelessHART, cada dispositivo da<br />
topologia da rede em malha pode servir como um roteador<br />
para mensagens de outros dispositivos, o que determina<br />
que um dispositivo não precisa se comunicar diretamente<br />
com gateway, mas precisa de um dispositivo próximo para<br />
repassar sua mensagem. Esse mecanismo faz com que o<br />
alcance da rede se torne extenso, além de criar alternativas<br />
de rotas redundantes de comunicação, aumentando a<br />
confiabilidade da rede. A arquitetura da rede WirelessHART<br />
suporta uma grande variedades de dispositivos de vários<br />
fabricantes (Figura 3).<br />
Figura 3 – Arquitetura WirelessHART.<br />
Os elementos que compõem a arquitetura WirelessHART<br />
são: (i) dispositivos de campo (Field Devices) – conectados<br />
diretamente ao processo para medições de variáveis de campo,<br />
além de ter a capacidade de retransmitir mensagens recebidas<br />
vindas de outros dispositivos da rede; (ii) Adaptadores – para<br />
conectividade de um dispositivo que não seja WirelessHART;
(iii) Gateway – tem a função de conectar a rede sem fio com<br />
a rede de automação da planta, fornecendo acesso das<br />
aplicações host; (iv) Handheld – computador portátil para<br />
configuração de dispositivos, diagnósticos, calibrações e<br />
gerenciamento de informações de rede; (v) Network Manager<br />
– faz parte de uma funcionalidade lógica do Gateway e é<br />
responsável pela configuração da rede, pelo sincronismo entre<br />
os dispositivos, pelo gerenciamento das tabelas de rotas e<br />
pelo monitoramento do estado dos dispositivos; (vi) Security<br />
Manager – também é uma funcionalidade do Gateway e é<br />
responsável pela geração, armazenamento, gerenciamento<br />
e distribuição das chaves utilizadas na autenticação de<br />
dispositivos e na criptografia de dados da rede.<br />
A camada de protocolos do WirelessHART pode ser vista<br />
na Figura 4. Foram incluídas outras camadas para que o<br />
protocolo HART pudesse funcionar em uma rede sem fio.<br />
Figura 4 – Pilha de Protocolos HART.<br />
COMPARAÇÃO ENTRE OS PROTOCOLOS<br />
A Camada Física define as características mecânicas, elétricas,<br />
funcionais e os procedimentos para ativar, manter e desativar<br />
conexões físicas para a transmissão de informação codificada<br />
em bits. Ambas as redes, ISA100.11a e WirelessHART, utilizam<br />
a interface de rádio descrita no padrão IEEE 802.15.4. Esses<br />
rádios operam na faixa de frequência livre de rádio de 2.4<br />
GHz na banda ISM (Industrial, Scientific, and Medical) dividida<br />
em 16 canais, com taxa de transmissão bruta de 250kbps,<br />
utilizando o DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum).<br />
No ISA100.11a, a camada física e parte da camada de<br />
Enlace utilizam o padrão IEEE 802.15.4, enquanto que a<br />
outra parte implementa o método de acesso chamado de<br />
TDMA (Time Division Multiple Access). Neste método de<br />
acesso, a comunicação entre os nós ocorre em uma janela<br />
de tempo específica chamada de time slot. A duração de<br />
<strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO artigo<br />
um time slot é configurável (10 a 14 ms) e o conjunto de<br />
todos os time slots formam um superframe. Dependendo<br />
do tipo de comunicação, os slots podem ser classificados<br />
como: dedicado – onde existe apenas um dispositivo fonte –;<br />
compartilhado – onde múltiplos dispositivos tentam acessar o<br />
meio através da contenção de acesso (CSMA/CA) – e ociosos.<br />
Além do controle do acesso ao meio TDMA, para melhorar o<br />
suporte a aplicações com requisitos temporais mais severos,<br />
foi introduzido o controle de fluxo com atribuição de dois<br />
níveis de prioridades para as mensagens.<br />
A confiabilidade da comunicação é aumentada pela<br />
diversidade na frequência, através de três diferentes esquemas<br />
de saltos dos canais de frequência de transmissão (Channel<br />
Hopping). No Channel Hopping, a frequência (canal) de<br />
comunicação entre dois nós varia de forma pseudoaleatória<br />
em uma lista de canais ao longo do tempo. Isto torna a<br />
comunicação mais robusta, aumentando a imunidade contra<br />
interferências. Outra estratégia utilizada para aumentar<br />
a confiabilidade: o ISA 100.11a adota o esquema ARQ<br />
(Automatic Repeat reQuest). As mensagens que são enviadas<br />
precisam ser reconhecidas pelos dispositivos de destino.<br />
Caso isso não aconteça, o pacote será automaticamente<br />
retransmitido em outro canal de frequência.<br />
Para minimizar possíveis interferências causadas pela<br />
coexistência com outras redes (WirelessHART, ZigBee, IEEE<br />
802.11, Bluetooth, micro-ondas, outras), o ISA 100.11a utiliza<br />
o mecanismo de gerenciamento de espectro, com técnicas de<br />
lista negra de canais (Channel blacklisting) e saltos adaptativos<br />
(Adaptive hopping). Com base em dados estatísticos recebidos<br />
dos dispositivos, o System Manager pode interditar o uso<br />
de um determinado canal por um período de tempo. Esses<br />
canais interditados vão para a “Channel blacklisting” e saem<br />
automaticamente da sequência de saltos de frequência,<br />
não sendo utilizados pelos dispositivos para transmissão<br />
de pacotes. O mecanismo Adaptive hopping é similar ao<br />
mecanismo Channel blacklisting, exceto que a decisão é feita<br />
localmente pelo dispositivo, baseado em dados estatísticos de<br />
parâmetros wireless coletados pelos dispositivos.<br />
O protocolo HART tradicional utiliza o token-passing como<br />
controle de acesso para suportar o tráfego de dados. Com<br />
o surgimento do WirelessHART, as camadas da pilha de<br />
protocolos foram alteradas para incorporar a transmissão<br />
sem fio. O WirelessHART utiliza a mesma interface de rádio<br />
do padrão 802.15.4. O método de acesso ao meio também<br />
InTech 140 63
artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />
é feito usando o TDMA, para garantir determinismo<br />
temporal na comunicação e otimizar o uso da bateria<br />
dos dispositivos. A duração da janela de tempo (time<br />
slot), no caso do WirelessHART, é fixa e igual a 10ms. Os<br />
time slots também são organizados em superframes que<br />
periodicamente são repetidos para suportar diferentes tipos<br />
de tráfegos de comunicação da rede (rápido, lento, cíclico<br />
e acíclico). O enlace pode ser dedicado – para garantir<br />
uma latência mínima de um dado de processo –, ou pode<br />
ser compartilhado – para permitir uma ampla utilização da<br />
largura de banda da rede –. O protocolo suporta múltiplos<br />
tipos de mensagens como publicação de dados de processo,<br />
notificação por exceção, requisição/resposta ad-hoc e<br />
fragmentação automática de grandes pacotes de dados.<br />
Para evitar interferências, perturbações e colisões com outros<br />
sistemas de comunicação, o WirelessHART também utiliza<br />
o salto de canais (Channel hopping), entretanto, apenas<br />
uma única estratégia de salto de canais foi definida. Para o<br />
gerenciamento do espectro, também é utilizada a lista negra<br />
de canais (Channel blacklisting).<br />
REDE <strong>EM</strong> MALHA E ENDEREÇAMENTO<br />
O WirelessHART e o ISA100.11a utilizam a topologia da rede<br />
em malha. Nesta topologia, um dispositivo pode servir como<br />
roteador das mensagens de outros dispositivos até o seu<br />
destino final. Isto faz com que o alcance da rede seja maior,<br />
além de criar redundância de caminhos, atenuando problemas<br />
com interferências e obstáculos sem interferência do usuário e<br />
contribuindo para o aumento da confiabilidade da rede.<br />
As rotas são configuradas pelo gerenciador da rede com base nas<br />
informações de diagnósticos recebidas dos dispositivos. Desta<br />
forma, as rotas redundantes são continuamente adaptadas<br />
visando às melhores condições do espectro de frequência.<br />
Tanto no WirelessHART quanto no ISA100.11a a camada<br />
de rede é encarregada do roteamento e do endereçamento.<br />
Entretanto, no WirelessHART, o endereçamento está voltado<br />
para o nível local, usando ou o endereço de 8 bytes (EUI-64)<br />
ou de 2 bytes (apelido), semelhante ao que ocorre no nível<br />
de sub-rede (malha) no ISA100.11a. Já no ISA100.11a, o<br />
endereçamento e o roteamento abrangem não somente o<br />
nível da rede em malha, mas também o nível do backbone.<br />
Sua Camada de Rede é baseada no IETF RFC 4944 (6LoWPAN),<br />
que especifica a transmissão de pacotes IPv6, sobre a rede IEEE<br />
802.15.4, permitindo a conectividade IP entre os dispositivos<br />
64 InTech 140<br />
de campo. O esquema de endereçamento suporta EUI-64<br />
(64bits), IPv6 (128 bits) e IEEE 802.15.4 (16 bits). Isto significa<br />
que o ISA100 pode tirar proveito do IPv6 para construir redes<br />
bastante escaláveis e com grande número de dispositivos.<br />
SEGURANÇA<br />
Os mecanismos de segurança usados devem ser avaliados<br />
de acordo com os seguintes critérios: confidencialidade<br />
da informação; integridade da informação; autenticação<br />
dos membros da rede e disponibilidade da informação. A<br />
confidencialidade da informação é a garantia de que apenas<br />
os membros autorizados terão acesso à informação. No ISA<br />
100.11a, tal confidencialidade é obtida através da utilização<br />
de criptografia AES-128 em conjunto com a utilização<br />
de diferentes chaves de curta duração nas camadas de<br />
enlace (responsável pela comunicação entre nós vizinhos –<br />
salto a salto) e na camada de transporte responsável pela<br />
comunicação fim a fim. A integridade da informação é<br />
garantida através de mecanismo herdados do IEEE 802.15.4.<br />
O MIC (Message Integrity Code) é adicionado aos dados que<br />
serão transmitidos. Isto permite que o receptor possa verificar<br />
se os dados foram alterados ou não. Além disso, o MIC em<br />
conjunto com chaves simétricas pode ser usado para autenticar<br />
pacotes transmitidos entre os nós. Os dispositivos que<br />
desejam entrar na rede aguardam os anúncios transmitidos<br />
pelos roteadores que já estão na rede. Estes anúncios<br />
contêm a informação necessária para o dispositivo montar<br />
o seu pedido de entrada. Este pedido de entrada é enviado<br />
ao System Manager, que o processa em conjunto com o<br />
Security Manager, e que verifica se o dispositivo tem todas as<br />
credenciais de segurança. Uma vez que o pedido é aprovado, o<br />
System Manager envia uma resposta para o roteador que fez o<br />
anúncio e admite o novo dispositivo na rede.<br />
O padrão ISA100.11a possui algumas características especiais<br />
para aumentar a segurança. Por exemplo, ele fornece proteção<br />
para uma variedade de ataques através de um time stamp. A<br />
camada de transporte utiliza este time stamp que indica quando<br />
o pacote foi criado. Durante a autenticação no destino, o pacote<br />
poderá ser descartado caso tenha ultrapassado o limite de<br />
tempo configurado, protegendo contra ataques maliciosos de<br />
replicação de mensagens com dados válidos (replay attacks).<br />
Existe também a opção do uso de chaves assimétricas que<br />
permite que o dispositivo se integre à rede sem ter que fornecer<br />
a ele uma chave segura em uma etapa de configuração.
No WirelessHART, o esquema de criptografia também é o<br />
AES-128 e o MIC também é usado para garantir integridade<br />
e fazer a autenticação em diferentes camadas em conjunto<br />
com as chaves apropriadas (Network Key e Session Key).<br />
O processo de entrada de um dispositivo na rede é bem<br />
semelhante ao descrito no caso do ISA 100.11a. O dispositivo<br />
que deseja entrar na rede envia um pedido de entrada<br />
(join request) e recebe uma resposta (join response) do<br />
Network manager. Entretanto, o WirelessHART usa uma<br />
chave separada. A Join Key é utilizada para autenticação do<br />
dispositivo no processo de sua adesão à rede.<br />
Uma vez que cada um dos padrões é baseado em uma<br />
entidade central responsável pelo gerenciamento e por<br />
manter uma lista dos dispositivos pertencentes à rede, a<br />
probabilidade de que a replicação de nós e ataques do tipo<br />
Sybil sejam bem sucedidos é muito baixa.<br />
A disponibilidade da informação pode ser ameaçada através<br />
de interferência contínua ou intermitente nos canais de<br />
comunicação. No caso de uma interferência contínua em<br />
vários canais, a técnica de Blacklisting fornece uma solução<br />
eficiente. Para o caso de uma interferência intermitente,<br />
o Channel Hopping se mostra uma solução adequada.<br />
Além disso, para evitar problemas deste tipo, o espectro de<br />
transmissão é continuamente monitorado.<br />
Nenhum dos padrões fornece soluções para evitar a<br />
geração de colisões por uma fonte mal intencionada<br />
ou contra inúmeros pedidos de conexão. Entretanto os<br />
dispositivos da rede reportam condições de anomalias que<br />
possam ser identificadas como possíveis ataques, tais como<br />
retransmissões, falhas de acesso, falhas em cheques de<br />
integridade de mensagens, falhas de autenticação etc.<br />
APLICAÇÃO<br />
No ISA 100.11a, a camada de aplicação é orientada a<br />
objeto e derivada do Foundation Fieldbus, HART e Profibus.<br />
Dispositivos informam valor e status (mesmas unidades FF)<br />
e podem ser criados contratos com a rede para atender aos<br />
requisitos de qualidade de serviço (QoS), como parâmetros<br />
de latência, vazão e confiabilidade. A comunicação é fim a<br />
fim entre origem e destino e a camada suporta os modelos<br />
Produtor/Consumidor e Cliente/Servidor. Existem objetos<br />
concentradores de dados e outros para gerenciar alarmes.<br />
Estes têm como objetivo colocar a informação de forma mais<br />
eficiente em pacotes para otimizar a utilização da banda. Os<br />
<strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO artigo<br />
objetos upload/download podem ser usados para realizar<br />
upgrades de firmware e ler formas de ondas de sensores.<br />
Existem ainda blocos funcionais genéricos tais como Analog in,<br />
Analog out, Binary in e Binary out. O esquema de tunelamento<br />
permite que comandos e serviços de outras redes como<br />
HART, DeviceNet e Foundation Fieldbus (ver Figura 5) sejam<br />
transmitidos através da rede sem fio ISA 100.11a.<br />
Figura 5 – Tunelamento.<br />
No WirelessHART, os dados de processo e set-points podem<br />
ser publicados periodicamente na rede quando houver<br />
mudança significativa dos seus valores ou se um valor<br />
ultrapassou um limiar crítico de operação. Mensagens de<br />
notificação são geradas automaticamente para as aplicações<br />
quando os dados ou os estados de processo são alterados.<br />
No WirelessHART, a comunicação entre os dispositivos de<br />
campo e o gateway é feita através de comandos e respostas.<br />
Na camada de aplicação estão definidos os vários comandos,<br />
as respostas, os tipos de dados e a indicação de status que<br />
deve ser feita. Ela também é responsável por determinar<br />
o conteúdo da mensagem, obter o número do comando,<br />
executá-lo e gerar a resposta adequada.<br />
CONCLUSÕES E QUADRO FINAL<br />
Diante dessas características, podemos avaliar que as redes<br />
possuem muitos pontos em comum, porém sempre existirá<br />
a dúvida ao escolher entre quais das duas tecnologias de rede<br />
é mais adequada para sua aplicação. As redes apresentam<br />
muitos pontos positivos e conceitos sólidos, além de utilizar<br />
como base um protocolo em comum nas camadas física e de<br />
enlace, o IEEE 802.15.4.<br />
Na visão dos usuários, as vantagens de se utilizar uma<br />
solução com tecnologia de redes sem fios em um projeto<br />
de automação industrial são facilmente percebidas. Porém,<br />
InTech 140 65
artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />
a contrapartida é ter confiança necessária para se adotar<br />
uma solução inovadora como esta, e neste aspecto, ter duas<br />
soluções distintas de tecnologia não ajuda muito. Diferenças<br />
à parte, as duas propostas são potencialmente boas, porém,<br />
ao invés de dividir esforço e mercado, seria vantajoso para<br />
todos, se os dois grupos de desenvolvimento se unissem<br />
para promover uma única tecnologia de redes sem fio de<br />
modo a ser utilizada em aplicações industriais, sem prejuízo<br />
dos investimentos feitos por usuários até então, pensando<br />
além de uma única solução, mas também em conversão e<br />
adaptações de projetos já implementados. Neste sentido, o<br />
subcomitê ISA100.12 vem trabalhando no sentido de obter<br />
uma convergência entre estes padrões. Além dos benefícios<br />
provenientes desta convergência em termos econômicos<br />
e operacionais, ela permitirá um esforço conjunto para que<br />
algumas questões, que permanecem em aberto nestes<br />
padrões, sejam equacionadas. Uma delas é que, nenhum dos<br />
padrões está preparado para atender requisitos de tempo<br />
real na faixa de 1 a 10 ms, sendo necessárias pesquisas para<br />
um novo padrão de camada física. Outra dessas questões,<br />
diz respeito à garantia da qualidade de serviço em redes<br />
heterogêneas: apesar de os subcomitês da ISA100.12 e<br />
ISA100.15 trabalharem para compatibilizar o ISA100.11a<br />
com o WirelessHART e com o Zigbee, e do ISA100.11a ser<br />
compatível com os protocolos, tais como, o HART e Fieldbus,<br />
por tunelamento, a compatibilidade requer tradução entre<br />
protocolos o que pode aumentar o atraso fim a fim. Além<br />
disso, opções em um protocolo podem não ser suportadas ou<br />
terem sido desabilitadas por questões de interoperabilidade.<br />
Uma terceira questão se refere à qualidade de serviço em<br />
redes em malha: em uma rede em malha, as mensagens de<br />
um nó origem para um nó destino podem passar por rotas<br />
diferentes, podendo causar diferentes atrasos. Embora o<br />
ISA 100.11a e o WirelessHART deem suporte a mecanismos<br />
básicos de garantia de qualidade de serviço, este caso está<br />
fora do escopo dos padrões. Em relação à segurança, devem<br />
ser desenvolvidos procedimentos para diminuir os efeitos de<br />
ataques de colisão e de inundação de pedidos de conexão.<br />
Finalmente, devem ser desenvolvidas novas metodologias na<br />
monitoração da rede para evitar ataques, para tratar a grande<br />
quantidade de informação de diagnóstico, equipamentos e<br />
plantas, e para planejar e dimensionar as redes sem fio para<br />
que elas atendam os requisitos necessários.<br />
O quadro apresentado procura resumir alguns dos principais<br />
aspectos presentes nos dois padrões.<br />
66 InTech 140<br />
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Standard. In Proceedings of SICE Annual Conference,<br />
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communication profile, International Electrotechnical Commission,<br />
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9. Song, J.; Han, S.; Mok, A.K.; Chen, D.; Lucas, M.; Nixon, M.<br />
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Process Control. In Proceedings of the IEEE Real-Time and<br />
Embedded Technology and Applications Symposium (RTAS),<br />
St. Louis, MO, USA, April 2008.<br />
10. Zhang, X.; Wei, M.; Wang, P.; Kim, Y: Research and<br />
|Implementation of Security Mechanism in ISA100.11a Networks.<br />
In Proceedings of Ninth International Conference on Electronic<br />
Measurement & Instruments, Beijing, China, 2009.
ASPECTOS<br />
Arquitetura<br />
Camada Física<br />
Camada de Enlace<br />
Camada de Rede<br />
Camada de Transporte<br />
Camada de Aplicação<br />
Suporte a Tempo Real<br />
Confiabilidade<br />
Segurança<br />
Integração do<br />
Dispositivo a rede<br />
Configuração<br />
de dispositivos<br />
Pontos de acesso<br />
Dispositivo de campo (I/O e roteador, roteador)<br />
IEEE 802.15.4<br />
IEEE 802.15.4 + (TDMA e Channel Hopping (1)<br />
Time slot fixo<br />
Níveis de prioridades (4)<br />
Baseado no HART<br />
Endereçamento de 16 e 64 bits<br />
Serviço de comunicação que assegura<br />
que os pacotes sejam transmitidos<br />
através dos múltiplos saltos<br />
Orientada a comandos,<br />
Tipo de dados predefinidos,<br />
Suporta protocolo HART<br />
TDMA<br />
Níveis de prioridades (4)<br />
Topologia em Malha<br />
Channel Hopping (1)<br />
Channel Blacklisting<br />
Pedido automático de retransmissão<br />
Criptografia AES de 128 bits<br />
Segurança em diferentes camadas<br />
Utilização de chaves de curta duração<br />
Proteção contra interferências (Blacklist,<br />
Channel Hopping)<br />
Utilização de chaves simétricas<br />
Handheld Pela porta de manutenção<br />
<strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO artigo<br />
Roteador do Backbone<br />
Dispositivo de campo (I/O, roteador, roteador e I/O)<br />
Definição de múltiplas sub-redes<br />
IEEE 802.15.4<br />
IEEE 802.15.4 + (TDMA e Channel Hopping (3))<br />
Time slot configurável<br />
Níveis de prioridades (2)<br />
Sub-redes<br />
Baseado no IPv6<br />
6LoWPAN (IETF RFC4944)<br />
Endereçamento de 16, 64 e 128 bits<br />
Serviço não orientado a conexão<br />
UDP (IETF RFC768)<br />
Compatibilidade com 6LoWPAN<br />
Orientada a Objetos<br />
Suporte a protocolos legados (tunelamento)<br />
TDMA<br />
Níveis de prioridades (2)<br />
Contratos para garantia de QoS<br />
Topologia em Malha<br />
Channel Hopping (3)<br />
AdaptativeHopping<br />
Channel Blacklisting<br />
Pedido automático de retransmissão<br />
Criptografia AES de 128 bits<br />
Segurança em diferentes camadas<br />
Utilização de chaves de curta duração<br />
Proteção contra interferências (Blacklist,<br />
Channel Hopping)<br />
Utilização de chaves simétricas<br />
e assimétricas<br />
Dispositivo específico<br />
Permite configuração OTA (Over the Air)<br />
InTech 140 67
eportagem WIRELESS<br />
A REALIDADE<br />
DA COMUNICAÇÃO S<strong>EM</strong> FIO<br />
Sílvia Bruin Pereira, InTech América do Sul.<br />
Um dos obstáculos no caminho do crescimento das aplicações de comunicação<br />
sem fio nas plantas industriais parece superado: os padrões tendem a convergir,<br />
indicam as observações dos especialistas. Do lado prático, soluções já se avolumam<br />
mundo afora, e no Brasil também. A tecnologia wireless não é mais restrita<br />
ao cotidiano pessoal e agora faz parte dos automatismos da indústria,<br />
não só para realizar a comunicação entre instrumentos, mas para assumir<br />
também as funções de controle. Um cenário real e garantido por importantes<br />
fornecedores do mercado. Confira o que afiançaram na reportagem a seguir.<br />
Alexandre Peixoto, Gerente de Negócios Wireless no Brasil da<br />
Emerson Process Management, recorda que o universo de<br />
soluções sem fio para o mercado de automação industrial já<br />
existe há vários anos, mas com base em produtos que serviam<br />
apenas para interligar equipamentos que basicamente se<br />
localizavam remotamente, acrescentando que essas soluções<br />
remotas ainda são baseadas em rádios. “Já no âmbito da<br />
instrumentação industrial, há alguns anos se iniciou um<br />
trabalho de prospecção da arquitetura Smart Wireless da<br />
Emerson com base no protocolo WirelessHART. O primeiro<br />
instrumento wireless da Emerson foi instalado em 2007<br />
e, especificamente no Brasil, tivemos a primeira instalação<br />
em 2008”, conta Peixoto. A linha de instrumentos wireless<br />
que integra essa arquitetura inclui: Smart Wireless gateway;<br />
adaptador Smart Wireless THUM, que permite converter<br />
sinais HART em WirelessHART; Rosemount 648 / 848TX /<br />
68 InTech 140<br />
Foto: Divulgação.<br />
Alexandre Peixoto,<br />
Gerente de<br />
Negócios Wireless<br />
no Brasil da<br />
Emerson Process<br />
Management.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Linha de produtos<br />
wireless da Emerson<br />
Process Management.<br />
248 para medição de temperatura; Rosemount 3051S para<br />
medição de pressão, nível e vazão; Rosemount Analytical<br />
6081P / 6081C para medições de pH e condutividade; CSI<br />
9420 para monitoração de vibração de rotativos; Rosemount<br />
2160 para detecção de nível (chave tipo garfo vibrante);<br />
Rosemount 702 para interconexão com sinais discretos<br />
(entradas/saídas); TopWorx 4310 / 4320 para indicação de<br />
posição de válvulas on/off e lineares; Rosemount 708 para<br />
monitoração de purgadores e válvulas de pressão de alívio;<br />
e Roxar Wireless CorrLog para detecção de corrosão em<br />
linha. “Além de outras tecnologias sem fio para abordagem<br />
de periféricos, que permitem complementar as soluções para<br />
rastrear ativos/pessoas, utilização de voz e vídeo, operação de<br />
processos remotamente, etc.”, acrescenta Peixoto.<br />
A Honeywell Process Solution (HPS) anunciou sua<br />
primeira linha de produtos wireless em 2004, com a solução<br />
XYR5000. “Em 2007 fizemos outro importante lançamento,<br />
a linha OneWireless XYR6000 e, falando especificamente<br />
sobre o Brasil, nossos produtos sem fio chegaram ao mercado<br />
nacional em 2005”, explica Raymond Rogowski, Diretor
Foto: Divulgação.<br />
Raymond Rogowski,<br />
Diretor de Marketing Wireless<br />
da Honeywell Process Solutions.<br />
de Marketing Wireless da empresa. A linha é batizada de<br />
Honeywell OneWireless, uma família que inclui soluções<br />
de rede, sensores, aplicações e serviços. “Só para detalhar<br />
os produtos que compõem a linha, temos uma série de<br />
dispositivos (que medem pressão, temperatura, níveis, fluxo,<br />
acústica, I/O digital); infraestrutura de rede multinode,<br />
pontos de acesso, gerenciadores de dispositivos sem fio e<br />
ponto de acesso Cisco 155S ISA100.11a/WLAN. Além dessas<br />
soluções, oferecemos aos nossos clientes serviços de rede e<br />
de engenharia e execução de projetos”, comenta Paulo César<br />
da Silva, Consultor de Sistemas da HPS Brasil.<br />
Já a Smar Equipamentos Industriais vem utilizando a<br />
tecnologia wireless há mais de 10 anos, contando com<br />
aplicações com rádios e também com sistema GPRS.<br />
“Em termos de WirelessHART, adotamos a linha 400 de<br />
equipamentos de pressão e temperatura, e denominamos<br />
de LD400-WirelessHART e TT400-WirelessHART, respectivamente.<br />
Além disso, inovamos ao desenvolver o primeiro<br />
controlador HSE-WirelessHART, o que torna nossa solução<br />
aberta e integrável com qualquer protocolo, sendo: FF,<br />
Profibus, DeviceNet, AS-i, Modbus, HART, etc.”, afirma César<br />
Cassiolato, Diretor de Marketing, Qualidade e Engenharia de<br />
Projetos e Serviços da Smar. “Um fato interessante, pioneiro<br />
e inovador foi durante o começo dos anos 2000, quando<br />
lançamos o PX400, um equipamento wireless para medição<br />
de PU (Unidade de Pasteurização) em tuneis de pasteurização<br />
de cerveja”, completa Evaristo Orellana Alves, Gerente de<br />
Produtos da linha de Transmissores de Pressão e Densidade.<br />
Cassius Barros, Supervisor de Engenharia de Aplicações da<br />
Yokogawa América do Sul, lembra que a empresa iniciou<br />
a comercialização de instrumentos wireless em 2001 e, em<br />
2010, lançou a linha atendendo ao padrão ISA100.11a.<br />
WIRELESS reportagem<br />
“A linha denomina-se Yokogawa Field Wireless System<br />
ISA100.11a, e consiste em uma gateway de campo integrada<br />
(backbone combinado com gateway), backbone router,<br />
gateway independente, transmissores de pressão série<br />
EJX-B, transmissor de temperatura YTA510, transmissor<br />
multiponto de temperatura YTMX580 e antenas de alto<br />
ganho para comunicação direta a 2500 metros”, acrescenta<br />
o Engenheiro de Aplicações, Maxwel Watanabe.<br />
NÚMEROS E APLICAÇÕES<br />
Tanto a Honeywell quanto a Yokogawa acabaram por<br />
realizar modificações em suas linhas de produtos wireless<br />
em função das adaptações necessárias à migração para o<br />
padrão ISA100.11a.<br />
De certa forma, a Smar também se adequou para atender<br />
ao padrão, com o recente lançamento do controlador HSE-<br />
WirelessHART e, anteriormente, em função do sistema GPRS<br />
e, depois, os equipamentos de campo.<br />
Enquanto isso, a Emerson, que no início contava com as<br />
medições de temperatura e pressão – além do gateway<br />
Wireless, que é o maestro da comunicação WirelessHART –<br />
logo criou o adaptador Smart Wireless THUM, que permite<br />
integrar equipamentos com fio HART, de qualquer fabricante,<br />
no universo WirelessHART. “Com o passar dos anos e a<br />
homologação do padrão IEC62591, a linha de produtos foi<br />
se complementando, chegando ao nosso atual portfólio de<br />
soluções sem fio”, explica o Gerente de Negócios Wireless.<br />
A Emerson afirma que contabiliza em todo o mundo<br />
mais de 500 milhões de horas de funcionamento de<br />
equipamentos WirelessHART, provenientes de mais de<br />
Foto: Divulgação.<br />
Produtos<br />
do sistema<br />
OneWireless<br />
da Honeywell.<br />
InTech 140 69
eportagem WIRELESS<br />
100.000 dispositivos instalados em mais de três mil plantas.<br />
“Mais de dois mil equipamentos fazem parte do cenário<br />
WirelessHART do Brasil, fornecidos a mais de 100 plantas”,<br />
destaca Peixoto. O instrumento wireless mais vendido é<br />
para medição de temperatura e, segundo Peixoto, boa<br />
parte disso é a influência do tempo de atualização das<br />
leituras wireless no contexto das aplicações que os clientes<br />
enxergam como interessantes para esse tipo de tecnologia.<br />
“Entretanto, com novas características como atualização a<br />
cada 1 segundo, e a disponibilidade de novos equipamentos<br />
específicos para alguns tipos de medições como vibração,<br />
análise de purgadores, gerenciamento de ativos, etc.,<br />
esse cenário poderá mudar”, prevê o Gerente. No ranking<br />
das dez aplicações sem fio mais comuns, pela experiência<br />
da empresa, o primeiro lugar fica com a monitoração de<br />
processo (temperatura).<br />
A Honeywell ressalta que desde 2004 tem atendido<br />
centenas de clientes diferentes no mundo inteiro e tem<br />
instalado milhares de dispositivos. “Em função do constante<br />
desenvolvimento dessa tecnologia, já registramos mais de<br />
100 patentes de dispositivos sem fio desde 2000. Podemos<br />
afirmar que esse não é mais um mercado emergente de<br />
tecnologias que assustam os clientes. É um mercado que<br />
está ficando maduro muito rápido. A maioria dos nossos<br />
clientes já tem programas de implantação de tecnologia<br />
wireless”, confirma Roberto Mariô Araguth, Consultor<br />
de Sistemas da HPS Brasil. A companhia assegura que<br />
oferece uma planta de soluções wireless de ponta-aponta.<br />
“A linha de produtos OneWireless é muito mais<br />
de que, simplesmente, a substituição de dispositivos com<br />
fio por ferramentas sem fio. A companhia trabalha com<br />
seus clientes para entender como as tecnologias wireless<br />
César Cassiolato, Diretor de Marketing, Qualidade<br />
e Engenharia de Projetos e Serviços da Smar.<br />
70 InTech 140<br />
Foto: Divulgação.<br />
Evaristo Alves, Gerente de Produtos da linha<br />
de Transmissores de Pressão e Densidade da Smar.<br />
podem solucionar questões incômodas dos seus negócios,<br />
bem como questões operacionais, tornando, dessa forma,<br />
a tecnologia wireless uma verdadeira facilitadora. Dessa<br />
forma, utilizamos a infraestrutura de rede OneWireless<br />
como uma base na qual executamos e gerenciamos<br />
soluções como dispositivos sem fio, operações móveis<br />
feitas via tablets, segurança por meio de câmeras sem<br />
fio e questões de segurança com soluções como nossos<br />
sistemas de detecção de gás e de gerenciamento. O<br />
sistema OneWireless é o mais flexível, escalável e com<br />
maior desempenho disponível no mercado. As redes<br />
OneWireless podem escalar, a partir de um simples sensor<br />
de rede para toda a planta de infraestrutura sem fio,<br />
suportando requerimentos como sensores de rede, vídeo,<br />
soluções de segurança, operações móveis, tudo integrado<br />
com o sistema Experion, sem sacrificar performance ou<br />
segurança”, detalha Rogowski. A empresa estima que as<br />
soluções de mobilidade sem fio, que garantem um aumento<br />
significativo da eficiência, a partir de um acesso fácil a<br />
dados, ferramentas e operações, ficam no rol das aplicações<br />
sem fio mais regulares.<br />
A Smar considera tarefa difícil quantificar o número de<br />
sistemas e equipamentos vendidos, dificuldade justificada<br />
pelas diversas vertentes disponibilizadas pela empresa:<br />
radio, GPRS e WirelessHART. O Gerente de Produtos da<br />
linha de Transmissores de Pressão avalia que basicamente,<br />
as características dos dispositivos sem fio são as mesmas de<br />
um equipamento em outra tecnologia. “O que difere são as<br />
características de comunicação via rádio, gestão de consumo,<br />
forma de alimentação”, explica Alves. A prática diária da<br />
Smar indica que as aplicações sem fio começam a ser mais<br />
frequentes em áreas de riscos, de difícil acesso e também<br />
Foto: Divulgação.
onde se tem monitoração de variáveis, com tempo de scan<br />
da ordem de segundos. “Com a redução da fiação, sua<br />
aplicação é convidativa”, lembra Cassiolato.<br />
A estatística da Yokogawa relacionada aos instrumentos<br />
sem fio mais vendidos, incluem os de pressão,<br />
temperatura e conversor multiponto, para aplicações<br />
em monitoração e controle de processos, sendo:<br />
transmissores de pressão – 45%; transmissores de<br />
temperatura – 38%; e transmissor multiponto – 17%.<br />
Monitoração e controle de malhas de nível, temperatura<br />
e vazão têm sido as aplicações sem fio mais rotineiras no<br />
dia a dia dos especialistas da companhia.<br />
A aplicação mais importante com o Smart Wireless da<br />
Emerson no mundo foi registrada em 2010, com a venda<br />
de aproximadamente dois mil instrumentos sem fio, entre<br />
instrumentos de medição de pressão e temperatura. O<br />
Gerente de Negócios Wireless no Brasil conta que no<br />
Brasil existem quatro grandes aplicações que merecem<br />
destaque. Uma delas é a monitoração de nível em um<br />
conjunto de 65 tanques em 2010, com expansão para mais<br />
68 em 2011 no mesmo cliente. A outra é a monitoração de<br />
nível em bacias de rejeitos na área de mineração com mais<br />
de 100 instrumentos em um mesmo cliente. A terceira<br />
é relacionada a gerenciamento de ativos aplicado a 178<br />
instrumentos através do uso do adaptador Smart Wireless<br />
THUM (The HART Upgrade Module). E a última é a medição<br />
de temperatura móvel em carros medidores, que garante a<br />
qualidade do processo de pelotização de minério de ferro,<br />
em um ambiente impossível para utilização de fios e que foi<br />
replicado em dez usinas de pelotização.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Um dos dispositivos<br />
WirelessHART da Smar.<br />
WIRELESS reportagem<br />
Na Smar as aplicações sem fio mais expressivas estão em<br />
fornos (rotativos, por exemplo), medição de temperatura,<br />
medições de pressão e nível, sistemas de tratamento<br />
de água e nível em tanques. “A Smar já possui vários<br />
projetos de comunicação wireless na área de óleo e gás<br />
e saneamento. Um deles aconteceu na Companhia de<br />
Saneamento de Minas Gerais (Copasa), onde foi implantado<br />
sistema de GSM/GPRS para monitoramento e controle”,<br />
detalha Cassiolato.<br />
As soluções de mobilidade sem fio são as evidenciadas dentre<br />
as aplicações mais significativas para a Honeywell.<br />
Soluções wireless para controle em siderurgia, cimenteiras<br />
e aplicações de monitoração em grandes áreas ou locais<br />
insalubres estão no rol das mais numerosas na carteira<br />
da Yokogawa.<br />
A experiência dos fornecedores tem demonstrado que<br />
em comunicação sem fio tamanho pode não significar<br />
complexidade. “A variedade de aplicações torna cada<br />
utilização de instrumentação sem fio única. Em outras<br />
palavras, a quantidade de equipamentos instalados em uma<br />
só rede pode variar em função da necessidade do cliente,<br />
bem como condições geográficas, capacidade de expansão,<br />
entre outros. A informação sobre o tamanho médio não<br />
é muito apropriada, pois não caracteriza o potencial que<br />
cada uma das aplicações possui atualmente pelo mundo”,<br />
defende o Gerente da Emerson.<br />
Por este caminho, também é a análise da Honeywell. “Isso<br />
realmente depende muito do segmento de mercado que<br />
está sendo atendido e da região em questão. (Exemplo:<br />
indústria petroquímica x mineradoras). As aplicações variam<br />
desde poucos sensores para monitorar um local remoto, até<br />
uma instalação de larga escala com centenas de dispositivos<br />
sem fio, sistemas de vídeo, soluções para trabalhadores<br />
móveis, monitoramento de ativos sem fio e rastreamento de<br />
localização”, confirma o Diretor de Marketing Wireless.<br />
Da mesma forma, a Smar reitera que se pode ter de dezenas<br />
a centenas de pontos. “Depende da arquitetura, do número<br />
de gateways, de repetidores, etc.”, reforça Alves.<br />
“O tamanho da média depende do tipo de aplicação e<br />
do segmento da indústria”, sustenta Watanabe. Vale<br />
lembrar que a Yokogawa tem desde instalações com<br />
até 200 instrumentos e até pequenas aplicações com um<br />
único instrumento.<br />
InTech 140 71
eportagem WIRELESS<br />
BATERIAS E CONTROLE<br />
A troca de bateria é um dos assuntos mais delicados<br />
nas discussões iniciais de um projeto de comunicação<br />
de instrumentos sem fio. É aqui onde reside um dos<br />
receios dos usuários.<br />
De acordo com Peixoto, o consumo das baterias é<br />
diretamente relacionado à taxa de atualização das variáveis<br />
wireless e, por isso, cada instrumento deve ser configurado<br />
para executar suas leituras em uma taxa compatível à<br />
sua função. “O feedback de nossos clientes é que, após<br />
a instalação dos instrumentos wireless, eles simplesmente<br />
se esqueceram de que os mesmos possuem baterias, pois<br />
os clientes mais antigos estão atingindo 3-4 anos de uso,<br />
que é o limite para troca das baterias em instrumentos<br />
com atualização de 4 segundos, por exemplo. Em nossas<br />
abordagens com clientes sempre mostramos a autonomia<br />
esperada das baterias e, adicionalmente, já distribuímos<br />
um link para uma calculadora on-line de autonomia de<br />
bateria em função do instrumento, taxa de atualização e<br />
outras características, assim confortando o cliente que<br />
pode rastrear a performance da bateria com base nestes<br />
dados”, fundamenta o Gerente da Emerson.<br />
A substituição de bateria não tem sido problema para a<br />
Honeywell. “Temos muitas aplicações que estão rodando<br />
desde 2004 sem a necessidade de substituição. A vida de<br />
uma bateria depende de muitos fatores em uma rede sem<br />
fio, como velocidade da rede, roteamento ou não, etc. A<br />
boa notícia é que o sistema OneWireless é desenvolvido<br />
de tal forma que ele consegue atender às necessidades<br />
específicas de cada cliente. Nosso sistema de backbone<br />
opcional possibilita maximizar a vida útil de uma bateria<br />
por meio de funções de descarregamento de sobrecarga<br />
de energia para o backbone quando necessário, sem<br />
sacrificar a velocidade da rede, performance determinada<br />
e latência”, elucida Silva, Consultor de Sistemas da<br />
Honeywell Brasil.<br />
Alves, da Smar, concorda que o tempo de vida útil vai<br />
depender da taxa de atualização. “Geralmente uma<br />
bateria de um instrumento que opera com atualização a<br />
cada 30s dura entre cinco e dez anos, o que acreditamos<br />
ser aceitável. Com certeza, as inovações na geração de<br />
72 InTech 140<br />
energia com maior durabilidade vêm acontecendo, e logo<br />
teremos alternativas com um tempo de uso mais longo.<br />
Até então não temos visto nenhuma reação negativa por<br />
parte dos usuários”, esclarece.<br />
De acordo com Barros, a tecnologia usada nos<br />
instrumentos wireless da Yokogawa utiliza baterias do<br />
tipo cloreto de lítio-thionyl, o que garante a funcionalidade<br />
dos instrumentos por até 10 anos. “Com o uso de<br />
tecnologia patenteada no invólucro das baterias, a<br />
substituição pode ser realizada em áreas potencialmente<br />
explosivas. A necessidade de substituição da bateria não é<br />
considerada uma dificuldade devido ao elevado tempo de<br />
vida das mesmas”, completa.<br />
A partir do momento em que a tecnologia sem fio<br />
começa a ser aceita, é natural que outras funcionalidades<br />
sejam vislumbradas. É o caso das funções de controle.<br />
O Gerente de Negócios Wireless no Brasil da Emerson<br />
relata que já existem instrumentos sem fio instalados em<br />
aplicações que resolvem aplicações de controle. “Ainda<br />
não existem equipamentos com a função de elemento<br />
final (posicionadores ou atuadores), mas para as variáveis<br />
primárias e/ou de retorno, já existem medições sendo<br />
utilizadas. Uma medição clássica bem utilizada no mundo,<br />
e com exemplos no Brasil, é a utilização de indicadores<br />
de posição de válvula que servem como permissivos<br />
em bateladas críticas de processos químicos. Vale a<br />
pena destacar que desde 2009 existe uma aplicação no<br />
Brasil que utiliza instrumentação sem fio associada à<br />
malha fechada (controle), sendo pioneiros neste tipo de<br />
aplicação”, ressalta Peixoto.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Cassius Barros,<br />
Supervisor de Engenharia<br />
de Aplicações da Yokogawa.
Maxwel Watanabe,<br />
Engenheiro de Aplicações da Yokogawa.<br />
“Controle sem fio tem sido feito por muitos anos e<br />
nós continuamos a implementar isso em muitos<br />
níveis” , declara o Consultor Araguth da Honeywell<br />
Brasil. “Acho que a questão é: quando será crítico o<br />
controle sem fio para ser considerado na automação<br />
de processos? Exemplo: loops de rápida pressão,<br />
controle de compressão e/ou quando a segurança e<br />
questões ambientais estão fora de risco? Se uma<br />
instalação quer correr este risco, isso depende da<br />
sua tolerância ao risco. A boa notícia é que o nosso<br />
sistema ISA100.11a está pronto para atender esse<br />
tipo de demanda”, anuncia.<br />
A Smar também tem aplicações sem fio em nível de<br />
controle, mas não com tecnologia WirelessHART. “Mas,<br />
sem dúvida, com eletrônicas ultra low power logo teremos<br />
esta solução atendendo as exigências das aplicações”,<br />
prevê Cassiolato.<br />
A Yokogawa anuncia que está fornecendo os primeiros<br />
instrumentos para aplicação em malhas de controle nível<br />
2, com taxa de atualização de um segundo e redundância<br />
para maior confiabilidade. “Os instrumentos que seguem<br />
a norma ISA100.11a podem ser utilizados em malhas de<br />
controle”, lembra Watanabe.<br />
Foto: Divulgação.<br />
DESAFIOS E FUTURO<br />
WIRELESS reportagem<br />
A situação hoje naturalmente é muito mais confortável<br />
para os fornecedores de tecnologia sem fio do que há cinco<br />
anos, por exemplo; mas, ainda existem pedras no caminho.<br />
“Como em todo processo que envolve novas tecnologias,<br />
existe uma grande barreira a ser vencida e que é<br />
suportada principalmente pelos clientes pioneiros”,<br />
avalia o Gerente de Negócios Wireless no Brasil da<br />
Emerson. Ele acredita que a tendência natural é que,<br />
no início, os clientes com visão dos benefícios da nova<br />
tecnologia tendem a aumentar até um ponto em que<br />
os conservadores se sentem confortáveis em comprovar<br />
os benefícios também. “O tempo de aceitação para<br />
transição de fases é diferente entre os países, e aqui<br />
no Brasil ainda falta um pouco mais de tempo para<br />
que a transição ocorra. O ponto positivo no Brasil é<br />
que o número de clientes pioneiros já é muito grande,<br />
sendo que a aceitação pelos mais conservadores já<br />
está ocorrendo. O maior desafio é transmitir essas<br />
informações aos clientes e garantir os diversos pilotos<br />
em funcionamento para que a transição ocorra<br />
rapidamente”, defende. Peixoto atesta que existe<br />
um universo de variáveis de processo dedicadas à<br />
monitoração em uma planta industrial que são grandes<br />
candidatas à substituição pelos instrumentos sem fio.<br />
“Estamos falando de 30% do total de pontos de uma<br />
planta, que podem se tornar medições sem fio”, calcula.<br />
Ele sugere, neste momento, os fornecedores demonstrem<br />
de forma simples os benefícios que o cliente tem em<br />
optar pela instrumentação sem fio, tanto na questão de<br />
menor investimento quanto de tempo para colocar em<br />
funcionamento uma solução sem fio.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Dispositivos do kit wireless da Yokogawa.<br />
InTech 140 73
eportagem WIRELESS<br />
Pragmática, a Honeywell diz não ter visto – e<br />
certamente passado por – grandes obstáculos com<br />
a tecnologia. “Quando há valor oferecido, como<br />
nossas soluções de mobilidade ou vídeos, os clientes<br />
prontamente adotam”, resume Rogowski. Na visão<br />
da companhia, a tecnologia sem fio simplesmente se<br />
tornará mais uma opção de protocolo de comunicação<br />
dentro da oferta de mercado, será utilizada onde<br />
faça sentido – pois prevê um custo mais baixo do<br />
ciclo de vida – ou porque a medida não pode ser<br />
feita por qualquer outro meio. E que, com certeza,<br />
vai substituir em larga escala a instrumentação<br />
cabeada. “Há uma série de oportunidades e<br />
projetos de expansão em que faz muito sentido para<br />
considerar a adoção de soluções sem fio. Há medidas<br />
não tradicionais, onde as soluções sem fio podem<br />
sobressair, como é o caso de monitoramento auxiliar<br />
de baixo custo, que não é feito hoje, porque é um<br />
custo proibitivo. Mas o valor real está na aplicação e<br />
utilização desses novos dados. Pense se um trocador<br />
de calor pode ser equipado com 100 dos sensores<br />
contra uma entrada e uma saída, e pense sobre<br />
as aplicações que poderiam ser usadas para fazêlo<br />
funcionar ou processar de forma mais eficiente”,<br />
compara o Diretor de Marketing Wireless da<br />
Honeywell Process Solutions.<br />
Os especialistas da Smar concordam que, como<br />
toda tecnologia nova, o wireless também passa por<br />
um processo de aceitação, mas que vem crescendo<br />
dia-a-dia. “Cada vez mais, nós fabricantes,<br />
devemos trabalhar pela padronização e garantir a<br />
interoperabilidade de campo e em sistemas. E aí<br />
é uma questão de tempo para que mais e mais se<br />
aplique com confiança. A aceitação deverá crescer em<br />
níveis exponenciais, quando se constata benefícios<br />
tais como: redução de custos e simplificação das<br />
instalações; redução de custos de manutenção pela<br />
simplicidade das instalações; monitoração em locais<br />
de difícil acesso ou expostos a situações de riscos;<br />
escalabilidade; integridade física das instalações<br />
com uma menor probabilidade a danos mecânicos<br />
74 InTech 140<br />
e elétricos (rompimentos de cabos, curto circuitos<br />
no barramento, ataques químicos, etc.); segurança<br />
das instalações; confiabilidade das medições; baixo<br />
consumo dos equipamentos; baterias de longa vida,<br />
entre outros”, enumera Alves. “O fator tecnológico<br />
e a inovação tecnológica são responsáveis pelo<br />
rompimento e/ou aperfeiçoamento das técnicas e<br />
processos de medição e controle”, observa o Gerente<br />
de Produtos da linha de Transmissores de Pressão da<br />
Smar. Por isso, acrescenta, podem trazer ganhos em<br />
termos de competitividade. “O rompimento com a<br />
tecnologia convencional será uma questão de tempo<br />
e, com isto, serão ampliadas as possibilidades de<br />
sucesso com a inovação demandada pelo mercado;<br />
neste caso, sistemas de automação verdadeiramente<br />
abertos com tecnologias digitais, baseado em redes<br />
industriais, conectividade wireless e com várias<br />
vantagens comparadas aos convencionais SDCDs”,<br />
complementa o Diretor de Marketing, Qualidade e<br />
Engenharia de Projetos e Serviços.<br />
“O maior desafio é minimizar o tempo necessário<br />
para que os usuários sintam-se aptos a utilizar<br />
essa tecnologia. Existe uma curva de aprendizado<br />
que é inerente ao processo de comercialização<br />
de novas tecnologias”, ensina o Supervisor de<br />
Engenharia de Aplicações da Yokogawa. Para<br />
tanto, a empresa vem investindo na realização<br />
de tutoriais e, recentemente, realizou um evento<br />
em Salvador com a presença de mais de 80<br />
participantes de diversos segmentos da indústria.<br />
“A maior vantagem da comunicação sem fio é a<br />
sua capacidade de transmissão de informações<br />
dos dispositivos de campo. Na medida em que os<br />
transmissores e demais dispositivos concentraram<br />
uma enorme capacidade de processamento e<br />
diagnóstico, a comunicação wireless permite a<br />
transmissão de toda essa informação aos sistemas<br />
de supervisão e controle”, legitima o Engenheiro<br />
de Aplicações. A companhia estima que, num<br />
futuro próximo, 20% dos instrumentos sejam do<br />
tipo wireless.
entrevista HORÁCIO LAFER PIVA<br />
HORÁCIO LAFER PIVA,<br />
M<strong>EM</strong>BRO DO CONSELHO DE<br />
ADMINISTRAÇÃO DA KLABIN S.A.<br />
Ele foi o mais jovem Presidente da Federação<br />
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)<br />
de 1998 a 2004. É filho do ex-Senador pelo<br />
PSDB, Pedro Piva, neto do ex-Ministro<br />
das Relações Exteriores, Deputado<br />
e ex-Ministro da Fazenda, Horácio Lafer,<br />
e primo do ex-Ministro das Relações<br />
Exteriores e ex-Ministro do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio, Celso Lafer.<br />
Hoje Horácio Lafer Piva dedica-se como<br />
membro ao Conselho de Administração<br />
da Klabin S.A. e à presidência do Conselho<br />
de Administração da Associação de<br />
Assistência à Criança Deficiente (AACD).<br />
A visão ampla e crítica que a vivência<br />
empresarial e a experiência política lhe deram<br />
vai compartilhada nesta entrevista exclusiva.<br />
Sílvia Bruin Pereira,<br />
(silviapereira@intechamericadosul.com.br)<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – Você é nascido em São<br />
Paulo? Qual é a origem da sua família?<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – Sou paulistano e absolutamente<br />
urbano. Adoro andar nas cidades, onde as coisas estão<br />
acontecendo. Entendo que a cidade nos permite um exercício<br />
de observação extraordinário. E onde se tem observação, se<br />
tem reflexão. E em São Paulo eu observo e reflito sobre essa<br />
realidade multifacetada que temos aqui. O sobrenome Piva<br />
é de origem italiana, do norte da Itália, e o Lafer é judeu, de<br />
uma família que veio da Lituânia no século passado. Meus<br />
pais são vivos e tenho um irmão e uma irmã; eu sou o mais<br />
velho. Nenhum de nós está efetivamente na companhia,<br />
porque decidimos profissionalizar a empresa a partir de um<br />
determinado momento, aliás, há bem mais tempo do que os<br />
outros grupos familiares. É claro que é uma companhia de<br />
controle familiar, embora seja aberta, e, dessa forma, temos<br />
que estar muito perto da operação, por meio da presença<br />
no conselho de administração. Mas a diretoria é totalmente<br />
profissional. É como eu costumo dizer: nós estamos, mas não<br />
estamos. Estamos fisicamente, mas naquele limite de não nos<br />
envolvermos no dia a dia da empresa.<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – A sua formação acadêmica é<br />
em Economia e Administração de Empresas, não é isto?<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – Na verdade, primeiro eu estudei<br />
Engenharia Mecânica na FEI (Faculdade de Engenharia<br />
Industrial). Ao final dos seis anos, não fiz meu trabalho de<br />
conclusão e não fui buscar meu diploma. Depois cursei<br />
Economia e pós-graduação em Administração de Empresas.<br />
Isto é um péssimo exemplo para quem está lendo, mas esse<br />
período na engenharia teve uma importância fantástica<br />
para mim. O que eu extraí de importante de toda a minha<br />
vida acadêmica superior foram nos primeiros dois anos de<br />
engenharia, pois me deram o instrumental matemático para<br />
pensar com um pouco mais de organicidade. O resto é o resto.<br />
Agora, não é só uma questão de vida acadêmica não, mas no<br />
geral, eu costumo dizer que eu aprendi muito mais nos últimos<br />
sete anos da minha vida, do que nos 30 anteriores. A gente<br />
vive em um mundo tão dinâmico e tão rico para quem quer<br />
aprender que a experiência acadêmica está sofrendo para<br />
poder competir com. Esta é uma grande discussão hoje na área<br />
da educação, ou seja, como é que se consegue fazer com que<br />
a escola, a academia, se torne um instrumento de sustentação<br />
e competição com a vida real. A vida real está muito rica e<br />
ensinando o tempo inteiro. A geração de hoje precisa ter<br />
InTech 140 75
entrevista HORÁCIO LAFER PIVA<br />
uma boa capacidade de fazer boa pesquisa e de pensar um<br />
pouco fora da caixa. O truque hoje em dia não é decorar, é<br />
transformar informação em compreensão. A informação está<br />
toda disponível. O que Deus não sabe o Google sabe.<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – A questão da relação ainda<br />
não satisfatória entre a empresa e a universidade ainda<br />
é um assunto polêmico. Qual é a sua opinião a respeito?<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – Havia uma frase clássica que<br />
dizia que acadêmicos e empresários são como água e óleo,<br />
jamais se misturam. E era um pouco isso mesmo. A academia<br />
achava que você como empresário estava explorando a<br />
inteligência embarcada dessas figuras, e nós achávamos<br />
que eles precisavam ser abatidos a tiros, porque eram meros<br />
sonhadores, que iam lá para a estratosfera e não traziam<br />
nada de útil. Mas acho que isto está melhorando. Eu faço<br />
parte do Conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do<br />
Estado de São Paulo (Fapesp), o nosso grande órgão indutor<br />
de inovação, e eu fico muito feliz em ver que hoje em dia<br />
já se consegue pensar em pesquisa aplicada e em pesquisa<br />
pura. Já se consegue pensar naquilo que são mudanças<br />
disruptivas e naquilo que são mudanças incrementais.<br />
Ou seja, já se consegue estabelecer uma linguagem entre<br />
aquilo que interessa mais à academia e o que interessa<br />
mais ao empresariado. E o empresário já começa a buscar<br />
acadêmicos para que trabalhem nas suas áreas de pesquisa<br />
e desenvolvimento, e os cientistas também já compreendem<br />
que muitas vezes as empresas de determinados setores são<br />
grandes laboratórios para as suas pesquisas. Tenho visto um<br />
avanço interessante e acho ótimo. Mas, deixe-me aqui fazer<br />
uma pequena ode ao meu patriotismo, à minha brasilidade.<br />
Eu sou muito crítico em relação ao País; eu acho que o Brasil<br />
é um país que olha para frente pelo retrovisor, mas tem uma<br />
característica no Brasil que eu acho absolutamente inigualável,<br />
que é a nossa capacidade de lidar com a diversidade. E neste<br />
bravo novo mundo esta será uma característica excepcional.<br />
A mistura do nosso cientista – com uma cabeça muito<br />
“engenheirada” e muito matemática – e do empresário<br />
brasileiro – que teve que se acostumar com inflação, que lidar<br />
com dificuldades únicas, que trabalhar debaixo de um custo<br />
Brasil terrível – se faz com certa tranquilidade. E eu tenho visto<br />
isto acontecer em uma série de setores. O Brasil tem uma saída<br />
pelo lado da diversidade que faz, de fato, com que ele seja um<br />
protagonista importante neste próximo século, e não mais<br />
coadjuvante como tem sido.<br />
76 InTech 140<br />
“EU ACho qUE o BRASIl é Um pAíS qUE olhA<br />
pARA FRENTE pElo RETRovISoR, mAS TEm<br />
UmA CARACTERíSTICA No BRASIl qUE EU ACho<br />
ABSolUTAmENTE INIgUAlávEl, qUE é A NoSSA<br />
CApACIDADE DE lIDAR Com A DIvERSIDADE”<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – Existe uma tendência dos<br />
cientistas brasileiros voltarem ao País ou, ao menos,<br />
de não o deixarem em grande escala como vinha<br />
acontecendo, não é verdade?<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – Alguns cientistas estão tentando,<br />
até porque o mercado de trabalho no Brasil é excitante neste<br />
momento. E o País também está fazendo uma coisa positiva,<br />
que foi o projeto da Presidente Dilma Rousseff e que precisa<br />
ser digno de nota, no sentido de oferecer bolsas para que mais<br />
estudantes possam estudar fora do Brasil. Agora, como tudo,<br />
é um processo de médio prazo. Você não consegue convencer<br />
de hoje para amanhã todos os cientistas virem para o Brasil,<br />
porque a dificuldade aqui é extraordinária. Apesar de todos os<br />
esforços que está se fazendo, a verdade é que existe a soma de<br />
burocracia com a falta de recursos, o que obviamente os coloca<br />
em uma situação nos laboratórios lá fora muito diferente. É<br />
difícil. Tem um pouco de heroísmo em vir aqui para fazer ciência.<br />
Mas eu acho que os que vêm, vêm porque entendem que é o<br />
momento certo de estar no Brasil. Mas precisa ter um pouco<br />
dessa perspectiva de médio e longo prazo.<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – Como foi a sua experiência nos<br />
seus dois mandatos de três anos na presidência da Fiesp?<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – Foi uma experiência muito<br />
rica, mas eu costumo dizer que não foi uma experiência<br />
definidora. Foi uma pós-graduação em vaidades e conflitos<br />
humanos. É muito curiosa essa proximidade que você pode<br />
ter do poder, que é compreendê-lo de dentro, embora<br />
eu tenha tido a sorte na vida de vir de uma família muito<br />
envolvida com isso. Ter estado lá foi muito interessante,<br />
porque o tipo de entidade como a Fiesp – diferentemente da<br />
entidade como a Associação Sul-Americana de Automação<br />
ISA Distrito 4, que é setorial – tem uma agenda muito larga,<br />
muito horizontal, e, portanto, você não consegue mergulhar<br />
profundamente em assunto nenhum. A Fiesp é uma entidade<br />
política, de lobby empresarial importante, tem uma marca<br />
importante, mas ela demanda um determinado espírito para
lá estar. Eu gostei de estar lá, fiz um bom trabalho junto com<br />
o Carlos Liboni, que foi meu primeiro vice-presidente nas duas<br />
gestões, mas cada vez que nós queríamos mergulhar mais<br />
profundamente, nós percebíamos que havia ou uma reação<br />
da própria estrutura ou uma necessidade de outra natureza,<br />
que era uma natureza mais política. E eu sou um sujeito mais<br />
orientado a negócios do que orientado a política. A política<br />
me cansa, até porque no Brasil o tempo político é diferente do<br />
tempo econômico. E o tempo na Fiesp é mais político do que<br />
econômico. Por isso eu digo que a Fiesp foi uma experiência<br />
rica, mas não definidora. O meu perfil é o de quem não quer<br />
transformar a vida institucional na razão de viver. Eu tenho<br />
uma procura de realização de outra natureza. Qual? A de,<br />
de fato, ver as coisas acontecerem e de ser um elemento de<br />
mudança em empresas ou setores. Hoje estou no Conselho de<br />
Administração de algumas empresas e de algumas entidades,<br />
procurando levar a experiência de quem já viu alguns filmes<br />
antes – e, no fim, nós morremos em vários deles.<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – Não temos como não incluir<br />
as perspectivas econômicas do Brasil nesta entrevista.<br />
Qual é a sua avaliação deste momento atual do País?<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – A recorrência da vida brasileira tem<br />
sido a dinâmica do curto prazo. Nós aqui no Brasil estamos<br />
muito presos ao curto prazo. Por várias razões. Primeiro,<br />
porque somos uma democracia jovem, segundo porque<br />
passamos por uma situação econômica de grande dificuldade<br />
com inflações que chegaram a 80% ao mês, enfim, de<br />
maneira que as pessoas têm uma tendência de duvidar<br />
de muita coisa e, obviamente, muito medo com relação ao<br />
futuro. Porque nós nos acostumamos a pensar só no fim<br />
do mês e em seis meses. Nós temos muita dificuldade em<br />
discutir o Brasil em 2030, 2050. Nós tínhamos que projetar<br />
o nosso futuro com muito mais coragem e espaço do que<br />
de fato fazemos. E eu sou um otimista de longo prazo. Eu<br />
acho que o Brasil está condenado a dar certo. Quanto mais<br />
a gente conseguir escapar um pouco dessa algema tanto<br />
melhor. E eu não tenho a menor dúvida de que é uma<br />
mudança cultural e, talvez, seja até uma coisa para a próxima<br />
geração. Então, eu vejo hoje essas decisões que estão sendo<br />
tomadas em relação a juros, por exemplo, como dentro de<br />
um processo – já as vi com mais irritação. Acho que o Brasil<br />
tem um problema. Por exemplo, agora estamos discutindo a<br />
tese da desindustrialização e a história do câmbio. E eu tenho<br />
muito medo dessa discussão, porque acho que esta é uma<br />
discussão de curto prazo. Quando você diz que a indústria,<br />
HORÁCIO LAFER PIVA entrevista<br />
especialmente a de manufaturados, está indo mal por causa<br />
do câmbio é a mesma coisa que dizer que isto está quente<br />
porque pegou fogo. E as pessoas estão perguntando por<br />
que está quente quando deveriam perguntar por que pegou<br />
fogo! O câmbio é uma consequência de uma série de coisas e<br />
algumas dessas coisas sob as quais nós, no Brasil, não temos<br />
controle. O Brasil devia estar preocupado com isso que já se<br />
tratou de chamar de Custo Brasil; isto sim! Nós devíamos estar<br />
preocupados com ajuste fiscal, com diminuição de burocracia,<br />
com um equilíbrio maior entre a carga tributária e as despesas<br />
de governo, com investimentos em infraestrutura, etc. Mas<br />
ficamos nas discussões de curto prazo. Nós precisamos<br />
entender quais são as causas desse processo e agir nas<br />
causas. Nós temos uma enorme quantidade de diagnósticos e<br />
percebe-se que uma boa parte dos diagnósticos quer trabalhar<br />
nas consequências, quando deveria se trabalhar nas causas.<br />
Temos meia dúzia de causas, que sabemos serem importantes,<br />
em cima das quais devemos trabalhar.<br />
“NóS DEvíAmoS ESTAR pREoCUpADoS<br />
Com AjUSTE FISCAl, Com DImINUIção DE<br />
BURoCRACIA, Com Um EqUIlíBRIo mAIoR ENTRE A<br />
CARgA TRIBUTáRIA E AS DESpESAS DE govERNo,<br />
Com INvESTImENToS Em INFRAESTRUTURA, ETC.”<br />
INTECH AMÉRICA DO SUL – Não podemos deixar de<br />
perguntar sobre a sua visão sobre a automação...<br />
HORÁCIO LAFER PIVA – Automação é tudo, sem dúvida.<br />
Na verdade, é uma discussão muito difícil, do ponto de<br />
vista, digamos assim, ético, porque, de alguma forma, a<br />
automação é redutora de emprego. Porém, por outro lado,<br />
eu defendo que devemos tratar de qualificar os nossos<br />
trabalhadores para que possam ser mais multifuncionais<br />
e aquilo que por acaso perderem com o advento da<br />
automação, possam suprir em outros setores ou segmentos<br />
que vão demandar, até porque a automação é criadora<br />
de riqueza. Na medida em que a automação agrega valor,<br />
ela cria riqueza. Até porque ela sendo uma encurtadora de<br />
tempo, permitindo mais tempo para gerar mais riqueza, essa<br />
riqueza melhor distribuída, vai fazer com que de alguma<br />
forma as pessoas possam se colocar em outros setores como,<br />
por exemplo, o de serviços, que está crescendo muito no<br />
Brasil. E isto é muito útil.<br />
InTech 140 77
eportagem CRISE EUROPEIA<br />
A CRISE NA EUROPA<br />
AFETA OU NÃO O BRASIL?<br />
Ângela Ennes (*)<br />
(*) Jornalista há 22 anos com atuação em editoria e textos nas TVs Bandeirantes/Porto Alegre,<br />
RBSTV e nos últimos 10 anos na TV Record/São Paulo. Trabalhou para o telejornal diário matutino<br />
“Fala Brasil” e atualmente é editora-chefe do Programa “Hoje em Dia”.<br />
Em 2008, quando a crise nos Estados Unidos quebrou vários<br />
bancos, entre eles o Lehman Brothers, o então presidente<br />
Lula disse que o "tsunami" da crise provocaria no Brasil<br />
uma simples "marola". Significava dizer que seríamos<br />
afetados, mas não da mesma forma que os países ricos. A<br />
declaração repercutiu no mundo e chegou a ser criticada<br />
por economistas e políticos de oposição. Um ano depois da<br />
declaração, um dos principais jornais do mundo, o francês<br />
Le Monde, disse que Lula acertou. Na reportagem, o jornal<br />
publicou que o Brasil foi um dos últimos países atingidos pela<br />
recessão e um dos primeiros a sair dela. A receita foi a aposta<br />
no mercado interno brasileiro com a redução de impostos<br />
na indústria automobilística e de eletrodomésticos, o que<br />
manteve as vendas. Em 2010, o PIB fechou em 7,5%.<br />
Agora, com a crise na Europa, fomos em busca de opiniões<br />
de alguns especialistas. Ouvimos três economistas. O<br />
presidente do Conselho Regional de Economia e da Ordem<br />
dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia; o<br />
coordenador do curso de Administração da Fundação<br />
Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a FESPSP,<br />
professor Silvio José Moura e Silva e o economista da equipe<br />
de macroeconomia e política da Tendências Consultoria<br />
Integrada, Raphael Martello. Todos acreditam que a crise<br />
pode afetar de alguma forma o Brasil, mas de maneira<br />
superficial. E a explicação é principalmente o crescimento do<br />
mercado interno. Outro fator que ajuda a isolar o Brasil dessa<br />
78 InTech 140<br />
crise na Europa é que a nossa economia está estável. Sem<br />
grande crescimento, mas também sem retrocessos. Em 2011,<br />
o PIB do Brasil foi de 2,7%. Ficou abaixo da média mundial de<br />
3,8%. E abaixo de outros países emergentes. Cresceu menos<br />
que o previsto, mas superou o PIB de países como Reino<br />
Unido, Estados Unidos e França. O Brasil subiu de sétima para<br />
sexta economia do mundo. Ultrapassou o Reino Unido. O<br />
emprego resistiu. Cresceu menos, mas não encolheu.<br />
A ANÁLISE DOS ESPECIALISTAS<br />
Questionado sobre o quanto a crise na Europa pode ou<br />
não afetar o Brasil, o consultor da Tendências Consultoria<br />
Integrada, Raphael Martello, avalia que "é difícil passar<br />
imune por este problema".<br />
Foto: Divulgação.<br />
Martello: impactos<br />
mais localizados<br />
e de menor magnitude<br />
que em 2008.
Segundo ele, o que se vê é que os efeitos não são tão<br />
significativos porque nossos principais parceiros comerciais<br />
estão na Ásia e não na Europa. Sobre os efeitos negativos da<br />
crise europeia ao Brasil, Raphael Martello cita as consequências<br />
das políticas expansionistas adotadas pelo Banco Central<br />
Europeu, que buscou ativos de maior rentabilidade. "Esses<br />
recursos vêm para o Brasil e isso gera um fluxo maior de<br />
dólares, pressionando a taxa de câmbio e encarecendo as<br />
exportações", explica ele. Na avaliação do economista, "os<br />
impactos são mais localizados e de menor magnitude que em<br />
2008, quando a crise afetou os Estados Unidos". Numa escala<br />
de 1 a 10, o economista diz que o reflexo da crise de 2008 para<br />
o Brasil representa 10 pontos. Já o da atual crise na Europa<br />
afeta apenas em três pontos. "É um efeito macro muito menor<br />
que em 2008", diz Raphael Martello. Ele conclui que, "por não<br />
ser uma crise das mesmas dimensões, hoje estamos mais bem<br />
preparados para enfrentar".<br />
Outra análise tranquilizadora é a do Presidente do Conselho<br />
Regional de Economia e Ordem dos Economistas do Brasil.<br />
Manuel Enriquez Garcia é categórico ao afirmar que "o<br />
Brasil não corre risco porque tem US$ 352 bilhões de dólares<br />
de reservas, uma dívida externa muito pequena, excelente<br />
taxa de juros, a dívida em relação ao PIB é baixa e, portanto,<br />
a economia vai bem". Enriquez também foi categórico<br />
ao dizer que o Brasil não sofrerá os impactos da crise na<br />
Europa. Porque "tem excelentes fundamentos do ponto<br />
de vista macroeconômico, está bem blindado do ponto<br />
de vista bancário e os bancos brasileiros têm muito pouca<br />
representatividade no exterior".<br />
Enriquez fez a mesma ressalva que Raphael Martello: as<br />
empresas com segmento voltado à exportação sofrem os<br />
efeitos da crise na Europa. Porque "é claro que quando<br />
os gregos têm menos poder de compra, os espanhóis e os<br />
italianos também vão comprar menos entre si e vão comprar<br />
menos produtos brasileiros", conclui.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Enriquez:<br />
“o Brasil não corre risco”.<br />
CRISE EUROPEIA reportagem<br />
Já o coordenador do curso de Administração da FESPSP<br />
foi mais cauteloso. O professor Silvio José Moura e Silva<br />
concorda que o mercado interno é um ponto positivo para<br />
o Brasil. Mas alerta sobre a necessidade de se controlar a<br />
inflação. "Quem vai ao supermercado hoje sabe que os<br />
números oficiais podem não ser reais", diz ele. E mais: "o<br />
preço da gasolina subiu em 2011 e não baixou ainda, o que<br />
significa que há pressão de preços", explica. O professor<br />
Silvio chama atenção para o mercado imobiliário. Ele diz<br />
que "se o governo não cuidar e não fizer uma intervenção,<br />
poderemos não ter recursos para honrar o pagamento de<br />
imóveis, cujas vendas estão sustentadas no crédito. Se os<br />
compradores tiverem problema com a fonte de renda, pode<br />
haver calote, como na bolha vivida pelos Estados Unidos em<br />
2008". Mesmo com ressalvas, Silvio José diz que "o Brasil<br />
tem potencial para crescer mais do que já está crescendo.<br />
Um avanço em proporções menores, mas positivo. Um<br />
desenvolvimento abaixo do potencial, típico de quem sente o<br />
impacto de mais uma crise internacional", explica.<br />
COMO A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF<br />
ENCARA A CRISE NA EUROPA<br />
A presidente Dilma Rousseff estava na Alemanha no dia 6 de<br />
março, quando o IBGE divulgou aqui no Brasil os dados do<br />
crescimento da economia. Uma visita para estreitar relações<br />
comerciais entre os dois países e para discutir a crise na<br />
Europa com a chanceler alemã Angela Merkel. De lá mesmo,<br />
a presidente brasileira falou sobre o fraco desempenho da<br />
economia em 2011. Dilma responsabilizou a crise nos países<br />
desenvolvidos pela desaceleração econômica nos países<br />
emergentes e cobrou dos líderes europeus uma solução<br />
para o problema que não prejudique as economias em<br />
desenvolvimento. "Na verdade, o que tem acontecido é que<br />
os países emergentes têm visto suas taxas de crescimento<br />
diminuir", afirmou a presidente. Sobre a reunião com a<br />
chanceler alemã, Dilma disse: "Nós acertamos que cada<br />
Foto: Divulgação.<br />
Silvio José:<br />
o Brasil pode<br />
crescer mais.<br />
InTech 140 79
eportagem CRISE EUROPEIA<br />
governo, entendendo os problemas das suas respectivas<br />
regiões, vai buscar as melhores formas de cooperação no<br />
sentido de ultrapassar este período, que é um período adverso<br />
para a economia internacional". A presidente brasileira falou<br />
sobre as ações a serem tomadas. Segundo ela, "o governo<br />
brasileiro terá uma posição proativa no sentido de ampliar cada<br />
vez mais a taxa de crescimento no Brasil de forma sustentável,<br />
respeitando o equilíbrio macroeconômico com finanças<br />
públicas e uma estrutura fiscal sólidas".<br />
Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República.<br />
A chanceler alemã Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff,<br />
durante sua visita à Alemanha em março.<br />
Antes de se encontrar com Angela Merkel, logo na chegada à<br />
Alemanha, Dilma Rousseff acusou os países ricos, principalmente<br />
Estados Unidos e Europa de provocar um "tsunami monetário"<br />
com suas políticas expansionistas. E alegou que a liberação<br />
de empréstimos a juros baixos disponibilizados aos bancos da<br />
região provocará a desvalorização do euro e levará ao aumento<br />
do fluxo de divisas para países emergentes o que fortalece o<br />
real frente ao dólar encarecendo as exportações brasileiras.<br />
Angela Merkel respondeu à crítica com outra crítica. Disse estar<br />
preocupada com medidas protecionistas unilaterais. A chanceler<br />
alemã não citou diretamente o Brasil, quando se referiu a medidas<br />
protecionistas, mas alguns que estavam na plateia entenderam<br />
que não foi um recado e sim uma direta. Ao ser questionada<br />
sobre a "farpa" de Angela, a presidente Dilma reafirmou que<br />
"diante da desvalorização artificial das moedas dos outros<br />
países, o Brasil tomará todas as medidas que não firam as<br />
disposições da Organização Mundial do Comércio para evitar<br />
que essa desvalorização artificial das moedas desindustrialize<br />
a economia brasileira". Um relatório recente do Global Trade<br />
Alert citou o Brasil entre os dez países mais protecionistas do<br />
G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo. De<br />
acordo com o mesmo relatório, a União Europeia adotou 242<br />
medidas protecionistas.<br />
80 InTech 140<br />
ENTENDA A CRISE NA EUROPA<br />
Os maiores bancos centrais do mundo - Fed, BCE, Banco do<br />
Japão e da Inglaterra já ofereceram aos bancos em ajuda de<br />
liquidez mais de US$ 5 trilhões. A ajuda mais recente foi no<br />
final de fevereiro, quando o Banco Central Europeu anunciou<br />
a liberação adicional de 530 bilhões de euros para os bancos<br />
europeus a juros de 1% ao ano. Em dezembro, outros 489<br />
bilhões de euros já haviam sido oferecidos aos bancos. A<br />
dívida governamental total da União Europeia teve ligeira<br />
alta, atingindo 82,2% da produção econômica no terceiro<br />
trimestre de 2011, segundo a agência de estatísticas da UE,<br />
Eurostat. A dívida é menor do que a dos Estados Unidos, mas<br />
continua sendo uma carga que poderá levar décadas para ser<br />
paga. Apenas 13 dos 27 países têm dívidas abaixo do limite<br />
de 60% estabelecido pela Comissão Europeia, o que o bloco<br />
julga ser o máximo para uma economia saudável. As dívidas<br />
da Europa elevaram-se após 1999, uma vez que os países<br />
fizeram empréstimos massivos com taxas de juros muito<br />
baixas. Mas, com o crescimento da economia empacando, a<br />
UE enfrenta um progresso muito lento em diminuir a carga<br />
de dívida, mesmo com os cortes de custos pelo bloco, a fim<br />
de diminuir os déficits fiscais. Até mesmo a Alemanha, a<br />
maior economia do bloco e que está guiando os esforços de<br />
austeridade da UE, registrou taxa de 81,8% no período entre<br />
julho e setembro de 2011.<br />
ZONA DO EURO<br />
2012 marca os 10 anos de criação da Zona do Euro, que<br />
reúne 17 países. Uma década depois, o bloco registra<br />
fraqueza. O desemprego está alto. Média de 10,7% em<br />
janeiro. Significa dizer que em 17 países, há 16,92 milhões<br />
de pessoas desempregadas. A Espanha é o país em pior<br />
situação, com taxa de desemprego de 23,3%. Em seguida,<br />
vêm Grécia, com 19,9%, e Irlanda e Portugal, ambos com<br />
taxa de 14,8% cada. Estes três países mais a Itália integram<br />
o grupo com economias mais ameaçadas e fragilizadas pela<br />
crise da dívida europeia. Todos adotaram medias rígidas de<br />
austeridade exigidas pela União Europeia. Os governos têm<br />
dívidas grandes. A Grécia lidera a lista. Deve 360 bilhões de<br />
euros. A agência de classificação de risco Standard and Poor's<br />
reduziu a nota da Grécia para o nível de calote seletivo. De<br />
acordo com a agência, o que motivou o rebaixamento foi<br />
o programa de troca de títulos do governo grego que vai<br />
impor aos investidores perdas de 53,5% em relação ao valor<br />
original dos papéis. Para receber ajuda, a Grécia teve que se
comprometer a cortar gastos, privatizar mais, demitir 100<br />
mil funcionários públicos até 2015 e reduzir benefícios de<br />
milhares de aposentados. Assim como a Grécia, outros países<br />
enfrentam problemas na economia.<br />
Em fevereiro, a agência de classificação de risco Moody's<br />
rebaixou a nota de crédito de seis países: Itália, Portugal,<br />
Espanha, Malta, Eslováquia e Eslovênia. E colocou<br />
sob perspectiva negativa os ratings da França, Reino<br />
Unido e Áustria – o que significa que podem sofrer<br />
rebaixamentos. Culpa da incerteza sobre as condições<br />
de financiamento ao longo dos próximos trimestres e<br />
seu impacto correspondente no crédito. A avaliação de<br />
risco de investimento é um sistema de nota desenvolvido<br />
por agências de análise para alertar os investidores de<br />
todo o mundo sobre os perigos do mercado em que eles<br />
escolhem para aplicar seu dinheiro. A balança da zona<br />
do euro fechou 2011 com déficit (compras superiores<br />
que as vendas) de 7,7 bilhões de euros, segundo dados<br />
da Eurostat, a agência oficial de estatísticas do bloco.<br />
E as previsões para a economia em 2012 não são nada<br />
animadoras. Segundo a Comissão Europeia, este ano a zona<br />
do euro terá recessão. Oito dos 17 países terão queda no<br />
PIB, incluindo Espanha e Itália. Só a Grécia terá queda de<br />
4,4% do PIB em 2012, segundo a Comissão europeia. Será<br />
o quinto ano de recessão consecutiva na Grécia. Alguns<br />
economistas acreditam que a alternativa seria a Grécia<br />
abandonar a zona do euro. Isso levaria à volta de uma velha<br />
moeda desvalorizada. O turismo e as exportações gregas<br />
ganhariam competitividade no mercado internacional. Já as<br />
importações ficariam mais caras e o país precisaria aumentar<br />
a produção interna. Outros defendem que a saída da Grécia<br />
da União Europeia poderia ser traumática, com fechamento<br />
de bancos, inflação alta e mais desemprego. O bloco<br />
europeu perderia a credibilidade. E o efeito dominó atingiria<br />
outros países como Portugal, Espanha e até a Itália. O exministro<br />
da Fazenda, Maílson da Nóbrega, escreveu um<br />
artigo para a Revista Veja, de quem é colunista. No texto,<br />
intitulado "O desafio europeu", o economista questiona<br />
a resistência do euro à crise. Fala como surgiu a moeda e<br />
explica a importância dela para a Europa. Segundo Maílson,<br />
"o euro é o mais ousado projeto político da história. A<br />
integração permitiria à Europa enfrentar a ameaça soviética,<br />
negociar em pé de igualdade questões de segurança e<br />
comércio com os Estados Unidos, recuperar-se dos estragos<br />
da guerra e promover o estado de bem-estar social. Esses<br />
objetivos foram atingidos. A paz se consolidou." Ótimo.<br />
CRISE EUROPEIA reportagem<br />
Só que o texto pondera que "o euro nasceu sem as<br />
precondições para sustentar-se. O bloco não era uma área<br />
monetária ótima. Assimetrias de produtividade entre os<br />
países requereriam uma união fiscal, com um governo<br />
central forte e capaz de fazer transferências para reduzir<br />
essas desigualdades, como ocorre em federações como a<br />
brasileira e americana." De acordo com o artigo, "a saída<br />
que alguns advogam seria o abandono da moeda pela<br />
Grécia e por outros países, que assim poderiam restabelecer<br />
suas antigas moedas e desvalorizá-las, recuperando a<br />
competitividade e as condições para voltar a crescer. Ocorre<br />
que isso poderia disparar crises bancárias que contagiaram<br />
outros países, sob o risco de graves e imprevisíveis<br />
consequências econômicas, sociais e políticas." Maílson da<br />
Nóbrega conclui o texto sobre o desafio europeu usando<br />
uma citação da chanceler alemã, Angela Merkel que diz que<br />
"se o euro fracassar, a Europa fracassará". Esse texto foi<br />
publicado em dezembro de 2011 e, ao que parece, ecoou,<br />
porque três meses depois, no dia 2 de março, líderes de<br />
25 países da União Europeia assinaram em Bruxelas,<br />
sede da UE, o Pacto de Estabilidade Fiscal, que firma o<br />
compromisso com a disciplina orçamentária. O objetivo<br />
é equilibrar as contas públicas para evitar futuras crises<br />
de endividamento, como a que atinge a zona do euro.<br />
Com exceção do Reino Unido e da República Tcheca -<br />
que não assinaram o acordo - os demais países do bloco<br />
se comprometem a manter o déficit do PIB anual abaixo<br />
de 3%. O país que descumprir a regra sofre sanções<br />
financeiras. O presidente da União Europeia, Herman Van<br />
Rompuy, ressaltou que “o pacto reforça a confiança na<br />
união econômica e monetária". Agora é só esperar o pacto<br />
entrar em vigor. Em 2013.<br />
Foto: "The Council of the European Union".<br />
Herman Van Rompuy, presidente da União Europeia.<br />
InTech 140 81
newsletter<br />
SEÇÃO CAMpINAS<br />
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />
Dia 14 de fevereiro a Seção Campinas realizou mais um<br />
encontro, cujo tema foi Eficiência Energética e Smart Grid,<br />
realizado nas instalações do Centro das Indústrias do Estado de<br />
São Paulo do município e que reuniu cerca de 200 participantes.<br />
De acordo com o Presidente da Seção, Adário Almeida,<br />
atualmente, a maioria das indústrias, tanto químicas quanto<br />
petroquímicas, além do mercado sucroalcooleiro, vêm<br />
realizando altos investimentos nos sistemas de cogeração<br />
de energia. “Se pontuarmos o mercado de açúcar e etanol,<br />
podemos concluir que o seu segundo maior negócio será a<br />
produção de energia elétrica resultante do aproveitamento<br />
da biomassa, e essa atividade deverá responder por uma<br />
parcela relevante do faturamento do setor. Nós da ISA<br />
acreditamos que estar preparado para a realidade da<br />
cogeração é vital para a diversificação dos negócios e para<br />
a revitalização da matriz energética do Brasil. Porém, para<br />
que isso aconteça de forma sustentável, faz-se necessário a<br />
NR12 E SEGURANÇA<br />
Já em 13 de março, a Câmara dos Vereadores de Paulínia<br />
abrigou mais um encontro da Seção Campinas, que reuniu<br />
mais de 150 participantes e abordou o tema “Soluções para<br />
adequação da nova NR 12 e Aplicações em segurança”.<br />
Quatro empresas apresentaram palestras: Bosch Rexroth<br />
(“Conceito de segurança hidráulica 4 para prensas”, Rodrigo<br />
Silveira); Ação Sensores e Sick (“Segurança Técnica em<br />
máquina e equipamentos”, Cleber Diefethaeler e Mônica<br />
Fattor); Intereng (NR 12, Sidney Esteves Peinado); e Siemens (“A<br />
segurança Integrada em Automação”, Fernando Capuzzo).<br />
Daniel Polachini, Presidente Passado da Seção Campinas<br />
considera que o tema do encontro é novo. “Buscamos aproximar<br />
os profissionais da área de segurança do trabalho das reais<br />
SEÇÃO CURITIBA<br />
CONTROLADORES E SINTONIA DE MALHAS DE CONTROLE<br />
O sexto módulo do Curso de Automação e<br />
Instrumentação Industrial 2012 da Seção Curitiba,<br />
em continuidade aos módulos iniciados em 2011,<br />
com o tema “Controladores e Sintonia de Malhas de<br />
82 InTech 140<br />
utilização de redes inteligentes (smart grids) que possibilitem<br />
ainda mais confiabilidade e redução de custos”, destacou.<br />
As palestras apresentadas no encontro técnico foram: “Soluções<br />
National Instruments para automação, eficiência energética<br />
e smart grid” (Marcelo Costa, Engenheiro de Vendas da<br />
National Instruments); “Otimização de recursos distribuídos<br />
de energia” (Thiago Renda, Siemens); e “SmartProcess –<br />
Soluções para o aumento da eficiência energética” (Thiago<br />
Araujo e Alexandre Peixoto, Emerson Process).<br />
Foto: Divulgação.<br />
Auditório do Ciesp<br />
de Campinas durante<br />
o encontro sobre<br />
eficiência energética.<br />
novidades de mercado que a automação vem criando, ou seja,<br />
mecanismos cada vez mais seguros e sustentáveis que garantem<br />
não só a integridade física dos colaboradores das indústrias, como<br />
também um retorno financeiro ainda maior nos processos, uma<br />
vez que se tem menos acidentes de trabalho”, concluiu.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Plateia na Câmara<br />
dos Vereadores de<br />
Paulínia durante<br />
o encontro que<br />
abordou a NR 12.<br />
Controle (PID)” ocorreu entre os dias 5 e 7 de março de<br />
2012, ainda com o apoio institucional da Universidade<br />
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que cedeu suas<br />
dependências para a realização do curso.
newsletter<br />
O instrutor foi o colaborador da Seção Curitiba, Paulo Roberto<br />
Frade Teixeira, que compartilhou seus conhecimentos e mais<br />
de 25 anos de experiência no ramo. Ele possui especialização<br />
em diversas áreas da automação, é diretor da T4M (Consultoria<br />
e Treinamentos na área de Instrumentação e Controle de<br />
Processos), onde presta serviços para as seguintes empresas:<br />
Petrobras Six e Repar, Yokogawa, Smar, Fluke, ABB,<br />
Pepperl+Fuchs, Vale do Rio Doce e Senai/Santos. Já realizou<br />
cursos e treinamentos nas principais entidades de ensino<br />
técnico do país, além de organizações internacionais.<br />
O módulo “Controladores e Sintonia de Malhas de Controle<br />
(PID)” é direcionado a engenheiros, tecnólogos e técnicos<br />
de diversas áreas (elétrica, eletrônica, química e mecânica)<br />
relacionadas à instrumentação e/ou controle e visa promover<br />
conhecimento teórico e prático para aplicação da tecnologia<br />
de instrumentação e controle em ambientes industriais.<br />
O desenvolvimento do curso modular já é um sucesso da<br />
Seção Curitiba e possui grande aceitação pela comunidade<br />
de automação da região. Os participantes podem<br />
escolher as disciplinas de acordo com suas necessidades e<br />
eventos<br />
interesses, possibilitando um excelente retorno financeiro<br />
e em termos de objetividade.<br />
A programação completa do curso e os próximos módulos<br />
para 2012 estão disponíveis em www.isacuritiba.org.br.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Alunos durante aula prática do módulo “Controladores e Sintonia<br />
de Malhas de Controle (PID)” da Seção Curitiba.<br />
FOUNDATION FIELDBUS<br />
REALIZA ENCONTRO <strong>EM</strong> SÃO PAULO<br />
www.fieldbus.org<br />
Dia 7 de março a Fieldbus Foundation promoveu no Sheraton<br />
São Paulo WTC Hotel uma conferência que reuniu mais de 200<br />
participantes, entre fornecedores e usuários finais da tecnologia.<br />
A abertura do evento foi feita por Augusto Pereira, chairman<br />
do comitê de marketing brasileiro da Fieldbus Foundation.<br />
Na sequência, o Presidente e CEO da entidade, Rich<br />
Timoney deu as boas-vindas aos participantes. “O Brasil<br />
vem experimentando um rápido crescimento em projetos<br />
de automação com a tecnologia Fieldbus Foundation e é,<br />
sem dúvida, o ponto central da indústria de automação de<br />
processos em toda a América Latina”, afirmou.<br />
A organização abordou as vantagens da tecnologia FF,<br />
enfatizando-a como uma solução para melhorar a gestão de<br />
ativos, a confiabilidade e o desempenho econômico das plantas.<br />
As novidades ficaram por conta do FF ROM (Remote Operations<br />
Management), FF-SIF (Safety Instrumented Functions), controle<br />
no campo, diagnóstico de campo e comunicação sem fio.<br />
O evento contou também com apresentações de usuários, como<br />
Petrobras, Braskem e Deten Química.<br />
No dia seguinte, 8 de março, em reunião exclusiva para os<br />
membros, o comitê definiu novas diretrizes para a atuação da<br />
Fieldbus Foundation no Brasil, especialmente a criação de um<br />
grupo de usuários, o que deverá ser anunciado em breve.<br />
Aspecto de uma das apresentações da conferência<br />
da Foundation Fieldbus em São Paulo.<br />
Foto: Sílvia Bruin Pereira.<br />
InTech 140 83
empresas<br />
ADVANTECH REALIZA EVENTO <strong>EM</strong> SÃO PAULO<br />
www.advantech.com.br<br />
Dia 22 de março, a Advantech Brasil realizou o Solution<br />
Day Embedded Box Computing, no auditório da Abinee<br />
(Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), em<br />
São Paulo, cujo objetivo foi apresentar as novas tendências de<br />
mercado em Embedded Box Computing e Cloud Computing,<br />
com foco nas áreas de Digital Signage, Aplicações Veiculares<br />
e Quiosques de Autoatendimento.<br />
A abertura foi feita pelo Gerente da empresa no Brasil,<br />
Mário Franco Neto, que fez uma institucional da Advantech<br />
Brasil, destacando sua presença de mais de uma década no<br />
mercado nacional, por meio de joint venture com investidores<br />
brasileiros. Na sequência, Mark Ma, Gerente Regional de<br />
Vendas da Advantech mundial, destacou as parcerias da<br />
empresa e o seu crescimento no mundo.<br />
Durante o evento, Júlio César Garcia, Engenheiro de<br />
Aplicações de Campo da Advantech Brasil, apresentou os<br />
produtos da empresa e suas aplicações, de hospitais a chão de<br />
fábrica, com foco na linha de produtos ARK, Embedded PC.<br />
Em seguida, Írio Bertolini, Gerente de Produto e Marketing da<br />
84 InTech 140<br />
Intel, mostrou a aplicação dos Processadores Intel no Intelligent<br />
Devices, explanando sobre o gerenciamento remoto e Digital<br />
Signage na Segmentação de Audiência.<br />
Finalizando o encontro, Leandro Gioppo, Consultor de Soluções<br />
da Microsoft, apresentou os Sistemas com Windows Embedded,<br />
que ampliam o poder do Windows e da nuvem para sistemas<br />
inteligentes, permitindo que as empresas possam gerar<br />
informações tangíveis, em tempo real, a qualquer hora, em<br />
qualquer lugar com acesso aos dados executáveis.<br />
Foto: Simone Araújo.<br />
ALTUS CONQUISTA PRÊMIO<br />
POR DESIGN DE CONTROLADOR<br />
www.altus.com.br<br />
A Altus anuncia que a sua Série Nexto de Controladores<br />
Programáveis foi a vencedora do iF Product Design Award 2012, uma<br />
premiação que reconhece os produtos em 16 diferentes categorias.<br />
A Série Nexto foi considerada excelente no grupo industry + skilled<br />
trades, que contempla equipamentos industriais e engenharia.<br />
De acordo com a empresa, o prêmio é reconhecido<br />
internacionalmente como um selo de excelência e qualidade,<br />
considerado o Oscar do design na Europa há 58 anos. Um júri<br />
internacional composto por 44 especialistas em design avaliou<br />
os inscritos considerando critérios como qualidade, design,<br />
acabamento, materiais, grau de inovação, impacto ambiental,<br />
funcionalidade, ergonomia, visualização de uso, segurança, valor<br />
de marca e branding, além de aspectos de design universal. A<br />
Série Nexto foi desenvolvida pela Altus e o design do produto é<br />
fruto de uma parceria com a empresa Victum Projeto de Produto.<br />
Mario Franco Neto (em pé) e Júlio César Garcia, durante o Solution Day<br />
Embedded Box Computing da Advantech.<br />
O Presidente da Altus, Luiz Gerbase, e o Diretor de Pesquisa<br />
& Desenvolvimento da empresa, Fernando Trein, foram<br />
a Munique, Alemanha, parra receber o prêmio em 10 de<br />
fevereiro durante a iF Design Awards Night. Vale destacar<br />
que os produtos vencedores serão expostos em Hannover e<br />
Hamburgo, na Alemanha e, posteriormente, na China.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Fernando Trein<br />
(à esquerda) e<br />
Luiz Gerbase na<br />
cerimônia de<br />
entrega do<br />
iF Product Design<br />
Award 2012.
empresas<br />
ASELCO É PR<strong>EM</strong>IADA NA PETROBRAS<br />
www.aselco.com.br<br />
A Aselco Automação conquistou o terceiro lugar na<br />
premiação dos Melhores Fornecedores de Bens e Serviços da<br />
Petrobras na Bacia de Campos, em evento promovido pela<br />
Petrobras – UOBC (Unidade Operacional Bacia de Campos –<br />
Macaé), na categoria Grandes Compras.<br />
O objetivo da Petrobras com a premiação é reconhecer o<br />
empenho na melhoria da qualidade do fornecimento de<br />
bens e serviços. Vinte e quatro empresas foram certificadas<br />
em oito categorias, entre elas Pequenas Compras, Médias<br />
Compras, Grandes Compras, Contratos Globais de Longa<br />
Duração, Rodízio de Fornecedores, Pequenos Contratos,<br />
Médios Contratos e Grandes Contratos.<br />
Segundo Miguel D’Avilla, Diretor Comercial e que recebeu<br />
o prêmio, o processo de seleção da Petrobras é criterioso e<br />
baseado na qualidade dos produtos e serviços prestados nos<br />
fornecimentos à unidade durante todo o ano. “É motivo de<br />
muito orgulho e gratificante para a Aselco ser merecedora<br />
deste relevante prêmio da Petrobras, que vem coroar o grande<br />
trabalho de toda equipe Aselco. Uma conquista com inúmeros<br />
significados – gratidão, satisfação e orgulho”, concluiu.<br />
C<strong>EM</strong>I APRESENTA<br />
NOVA VERSÃO DO OPTPROCESS ©<br />
www.cemi.eng.br / www.fgcontrole.com.br<br />
A Cemi Tecnologia de Processos e Engenharia, em parceria<br />
com a FG Controle & Otimização, apresenta ao mercado<br />
uma nova versão do software OptProcess© para controle<br />
avançado de processos.<br />
A Cemi foi criada em 1991 e atua no fornecimento de<br />
softwares, equipamentos especiais e metodologias de<br />
trabalho na execução de projetos de otimização estática<br />
e dinâmica para o mercado de indústrias de mineração e<br />
cimento. A FG oferece consultoria em controle e otimização<br />
de processos, através da experiência de seu sócio Joaquim<br />
Guimarães, que possui 36 anos de atuação no mercado de<br />
indústrias de processo.<br />
Miguel D´Avilla (à direita) recebendo o troféu e o diploma<br />
durante a cerimônia.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Foto: Divulgação.<br />
O troféu recebido pela<br />
Aselco na categoria<br />
Grandes Compras.<br />
De acordo com a empresa, o OptProcess© em sua nova<br />
versão integra um conjunto completo de tecnologias<br />
disponíveis para controle e otimização de processos<br />
industriais, como Sistemas Especialistas, Lógica Fuzzy,<br />
Controle Preditivo Multivariável, Redes Neurais, Analisadores<br />
Virtuais, Estatística Condicional, Balanço de Massa<br />
(Reconciliação), Simulação por Modelos Físicos e Otimização<br />
de Controladores PID. Construído em uma estrutura modular,<br />
oferece uma forma efetiva e flexível de modelar e controlar<br />
diferentes sistemas e processos, e auxiliar na análise de<br />
informação e tomada de decisão. A integração destas<br />
tecnologias permite o desenvolvimento de projetos mais<br />
InTech 140 85
empresas<br />
completos com eficiência, explorando os pontos fortes de<br />
cada uma de forma complementar.<br />
A empresa destaca que, com a nova versão do<br />
OptProcess© e novas parcerias, está organizada para uma<br />
atuação mais ampla e pretende ampliar a oferta de seus<br />
serviços na área de controle avançado para as indústrias de<br />
mineração, cimento, óleo & gás, química & petroquímica,<br />
siderurgia, açúcar & álcool, papel & celulose e demais<br />
indústrias de processo.<br />
86 InTech 140<br />
Foto: Divulgação.<br />
Tela da nova versão do OptProcess©.<br />
DLG É CERTIFICADA COM ISO 9001<br />
www.dlg.com.br<br />
Com o objetivo de assegurar a qualidade de seus produtos<br />
e serviços, além de proporcionar mais qualidade aos<br />
seus clientes, a DLG Automação buscou e acaba de ser<br />
certificada com o selo ISO 9001.<br />
A empresa destaca a sua certificação pelo Grupo BSI, fundado<br />
em 1901 e líder mundial na defesa, definição e implementação<br />
das melhores práticas em todos os campos da atividade<br />
humana e, ainda, criador de um sistema de gestão de<br />
SOLUÇÃO DA ELIPSE SOFTWARE<br />
É APLICADA NO CENPES<br />
www.elipse.com.br<br />
Com o objetivo de garantir que a queda de uma das suas<br />
fontes supridoras de energia não acarrete o desligamento<br />
completo da planta, preservando o funcionamento das<br />
cargas prioritárias, a Central de Utilidades da Ampliação do<br />
Cenpes (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de<br />
Mello) da Petrobras optou por utilizar o Módulo de Descarte<br />
de Cargas do Elipse Power.<br />
Na verdade, trata-se de um recurso desenvolvido pela Elipse<br />
Software, que executa um algoritmo visando determinar<br />
os comandos a serem executados pelos IEDs (Intelligent<br />
Electronic Device) para manter a subestação ativa no caso<br />
de haver uma queda de energia. As empresas Orteng<br />
Equipamentos e Sistemas, Automalógica Sistemas para<br />
Automação e PowerSysLab desenvolveram e implementaram<br />
o sistema de descarte no Cenpes.<br />
qualidade, a BS 5750, predecessor da série ISO 9000.<br />
A DLG enfatiza que a busca por uma certificadora com<br />
critérios rígidos, e pioneira na criação da ISO 9001,<br />
evidencia a sua preocupação em oferecer aos seus clientes<br />
equipamentos com qualidade inconfundível como o mercado<br />
globalizado exige. A empresa acredita que a certificação<br />
ISO 9001 abre caminhos para a sua entrada em outros<br />
segmentos de mercado como óleo, gás, papel e celulose.<br />
O Elipse Power controla o descarte das cargas alimentadas<br />
por toda uma estrutura composta pela concessionária da<br />
Light e mais seis geradores, sendo três deles considerados<br />
principais, movidos a gás e capazes de gerar 8,4 MW; e<br />
outros três de emergência, movidos a óleo diesel, com<br />
capacidade de gerar 7,5 MW. Estes, por sua vez, somente<br />
serão acionados nos casos em que haja carência de<br />
energia para abastecer principalmente as unidades de<br />
maior prioridade. Além de identificar se uma carga será<br />
descartada caso haja o evento de perda, o software também<br />
informa se a mesma é mais suscetível ou não ao descarte<br />
através de um valor de prioridade que é exibido logo à<br />
esquerda do código que a representa na tela. Quanto mais<br />
próximo a 100 for este valor, maior será a probabilidade<br />
dela ser descartada.
empresas<br />
Tela projetando quais as cargas serão descartadas (em vermelho),<br />
caso haja a queda do gerador (GE-025101-B).<br />
SIN E ONS – A Elipse Software apresenta solução<br />
de conversão de protocolos (mais conhecidos como<br />
gateways), para atender aos requisitos de conectividade<br />
entre os agentes integrados ao SIN (Sistema Interligado<br />
Nacional) e o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).<br />
Segundo a empresa, a tecnologia implementa, entre<br />
outras características, o sequenciamento de eventos (SOE)<br />
e o agrupamento de pontos, conforme especificado no<br />
Submódulo 2.7 - “Requisitos de Telesupervisão para a<br />
Operação” - publicado pela ONS e aprovado de forma<br />
definitiva pela ANEEL em 2009. O Submódulo 2.7 regula a<br />
disponibilização de dados, informações e telecomandos<br />
necessários à supervisão e controle do SIN, suas ligações<br />
internacionais e as responsabilidades de cada agente, de<br />
METSO INAUGURA PLANTA NO PARANÁ<br />
www.metso.com.br<br />
No início de março a Metso Paper inaugurou uma nova<br />
unidade industrial, situada em Araucária, na região<br />
metropolitana de Curitiba, que abriga, além de uma fábrica<br />
de maquinário, a sede administrativa da companhia no País,<br />
onde está há 39 anos.<br />
Segundo a empresa, o projeto absorveu investimentos<br />
de cerca de R$ 40 milhões e representa um marco na<br />
história da Metso na América do Sul. “O Brasil é um<br />
dos países nos quais a Metso está investindo mais,<br />
juntamente com a China, e já estamos inclusive<br />
programando uma nova ampliação das instalações no<br />
País”, comentou Celso Tacla, presidente da Metso Paper<br />
para a América do Sul.<br />
Foto: Divulgação.<br />
forma que o ONS possa cumprir suas obrigações legais. Para<br />
tanto, os agentes devem possuir sistemas locais que realizem<br />
as funções básicas de supervisão e controle, assim como<br />
prover um canal de comunicação com o ONS, que, via um<br />
protocolo de comunicação como o DNP 3.0 ou IEC 60870-<br />
5-104, possam reportar eventos ocorridos com precisão de<br />
1ms. Adicionalmente, o Submódulo 2.7 prevê que certas<br />
informações menos prioritárias sejam agrupadas através de<br />
um algoritmo especial capaz de concentrar as informações<br />
provenientes de diversos pontos de entrada em um único<br />
conjunto VQT (Valor, Qualidade e Estampa de Tempo). A<br />
Elipse Software atende a estes requisitos por meio de uma<br />
política de licenças customizadas do sistema Elipse E3, que<br />
inclui, entre outros produtos, uma versão “Gateway”. Esta<br />
versão permite a aquisição de dados local, tratamento e<br />
agrupamento de pontos, além do envio subsequente ao ONS<br />
via interfaces de comunicação servidoras ou canais escravos.<br />
Arquitetura do Elipse E3 Gateway.<br />
A nova planta de 10 mil m2 está construída em<br />
um terreno de 60 mil m2, e vai gerar cerca de 150<br />
empregos diretos. Com isso, o quadro de pessoal da<br />
empresa no Brasil, juntamente com os funcionários<br />
alocados da unidade que antes ficava na capital<br />
paranaense, poderá chegar até a 500 quando a planta<br />
estiver em plena operação, o que deve ocorrer a partir<br />
de junho deste ano.<br />
“A planta de Araucária vai proporcionar maior<br />
competitividade à Metso em um cenário de diversos projetos<br />
greenfield e novas linhas de produção já contratadas para os<br />
estados do Mato Grosso do Sul, Maranhão e Santa Catarina,<br />
além do Chile”, concluiu Tacla.<br />
Foto: Divulgação.<br />
InTech 140 87
empresas<br />
NATIONAL INSTRUMENTS<br />
TRAZ CEO PARA NY DAYS 2012<br />
http://brasil.ni.com/<br />
James Truchard, Presidente, CEO e um dos fundadores da<br />
National Instruments, será uma das grandes presenças do NI<br />
Days 2012 – Conferência Tecnológica sobre Projeto Gráfico<br />
de Sistemas, que a empresa promoverá dia 15 de maio em no<br />
Expo Center Norte, em São Paulo.<br />
Truchard fará a apresentação de abertura e falará sobre<br />
“Inovação e Descobertas na área de Projeto Gráfico<br />
de Sistemas”, nesta edição especial do NI Days, uma<br />
conferência voltada ao desenvolvimento profissional, na<br />
qual engenheiros, cientistas e educadores se encontram<br />
para atualizar conhecimentos em programação gráfica de<br />
sistemas, fazer contatos e discutir aplicações.<br />
A programação do NI Days 2012 prevê diversas sessões<br />
técnicas e workshops práticos, além de sessões dedicadas<br />
a segmentos específicos, como automotivo, aeroespacial e<br />
defesa, energia, Big Physics e RF. A agenda do evento contará<br />
com a participação de diversos clientes da indústria e do<br />
segmento acadêmico, que apresentarão estudos de caso.<br />
WIKA ADQUIRE A EUROMISURE<br />
www.wika.com.br<br />
Com o objetivo de expandir e completar o seu próprio<br />
portfólio de produtos mecânicos para as indústrias de<br />
processo, a Wika acaba de adquirir a Euromisure, cujo leque<br />
de produtos inclui placas de orifício primárias, tubos venturi e<br />
sonda de temperatura. De acordo com a empresa, o cálculo,<br />
o dimensionamento, o projeto, a construção e o design são<br />
integralmente construídos de acordo as normas internacionais,<br />
tais como: ISO, ASME, DIN e BS. Adicionalmente, os produtos<br />
oferecidos pela Euromisure são principalmente desenvolvidos<br />
para atender as aplicações das indústrias químicas e<br />
petroquímicas, de óleo e gás, e de geração de energia.<br />
Vale destacar que a Eurosistemi, uma afilhada 100% da Euromisure,<br />
projeta, desenvolve e fabrica sistemas de análise e amostragem para<br />
água e vapor, principalmente destinados ao setor de energia.<br />
Ambas as empresas serão imediatamente integradas ao<br />
Grupo Wika, que espera reforçar seu posicionamento<br />
88 InTech 140<br />
Nesta edição do encontro, haverá um Fórum Acadêmico,<br />
dedicado a estudantes, professores e pesquisadores, cobrindo<br />
temas como “Inovação na educação” (painel de discussão com<br />
representantes de destaque na área do ensino e pesquisa), além<br />
de sessões que demonstrarão a aplicação das ferramentas da<br />
National Instruments no ensino de engenharia e em pesquisa.<br />
Nos dois andares do Centro de Convenções do Expo Center Norte<br />
será possível visitar a exposição de empresas parceiras e integradores.<br />
A expectativa da empresa é receber um público de mil participantes.<br />
Foto: Divulgação.<br />
James Truchard, Presidente, CEO<br />
e um dos fundadores da National<br />
Instruments fará a abertura<br />
do NY Days 2012.<br />
de liderança como principal fornecedor/parceiro para as<br />
indústrias de processo e empresas de projetos.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Placas de orifício<br />
Euromisure.<br />
Foto: Divulgação.<br />
Sistema de análise<br />
e amostragem Eurosistemi.
produtos<br />
Placa Mãe AIMB-214 Mini-ITX ADVANTECH<br />
www.advantech.com.br<br />
Placa mãe mini-ITX industrial de consumo ultra baixo que<br />
apresenta os mais recentes processadores Intel® Atom<br />
N2600, N2800 e D2700 dual core com dispositivos gráficos<br />
integrados (GMA 640/400MHz) e Hub Controlador de<br />
Memória (GMCH) em um único chip. Esses processadores<br />
darão vida a novos tipos de produtos uma vez que<br />
apresentam o mesmo desempenho e funcionalidade que<br />
os maiores sistemas de computador desktop, mas estão<br />
integrados no padrão de fabricação Mini-ITX direcionado a<br />
aplicações compactas. A AIMB-214 vem com conectividade<br />
de I/O sofisticada com até seis portas USB 2.0 e seis portas<br />
COM integradas padrão Mini-ITX. Essas placas também<br />
suportam saídas de vídeo LVDS e VGA. A AIMB-214 é<br />
alimentada pelos mais novos processadores Intel® Atom<br />
de consumo ultra baixo que são construídos através da<br />
tecnologia de processo de 32nm. A potência nominal do<br />
projeto térmico da arquitetura Intel N2600 dual core é de<br />
apenas 3,5W, enquanto que com o processador 1.8GHz<br />
dual core é de apenas 8W, permitindo futuras reduções<br />
de consumo, sistemas menores e aprimoramentos de<br />
desempenho. Todos estes recursos no formato Mini-ITX,<br />
eficiente em termos de consumo de energia e boa relação<br />
custo-benefício. A AIMB-214 utiliza o chipset Intel NM10,<br />
fornece suporte para 12VCC e ATX12V, oferecendo um custo<br />
total de propriedade reduzido. A AIMB-214 pode suportar<br />
memória de sistema de até 2 GB ou 4 GB de SDRAM DDR3<br />
1066, dependendo do processador. Recursos: suporta o<br />
processador Intel® Atom N2600, N2800 e D2700 dual<br />
core; um SODIMM de 204-pinos para SDRAM de até 4 GB<br />
DDR3 1066 MHz; suporta 1 x PCI e 1 x expansão Mini-PCIe,<br />
6 x portas seriais, 6 x USB e Cfast; TCO reduzido com suporte<br />
para 12VCC e LVDS de dual channel de 18/24-bits; suporte<br />
para TPM 1.2 onboard (opcional); e suporta APIs e Utilitários<br />
de software embedded.<br />
Analisadores de qualidade de energia FLUKE<br />
www.fluke.com.br<br />
Analisador de Qualidade de Energia Trifásico Fluke 430<br />
série II, principal ferramenta com algoritmo patenteado<br />
para medir desperdício de energia e quantificar custos.<br />
Com a nova e patenteada função Unified Power do<br />
430 série II, eletricistas, técnicos de concessionárias de<br />
energia, engenheiros eletricistas, técnicos de serviços em<br />
campo e consultores de energia podem automaticamente<br />
determinar o quanto de energia está sendo desperdiçado<br />
e calcular exatamente quais são os gastos extras de<br />
energia com uma única ferramenta. Os Analisadores de<br />
Qualidade de Energia Fluke 430 série II permitem que as<br />
plantas verifiquem o impacto de eficiência energética,<br />
em aplicações de eletrônica de potência e sistemas de<br />
iluminação até controles de motores e HVAC. Enquanto<br />
os novos equipamentos consomem menos energia<br />
em instalações individuais, eles aumentam o nível de<br />
distúrbios na rede elétrica e na maior parte dos sistemas<br />
elétricos, aumentando o desperdício de energia devido aos<br />
harmônicos e reduzindo o total de economia de energia.<br />
O Fluke 430 série II calcula monetariamente custos do<br />
desperdício de energia. A função "Unified Power" marca<br />
a primeira vez que qualquer ferramenta de teste tem a<br />
capacidade de automaticamente quantificar o desperdício<br />
de energia por harmônicos e desequilíbrio, e introduzindo<br />
a estrutura tarifária de serviços públicos, o usuário<br />
pode até mesmo calcular o custo monetário da energia<br />
Foto: Divulgação.<br />
InTech 140 89
produtos<br />
desperdiçada. A função "Inverter Efficiency" da Série 430<br />
II mede simultaneamente a entrada e a saída de potência<br />
de inversores em sistemas solares, turbinas eólicas e fontes<br />
de alimentação, permitindo que o operador veja quanto<br />
de eletricidade o inversor consome e se ele está operando<br />
de forma eficiente. As medições permitem aos operadores<br />
ajustarem as configurações ou fazerem uma substituição<br />
de uma unidade defeituosa. Foto: Divulgação.<br />
Teste para WLAN 802.11ac NATIONAL INSTRUMENTS<br />
www.ni.com<br />
A solução de teste WLAN 802.11ac da National Instruments<br />
proporciona flexibilidade no teste de dispositivos 802.11ac,<br />
além dos dispositivos 802.11a/b/g/n. Trabalha com uma ampla<br />
faixa de larguras de banda de sinal, incluindo 20, 40, 80 e 160<br />
MHz (80+80) para transmissão e recepção e configurações com<br />
até MIMO 4x4. Suas principais características são: formatos<br />
de modulação de até 256 QAM; MIMO 4x4 na transmissão<br />
e recepção; larguras de sinal de 20, 40, 80 e a avançada 160<br />
MHz (80+80); recursos MAC opcionais, como LDPC, STBC e<br />
AMPDU; desenvolvimento automatizado do sistema de testes<br />
com o NI LabVIEW, C ou Microsoft Visual Studio. A National<br />
90 InTech 140<br />
Instruments trabalha com vários parceiros de Early Access,<br />
incluindo fornecedores de chips, provedores de O<strong>EM</strong>s e serviços<br />
de fabricação eletrônica (<strong>EM</strong>S), para testar os dispositivos<br />
802.11ac mais recentes. A empresa destaca que o padrão<br />
WLAN 802.11ac do IEEE promete transferências três vezes mais<br />
rápidas, cobertura mais confiável e eficiência de potência até<br />
seis vezes maior que as soluções 802.11n equivalentes. Esses<br />
benefícios aumentaram a demanda imposta aos sistemas de<br />
teste sem fio atuais, no sentido de oferecer maior flexibilidade<br />
de software, bandas mais largas na transmissão e recepção e<br />
melhor desempenho no processamento de sinais.<br />
Transmissor de nível radar Sitrans SI<strong>EM</strong>ENS<br />
www.siemens.com.br<br />
O novo integrante da família Sitrans de medidores de nível tipo radar de onda-livre com antena em<br />
PVDF (produzida em fluoropolímero) já está disponível no Brasil. Desenvolvido pela Siemens para ser<br />
aplicado em condições agressivas como tanques que contêm ácidos e demais líquidos corrosivos,<br />
o Sitrans LR250 é utilizado para a medição de materiais líquidos em processos industriais. Um dos<br />
diferenciais do novo equipamento é a antena com conexão roscada, que pode ser instalada de<br />
maneiras rápida e fácil. O LR250 com frequência de 25 GHz é utilizado para medir o nível dentro<br />
de tanques de até 10 metros de altura nas indústrias químicas, com ações que envolvam solventes,<br />
resinas, ácidos e bases; em indústrias de óleo e gás, quando se tratar de líquidos como metanol, álcool,<br />
gasolina e óleos lubrificantes; e também em sistemas de tratamento de água com líquidos como<br />
hipoclorito de sódio, sulfato de alumínio e cloro líquido. Em função do sistema de processamento<br />
digital de sinais (“Process Intelligence”), patenteado pela Siemens, a configuração para a partida do<br />
novo instrumento (start-up) agora é realizada em tempo reduzido. Essa tecnologia contribui também<br />
para a maior eficiência e confiabilidade na medição de nível em tanques críticos como aqueles que<br />
apresentam diferentes alturas. Acompanhando a configuração simples do transmissor LR560, o novo<br />
transmissor Sitrans LR250 tem como características adicionais a eletrônica totalmente encapsulada<br />
(resistência contra vibrações e choques) e permite também que o operador realize sua programação<br />
por meio de três protocolos distintos: HART (utilizado para comunicação entre sistemas de tempo real,<br />
principalmente em aplicações de automação industrial), além de Profibus PA ou Foundation Fieldbus. Foto: Divulgação.
InTech 140 91
92 InTech 140