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COMISSIONAMENTO EM REDES INDUSTRIAIS VAZAMENTO EM ...

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<strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

<strong>EM</strong> <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />

Número 140<br />

<strong>VAZAMENTO</strong><br />

<strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

COMUNICAÇÃO S<strong>EM</strong> FIO<br />

MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

REpORTAg<strong>EM</strong><br />

A crise na Europa<br />

ENTREVISTA<br />

Horácio Lafer piva,<br />

Conselho de Administração<br />

da Klabin S.A.<br />

InTech 140 1


2 InTech 140


6<br />

75<br />

37<br />

SEÇÕES<br />

CALENDÁRIO 04<br />

NEWSLETTER 082<br />

EVENTOS 83<br />

<strong>EM</strong>PRESAS 84<br />

PRODUTOS 89<br />

Número 140<br />

CAPA<br />

6 BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

A EVOLUÇÃO DO PROJETO, INSTALAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE BARRAMENTOS<br />

DE CAMPO FIELDBUS FOUNDATION.<br />

Augusto Pereira, APP Consultoria e Treinamento.<br />

CAPA<br />

14 BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

BLOCOS FF: FERRAMENTAS DE INTEGRAÇÃO.<br />

Libanio Carlos de Souza, Smar Equipamentos Industriais.<br />

CAPA<br />

22 BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS<br />

Marcos Peluso, Emerson Process Management.<br />

CASE<br />

32 ETHERNET IP<br />

ETHERNET/IP APLICADA À INSTRUMENTAÇÃO DE CAMPO<br />

André Nadais, Endress+Hauser; Marcos Vinicius de Lima e<br />

Rogério Oliveira da Costa, Química Amparo.<br />

ARTIGO<br />

37 <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

<strong>COMISSIONAMENTO</strong> <strong>EM</strong> SIST<strong>EM</strong>AS E DISPOSITIVOS INTERLIGADOS<br />

VIA <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />

Fernando da Silva Mota Junior, Rafael Pacheco Oliveira e<br />

Thiago Machado, Six Automação.<br />

ARTIGO<br />

45 MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

NOVIDADES NA MEDIÇÃO DE VAZÃO <strong>EM</strong> CANAIS ABERTOS<br />

Gérard Delmée, Consultor.<br />

ARTIGO<br />

52 VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

NORMAS PARA TESTE DE <strong>VAZAMENTO</strong> PELA SEDE <strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

David Livingstone Villar Rodrigues, Consultor.<br />

ARTIGO<br />

56 VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

<strong>VAZAMENTO</strong> <strong>EM</strong> VÁLVULA DE CONTROLE<br />

Gilson Yoshinori Mabuchi, GE Energy.<br />

ARTIGO<br />

61 <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />

ANÁLISE DE <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO <strong>INDUSTRIAIS</strong> – ISA100 X WIRELESSHART<br />

Márcio S. Costa e Jorge L. M. Amaral, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.<br />

REPORTAG<strong>EM</strong><br />

68 WIRELESS<br />

A REALIDADE DA COMUNICAÇÃO S<strong>EM</strong> FIO<br />

Sílvia Bruin Pereira, InTech América do Sul.<br />

ENTREVISTA<br />

75 HORÁCIO LAFER PIVA<br />

Membro do Conselho de Administração da Klabin S.A.<br />

Sílvia Bruin Pereira, InTech América do Sul.<br />

REPORTAG<strong>EM</strong><br />

78 CRISE EUROPÉIA<br />

A CRISE NA EUROPA AFETA OU NÃO O BRASIL?<br />

Ângela Ennes, jornalista freelance.<br />

InTech 140 3


calendário<br />

2012<br />

Maio<br />

7 a 11 – CURSO: INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

14 a 17 – CURSO: INCERTEZA NA MEDIÇÃO<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

15 – 1º FÓRUM INTERNACIONAL<br />

DE INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

15 – NI DAYS 2012 - CONFERÊNCIA TECNOLÓGICA SOBRE<br />

PROJETO GRÁFICO DE SIST<strong>EM</strong>AS<br />

São Paulo, SP.<br />

brasil.ni.com/nidays<br />

21 a 23 – CURSO: VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

28 a 30 – CURSO: APROVANDO PROJETOS DE AUTOMAÇÃO<br />

COM BASES FINANCEIRAS<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

29 a 1º de junho – CURSO: MEDIÇÃO DE VAZÃO DE GASES<br />

E LÍQUIDOS<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

30 e 31 – CURSO: PROJETOS E MONTAGENS COM <strong>REDES</strong><br />

<strong>INDUSTRIAIS</strong><br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

Junho<br />

4 a 6 – CURSO: CONFIGURAÇÃO DE INSTRUMENTOS<br />

FOUNDATION FIELDBUS E PROFIBUS PA<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

nota de falecimento<br />

Deusdedit Carvalho de Moraes<br />

Faleceu em 17 de março em Ribeirão Preto, SP, Deusdedit<br />

Carvalho de Moraes, um dos grandes nomes da comunidade<br />

de instrumentação e controle de processos. Deusdedit Carvalho<br />

de Moraes era Mecânico Eletricista formado pelo Senai<br />

(1956); Instrutor formado pelo Cenafor (1968); Técnico em<br />

Eletrotécnica formado pela Fundação Getúlio Vargas (1968);<br />

Técnico de Chefia e Dinâmica de Grupo pelo Idort (1964);<br />

Pedagogo formado pela Senador Flaquer com Habilitação em<br />

Administração Escolar de 1.º e 2.º Grau e Professor de Psicologia<br />

da Educação e Sociologia da Educação (1974); Controle<br />

Avançado formado no IRA/ Institut de Régulation et Automation,<br />

França (1978); Lato Censo (2006), Teoria de Psicanálise Aplicada<br />

pelo Instituto Saber de Brasília; Técnico em Instrumentação<br />

em Energia (CPFL – 1956 a 1961); Instrutor, Chefe dos Cursos<br />

de Elétrica Eletrônica; Supervisor de Instrumentação; Assessor<br />

da Diretoria de Formação Profissional do Senai/DR/SP (1961 a<br />

4 InTech 140<br />

8 e 9 – CURSO: NORMA IEC 61131-3 PARA PROGRAMAÇÃO<br />

DE CONTROLADORES<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

11 a 13 – CURSO: CÁLCULO DE INCERTEZAS <strong>EM</strong> MEDIÇÕES –<br />

TEORIA E PRÁTICA<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

21 e 22 – CURSO: CURSO DE PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO<br />

– INTERLIGAÇÕES<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

23 a 26 – CURSO: SIS – SIST<strong>EM</strong>AS INSTRUMENTADOS DE<br />

SEGURANÇA E/C 50<br />

São Paulo, SP.<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

Agosto<br />

29 e 30 – ISA SHOW ESPÍRITO SANTO 2011 – XI S<strong>EM</strong>INÁRIO E<br />

EXPOSIÇÃO DE INSTRUMENTAÇÃO, SIST<strong>EM</strong>AS, ELÉTRICA E<br />

AUTOMAÇÃO<br />

Vitória, ES<br />

www.isa-es.org.br<br />

Setembro<br />

24 a 27 – ISA AUTOMATION WEEK 2012: TECHNOLOGY AND<br />

SOLUTIONS EVENT<br />

Orlando, Flórida, EUA<br />

www.isa.org.br<br />

Outubro<br />

17 e 18 – 16º S<strong>EM</strong>INÁRIO TÉCNICO E EXPOSIÇÃO DE<br />

AUTOMAÇÃO – ISA AUTOMATION WEEK 2011 SEÇÃO CURITIBA<br />

Curitiba, PR<br />

www.isacuritiba.org.br<br />

Novembro<br />

6 a 8 – BRAZIL AUTOMATION ISA 2011 – 16º CONGRESSO<br />

INTERNACIONAL E EXPOSIÇÃO DE AUTOMAÇÃO, SIST<strong>EM</strong>AS<br />

E INSTRUMENTAÇÃO<br />

São Paulo, SP<br />

www.isadistrito4.org<br />

1985); no Senai, acumulou a função de Assessor da Secretaria<br />

Especial de Informática (SEI) da Presidência da República (1979 a<br />

1985), para projeto e execução da Lei de Informática para reserva<br />

de mercado; Coordenador no Senai da implantação do Curso<br />

Técnico de Instrumentação (1974 a 1985) nos Departamentos<br />

Regionais de São Paulo em Santos e Campinas, no DR/BA, DR/<br />

RS, DR/ES; Coordenador da Transferência de Tecnologia da<br />

França para o Senai/Santos e do Japão para o Senai/Vitória.<br />

Foi presidente da Associação Brasileira de Instrumentação e<br />

Sistemas Técnico-Científicos (Insiste) e o Grupo Nacional de<br />

Instrumentação de Açúcar, Álcool e Alimentos (Ginaaa) e<br />

desde 1985 era Assessor da Presidência da Smar Equipamentos<br />

Industriais. Em 2002, Deusdedit foi homenageado<br />

pelo Distrito 4, ao receber o Prêmio “Desenvolvimento<br />

Profissional” por sua dedicação na formação de profissionais<br />

em Instrumentação, Sistemas e Automação.


editorial<br />

História<br />

Como o registro dos eventos ocorridos no passado, a história<br />

permeia todas as ações nas quais o homem esteja engajado,<br />

mental ou fisicamente.<br />

Com os inimagináveis recursos disponíveis hoje pela<br />

tecnologia, não é tão difícil colher informações, classificá-las,<br />

organizá-las e concluir um compêndio histórico que possa ser<br />

consultado décadas e séculos à frente. Disse alguém tempos<br />

atrás que o conhecimento é a informação organizada.<br />

Pois bem, todos nós fazemos história. Recentemente,<br />

perdemos um dos baluartes da história da comunidade<br />

de instrumentação e controle, o Deusdedit Carvalho de<br />

Moraes. E ele fez história, pelo sem número de atividades nas<br />

quais se envolveu, pelas experiências que vivenciou e pelos<br />

conhecimentos que compartilhou, sempre com humildade,<br />

bom humor e cordialidade. Sim, ele escreveu a sua história e,<br />

de certo, ajudou outros tantos a construir as suas.<br />

Nas páginas desta edição da InTech América do Sul o leitor<br />

encontrará assuntos que comprovam a relação intrínseca<br />

da história com o cotidiano da área que escolhemos para<br />

dedicar as nossas profissões. Os três artigos de capa tratam<br />

da evolução dos barramentos de campo. Basta voltar os<br />

olhos dez anos atrás para constatar o quanto este tema<br />

avançou, o quanto a própria tecnologia evoluiu e até<br />

ISA - International Society of Automation / District 4 (South America)<br />

DIRETORIA<br />

Vice-Presidente – José Jorge de Albuquerque Ramos<br />

Vice-Presidente Eleito – Nilson Rana<br />

Vice-Presidente Passado – José Otávio Mattiazzo<br />

Diretor Tesoureiro – Stéfano Angioletti<br />

Diretor Secretário – Carlos Liboni<br />

Diretor de Membros e Seções – Enio Viana<br />

Diretor de Eventos – Augusto Passos Pereira<br />

Diretor de Marketing – Roberto Magalhães<br />

Diretor de Educação, Treinamento<br />

e Desenvolvimento Profissional – Claudio Makarovsky<br />

Diretor para a Área de Analítica – Claudio de Almeida<br />

Diretor para Área de Celulose – José Luiz de Almeida<br />

Diretor de Relações Institucionais – Marcus Coester<br />

Diretor de Relações com ISA/RTP – Nelson Ninin<br />

Diretor de Publicações – José Manoel Fernandes<br />

Diretor de Web – Antonio Spadim<br />

Nominator – José Otávio Mattiazzo<br />

www.intechamericadosul.com.br<br />

InTech América do Sul<br />

é uma publicação do Distrito 4 (América do Sul) da ISA<br />

(International Society of Automation)<br />

ISSN 2177-8906<br />

EDITORA CHEFE<br />

Sílvia Bruin Pereira (silviapereira@intechamericadosul.com.br)<br />

MTb 11.065 - M.S. 5936<br />

CONSELHO EDITORIAL<br />

Membros – Ary de Souza Siqueira Jr. (Promin Engenharia); Augusto Passos<br />

Pereira (Consultor); Carlos Liboni (Techind); Claudio Makarovsky (GE<br />

Energy - Oil & Gas); Constantino Seixas Filho (Accenture Automation &<br />

mesmo o quanto os especialistas se dedicaram à pesquisa<br />

e ao desenvolvimento para que tudo se concluísse em uma<br />

história com final feliz. Ou, um capítulo dela.<br />

A questão das redes sem fio também está nas páginas<br />

seguintes. Um artigo impecável faz uma comparação entre<br />

os padrões ISA100 e WirelessHART, descrevendo suas<br />

principais características e vantagens, com vistas a permitir<br />

uma visão geral das soluções. Teoria também é história.<br />

Pelo lado prático, uma reportagem com quatro<br />

fornecedores de soluções sem fio complementa o artigo.<br />

A ideia é demonstrar para os leitores o grau de aceitação<br />

mercadológica da tecnologia de instrumentação sem fio<br />

e não avaliar ou comparar a tecnologia de um fabricante<br />

com outro. Acreditamos que a constatação de fatos sobre a<br />

tecnologia sem fio seja uma das melhores formas de divulgála.<br />

Ou melhor, historiá-la.<br />

Avenida Ibirapuera, 2.120 – 16º andar – sala 165<br />

São Paulo, SP, Brasil – CEP 04028-001<br />

Telefone/Fax: 55 (11) 5053-7400<br />

e-mail: info@isadistrito4.org.br – site: www.isadistrito4.org<br />

Industrial Solutions); David Jugend (Jugend Engenharia de Automação); David<br />

Livingstone Vilar Rodrigues (Consultor); Guilherme Rocha Lovisi (Bayer Material<br />

Science); Jim Aliperti (Honeywell do Brasil); João Miguel Bassa (Consultor); José<br />

Jorge de Albuquerque Ramos (Parker Hannifin); José Roberto Costa de Lacerda<br />

(Consultor); Lourival Salles Filho (Technip Brasil); Luiz Antonio da Paz Campagnac<br />

(GE Energy Services); Luiz Felipe Sinay (Construtora Queiroz Galvão); Luiz Henrique<br />

Lamarque (Consultor); Marco Antonio Ribeiro (T&C Treinamento e Consultoria);<br />

Mário Hermes Rezende (Gerdau Açominas); Maurício Kurcgant (ARC<br />

Advisory Group); Ronaldo Ribeiro (Celulose Nipo-Brasileira – Cenibra); Rüdiger<br />

Röpke (Consultor); Sidney Puosso da Cunha (UTC Engenharia); Stéfano Angioletti<br />

(Schneider Electric); e Vitor S. Finkel (Contromation).<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Maria Helena Pires (helena@isadistrito4.org.br)<br />

COMERCIALIZAÇÃO<br />

Maria Helena Pires (helena@isadistrito4.org.br)<br />

Simone Araújo (simone@isadistrito4.org.br)<br />

PRODUÇÃO<br />

2T Comunicação - www.2tcomunicacao.com.br<br />

FOTOS/ILUSTRAÇÕES<br />

www.istockphoto.com<br />

IMPRESSÃO<br />

Referência Gráfica<br />

Filiada à<br />

“A única história que vale alguma coisa<br />

é a história que fazemos hoje” (Henry Ford).<br />

Sílvia Bruin Pereira<br />

Editora<br />

A Revista InTech América do Sul não se responsabiliza por conceitos emitidos em matérias e<br />

artigos assinados, e pela qualidade de imagens enviadas através de meio eletrônico para a<br />

publicação em páginas editoriais.<br />

Copyright 1997 pela ISA Services Inc. InTech, ISA e ISA logomarca são marcas registradas de<br />

International Society of Automation, do Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos.<br />

InTech 140 5


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

A EVOLUÇÃO DO PROJETO,<br />

INSTALAÇÃO E CERTIFICAÇÃO<br />

DE BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

FIELDBUS FOUNDATION.<br />

Augusto Pereira (app.eng@uol.com.br),<br />

APP Consultoria e Treinamento.<br />

6 InTech 140


INTRODUÇÃO<br />

Como tudo começou o primeiro projeto Fieldbus<br />

Foundation em uma planta de processo do mundo.<br />

Uma coisa que a maioria das pessoas desconhece é o<br />

fato de que a primeira fábrica do mundo em que foi<br />

implementado o controle com Fieldbus Foundation foi<br />

a fábrica da Deten, localizada no Polo Petroquímico de<br />

Camaçari, na Bahia (Figura 1).<br />

Figura 1 – Planta da Deten em Camaçari, BA.<br />

Em novembro de 1993, quando eu estava iniciando na Smar,<br />

a empresa lançou oficialmente os primeiros produtos com<br />

Fieldbus Foundation na feira da ISA na cidade de Anaheim,<br />

Califórnia, EUA. Naquela época, a feira da ISA era realizada<br />

em novembro. Foi feito o lançamento dos transmissores de<br />

pressão, temperatura, dos conversores de 4-20mA para<br />

Fieldbus e vice-versa e também de uma placa de interface<br />

que era instalada dentro dos PCs. Naquela época, no final de<br />

1993, os computadores tipo PC, isto é, os desktops, tinham<br />

slots que possibilitavam a instalação de placas de interface,<br />

e desenvolveu-se, então, uma placa de interface Fieldbus<br />

Foundation para ser integrada dentro de um desktop/PC.<br />

Eu jamais me esquecerei da data da venda, pois foi<br />

exatamente no dia 26 de dezembro de 1993, um dia<br />

após o natal. A venda foi feita; no início, não eram muitos<br />

instrumentos – cerca de 70, apenas, mas era o primeiro<br />

projeto no mundo que iria funcionar com Fieldbus<br />

Foundation. Não era mais um simples teste em que os<br />

instrumentos eram instalados numa determinada parte do<br />

processo. Eram feitos os testes de validação, eram corrigidos<br />

os eventuais erros, era feita a validação e depois era feita a<br />

sua retirada. Já nesse caso, não. Era uma parte de expansão<br />

da fábrica onde era necessário ter um projeto executivo,<br />

ter todos os cuidados necessários com a instalação, pois<br />

BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />

era uma área classificada; no processo havia a presença de<br />

oxigênio, hidrogênio, etc., e esse projeto era irreversível,<br />

pois ele teria que ser implementado e a planta teria que<br />

partir. Não podia dar errado.<br />

É lógico que a primeira semana de janeiro de 1994 foi<br />

uma semana de festas, lá em Sertãozinho, SP. Todo dia,<br />

comemorava-se o primeiro projeto do mundo e, geralmente,<br />

essa comemoração terminava numa churrascaria.<br />

Na segunda semana de janeiro, tivemos, então, o kick-off<br />

meeting interno. É uma imagem que nunca vai sair da minha<br />

mente: era uma mesa muito grande na sala de reuniões; na<br />

cabeceira da mesa, estava Marcos Peluso, que era o diretor<br />

de engenharia e meu chefe direto, além de vários colegas<br />

das várias especialidades que compunham o projeto.<br />

Peluso começou sua fala parabenizando a todos e dividindo<br />

tarefas – quem ficaria encarregado da especialização dos<br />

instrumentos, quem ficaria encarregado da configuração<br />

dos instrumentos etc., e um detalhe: naquela época, não<br />

existiam os configuradores baseados em Windows. Toda a<br />

configuração precisava ser feita através daquele mecanismo<br />

da famosa chave-de-fenda magnética e dos dois orifícios,<br />

um com S de Span e o outro com Z de Zero. Naquela época,<br />

aqueles instrumentos eram configurados como quem acerta<br />

as horas de um relógio, por exemplo. Havia toda uma árvore<br />

de configuração em que nós, através da chave magnética,<br />

íamos colocando os valores.<br />

Você pode imaginar o que significava cometer um erro.<br />

Era necessário fazer o reset e recomeçar uma interminável<br />

sequência de ações com a chave-de-fenda entre os buracos<br />

de Zero e de Span.<br />

Então, Peluso foi seguindo na distribuição das atribuições.<br />

Num momento, ele fez o seguinte comentário: “Bem,<br />

agora não é mais um teste. Agora, não é mais uma prova<br />

de Fieldbus. Agora, é um projeto. E, como todo projeto,<br />

precisa ter documentação, desenhos, metodologia de<br />

desenvolvimento da distribuição dos instrumentos do<br />

barramento e assim por diante.” Nessa hora, a sala de<br />

reuniões ficou num silêncio absoluto. E Peluso, se dirigindo a<br />

mim, perguntou: “Augusto, você não era o Superintendente<br />

do Departamento de Engenharia da Dow Química?” Eu<br />

disse: “Sim.” Ao que ele disse: “Então, você é a pessoa<br />

mais indicada para ler a norma Fieldbus...” e nessa hora,<br />

ele a mostrou – parecia uma lista telefônica, com quase um<br />

palmo de altura – e ele me disse: “Então, Augusto, faça<br />

o seguinte: você vai lendo a Norma e vai verificando que<br />

InTech 140 7


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

embora ela tenha sido escrita principalmente para construir<br />

um instrumento Fieldbus, há algumas partes em que ela dá<br />

algumas instruções de como fazer o projeto e a instalação.<br />

Então, por favor, você vai extraindo essas informações e<br />

passando para o nosso grupo de detalhamento.” Na Figura<br />

2 temos um esquemático típico de uma arquitetura Fieldbus.<br />

Figura 2 – Arquitetura Fieldbus.<br />

Então, a partir daquela reunião, eu, durante os próximos dois<br />

meses, fiquei lendo a norma, analisando quais partes eram<br />

interessantes para o projeto de detalhamento e passando<br />

para a equipe de projetos.<br />

Em resumo, assim que foi feito todo o detalhamento, também<br />

foram feitas as instruções de instalação, aterramento e assim<br />

por diante. Esse projeto foi instalado ainda no primeiro<br />

semestre de 1994, e partiu no final de junho. Foi um projeto<br />

vitorioso, que hoje já conta com mais de 1.500 instrumentos<br />

Fieldbus, e a Planta produz desde então.<br />

Como estamos hoje os grandes projetos nas áreas de<br />

Química e Petroquímica e de Óleo e Gás aqui no Brasil estão,<br />

na sua grande maioria, sendo desenvolvidos com Fieldbus<br />

Foundation, podemos destacar empresas com a Braskem e<br />

a Petrobras (no refino) onde temos projetos de grande porte<br />

mais recentes como:<br />

• Braskem<br />

o Planta de Eteno Verde<br />

o Planta de Butadieno<br />

o Planta de PVC de Alagoas<br />

• Petrobras<br />

o RNEST<br />

o Comperj<br />

8 InTech 140<br />

Estimamos que no Brasil, temos um universo de mais de<br />

150.000 instrumentos de campo Fieldbus Foundation.<br />

Na Figura 3 apresentamos uma estimativa só da área do<br />

Refino da Petrobras.<br />

Figura 3 – Estimativa de instrumentos Fieldbus na área de Refino da<br />

Petrobras.<br />

Fonte: LEAD – Centro de Excelência em Redes da Petrobras.<br />

Somente como exemplo, na figura temos um retrato<br />

das Unidades dentro do universo da Petrobras, onde já<br />

temos instalações com Fieldbus. Estima-se que o total de<br />

instrumentos ultrapassa a quantia de 120.000 instrumentos.<br />

OS PRIMEIROS PROJETOS E A FALTA<br />

DE ACESSÓRIOS DE MONTAG<strong>EM</strong><br />

Voltando ao início dos projetos em Foundation Fieldbus,<br />

por volta de 1994-5, naquela época, ainda não existiam<br />

as caixas de derivação de campo, por exemplo. Então, os<br />

projetos eram feitos envolvendo também o detalhamento<br />

dessas caixas de campo. Essas caixas eram realmente muito<br />

primárias. Elas consistiam, basicamente, numa borneira de<br />

conexão sendo "jumpeada" com as outras borneiras, onde<br />

você entrava com o tronco e cada saída do jumper eram as<br />

derivações (spurs) para os instrumentos (Figura 4).<br />

Figura 4 – Caixa de campo antiga.


Essas caixas de junção eram construídas a partir de caixaspadrão<br />

de mercado, em aço-carbono ou em plástico.<br />

Também nessas caixas, não havia proteções, tais como a<br />

proteção contra curto-circuito, não havia nenhuma proteção<br />

contra a desconexão errada dos equipamentos, enfim, era<br />

um tipo de projeto ainda muito embrionário.<br />

Com o passar dos anos, vários fabricantes começaram a<br />

desenvolver caixas de derivação de campo especialmente<br />

projetadas para Fieldbus Foundation. Atualmente, essas<br />

caixas têm, em cada derivação, uma proteção contra curtocircuito,<br />

e isso impede, caso haja um curto-circuito no spur ou<br />

no instrumento, que haja uma queda de todo o barramento,<br />

que era o grande problema dos primeiros projetos.<br />

Mais recentemente, com o surgimento do conceito de<br />

levar as barreiras de segurança para o campo, temos<br />

hoje em dia, de praticamente todos os fornecedores do<br />

mercado, as barreiras de campo, às quais se chega com os<br />

troncos de alta potência nessas caixas e, dentro delas, nós<br />

temos duas eletrônicas – a barreira de segurança intrínseca<br />

e a proteção contra curto-circuito nas derivações. Hoje<br />

BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />

em dia, encontramos essas caixas em vários materiais de<br />

construção, como aço-carbono, aço inox, plástico, fibra de<br />

vidro reforçada etc., com visor de vidro, sem visor de vidro, e<br />

também, esses fabricantes, em muitos projetos, customizam<br />

essas caixas para as aplicações dos clientes finais (Figura 5).<br />

Figura 5 – Caixa de barreira de campo.<br />

Então, observando desde o início, em 1994, até hoje, em<br />

2012, nós podemos dizer que aconteceu uma grande evolução<br />

nos acessórios de campo. Não somente as caixas, mas também<br />

os fabricantes de cabos e conectores. Hoje em dia, temos


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

cabos especialmente projetados para Fieldbus Foundation.<br />

Com isso, os projetos se tornaram muito mais confiáveis,<br />

principalmente em segmentos com grandes distâncias.<br />

Outro ponto importante são os conectores. Hoje em dia,<br />

temos conectores especialmente desenvolvidos para projetos<br />

com Fieldbus Foundation ou Profibus PA. Essa parte de<br />

acessórios continua em constante evolução, facilitando os<br />

projetos e diminuindo os seus custos de implementação.<br />

A CRIAÇÃO DE UMA<br />

METODOLOGIA DE PROJETO<br />

Esta é uma importante etapa de um projeto, pois precisamos<br />

estabelecer logo de início quais são as premissas de projeto.<br />

Por exemplo, por incrível que pareça, ainda tenho encontrado<br />

alguns projetos sendo implementados sem caixas de<br />

derivação, como mostra a Figura 6.<br />

Figura 6 – Instalação Daisy Chain.<br />

Outros pontos importantes para o estabelecimento de uma<br />

metodologia de projeto são:<br />

• Topologia.<br />

• Padronização do número de spurs por caixa.<br />

• Instalação à prova de explosão ou segurança intrínseca.<br />

• Barreira de segurança de campo ou de painel.<br />

• Distância máxima de cada spur (a Norma permite até 120 m).<br />

• Encaminhamento via eletrodutos ou eletro-calhas.<br />

10 InTech 140<br />

Estas e outras definições de metodologia devem ser<br />

estabelecidas logo no início de um projeto, pois assim<br />

evitaremos erros e retrabalhos. Eu observei em vários projetos<br />

que as pessoas querem iniciar a divisão dos instrumentos nos<br />

segmentos mesmo sem estas e outras definições básicas.<br />

A ELIMINAÇÃO DE 94%<br />

DOS PROBL<strong>EM</strong>AS DOS PROJETOS<br />

Depois de um projeto bem elaborado, muitas pessoas pensam,<br />

erradamente, que isso é o bastante para que um projeto tenha<br />

sucesso, mas na realidade os grandes problemas que nas<br />

estatísticas chegam a 94% em todas as falhas dos projetos<br />

estão relacionados aos erros de montagem. Portanto, uma boa<br />

montagem é fundamental para eliminarmos estes problemas.<br />

Eu já declarei em várias ocasiões que o pior problema não é<br />

montar um barramento e ele não funcionar, o pior é quando<br />

se instala um segmento e ele tem um comportamento errático,<br />

isto é, funciona e depois para, logo depois volta a funcionar,<br />

pois se o segmento não funciona, a equipe de montagem<br />

tem que buscar o erro e fazer a correção, mas se o problema<br />

é intermitente, a situação é realmente pior, pois as pessoas da<br />

operação vão começar a perder a confiança no projeto, e isto é a<br />

última coisa que pode acontecer num projeto de automação. Na<br />

Figura 7, podemos observar uma montagem correta do spur do<br />

segmento Fieldbus chegando até uma válvula de controle.<br />

Figura 7 – Instalação Fieldbus correta.<br />

INTEGRAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE ATIVOS<br />

COM OS DIAGNÓSTICOS DA COMUNICAÇÃO<br />

NOS SEGMENTOS<br />

Uma grande evolução nos projetos com Fieldbus Foundation<br />

foi o aparecimento dos equipamentos e dos softwares para o<br />

diagnóstico da comunicação de campo. No passado, mesmo<br />

com a utilização de osciloscópios e algumas ferramentas<br />

de leitura de dados, a tarefa de descobrir o que tinha de


errado numa comunicação num segmento era árdua e muito<br />

imprecisa. Agora, com estas novas ferramentas, podemos ter,<br />

com certeza, um diagnóstico preciso.<br />

Ainda na sequência desta evolução, foi a integração dos<br />

diagnósticos da comunicação de campo com os Sistemas<br />

de Gerenciamento de Ativos como podemos ver na Figura<br />

8, pois assim podemos ter certeza se o problema é um<br />

mau funcionamento do instrumento ou uma deformação<br />

da forma da onda da frequência Fieldbus, prejudicando a<br />

comunicação do barramento.<br />

Figura 8 – Integração dos diagnósticos com os sistemas<br />

de gerenciamento de ativos.<br />

BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />

INSPEÇÃO E CERTIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO<br />

DIGITAL NOS SEGMENTOS FF<br />

Com os equipamentos e o software de diagnóstico da<br />

comunicação de campo, surgiu uma etapa muito importante<br />

nos projetos com Fieldbus Foundation. Na realidade,<br />

podemos dizer que o fundamental para a partida e a entrega<br />

de um projeto é a Inspeção e a Certificação das instalações, e<br />

a certificação da instalação como um todo.<br />

Um projeto precisa ter, na sua instalação, pessoas treinadas e<br />

que entendam que agora a comunicação entre os instrumentos<br />

de campo e o sistema de controle é feita através de frequência,<br />

e não mais com um sinal de corrente de 4-20 mA. Portanto,<br />

podemos dizer que um projeto irá funcionar melhor quanto<br />

mais a forma de onda for próxima do padrão descrito na Norma.<br />

A inspeção de uma instalação Fieldbus é muito próxima de<br />

uma instalação convencional. Precisamos verificar:<br />

• Conexões<br />

• Aterramento do shield do cabo e da carcaça dos instrumentos<br />

• Vedações das caixas de derivação e dos instrumentos<br />

InTech 140 11


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

Depois da inspeção com as ferramentas de análise<br />

da comunicação, um megômetro e um capacímetro,<br />

devemos verificar:<br />

• Isolação de cada trecho do cabo<br />

• Capacitância de cada trecho do cabo<br />

• Nível do sinal<br />

• Ruído<br />

• Desbalanceamento<br />

• Jitter<br />

• Forma de onda (Figura 9)<br />

Figura 9 – Forma de onda Fieldbus correta.<br />

Um ponto importante é que todas estas medições devem<br />

atender os valores descritos na Norma IEC 61158, e<br />

qualquer desvio fora da faixa de tolerância prevista na<br />

própria Norma deverá ser corrigido. Também devemos<br />

ter em mente que um projeto Fieldbus Foundation irá<br />

funcionar com mais estabilidade e confiabilidade quanto<br />

mais a forma da onda no segmento se aproximar do<br />

padrão estabelecido na Norma.<br />

CONCLUSÕES<br />

Como observamos neste artigo, a tecnologia Fieldbus<br />

Foundation teve uma grande evolução desde 1994; os<br />

níveis de software do protocolo foram aprimorados,<br />

principalmente nas facilidades de configuração e<br />

parametrização; foram desenvolvidas novas tecnologias<br />

de drivers de comunicação, tais como o EDDL (Eletronic<br />

Device Description Language) e o FDT/DTM, cuja descrição<br />

mais simples é FDT-Frame Application, e o DTM-Device<br />

Driver, ambos baseados no Windows e que deverão<br />

12 InTech 140<br />

convergir para o FDI-Field Device Integration, e a parte de<br />

acessórios de hardware também contou com um grande<br />

número de novos produtos.<br />

Figura 10<br />

Podemos citar: acopladores com isolação galvânica,<br />

cabos projetados especialmente para trabalhar com a<br />

frequência do FF, caixas de derivação de segmentos com<br />

proteção contra sobrecorrente, permitindo que um curtocircuito<br />

num determinado spur não provoque a falha de<br />

todo o barramento, as barreiras de segurança intrínseca<br />

na modalidade FISCO-Fieldbus Intrinsic Safety Concept,<br />

inclusive com a opção mais utilizada de ser instalada<br />

no campo através de um tronco de alta potência, como<br />

podemos ver na Figura 10 e, mais recentemente, os<br />

sistemas de tronco redundante ou, mais precisamente, os<br />

troncos com fechamento em anel, como podemos ver na<br />

Figura 11, permitindo que as malhas com criticidade Níveis<br />

1 e 2 possam ter uma confiabilidade máxima.<br />

Figura 11


InTech 140 13


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

BLOCOS FF:<br />

FERRAMENTAS DE INTEGRAÇÃO.<br />

Libanio Carlos de Souza (libanio@smar.com.br),<br />

Diretor de Desenvolvimento da Smar Equipamentos Industriais Ltda.<br />

14 InTech 140


INTRODUÇÃO<br />

Um sistema implementado com a tecnologia da Fieldbus<br />

Foundation (FF) é composto por equipamentos de<br />

campo inteligentes e por controladores/equipamentos<br />

de monitoração interconectados por uma das redes<br />

de comunicação da FF (rede H1 ou rede HSE). Estes<br />

equipamentos estão integrados fisicamente na planta e<br />

atuam juntos para prover sinal de entrada/saída e controle<br />

para a correta operação da planta.<br />

Cada equipamento de campo executa uma pequena parte<br />

das funções necessárias para operação completa da planta,<br />

através da implementação de uma ou mais aplicações<br />

em tempo real, tais como leitura de um sensor e/ou<br />

processamento de um algoritmo de controle.<br />

Por sua vez, cada aplicação é composta por um conjunto<br />

de funções básicas modeladas por blocos. Portanto,<br />

os blocos proporcionam uma estrutura geral para<br />

especificar diferentes tipos de funções executados pelos<br />

equipamentos de campo.<br />

Os blocos, juntamente com os arquivos de descrição<br />

dos equipamentos (DDs), são elementos fundamentais<br />

na promoção da interoperabilidade de um sistema<br />

implementado com a tecnologia da FF. Os parâmetros dos<br />

blocos são descritos na DD. A descrição carrega todas as<br />

informações necessárias para configuração e visualização<br />

dos parâmetros nos sistemas (unidade, texto explicativo<br />

da funcionalidade do parâmetro, processos associados,<br />

dependências de outros parâmetros, etc.). Os sistemas que<br />

suportam as DDs podem integrar com facilidade os blocos<br />

dos equipamentos registrados na FF. A Figura 1 mostra a<br />

visão que um sistema tem de um equipamento de campo e o<br />

uso das DDs para mostrar os parâmetros ao usuário.<br />

Os blocos são elementos chaves também na distribuição<br />

das funções de controle entre os vários equipamentos<br />

inteligentes presentes no sistema. A distribuição ou não<br />

de controle parece ser uma questão de preferência dos<br />

usuários, mas na realidade de hoje, percebe-se que a<br />

distribuição de controle proporciona ganhos fabulosos<br />

de desempenho ao sistema de controle. Em vez do<br />

processamento serial feito pelas grandes CPUs, usa-se<br />

o processamento paralelo, ou seja, centenas ou milhares<br />

de processadores executando em paralelo as pequenas<br />

funções básicas de controle para compor o controle total<br />

de uma planta.<br />

BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />

Outros fatores importantes são a precisão e o sincronismo<br />

alcançado com o uso dos blocos. Os blocos estão<br />

conectados com a fonte do dado dos sensores e dos<br />

atuadores, e nenhuma outra eletrônica é capaz de acessar<br />

estes dados de forma tão precisa, rápida e com a exata<br />

informação temporal dos mesmos.<br />

Os blocos são tipicamente utilizados nos SDCDs e permitem<br />

uma engenharia mais fácil dos sistemas através da<br />

configuração/seleção de valores para os parâmetros dos<br />

blocos. Eles se contrapõem às lógicas dos Controladores<br />

Lógicos Programáveis, que muitas vezes precisam ser<br />

inteiramente programados, o que pode implicar em um<br />

tempo de engenharia elevado.<br />

CONCEITOS BÁSICOS<br />

A FF define alguns conceitos que são válidos para todos<br />

os blocos. Os principais conceitos são: 1) Conexão entre<br />

entradas e saídas; 2) Modo de operação do bloco (MODE_<br />

BLK); 3) Qualidade das variáveis expressa através de um byte<br />

de informação chamado status byte; 4) Detecção, notificação<br />

e reconhecimento de alarmes; 5) Coleta e publicação de<br />

dados de tendência (Trend); 6) Sincronismo de execução.<br />

Figura 1 – Representação do Equipamento de Campo via Blocos.<br />

1) Conexão entre entradas e saídas: FF define os tipos de dados<br />

que podem ser utilizados para as entradas e saídas dos<br />

blocos. Ela também definiu que somente dados do mesmo<br />

tipo podem ser conectados, assim os equipamentos devem<br />

rejeitar as conexões com tipos diferentes.<br />

Os equipamentos controlam o fluxo da recepção das<br />

conexões. Se um parâmetro de saída não é publicado<br />

InTech 140 15


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

na frequência configurada, o parâmetro de entrada vai<br />

refletir no byte de status esta condição, e os algoritmos<br />

dos blocos podem fazer uso desta informação para<br />

processar ou não o valor do parâmetro de entrada, de<br />

acordo com a configuração do usuário.<br />

2) Modo de operação do bloco (MODE_BLK): FF define<br />

oito modos possíveis para a operação de um bloco:<br />

fora de operação (Out of Service - O/S); manual forçado<br />

(Initialization Manual - IMan); sobreposição local (Local<br />

Override - LO); manual (Man); automático (Auto); cascata<br />

(Cascade - Cas); cascata com set point remoto (Remote-<br />

Cascade - RCas); e Saída Remota (Remote-Output - Rout).<br />

Os modos automáticos são: Auto, Cas e RCas. Os<br />

modos manuais são: IMan, LO, Man e Rout. No<br />

modo O/S, o algoritmo não é executado e os alarmes<br />

pendentes são removidos.<br />

O parâmetro de modo possui quatro elementos. O<br />

primeiro elemento é o modo desejado (Target mode),<br />

o segundo é o modo atual (Actual mode, gerado pelo<br />

bloco no início da execução do bloco e reflete o modo<br />

usado para executar o bloco), o terceiro define os modos<br />

permitidos (Permitted mode, configurado pelo usuário<br />

para definir os modos permitidos para o Target mode<br />

durante a operação da planta), e o quarto é o modo<br />

normal de operação do bloco (Normal mode).<br />

3) Qualidade das variáveis expressa através de um byte de<br />

informação chamado status attribute: permite que os<br />

blocos expressem a qualidade das variáveis. É composto<br />

por dois bits para a qualidade (Good Cascade, Good<br />

Non-cascade, Bad, Uncertain), quatro bits para o<br />

detalhamento da qualidade (sub status), e dois bits para<br />

limites (Not limited, Low limited, High limited e Constant).<br />

O sub status para a qualidade indicada como Good<br />

Cascade é utilizado para promover o sincronismo dos<br />

blocos que atuam em cascata.<br />

4) Detecção, notificação e reconhecimento de alarmes: Os<br />

blocos verificam a ocorrência de alarmes a cada ciclo de<br />

execução. Quando uma condição de alarme é detectada,<br />

os dados de alarme são atualizados no parâmetro de<br />

alarme correspondente, juntamente com a informação<br />

temporal da ocorrência da condição de alarme (data e<br />

hora). Este alarme, então, é reportado na rede.<br />

16 InTech 140<br />

Quando o operador reconhece a existência do alarme,<br />

uma mensagem é enviada para o bloco sinalizando o<br />

reconhecimento do usuário.<br />

Este é um grande diferencial de um sistema<br />

genuinamente FF dos demais sistemas, uma vez que o<br />

alarme é gerado na fonte com a informação temporal<br />

precisa. Os demais sistemas fazem a leitura dos<br />

transmissores e então geram os alarmes. A informação<br />

temporal é totalmente dependente da leitura dos<br />

transmissores, e não refletem o tempo exato da<br />

ocorrência da condição de alarme.<br />

5) Coleta e publicação de dados de tendência (Trend): a<br />

cada ciclo de execução, um bloco pode armazenar uma<br />

amostra de uma variável. O conjunto de 16 amostras é<br />

reportado para o sistema. Este pode armazenar parte<br />

ou a totalidade das amostras para compor o histórico da<br />

variável. Novamente aqui temos uma fiel amostragem<br />

temporal das variáveis, o que não acontece em sistemas<br />

que não utilizam FF.<br />

6) Sincronismo de execução: todos os equipamentos FF<br />

têm uma mesma informação de tempo, e os blocos são<br />

configurados para serem executados de forma sincronizada.<br />

BLOCOS PADRÕES<br />

Alguns blocos estão normalizados pela FF. Esta normalização<br />

consiste na descrição do bloco, definição da lista de<br />

parâmetros, definição dos modos suportados e da<br />

manipulação dos modos, definição dos tipos de alarmes e<br />

a definição da manipulação dos status. O algoritmo não é<br />

especificado. Cada fabricante define o seu algoritmo.<br />

Os blocos padrões têm a lista de parâmetros com as suas<br />

informações anexada na DD padrão, fornecida pela FF. Os<br />

blocos já padronizados pela FF até hoje são: Analog Input;<br />

Analog Output; Bias & Gain; Control Selector; Discrete<br />

Input; Discrete Output; Manual Loader; PD Control; PID<br />

Control; Ratio Control; Analog Alarm; Arithmetic; Deadtime;<br />

8 Channel Discrete Input/Output; 8 Channel Analog Input/<br />

Output; Flexible Function Block; Input Selector; Integrator;<br />

Lead/Lag; Setpoint Ramp Generator; Signal Characterizer;<br />

Splitter; Timer; MBI-64; MBO-64; MAI-16; MAO-16; HART<br />

TB; HART Gateway TB.


InTech 140 17


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

BLOCOS CUSTOMIZADOS<br />

A tecnologia da FF é muito flexível e permite que os<br />

fabricantes incluam nos seus equipamentos blocos<br />

customizados, ou seja, blocos cujos parâmetros são definidos<br />

pelo fabricante. Estes blocos devem seguir os conceitos<br />

básicos definidos pela FF. O fabricante cria uma DD nova<br />

para incluir os blocos padrões mais os blocos customizados,<br />

criando assim a DD do equipamento.<br />

Os blocos dos sensores, denominados blocos<br />

transdutores, são muitas vezes customizados, pois<br />

refletem a tecnologia utilizada na confecção dos<br />

sensores. Porém, para alguns tipos de sensores, estão<br />

sendo padronizados conjuntos básicos de parâmetros<br />

que podem ser utilizados pelos fabricantes e então<br />

registrados pela FF. Já foram normalizados blocos<br />

transdutores para medição de vazão, temperatura,<br />

pressão e para posicionadores.<br />

Alguns usuários solicitam a criação de blocos exclusivos,<br />

blocos que só podem ser utilizados pelas empresas<br />

afiliadas à empresa que definiu o bloco. Estes blocos<br />

não são nem mesmo registrados devido às restrições de<br />

divulgação de seu conteúdo.<br />

BLOCOS FLEXÍVEIS<br />

Os blocos flexíveis podem ter diferentes graus de<br />

flexibilidade: i) Parâmetros pré-definidos; ii) Parâmetros<br />

definidos pelo usuário; iii) Controle de execução (pare/<br />

execute) comandado via serviços de comunicação. O<br />

algoritmo do bloco é definido pelo próprio usuário através de<br />

ferramenta de configuração do equipamento fornecida pelo<br />

fabricante do equipamento.<br />

Por exemplo, um bloco flexível poderia permitir que o<br />

usuário definisse uma expressão matemática complexa<br />

envolvendo um conjunto de entradas e saídas, ou<br />

suportar uma lógica ladder para fazer intertravamento<br />

de uma planta ou parte de uma planta. Veja que isto<br />

permite a integração da programação típica dos<br />

Controladores Lógicos Programáveis com os blocos<br />

funcionais utilizados nos SDCDs. Com esta tecnologia,<br />

o usuário pode criar o seu próprio bloco e manter<br />

uma biblioteca de aplicações de sua empresa para<br />

duplicação e reutilização.<br />

18 InTech 140<br />

FF-ROM: FIELDBUS FOUNDATION<br />

PARA GERENCIAMENTO<br />

DE OPERAÇÕES R<strong>EM</strong>OTAS<br />

Em 2005, a FF iniciou um novo projeto para atender<br />

as aplicações remotas. A maioria dos sistemas<br />

integra as aplicações remotas com tecnologias<br />

diferentes da tecnologia do sistema de controle da<br />

planta, necessitando de ferramentas especiais e não<br />

integradas para a configuração destas aplicações. Outra<br />

constatação é que geralmente os dados de diagnósticos<br />

obtidos e gerenciados nos sistemas de controle não<br />

estão disponíveis nas aplicações remotas. Além disso,<br />

em alguns casos, as decisões são tomadas através de<br />

dados de históricos coletados, pois não se tem dados em<br />

tempo real confiáveis.<br />

Um conjunto de blocos foi definido pela FF para<br />

padronizar e integrar as aplicações remotas com<br />

os sistemas que utilizam a tecnologia da FF (Figura<br />

2). Equipamentos que incorporam estes blocos<br />

são denominados equipamentos ROM e devem ser<br />

registrados pela FF.<br />

Os blocos produzidos neste projeto oferecem acesso<br />

a diferentes tecnologias, tais como: 4-20mA, sinais<br />

discretos de entrada e saída, equipamentos HART e<br />

equipamentos WirelessHART, e ISA 100.11a. Outros<br />

protocolos, como Modbus, Profibus, DeviceNet e ASI,<br />

deverão ser integrados futuramente.<br />

Novos conceitos criados por este projeto: a) Bloco de<br />

associação; b) VAR_NAME & CHANNEL_TAG; c) Novos blocos<br />

funcionais de entrada e saída MBI-64, MBO-64, MAI-16 e<br />

MAO-16; d) Bloco Transdutor HART/WirelessHART; e)<br />

Bloco Transdutor HART gateway.<br />

Figura 2 – Blocos definidos pela FF para suportar ROM.


InTech 140 19


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

a) Bloco de associação: os equipamentos ROM geralmente<br />

são constituídos de vários módulos de entrada e saída,<br />

cada um suportando um ou mais tipos de sinais:<br />

analógicos, discretos, HART, WirelessHART, H1, etc.<br />

Cada módulo é mapeado como um bloco transdutor. Os<br />

módulos para uma determinada aplicação do usuário são<br />

configurados pela ferramenta de configuração do sistema<br />

FF através da parametrização do bloco de associação.<br />

Para cada módulo temos um parâmetro no bloco de<br />

associação para informar o tipo do módulo e suas<br />

propriedades para o sistema.<br />

b) VAR_NAME & CHANNEL_TAG: diferentemente dos<br />

equipamentos de controle que geralmente produzem um<br />

dado de processo por bloco transdutor, os equipamentos<br />

ROM integram vários dados de processo num mesmo<br />

bloco transdutor.<br />

Cada ponto de entrada e saída recebe um nome (tag)<br />

denominado de VAR_NAME. Os blocos funcionais de<br />

entrada e saída referenciam o ponto de entrada/saída<br />

dos transdutores através do parâmetro CHANNEL_TAG.<br />

Assim, o casamento de VAR_NAME com o CHANNEL_<br />

TAG promove a associação dos pontos de entrada e saída.<br />

Ao invés de números, como no conceito do parâmetro<br />

CHANNEL usado nos blocos do H1, o tag foi usado para<br />

facilitar a identificação e diferenciação do usuário. O<br />

usuário atribui nomes que fazem sentido para a sua<br />

equipe nos parâmetros VAR_NAMEs/CHANNEL_TAGs.<br />

c) Novos blocos funcionais de entrada e saída MBI-64,<br />

MBO-64, MAI-16 e MAO-16: blocos com uma única<br />

saída ou entrada com múltiplas variáveis de processo.<br />

Estes blocos podem ser conectados com os blocos de<br />

controle dos equipamentos ROM de forma a permitir<br />

uma transferência de dados eficiente utilizando melhor<br />

a banda de comunicação para os dados de controle.<br />

Consequentemente, em uma única conexão, podese<br />

transferir ao mesmo tempo 64 dados binários ou 16<br />

dados no formato status mais valor em ponto flutuante.<br />

d) Bloco Transdutor HART/WirelessHART: cada<br />

equipamento HART e/ou WirelessHART é<br />

representado por um bloco transdutor. As variáveis<br />

de processo lidas destes equipamentos são mapeadas<br />

20 InTech 140<br />

em pontos de entrada e/ou saída do transdutor, e cada<br />

uma possui um VAR_NAME atribuído pelo configurador<br />

do sistema. O configurador pode associar os blocos<br />

funcionais a estas variáveis através do parâmetro<br />

CHANNEL_TAG e utilizá-las na sua estratégia de controle.<br />

Este bloco transdutor também provê os dados<br />

de diagnóstico do equipamento HART ou<br />

WirelessHART no formato requisitado pela NAMUR<br />

e, desta forma, para o usuário um equipamento FF e<br />

HART é mapeado de forma similar num sistema que<br />

utilize estes novos conceitos e produz os mesmos tipos<br />

de notificação de alarme.<br />

Este bloco também provê acesso aos dados de<br />

configuração e manutenção do equipamento HART<br />

ou WirelessHART através de parâmetros de passagem<br />

dos comandos HART. Qualquer comando pode ser<br />

enviado através destes parâmetros, e será trocado com o<br />

equipamento associado a este bloco transdutor.<br />

e) Bloco Transdutor HART gateway: este bloco provê<br />

informações dos equipamentos presentes ou esperados<br />

pelo equipamento ROM.<br />

Esta é uma funcionalidade geralmente provida pelo<br />

sistema de gerenciamento da rede. Como estamos<br />

provendo acesso a redes não-nativas da Fieldbus<br />

Foundation, criamos uma maneira de prover esta<br />

informação através de um bloco transdutor.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os blocos da FF são ferramentas poderosas e flexíveis<br />

que promovem a fácil integração de funcionalidades,<br />

equipamentos e sistemas.<br />

O uso dos blocos dá aos fabricantes uma facilidade<br />

e rapidez no desenvolvimento e integração de novas<br />

funcionalidades em seus produtos e sistema. Garante,<br />

também, a interoperabilidade com demais equipamentos<br />

e sistemas FF.<br />

Para os usuários, permite a reutilização dos conceitos<br />

assimilados com um bloco em novos blocos<br />

disponibilizados pelos fabricantes de equipamentos.<br />

Permite também a fácil integração de novos equipamentos<br />

em suas aplicações.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. FF-890 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />

Process Part 1.<br />

2. FF-891 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />

Process Part 2.<br />

3. FF-892 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />

Process Part 3.<br />

4. FF-893 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />

Process Part 3.<br />

5. FF-894 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />

Process Part 5.<br />

6. FF-903 FOUNDATION Specification Pressure Transducer Block.<br />

7. FF-904 FOUNDATION Specification Temperature Transducer Block.<br />

BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />

8. FF-906 FOUNDATION Specification Positioner<br />

Transducer Block.<br />

9. FF-908 FOUNDATION Specification Flow<br />

Transducer Block.<br />

10. FF-633 FOUNDATION Specification Function Block Application<br />

Process Part 6 for HSE Remote IO.<br />

11. FF-061 FOUNDATION Specification Addendum<br />

to System Architecture for Wired<br />

& Wireless Input/Output (WIO).<br />

12. FF-915 FOUNDATION Specification Transducer Block<br />

for HSE RIO Module.<br />

13. FF-913 FOUNDATION Specification Transducer Block<br />

for Wired and WirelessHART Devices.<br />

InTech 140 21


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DE PRODUTOS<br />

Marcos Peluso (marcos.peluso@emerson.com),<br />

Distinguished Technologist, Emerson Process Management.<br />

22 InTech 140


INTRODUÇÃO<br />

Ao desembarcar em um aeroporto, é muito comum<br />

encontrar uma porção de pessoas esperando seus convidados<br />

ou clientes. Essas pessoas costumavam segurar cartazes<br />

com o nome do passageiro (a) e/ou a empresa que ele (a)<br />

representa. Aqueles pedaços de papelão estão dando lugar a<br />

tablets e mesmo laptops. E os improvisados garranchos foram<br />

substituídos por textos legíveis, acompanhados de logotipos<br />

e até mesmo música tema. As pessoas podem verificar o<br />

status do voo que estão esperando diretamente no website<br />

da companhia aérea, podem comunicar através de e-mail,<br />

mensagem de textos, ver fotografia da pessoa esperada, etc.<br />

Enquanto alguns utilizam a ferramenta de forma criativa<br />

para tornar seu trabalho mais eficiente e até mesmo fazer<br />

propaganda institucional das empresas que representam,<br />

outros somente substituíram o papel por um display<br />

iluminado.<br />

Os profissionais da área de automação, fornecedores<br />

ou usuários, muitas vezes agem da mesma forma. Os<br />

instrumentos e sistemas inteligentes comunicando<br />

através de barramentos de campo, oferecem um campo<br />

extremamente fértil para a criação de produtos, ferramentas<br />

e procedimentos que ajudam a reduzir tempos de instalação,<br />

comissionamento, operação da planta e manutenção.<br />

Mas como no caso dos cartazes, o potencial oferecido pela<br />

tecnologia ainda não tem sido explorado em sua plenitude<br />

por parte do mercado. Muitas empresas ainda oferecem<br />

produtos com a mesma funcionalidade oferecida pelos<br />

antigos instrumentos analógicos, sem tirar vantagem<br />

da maior disponibilidade de energia e de capacidade de<br />

comunicação. E usuários ainda utilizam os produtos da<br />

mesma forma como utilizavam os instrumentos em 4-20 mA,<br />

por falta de treinamento adequado ou por dificuldade em<br />

explorar novas funções e processos. E as normas precisaram<br />

evoluir para atender algumas áreas que a experiência<br />

demonstrou que precisavam ser melhoradas.<br />

A SITUAÇÃO INICIAL<br />

Num passado não muito distante, os congressos de<br />

automação organizavam intermináveis mesas redondas<br />

para discutir instrumentação pneumática x eletrônica,<br />

segurança intrínseca x prova de explosão, transmissores<br />

BARRAMENTOS DE CAMPO capa<br />

analógicos x digitais, controladores analógicos x controle<br />

digital, reles x CLP, controladores single loop x SDCD,<br />

ligação individual de instrumento x ligação via barramentos<br />

de campo e agora assistimos a discussão sobre redes<br />

wireless x redes com fio.<br />

Mas o que é surpreendente é que apesar de toda a<br />

evolução da tecnologia, o potencial que essa evolução<br />

oferece para reduzir custos e melhorar qualidade tem sido<br />

muito pouco explorado.<br />

Segundo pesquisas, uma das razões para a exploração parcial<br />

dos benefícios é que o investimento em treinamento não é<br />

fácil de justificar. Ou, como ocorre muitas vezes, a prioridade<br />

é colocar a planta em operação e a melhoria de desempenho<br />

é deixada para mais tarde, e nunca acaba ocorrendo.<br />

Todos nós conhecemos exemplos de malhas de controle que<br />

nunca foram sintonizadas, jumpers de interlocks que nunca<br />

foram removidos, desenhos “as-builts” que nunca foram<br />

passados a limpo, etc. Tempo sempre foi muito curto e hoje<br />

em dia é ainda mais curto porque o número de pessoal<br />

técnico foi extremamente reduzido e as plantas são maiores<br />

e mais complexas.<br />

Mas parte do problema é que muitos dos produtos<br />

lançados inicialmente no mercado expuseram as vísceras<br />

da comunicação, exigindo do usuário um conhecimento<br />

mais profundo da tecnologia, o que não faz sentido. Várias<br />

dessas operações deveriam ocorrer automaticamente,<br />

sem que o usuário precisasse intervir ou mesmo saber que<br />

estavam ocorrendo.<br />

Como exemplo, hoje é possível fazer uma ligação telefônica<br />

para qualquer lugar do planeta apertando uma simples tecla<br />

no telefone. Imagine se tivéssemos que saber o código das<br />

diversas estações e satélites pelos quais a ligação deve passar,<br />

além dos detalhes do protocolo de comunicação utilizado<br />

pelas diferentes concessionárias envolvidas no processo.<br />

Haveria muito poucas ligações.<br />

Os barramentos de campo têm tudo para fazer uma porção<br />

de coisas automaticamente, de maneira muito mais simples,<br />

eficiente e segura do que os métodos convencionais.<br />

A situação é muito parecida com a dos finados vídeos<br />

cassetes. Os toca-fitas tinham uma porção de funções que<br />

permitiam ao usuário gravar a novela ou jogo de futebol<br />

quando uma visita inesperada aparecia, mas ninguém<br />

conseguia fazer isso direito. Era a coisa mais comum ver<br />

InTech 140 23


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

o relógio piscando um horário errado por que ninguém<br />

conseguia entrar a data e horário corretos.<br />

O problema é que a interface de programação era muito<br />

complicada e difícil de entender. A maioria dos usuários<br />

comprava equipamentos sofisticados, mas acabavam se<br />

contentando em só usar a tecla “play”.<br />

Chegaram os DVDs, DVRs, Blue Rays, etc., e tudo se<br />

tornou muito mais fácil e automático. O horário é ajustado<br />

automaticamente, a lista de programas é apresentada por<br />

gênero, canal, horário etc. Tudo muito claro e intuitivo.<br />

Bem, onde estamos indo com esta conversa? Na verdade<br />

nosso mercado não é muito diferente do mercado<br />

consumidor. Somente as empresas fornecedoras e usuárias<br />

de equipamento pensam ao contrario.<br />

A menos que a implementação das funções adicionais não<br />

requeira um esforço muito grande, a probabilidade que elas<br />

sejam utilizadas fica bastante reduzida. Os benefícios das funções<br />

adicionais têm que ser muito grandes para justificar o esforço<br />

de implementá-las. E, muitas vezes, esses benefícios não são<br />

de interesse imediato, o que acaba justificando a postergação.<br />

É claro que os equipamentos de automação são complexos<br />

e que a sua utilização requer um bocado e conhecimento e<br />

preparação. Se assim não fosse, nós engenheiros teríamos<br />

que vender salgadinhos. Mas será que os instrumentos atuais<br />

têm que ser utilizados exatamente como eram utilizados os<br />

seus antepassados?<br />

A EVOLUÇÃO DO MERCADO<br />

Os barramentos de campo chegaram ao mercado nos<br />

anos 90. A comunicação por 4-20mA foi substituída por<br />

comunicação digital e os instrumentos foram equipados<br />

com mais e melhores diagnósticos, blocos de funções,<br />

capacidade de comunicar com outros instrumentos<br />

e funcionalidade que permite simplificar instalação,<br />

comissionamento, operação e manutenção.<br />

Mas como aconteceu com os primeiros videocassetes, a<br />

configuração dos equipamentos de campo e sistemas não<br />

primavam pela simplicidade. Usuários pressionados para colocar<br />

uma planta em operação acabaram se limitando a utilizar os<br />

mesmos procedimentos de comissionamento do passado e as<br />

funções mais básicas dos equipamentos utilizados.<br />

24 InTech 140<br />

A variedade de instrumentos, sistemas e ferramentas era<br />

bastante reduzida, e quando as coisas não iam bem, os<br />

técnicos não sabiam muito bem como encontrar a origem do<br />

problema, mesmo porque as ferramentas inexistiam ou eram<br />

muito difíceis de operar.<br />

Além disso, a redução de custo de capital em função<br />

da redução do número de cabos, caixas de junção,<br />

bandejamento, armários de roteamento, armários de<br />

cartões de entrada e saída, etc. acabava sendo corroída<br />

pelo custo mais alto dos equipamentos, cabos e fontes de<br />

alimentação. Empresas de engenharia também tiveram que<br />

passar por uma curva de aprendizado, e o custo de projeto,<br />

que deveria ser bem menor, acabou não sendo tão menor<br />

como esperado.<br />

A oferta de equipamentos era também reduzida, e a<br />

demanda limitada, o que contribuía para o aumento do custo<br />

e, consequentemente, do preço.<br />

Houve ainda áreas de desapontamento por parte de alguns<br />

usuários, pois utilizaram fornecedores que lançaram produtos<br />

no mercado que ainda tinham muitos problemas de projeto,<br />

performance e de falta de suporte.<br />

SITUAÇÃO ATUAL<br />

Hoje o mercado mudou bastante. Praticamente todos os<br />

fornecedores tradicionais de equipamento de campo e de<br />

sistemas oferecem soluções em Fieldbus e/ou Profibus. Por<br />

exemplo, uma simples visita a pagina da Fieldbus Foundation<br />

na internet mostra:<br />

• 46 opções para transmissores de pressão<br />

• 52 opções para transmissores de vazão<br />

• 57 opções para transmissores de nível<br />

• Vários fornecedores para fontes de alimentação,<br />

condicionares de potencia, terminadores, blocos de<br />

terminais com proteção de curto circuito, etc.<br />

Como exemplo do aumento da oferta, a Figura 1<br />

mostra o crescimento de produtos registrados pela<br />

Fieldbus Foundation e a Figura 2 mostra a diversidade<br />

dos produtos.


InTech 140 25


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

Figura 1 – Número de produtos registrados pela Fieldbus Foundation.<br />

Figura 2 – Tipos de produtos registrados pela Fieldbus Foundation.<br />

A Fieldbus Foundation aumentou a cobertura de teste de<br />

instrumentos, arquivos, sistemas de controle e componentes<br />

auxiliares, reduzindo para praticamente zero os problemas de<br />

interoperabilidade.<br />

Em função do aumento de demanda e da concorrência, o<br />

custo adicional para instrumentos Fieldbus ou Profibus nos<br />

dias de hoje, de um modo geral, varia de 0 a 5 %.<br />

A variedade de instrumentos oferecida pelos diversos<br />

fornecedores estendeu a utilização de barramentos de campo<br />

em praticamente todos os tipos de aplicações.<br />

E desde a inserção de Fieldbus no mercado, os instrumentos<br />

de campo passaram por uma grande evolução. O tempo para<br />

execução de blocos de função foi reduzida por certos fornecedores<br />

em mais de 80%, permitindo ciclos de controle mais rápidos.<br />

26 InTech 140<br />

Os chamados Network Parameters, que governam os tempos<br />

entre mensagens no barramento e o tempo de espera<br />

alocado para a resposta a uma solicitação, entre outras<br />

coisas, também sofreram uma grande redução, tornando as<br />

redes mais rápidas e eficientes.<br />

DIAGNÓSTICOS<br />

A evolução dos microprocessadores e de outros<br />

componentes eletrônicos permitiu que instrumentos<br />

tivessem diagnósticos avançados que oferecem informações<br />

importantes sobre a saúde da variável de processo, do<br />

instrumento e até mesmo do processo.<br />

Para permitir um acesso organizado a esses diagnósticos,<br />

a Fieldbus Foundation desenvolveu a norma FF-912<br />

que estabelece as regras para categorizar os alertas<br />

originados nos diagnósticos dos instrumentos de campo<br />

em quatro tipos:<br />

• Falha – Quando o diagnóstico indica que o sinal é<br />

inválido, devido à falha no instrumento ou periféricos.<br />

• Fora de especificação – O sinal é válido, mas o<br />

instrumento está operando fora das especificações, por<br />

exemplo, a temperatura ambiente é muito alta.<br />

• Requer Manutenção - O sinal é válido e bom, mas a vida<br />

do sensor, por exemplo, está chegando ao final e o sensor<br />

precisa ser substituído.<br />

• Cheque de Função – Se o instrumento está<br />

sendo submetido à manutenção, o sinal se torna<br />

temporariamente inválido.<br />

Figura 3 – A recomendação NAMUR 107 como parte das normas<br />

Fieldbus e Profibus.


InTech 140 27


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

A categorização foi sugerida pela NAMUR, associação de<br />

empresas usuárias da Europa, envolvendo empresas como<br />

Basf, Bayer, Shell, Dow, etc. através da recomendação<br />

NE107. Ela pode ser configurada pelo usuário e alertas<br />

podem ser suprimidos, simulados e priorizados. Cada alerta<br />

deve oferecer uma recomendação sobre o que fazer para<br />

sanar o problema.<br />

Novos instrumentos ou revisões de instrumentos existentes<br />

para que possam ser registrados na Fieldbus Foundation<br />

deverão estar conformes com essa norma. Os existentes não<br />

precisam ser registrados novamente.<br />

E para tornar a interface entre o instrumento e usuário<br />

mais fácil e intuitiva, a linguagem eletrônica que interpreta<br />

os dados (EDDL), foi ampliada para permitir utilização<br />

de gráficos, desenhos, fotos, etc. As interfaces humanomáquinas<br />

puderam oferecer mais informações melhores,<br />

mais claras e consistentes de instrumento para instrumento,<br />

reduzindo ou eliminando a necessidade de treinamento.<br />

A Figura 4 mostra exemplos do que pode ser feito com a<br />

melhoria do EDDL.<br />

Profibus PA também introduziu a recomendação NE107 e<br />

também utiliza o EDDL avançado.<br />

Figura 4 – Exemplos de interfaces utilizando a nova versão de EDDL.<br />

28 InTech 140<br />

Fieldbus e Profibus utilizam também FDT-DTM como interface<br />

para os instrumentos. Recentemente foi estabelecida uma<br />

organização formada pela Fieldbus Foundation, HART<br />

Foundation, Profibus Organization e FDT-DTM Organization<br />

para convergir as duas tecnologias.<br />

SUBSTITUIÇÃO DE INSTRUMENTOS<br />

Em Fieldbus, em teoria, uma nova revisão de um tipo<br />

de instrumento pode modificar completamente o<br />

instrumento. Essa característica oferece uma flexibilidade<br />

muito grande, mas pode complicar um pouco a<br />

substituição de instrumentos numa planta em operação.<br />

Se os arquivos do novo instrumento não foram instalados<br />

no sistema de controle, é possível que o instrumento não<br />

possa ser utilizado.<br />

Para possibilitar uma substituição sem problemas, a Fieldbus<br />

Foundation lançou um Application Note que estabelece<br />

um parâmetro chamado Compatibility Rev. Esse parâmetro<br />

descreve as regras de compatibilidade de um instrumento<br />

com revisões previas. Com isso, é possível substituir um<br />

instrumento por um com revisão mais nova sem que seja<br />

necessário carregar os arquivos de suporte da nova revisão ou<br />

ter que se preocupar com perda de funcionalidade. As novas<br />

revisões devem ser compatíveis com revisões anteriores.<br />

<strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

Muitas vezes, o sistema de controle tem na base de dados<br />

a lista de todos os parâmetros que um instrumento suporta<br />

e, durante o download, procura escrever todos esses<br />

parâmetros nos instrumentos. Muitos desses parâmetros<br />

não podem ser escritos, outros só podem ser escritos se<br />

uma série de condições for satisfeita. Como consequência,<br />

durante o download muitas mensagens de erro são<br />

registradas e/ou são necessárias várias tentativas de escrever<br />

parâmetros com condicionais.<br />

Para eliminar esse problema, a Fieldbus Foundation<br />

estabeleceu a lista de coisas que não devem fazer parte do<br />

download e como desarmar a escrita condicionada. Essa<br />

lista é incorporada nos arquivos de suporte do instrumento<br />

e o sistema de controle utiliza a informação para evitar<br />

escritas desnecessárias ou fora de ordem. Com isso o<br />

comissionamento é mais rápido e eficiente.


InTech 140 29


capa BARRAMENTOS DE CAMPO<br />

SIST<strong>EM</strong>AS DE SEGURANÇA<br />

Em Fieldbus, a variável de processo é sempre acompanhada<br />

de status, que descreve a saúde da variável e do instrumento<br />

de campo. Se o valor medido é questionável, a condição<br />

é representada no status. E o valor do status é computado<br />

pelos blocos de controle que podem colocar uma malha em<br />

manual ou numa posição de segurança.<br />

Esta e outras características técnicas de Fieldbus são<br />

ideais para sua utilização em sistemas de segurança.<br />

Vários usuários de grande porte identificaram o poder<br />

dos diagnósticos e a facilidade de acesso aos mesmos,<br />

através de Fieldbus e como isso pode aumentar a<br />

confiabilidade e aumentar a disponibilidade dos<br />

sistemas de segurança.<br />

Para que a tecnologia Fieldbus possa ser utilizada em sistemas<br />

de segurança, foi preciso adicionar o chamado Canal Negro,<br />

que permite maior confiabilidade da comunicação digital, e<br />

blocos de funções específicos para segurança. Instrumentos<br />

devem atender a norma IEC 61508.<br />

Figura 5 – O Canal Negro nas aplicações de segurança.<br />

Figura 6 – Fieldbus nos sistemas de segurança.<br />

30 InTech 140<br />

Instrumentos Fieldbus para sistemas de segurança deverão<br />

atingir o mercado em 2013.<br />

MANUTENÇÃO<br />

Existem ferramentas de troubleshooting que oferecem<br />

importantes informações sobre a instalação de maneira<br />

simples e objetiva, permitindo que mesmo uma pessoa não<br />

treinada saiba o que está errado numa rede.<br />

Existem instrumentos bem simples, com a simples indicação<br />

“Verde”, significando que tudo está bem, e “Vermelho” para<br />

indicar que existe um problema com a instalação.<br />

Outros oferecem informações detalhadas, indicando o nível<br />

de sinal de cada instrumento e do sistema, nível de ruído,<br />

número de tokens perdidos por instrumento, e até mesmo<br />

um osciloscópio simplificado.<br />

E mais instrumentos desse tipo estão para ser lançados no<br />

mercado por diversas empresas.<br />

WIRELESS<br />

A Fieldbus Foundation, a Profibus Organization, a HART<br />

Foundation e a Modbus Organization formaram o<br />

Wireless Cooperation Team, que está criando normas que<br />

permitem o mapeamento de WirelessHART em Fieldbus,<br />

Profibus e Modbus.<br />

Com isso, o WirelessHART pode ser automaticamente<br />

conectado a sistemas que trabalhem com Fieldbus, Profibus<br />

ou Modbus. O mesmo ocorrerá com ISA S100.11a.<br />

CONCLUSÕES<br />

A tecnologia Fieldbus está em constante evolução. Novas<br />

diretivas e funções foram introduzidas para aumentar a<br />

usabilidade dos instrumentos e sistemas Fieldbus. Novos e<br />

criativos instrumentos têm sido introduzidos no mercado<br />

para aumentar ainda mais produtividade.


InTech 140 31


case ETHERNET IP<br />

ETHERNET/IP APLICADA<br />

À INSTRUMENTAÇÃO DE CAMPO<br />

André Nadais (andre.nadais@br.endress.com),<br />

Gerente de Produtos de Vazão, Endress+Hauser Controle e Automação Ltda.;<br />

Marcos Vinicius de Lima (marcus.lima@ype.ind.br), Tecnologia da automação; e<br />

Rogério Oliveira da Costa (rogerio.costa@ype.ind.br), Tecnologia da Automação,<br />

Engenharia de instrumentação, ambos da Química Amparo.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A solução apresentada nesse artigo representa uma empresa<br />

brasileira que adotou uma tecnologia com intenção de<br />

reduzir custos de instalação e melhorar a quantidade<br />

de informações obtidas de um processo, usando um<br />

novo sistema de comunicação para integração direta e<br />

transparente de equipamentos de campo. Em sistemas<br />

de controle a utilização de Ethernet já é uma realidade na<br />

maioria das plantas industriais. Diversas tendências apontam<br />

isso como o início de uma era na busca por um único<br />

barramento de comunicação [1]. O usuário familiarizado, a<br />

redução de hardware e a facilidade de integração são alguns<br />

dos fatores que tornam o Ethernet um padrão cada vez mais<br />

popular. O surgimento dos primeiros medidores de processo<br />

em EtherNet/IP permitiu levar o barramento Ethernet até<br />

32 InTech 140<br />

Foto: André Nadais/ Endress+Hauser.<br />

o os dispositivos de campo e isso foi feito pela empresa<br />

paulista Química Amparo ao instalar os primeiros medidores<br />

de vazão em Ethernet no Brasil, se tornando uma referência<br />

para outras empresas no segmento. A empresa queria<br />

monitorar os medidores de vazão utilizados na medição de<br />

matéria prima, e adotou medidores coriolis multivariáveis<br />

com comunicação em EtherNet/IP para fazer a medição de<br />

vazão mássica, densidade e temperatura e obter um melhor<br />

controle do processo. Ao total foram instalados 16 medidores<br />

de vazão, sendo 4 para preparação de carga de matéria prima<br />

utilizados na fabricação de sabão em barra e 12 utilizados na<br />

fabricação de matéria prima para a produção de detergente.<br />

Sobre a Química Amparo<br />

A Química Amparo é uma empresa 100% brasileira que<br />

deu início as atividades empresariais em 6 de novembro de<br />

1950 em Amparo, uma pequena cidade do interior de São<br />

Paulo. Nessa comunidade, no caminho do “Circuito das<br />

Águas” paulista, inicialmente foi produzido o tradicional<br />

Sabão em Barra Ypê [5]. Sob a liderança do fundador<br />

Waldyr Beira, a empresa se desenvolveu, ganhou o mercado<br />

nacional e também passou a exportar para outros países.<br />

Impulsionados pela busca permanente da qualidade e<br />

atentos à evolução tecnológica, imprimiram valor à marca<br />

e conquistaram o reconhecimento dos consumidores,<br />

oferecendo produtos desenvolvidos dentro de rigorosos<br />

padrões de qualidade e eficiência [5].


InTech 140 33


case ETHERNET IP<br />

Foto: Divulgação Química Amparo.<br />

Figura 1 – Produtos da Química Amparo Ltda.<br />

Não é intenção desse artigo, descrever profundos detalhes de<br />

redes de comunicação baseada em Ethernet, porém, apenas<br />

descrever como foi possível implementar um sistema 100%<br />

baseado em protocolos Ethernet e quais foram os benefícios<br />

por trás dessa implementação.<br />

SOBRE O ETHERNET/IP <strong>EM</strong> INSTRUMENTAÇÃO<br />

É comum associarmos o protocolo Ethernet com a rede que<br />

temos em casa ou no escritório para interligar computadores,<br />

isto é, o Ethernet TCP/IP, porém, durante a última década<br />

diversas variações de Ethernet surgiram para atender exigências<br />

da indústria. Por esse motivo, quando mencionamos Ethernet<br />

no meio industrial, estamos falando apenas do meio físico<br />

utilizado por essa rede e não do protocolo que está trafegando.<br />

A boa notícia é: todos esses diferentes protocolos trafegam<br />

sobre o mesmo meio físico Ethernet com os padrões já<br />

conhecidos das redes TCP/IP sobre a norma IEEE 802.3 a má<br />

noticia: eles não falam a “mesma língua” e nem sempre podem<br />

trafegar ao mesmo tempo [2] atualmente existem 14 diferentes<br />

protocolos baseados em Ethernet [3].<br />

Figura 2 – Estrutura de um sistema de controle adotando rede Ethernet<br />

desde o sistema de TI até os equipamentos de campo.<br />

Um desses padrões é o EtherNet/IP – Industrial Protocol,<br />

introduzido pela Rockwell Automation em 2001 e atualmente<br />

administrado por uma organização independente, a ODVA<br />

(www.odva.org), e por esse motivo é suportado por centenas de<br />

fabricantes dando mais liberdade de escolha aos usuários finais.<br />

34 InTech 140<br />

O EtherNet/IP usa a camada física do Ethernet e os protocolos de<br />

padrões de Ethernet e Internet, permitindo a utilização de um<br />

hardware comum de Ethernet baseados em IEE802.3 incluindo<br />

cabos, fibra óptica, gateways, soluções wireless, etc. [4].<br />

Foto: André Nadais/ Endress+Hauser.<br />

Figura 3 – Dois conectores Ethernet RJ45, dentro do alojamento do<br />

medidor, permitindo a montagem de uma rede entre equipamentos.<br />

A Ethernet tem chegado aos instrumentos de campo, o<br />

recente lançamento de um medidor de vazão multivariável<br />

Coriolis com conexão para rede Ethernet, permitiu a todas<br />

as variáveis de medição e status de operação do medidor<br />

sejam conectados ao supervisório usando apenas um cabo<br />

de comunicação e mantendo o mesmo meio físico em toda a<br />

rede reduzindo a quantidade de hardware na rede.<br />

Trabalhando via Ethernet pôde-se trafegar em redes de alta<br />

velocidade, de até 1Gbps, e de acordo com o fabricante<br />

os dados de medição são atualizados a cada 60ms [6] para<br />

todas as variáveis de medição enviadas ao sistema de controle<br />

(Vazão mássica, vazão volumétrica, densidade, temperatura,<br />

viscosidade, vazão volumétrica corrigida e até três totalizadores)<br />

além do diagnóstico de operação do instrumento.<br />

O fato do EtherNet/IP trabalhar como o mesmo padrão de<br />

rede do TCP/IP permitiu a implementação de uma servidor<br />

de web dentro do equipamento, permitindo o acesso a toda<br />

configuração através de browser de Internet e usando o mesmo<br />

cabo e eliminando a necessidade de qualquer hardware ou<br />

software adicional para a configuração do equipamento.<br />

Figura 4 – Fácil acesso na configuração, através de um browser<br />

de Internet (ex. Internet Explorer, Firefox, Chrome, etc.).


MOTIVOS NA ESCOLHA<br />

A adoção do EtherNet/IP como protocolo de campo<br />

a ser utilizado na Química Amparo começou com a<br />

necessidade de leitura de diversas variáveis de um mesmo<br />

equipamento, em um sistema tradicional usando sinais<br />

analógicos, um par de cabos é necessário para cada<br />

variável, a adoção de um protocolo digital reduziu isso<br />

a apenas um cabo por equipamento. O segundo passo<br />

foi determinar qual protocolo digital a ser escolhido, o<br />

uso de um protocolo baseado em Ethernet, permitiu a<br />

mesma estrutura já existente ser usada na integração de<br />

novos equipamentos sem a necessidade de hardwares<br />

adicionais, reduzindo custos com hardware e tempo de<br />

integração adicional.<br />

Outros benefícios do EtherNet/IP foram importantes<br />

para a escolha final da solução, como a leitura em<br />

tempo real (60mS) a facilidade de integração e acesso<br />

ao medidor em qualquer computador conectado a<br />

rede Ethernet, todos esses fatores estão resumidos na<br />

Tabela 1 a seguir:<br />

Tabela 1 – Benefícios na utilização do uma rede baseada em Ethernet.<br />

Demanda por lei Um protocolo digital traz todas<br />

diversas variáveis as variáveis sobre o mesmo cabeamento.<br />

Familiaridade com Redes Ethernet estão presentes em todo<br />

redes Ethernet lugar e usuários estão familiarizados com<br />

as necessidades desse protocolo (cabo,<br />

endereço, etc.).<br />

Menor custo A integração direta elimina a necessidade<br />

de instalação gateways e conversores intermediários.<br />

Menor tempo A integração direta com menos hardwares<br />

de instalação na rede e menor necessidade<br />

e manutenção de manutenção.<br />

Acesso disponível Através de servidor de Web de qualquer<br />

em qualquer local computador da rede ou através do próprio<br />

controlador de processo, sem a necessidade<br />

de um software adicional.<br />

Maior velocidade Dados trafegam em uma rede de 1Gbps<br />

de comunicação com tempo de leitura de 60ms.<br />

ESTRUTURA DE IMPL<strong>EM</strong>ENTAÇÃO<br />

ETHERNET IP case<br />

Os medidores foram conectados a um anel de rede<br />

Ethernet de 1GBps formado por switches industriais,<br />

onde já estavam conectadas algumas unidades<br />

remotas de Flex IO da Rockwell Automation. Esse anel<br />

é composto de 6 switches industriais gerenciáveis que<br />

são responsáveis por multiplicar os pontos de conexão,<br />

e de onde de sai o cabo Ethernet para cada medidor<br />

Coriolis da mesma forma como o cabo é conectado<br />

ao controlador em EthernNet/IP e aos computadores<br />

clientes. Por fim o anel está conectado a um switch<br />

remoto (extreme black diamond 8810) através de uma<br />

rede Ethernet em fibra óptica.<br />

A mesma rede em que está trafegando o EtherNet/IP<br />

está conectado aos computadores que estão trafegando<br />

o Ethernet TCP/IP, e por isso qualquer computador da<br />

rede pode diretamente acessar os medidores, bastando<br />

apenas conhecer o endereço IP do medidor. A rede<br />

começou com 16 medidores de vazão, e visto sucesso<br />

de primeira fase foi expandida, com atual plano já está<br />

atingindo 33 medidores Coriolis ao longo do processo<br />

de produção de matéria prima.<br />

Figura 5 – Topologia adotada para instalação dos medidores de vazão<br />

Coriolis direto ao anel de rede Ethernet.<br />

Tabela 2 – Lista de hardware utilizado.<br />

Switches Advantech, EKI-7657C, EKI-7656C, EKI-7654C,<br />

EKI-7659C, gerenciáveis.<br />

Controlador Rockwell, Control Logix L72 e L61.<br />

Coriolis Endress+Hauser Promass 83F.<br />

InTech 140 35


case ETHERNET IP<br />

Foto: André Nadais/ Endress+Hauser.<br />

Figura 6 – Medidores de vazão Coriolis em Ethernet/IP junto à equipe<br />

que participou da implementação do projeto.<br />

Figura 7 – Sistema de controle recebe<br />

o cabo de rede direto de um switch.<br />

CONCLUSÃO<br />

A busca por uma padronização de protocolos de<br />

redes industriais já começou e isso já chegou ao<br />

nível de instrumentação, a solução adotada pela<br />

Química Amparo para comunicação com medidores<br />

multivariáveis através de uma rede EtherNet/IP é um<br />

exemplo disso. A integração direta a um sistema<br />

que possui Ethernet nativo permitiu uma instalação<br />

transparente, sem a necessidade de conversores<br />

intermediários, com um menor custo de projeto<br />

e menor tempo de integração. O próximo passo<br />

virá com o surgimento de novos dispositivo em<br />

Ethernet, permitindo a instalação de toda uma rede<br />

com o mesmo protocolo.<br />

36 InTech 140<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

[1] AutomationToday – América Latina –<br />

Abril/2011, ano 12, Nº32.<br />

[2] Ethernet Empowers Fieldbus –<br />

Fieldbus are adapting Ethernet<br />

to increase performance,<br />

cut costs by Craig McIntyre.<br />

Publicado na revista InTech em março de 2010.<br />

[3] <strong>REDES</strong> ETHERNET INDUSTRAIS: VISÃO GERAL.<br />

LUGLI, Alexandre – SANTOS,<br />

Max Mauro Dias – FRANCO,<br />

Lucia R. H. Rodrigues.<br />

[4] Network Infrastructure for EtherNet/IP:<br />

Introduction and considerations ODVA.<br />

[5] http://www.ype.ind.br<br />

Química Amparo, Ypê,<br />

acessado em 30/11/2011.<br />

[6] Endress+Hauser Proline Promass 83 -<br />

Data transmission via EtherNet/IP<br />

Connection to an EtherNet/IP network<br />

and integration into a control system -<br />

SD138D/06/en/01.10.


artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

<strong>COMISSIONAMENTO</strong> <strong>EM</strong> SIST<strong>EM</strong>AS<br />

E DISPOSITIVOS INTERLIGADOS<br />

VIA <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />

Fernando da Silva Mota Junior (fernando.mota@six.com.br), Supervisor de Automação;<br />

Rafael Pacheco Oliveira (rafael.pacheco@six.com.br), Técnico de Automação; e<br />

Thiago Machado Pinto Napolitano (thiago.napolitano@six.com.br), Engenheiro de Automação;<br />

todos da Six Automação S.A.<br />

1 – INTRODUÇÃO<br />

A constante evolução das indústrias e de suas necessidades<br />

de melhora da eficiência operacional (diagnósticos em tempo<br />

real, integração entre sistemas, facilidade na instalação<br />

e manutenção, redução de custos, etc.) tem levado ao<br />

investimento e utilização cada vez maior de dispositivos<br />

inteligentes, em paralelo ou mesmo em substituição em alguns<br />

casos aos padrões convencionais como o 4-20mA. A partir disto,<br />

entraram em evidência as redes de comunicação inteligentes,<br />

utilizadas para interligar e disponibilizar todos os sinais de<br />

processo oriundos destes dispositivos em um mesmo meio físico.<br />

A utilização das redes industriais engloba de uma maneira<br />

geral a integração entre dispositivos, haja vista que a<br />

interoperabilidade, devido à diversidade de fabricantes, se<br />

torna necessária em uma unidade industrial.<br />

Todos os sistemas precisam ser entregues ao cliente final pela<br />

empresa de montagem e instalação de forma organizada<br />

e segura, garantindo que o mesmo fique operacional em<br />

termos de desempenho, confiança e rastreabilidade das<br />

informações de acordo com o projetado, o que é chamado<br />

de comissionamento. O objetivo deste artigo é apresentar<br />

as etapas e particularidades do comissionamento das redes<br />

industriais, focando a análise do projeto, montagem e<br />

certificação das redes de comunicação nos empreendimentos<br />

industriais, a fim de que se tenha uma maior confiabilidade<br />

no sistema, redução do retrabalho e uma otimização do<br />

prazo de execução [2].<br />

2 – ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE PROJETO<br />

A primeira etapa a ser considerada pela equipe de<br />

comissionamento de redes é a análise crítica dos documentos<br />

do projeto. Esta análise tem o objetivo de identificar desvios<br />

antecipadamente, de forma a diminuir o retrabalho no<br />

campo e o tempo final do comissionamento.<br />

Estão listados a seguir alguns dos principais documentos a<br />

serem analisados:<br />

• Arquitetura de automação: Deve ser bem detalhada,<br />

mostrando claramente os tipos de rede (protocolos),<br />

meio físico (fibra óptica, par trançado, etc.) e o<br />

encaminhamento da rede entre o campo e o ambiente de<br />

operação, preocupando-se em identificar a localização de<br />

todos os painéis e equipamentos na unidade.<br />

• Diagramas de malhas: Precisa ilustrar a malha completa<br />

entre o instrumento e a IHM (Interface Homem Máquina),<br />

a identificação de todos os conectores e painéis e também<br />

suas funções, indicadores e alarmes tanto no campo<br />

quanto na IHM.<br />

• Mapa de memória: Deve possuir uma tabela contendo<br />

todas as informações que serão disponibilizadas pela rede. A<br />

importância destes mapas aparece no momento de integrar<br />

os dispositivos de campo com os sistemas de controle.<br />

• Esquema elétrico: Analisar o arranjo dos equipamentos<br />

no painel de forma a evitar que cabos de rede estejam<br />

próximos a equipamentos elétricos ou no mesmo<br />

InTech 140 37


artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

encaminhamento que cabos elétricos. Essa prática<br />

diminui o risco de ruídos na rede.<br />

• Detalhes típicos: Qualquer erro não observado neste<br />

documento pode gerar falhas na montagem, levando<br />

muito tempo para detectá-los e corrigi-los.<br />

É de extrema importância, durante a análise da documentação,<br />

verificar se a cronologia da partida dos sistemas, unidades e<br />

equipamentos foram levadas em conta na distribuição dos<br />

dispositivos e segmentos nas redes. Esta análise visa evitar que<br />

equipamentos e dispositivos que façam parte de processos<br />

e momentos de partida distintos estejam em um mesmo<br />

segmento de rede, o que pode causar um grande problema<br />

para a equipe de montagem, pois para a certificação da rede é<br />

necessário que a mesma esteja completa.<br />

3 – OS IMPACTOS DA ESCOLHA<br />

DOS DISPOSITIVOS E COMPONENTES<br />

O desempenho de uma rede industrial pode ser afetado por<br />

diversos fatores e um deles não muito abordado é a qualidade<br />

dos componentes utilizados na rede. Alguns componentes são<br />

de extrema importância para a rede e devem ser escolhidos<br />

com um maior critério, de forma a evitar complicações<br />

na etapa de certificação e teste de malha. Entre estes<br />

componentes estão conectores, cabos, repetidores, caixas de<br />

junção, terminadores, protetores anti-surge, etc.<br />

Os componentes devem ter como características básicas:<br />

facilidade de instalação, durabilidade, robustez e<br />

principalmente ser homologados para a rede em questão.<br />

A economia feita com a aquisição de dispositivos mais<br />

baratos pode vir a gerar não conformidades, causando<br />

pontos de falha na rede onde a solução geralmente é<br />

a troca de todos os componentes identificados como<br />

não adequados. A troca destes componentes demanda<br />

tempo e custos adicionais ao previsto causando impactos<br />

consideráveis ao andamento do comissionamento e<br />

consequentemente do empreendimento.<br />

4 – ASPECTOS QUE DEV<strong>EM</strong> SER CONSIDERADOS<br />

DURANTE A INSTALAÇÃO<br />

DAS <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />

Este tópico foca as boas práticas de instalação e interligação<br />

dos dispositivos de rede. Estes dispositivos ou devices podem<br />

ser válvulas de controle, SDCDs, Controladores Lógico<br />

Programáveis, transmissores, entre muitos outros.<br />

38 InTech 140<br />

O conceito básico de rede industrial prevê a interconexão ou<br />

interligação de dispositivos que precisam necessariamente<br />

trocar dados ou informações. Para tal “conversa” entre<br />

dispositivos é necessário que todos entendam o mesmo<br />

“idioma”, o que conhecemos por protocolo de comunicação.<br />

Cada rede industrial adota um protocolo específico, e para<br />

que o tráfego de dados ocorra perfeitamente se faz necessário<br />

que o meio físico esteja de acordo com o tipo de rede adotado.<br />

Deve-se fazer um estudo aprofundado sobre as redes utilizadas<br />

no projeto antes de começar os trabalhos de montagem e<br />

instalação. Os principais itens quando se trata de instalação das<br />

redes industriais de uma forma geral são:<br />

• Enlaces Físicos;<br />

• Interligação do cabeamento específico;<br />

• Encaminhamento dos Cabos;<br />

• Arranjo dos cabos;<br />

• Conectores e Prensa Cabos;<br />

• Aterramento.<br />

A norma que trata do meio físico das redes de campo e que<br />

certamente deve ser usada como fonte de consulta para a<br />

instalação e montagem é a norma “IEC 61158-2: Fieldbus<br />

Standard for use in industrial control systems – Part 2:<br />

Physical Layer”.<br />

Um dos fatores que mais influencia no atraso do<br />

comissionamento, por conta do retrabalho causado, é<br />

justamente a instalação feita de forma incorreta. Por muitas<br />

vezes o que está instalado em campo não condiz com o<br />

projetado ou foi efetuado de forma inadequada, podendo gerar<br />

o desbalanceamento da rede e ruídos no sinal de comunicação.<br />

Estes detalhes na análise da instalação da rede, quando não<br />

efetuados de forma criteriosa, podem ter como consequência<br />

um mau funcionamento. Este funcionamento inadequado<br />

pode ser detectado durante a fase de testes ou, o que seria<br />

pior, após o sistema entrar em operação.<br />

A capacitação dos profissionais responsáveis pela montagem<br />

e instalação das redes industriais diminui consideravelmente<br />

os erros encontrados durante a certificação e teste de malha.<br />

A seguir cada parte do processo de instalação e montagem<br />

será tratada separadamente mostrando como evitar o<br />

temido retrabalho e os problemas de comunicação nas redes<br />

industriais inteligentes.


4.1 – Enlaces físicos<br />

A redução do custo de instalação como um todo foi um dos<br />

fatores que influenciaram os investimentos em redes industriais<br />

inteligentes. Desta forma, escolhas e ações equivocadas<br />

durante o processo de montagem e instalação acarretam em<br />

um custo extra, o que faz com que a economia obtida pela<br />

utilização das redes seja reduzida ou até mesmo perdida.<br />

Quando se tem definida a rede a ser utilizada em uma<br />

determinada arquitetura tem de se levar em consideração qual<br />

o melhor enlace físico (meio de transmissão) a ser utilizado<br />

para a interligação entre os dispositivos. As particularidades<br />

dos cabos de rede (coaxial, par trançado, fibra óptica, entre<br />

outros) vão desde suas características construtivas (espessura,<br />

blindagem, rigidez, cobertura de proteção) até a sua cor.<br />

Todos esses aspectos precisam ser observados tanto na fase<br />

de projeto quanto na de montagem.<br />

Em alguns casos extremos são adquiridos e instalados cabos que<br />

não condizem com o tipo de rede utilizado, como por exemplo,<br />

a utilização de cabos para Profibus DP em uma rede Foundation<br />

Fieldbus H1. Essas discrepâncias interferem consideravelmente<br />

no comissionamento, uma vez que teriam que ser tomadas<br />

medidas para reparar essas divergências e, portanto, causando<br />

atraso em todas as etapas posteriores a montagem.<br />

As tabelas 1 e 2 a seguir ilustram as características físicas dos<br />

cabos de algumas das redes comumente utilizadas.<br />

Tabela 1 – Características dos tipos de cabos utilizados em Foundation<br />

Fieldbus H1 [7].<br />

Tabela 2 – Características do cabo tipo A utilizado em Profibus DP [8].<br />

<strong>COMISSIONAMENTO</strong> artigo<br />

4.2 – Interligações do cabeamento específico<br />

As interligações dos cabos de rede nos conectores e borneiras<br />

dos dispositivos e equipamentos da rede precisam ser<br />

inspecionadas com rigor. Muitos problemas na comunicação<br />

são gerados por ligações mal feitas nos bornes, condutores<br />

rígidos quebrados nas extremidades de ligação, inversão de<br />

polaridade, entre outros problemas.<br />

Algumas redes industriais como Modbus RTU, Foundation<br />

Fieldbus, Profibus DP/PA, entre outras, exigem que sejam<br />

instalados terminadores de rede. Os terminadores devem<br />

ser inseridos no início e no final de cada segmento de rede,<br />

porém alguns fatores podem fazer com que seja necessário<br />

utilizá-los no meio da rede, como ocorre quando se tem<br />

repetidores, onde os terminadores devem ser adicionados na<br />

entrada e na saída dos mesmos.<br />

Podemos citar como boa prática no processo de interligação<br />

dos cabos que se evitem terminais na conexão dos cabos aos<br />

bornes, pois os mesmos são considerados “pontos de falhas”<br />

na rede e na maioria dos casos são desnecessários do ponto<br />

de vista técnico. Um exemplo claro de problemas gerados<br />

pelo uso de terminais seria a trepidação de equipamentos<br />

que poderia fazer com que estes, se mal “crimpados” ao<br />

cabo, perdessem o contato com o borne e terminasse na<br />

perda da comunicação.<br />

4.3 – Encaminhamentos dos cabos<br />

As bandejas com o cabeamento de rede devem ser montadas<br />

a uma distância mínima de bandejas e/ou cabos de comando<br />

e de energia. Esta distância, de acordo com a norma IEC<br />

61000-5-2 segue ilustrada na Figura 1.<br />

Figura 1 – Distância mínima entre encaminhamentos de cabos<br />

conforme IEC 61000-5-2.<br />

InTech 140 39


artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

Cabos Classe 1 – Cabos sensíveis e de sinais cabos de rede,<br />

cabos blindados para dados digitais, cabos blindados para sinais<br />

digitais ou analógicos de baixa tensão (≤ 25V), cabos de energia<br />

de baixa tensão (AC ≤ 25V ou DC ≤ 60V) e cabos de sinal coaxiais.<br />

Cabos Classe 2 – Cabos de média tensão cabos de energia<br />

DC > 60V e ≤ 400V, cabos de energia AC > 25V e ≤ 400V.<br />

Cabos Classe 3 – Fontes de interferência de alta tensão<br />

cabos de energia DC ou AC > 400V, cabos com altas<br />

correntes elétricas, cabos de motores, drivers e inversores,<br />

cabos telefônicos (podem ter transientes de > 2000V).<br />

Cabos Classe 4 – Qualquer cabo com risco de descargas<br />

atmosféricas cabos externos, entre prédios.<br />

Nota: No caso dos cabos que passam por eletrodutos não se<br />

faz necessário essa regra de distanciamento, apenas é preciso<br />

garantir o aterramento dos mesmos.<br />

4.4 – Arranjo dos cabos<br />

Quando é feita a conexão do cabo, principalmente<br />

em instrumentos instalados em ambientes externos,<br />

é necessário deixar uma “folga” após a saída do<br />

eletroduto a fim de permitir que possa ser feita uma<br />

curvatura com formato hiperbólico. Esta curvatura<br />

visa impedir a entrada de líquidos no interior dos<br />

instrumentos através dos prensa-cabos, além de<br />

minimizar a entrada de líquidos no interior dos<br />

eletrodutos. Em muitos casos este descuido acaba<br />

fazendo com que ocorra a corrosão dos contatos e<br />

conexões nos circuitos internos aos equipamentos<br />

influenciando negativamente na qualidade do sinal de<br />

comunicação ao longo da sua vida útil.<br />

É considerada uma boa prática de instalação que os<br />

cabos sejam ligados diretamente aos dispositivos de<br />

rede, não se esquecendo da “folga” mencionada<br />

anteriormente, evitando sobras desnecessárias de<br />

cabo ou até cabos enrolados em forma de bobina, o<br />

que alteraria seus valores de capacitância e indutância<br />

prejudicando a comunicação. Curvas muito acentuadas<br />

nos cabos de rede não devem ser feitas, conforme<br />

exemplificado na Figura 2, onde a direita, apesar do<br />

arranjo estar aparentemente mais organizado, os<br />

condutores do cabo Profibus DP estão com algumas<br />

curvaturas forçadas pelas abraçadeiras.<br />

40 InTech 140<br />

Figura 2 – Exemplos de arranjo em uma caixa de repetição.<br />

Se os cabos forem ligados sem que se tenham seguidas<br />

as recomendações supracitadas, os mesmos deverão<br />

ser lançados novamente e, dependendo da distância e<br />

quantidade de cabos a ser relançado, o retrabalho, além do<br />

custo, será considerável.<br />

A Figura 3, à esquerda, ilustra a instalação feita de forma<br />

correta de um transmissor em uma rede Foundation Fieldbus<br />

e a direita um arranjo incorreto, cabo enrolado em forma de<br />

bobina, na entrada de um repetidor em uma rede Profibus DP.<br />

Figura 3 – Exemplos de instalação.<br />

Fibras ópticas são muito sensíveis à tração mecânica, por este<br />

motivo é preciso uma cautela ainda maior no lançamento e<br />

acondicionamento das mesmas.<br />

4.5 – Conectores e prensa-cabos<br />

As falhas ocasionadas pela má conexão dos cabos de rede são muito<br />

comuns. Cada tipo de rede tem uma gama de conectores diferentes,<br />

e sua correta montagem é de suma importância. Os profissionais<br />

responsáveis pela montagem dos conectores devem ser preparados<br />

para efetuar a atividade, sendo informados do impacto que será<br />

causado na rede caso a montagem seja feita de forma equivocada.


Figura 4 – Exemplos de conectores.<br />

Alguns conectores possuem um esquemático de montagem<br />

que, por muitas vezes, são ignorados ou mal interpretados<br />

pelos profissionais responsáveis pela sua montagem, fazendo<br />

com que os condutores sejam ligados em posições erradas e,<br />

consequentemente, o instrumento ou o dispositivo não se<br />

comunique com a rede.<br />

Como exemplo, vemos que em conectores de montagem<br />

mais simples como o RJ45, muito utilizado em redes Modbus<br />

TCP e Ethernet, é comum encontrar falhas, uma vez que,<br />

quando “crimpados”, alguns fios podem estar trocados.<br />

Nas redes industriais montadas em áreas classificadas com<br />

riscos de explosão, é comum ver conectores mais robustos,<br />

específicos para este tipo de atmosfera, acoplando os<br />

cabos aos dispositivos, evitando assim que haja risco de<br />

centelhamento quando um cabo é desconectado de algum<br />

instrumento ou dispositivo energizado. Porém, apesar de<br />

serem bastante eficazes, estes conectores possuem uma<br />

montagem mais elaborada, aumentando as chances de que<br />

sejam cometidos erros. Desta forma, cada conector montado<br />

deve ser testado e somente liberado para a conexão após<br />

aprovação do mesmo.<br />

As falhas nos conectores na maioria dos casos são detectadas<br />

na fase de certificação. Caso a falha seja detectada,<br />

dependendo do número de conectores a ser reparados,<br />

poderia afetar consideravelmente os prazos.<br />

Prensa-cabos também são bastante utilizados na<br />

instrumentação. Sua principal função é vedar possíveis<br />

entradas de líquidos e gases nos dispositivos. Há casos em<br />

que o instrumento tem mais de uma entrada para cabos, mas<br />

apenas uma é utilizada, nestes casos uma tampa de vedação<br />

é recomendável para que não haja infiltração de fluidos no<br />

mesmo. Quando a topologia faz uso de caixas de junção<br />

(como por exemplo, nas topologias em árvore), normalmente<br />

algumas entradas destas são para instrumentos reservas<br />

<strong>COMISSIONAMENTO</strong> artigo<br />

ou futuros. Nestes casos é necessário utilizar as tampas de<br />

vedação nestas conexões “vazias”. Um erro comum nestes<br />

casos é a utilização de tampas plásticas que vem apenas<br />

encaixada nas furações do instrumento.<br />

O importante é sempre proteger os circuitos e conexões dos<br />

dispositivos, garantindo a integridade destes e da comunicação.<br />

4.6 – Aterramento<br />

O aterramento dos painéis, dispositivos, instrumentos e<br />

calhas evita que ruídos perturbem a rede e ponham em risco<br />

a comunicação.<br />

Basicamente, devemos separar o aterramento sob dois aspectos:<br />

aterramento das carcaças (terra geral) e aterramento do sistema<br />

eletrônico ou de comunicação (terra de instrumentação). Ambos<br />

os aterramentos devem estar interligados, resultando assim em<br />

sistemas equipotenciais para proteção humana.<br />

É recomendável que as carcaças dos equipamentos dos<br />

painéis estejam interligadas a uma barra de cobre própria<br />

para estas características e o shield (blindagem) dos cabos de<br />

comunicação esteja interligado a uma barra isolada da carcaça.<br />

A Figura 5 ilustra uma barra de cobre isolada com conexão<br />

à malha de terra e, os cabos dos aterramentos oriundos do<br />

sistema de comunicação ligados a esta. Note que o parafuso<br />

do suporte da barra não pode transpassar a carcaça do painel.<br />

Figura 5 – Barra de aterramento do sistema de comunicação.<br />

O aterramento da carcaça dos instrumentos e dispositivos<br />

de campo (caixas de junção, conversores de meio físico,<br />

repetidores, entre outros) deve ser feito individualmente, ou<br />

seja, não é recomendável que apenas um cabo interligue<br />

em série todas as carcaças num só barramento e este à<br />

malha de terra geral. Por motivos óbvios, se este cabo se<br />

romper em algum trecho, o aterramento de um conjunto de<br />

instrumentos ou dispositivos perderia sua função.<br />

InTech 140 41


artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

A Figura 6 ilustra a interligação individual na barra de<br />

aterramento das carcaças das caixas de junção em uma rede<br />

FF feito da maneira citada acima.<br />

Figura 6 – Detalhes do aterramento feito de forma correta numa rede FF.<br />

O aterramento mal feito não significa que a comunicação<br />

não irá acorrer, porém, caso haja uma interferência na rede,<br />

esta poderá ser propagada provocando intermitências na<br />

comunicação e danos na troca de dados entre os dispositivos.<br />

A blindagem dos cabos de algumas redes industriais é<br />

aterrada apenas em uma das extremidades e isolada na<br />

outra. Cabe aos profissionais de montagem conhecer as<br />

especificações e recomendações do tipo de rede definida<br />

pelo projeto e realizar as interligações de maneira a evitar<br />

distúrbios na rede.<br />

5 – CONFIGURAÇÕES DE DISPOSITIVOS DE REDE<br />

Para a comunicação acontecer conforme o esperado<br />

os dispositivos da rede precisam estar corretamente<br />

configurados. Como exemplos de dispositivos configuráveis,<br />

temos: gateways, firewalls, switches, transmissores, válvulas,<br />

controladores, IHMs, entre muitos outros. Analisando os<br />

parâmetros a serem configurados nestes dispositivos, de<br />

forma geral, podemos citar:<br />

• Endereçamento;<br />

• “Range” dos transmissores (escala de sinal e de engenharia);<br />

• Unidade de Engenharia;<br />

• Redundância;<br />

• TAG do dispositivo;<br />

• Lógica e Controle;<br />

• Níveis e Set-points de Alarmes;<br />

• Parâmetros de comunicação.<br />

Seguindo documentos como mapa de memória, diagrama<br />

lógico, folha de dados, especificações técnicas, lista de<br />

pontos e ajustes e fluxogramas de engenharia evitamos<br />

42 InTech 140<br />

erros na configuração, principalmente entre dispositivos<br />

que tenham de ser integrados, onde qualquer erro nos<br />

parâmetros fundamentais inviabiliza a comunicação.<br />

Dispositivos no mesmo segmento de rede configurado com<br />

velocidades diferentes é um exemplo de erro comumente<br />

encontrado no comissionamento de redes industriais.<br />

Vale frisar que em redes como Profibus DP/PA e Foundation<br />

Fieldbus são necessários arquivos de configuração para que<br />

haja a comunicação entre os dispositivos. Estes arquivos<br />

são encontrados nos sites dos fabricantes e respectivas<br />

fundações, e são próprios para cada tipo de protocolo (como<br />

por exemplo, arquivos GSD em redes Profibus DP).<br />

Há erros que não causariam falha na comunicação,<br />

envolvendo apenas a interpretação dos sinais e<br />

visualização no sistema supervisório (ou IHM), como por<br />

exemplo, a “rangeabilização” dos instrumentos, erros no<br />

“tagueamento”, unidades de engenharia e todos os outros<br />

fatores com estas características. Estes erros afetam os testes,<br />

uma vez que demanda tempo para a correção dos mesmos.<br />

Com todos os dispositivos instalados e configurados<br />

corretamente, o comissionamento transcorreria de forma<br />

rápida, encaminhando-se assim para sua parte final.<br />

6 – CERTIFICAÇÕES DE <strong>REDES</strong><br />

A certificação das redes industriais tem um papel<br />

fundamental. Nesta etapa a rede é analisada e testada de<br />

acordo com os padrões definidos para cada protocolo.<br />

Todas as etapas de análise da certificação devem ser<br />

documentadas, visando tornar rastreáveis as informações<br />

da rede analisada. Nestes relatórios gerados constam itens<br />

fundamentais para o funcionamento da rede em questão,<br />

aprovando ou reprovando a mesma.<br />

A maioria dos problemas pós-partida estão concentrados<br />

nas conexões no campo, ou seja, cabos escolhidos<br />

de maneira errada, conexões de baixa qualidade,<br />

entrada de água, aterramento inadequado dos shields,<br />

encaminhamento dos cabos, etc.<br />

Para minimizar estes problemas é importante avaliar se<br />

a camada física está em conformidade com as normas<br />

apropriadas, conforme citado no item 4 deste artigo. Desta<br />

forma, surge a necessidade de estabelecer procedimentos<br />

para algumas etapas de testes, conforme tópicos a seguir:


6.1 – Inspeções de armazenagem de materiais e equipamentos<br />

Devem-se verificar as condições de armazenamento dos<br />

instrumentos, bobinas de cabos, painéis, enfim, de todos os<br />

materiais, equipamentos e instrumentos que farão parte do<br />

sistema de comunicação.<br />

Os materiais e equipamentos devem ser armazenados de forma<br />

a evitar a degradação dos mesmos, algumas empresas possuem<br />

normas específicas para este fim, podemos citar como exemplo<br />

a norma Petrobras “N-858 Rev. C – Construção, Montagem e<br />

Condicionamento de Instrumentação”.<br />

Uma destas recomendações é que os instrumentos<br />

(transmissores, analisadores, etc.) devem ser acondicionados<br />

em locais climatizados, preferencialmente em estantes, e<br />

citamos também as bobinas de cabos, que podem ficar em<br />

área aberta, desde que estejam cobertas por lonas plásticas e<br />

as pontas dos cabos estejam vedadas.<br />

6.2 – Inspeção da montagem<br />

Algumas condições geradoras de falhas podem ser detectadas<br />

através de uma simples inspeção visual da instalação. Nesta<br />

etapa, verificamos se todos os tópicos abordados no item 4<br />

deste artigo foram respeitados, e ainda verificar:<br />

• Se o comprimento total do segmento de rede está<br />

compatível com o tipo de rede analisado;<br />

• Se a terminação de rede está correta;<br />

• Se a identificação de todos os componentes (cabos,<br />

instrumentos, etc.) da rede está correta.<br />

O acompanhamento da montagem por uma equipe<br />

especializada em redes industriais evita problemas como os<br />

citados anteriormente e o retrabalho.<br />

6.3 – Testes Estáticos<br />

Os testes estáticos são os realizados no cabeamento antes da<br />

energização do sistema. São efetuadas medições nos trechos<br />

de cabos da rede analisada, avaliando se os valores medidos<br />

estão em conformidade com os esperados pela norma<br />

referente a cada protocolo.<br />

Cada rede possui um relatório com os valores de referência<br />

específicos para tornar clara a apresentação dos resultados. Como<br />

precisamos medir algumas grandezas elétricas se faz necessária a<br />

utilização de multímetros, capacímetros e megohmetros.<br />

6.4 – Testes Dinâmicos<br />

<strong>COMISSIONAMENTO</strong> artigo<br />

Após a conclusão dos testes estáticos o sistema deve ser<br />

energizado para a verificação dos níveis de tensão entre os<br />

condutores e os parâmetros de comunicação. A utilização de<br />

um osciloscópio digital e de analisadores de rede é essencial<br />

para o resultado final dos ensaios realizados.<br />

Devem-se efetuar medições com o auxílio de um osciloscópio<br />

que, com base na comparação com os valores padrão, indica<br />

quais parâmetros estão de acordo com o esperado. Cada<br />

um dos parâmetros é apresentado com o valor atual e com<br />

o valor mínimo e máximo obtidos num dado intervalo de<br />

tempo. Os valores de referência também são apresentados<br />

para que o usuário possa confirmar o comportamento do<br />

sistema, assim como a forma de onda do sinal. Os parâmetros<br />

testados incluem a amplitude do sinal, tensão de polarização,<br />

tempos de subida e descida, distorção de fase, distorção do<br />

sinal, jitter e níveis de ruído.<br />

Com os analisadores de rede podemos efetuar várias<br />

análises na comunicação, verificando se alguma anomalia é<br />

apresentada. São encontrados analisadores para cada tipo<br />

de rede, cada qual com funcionalidades distintas, o que<br />

pode levar a uma necessidade de adquirir mais de um tipo de<br />

analisador para ter todos os diagnósticos desejados.<br />

Os analisadores, de uma forma geral, devem ser interligados<br />

a rede a ser analisada em paralelo e sem causar interferências<br />

na mesma. A forma com que os dados são disponibilizados<br />

pode ser direta, utilizando o analisador conectado a um<br />

computador, com as informações sendo mostradas on-line<br />

ou podem ser armazenadas no analisador e descarregadas<br />

posteriormente em um computador.<br />

A seguir estão listadas características de alguns analisadores.<br />

Analisadores de redes Profibus: Verificação da velocidade<br />

de comunicação (baud rate), qualidade do sinal em cada nó<br />

(dispositivo), falta de terminação, identificação da topologia,<br />

visualização on-line do tempo de ciclo do barramento e<br />

valor do último ciclo executado, indicação detalhada das<br />

configurações, diagnósticos e estatísticas de comunicação<br />

em cada slave (escravo), função de osciloscópio com<br />

memória onde são mostradas as formas de onda em cada nó,<br />

simulação de master (mestre), etc.<br />

Analisadores de redes Fieldbus: Medição do nível<br />

de sinal, nível de ruído, jitter, verificação de inversão de<br />

polaridade, terminação, estatística de erros de comunicação<br />

InTech 140 43


artigo <strong>COMISSIONAMENTO</strong><br />

por segmento, verificação do desbalanceamento dos<br />

segmentos, análise da ressonância, forma de onda (função de<br />

osciloscópio integrada), etc.<br />

Uma característica interessante destes analisadores é a<br />

geração de relatórios que contém a avaliação da rede<br />

analisada utilizando-se como referência as características das<br />

normas regulamentadoras para a rede em questão, tornando<br />

o resultado da análise bastante confiável e didático.<br />

7 – TESTE DE MALHA<br />

O teste de malha (loop test) é a etapa onde testamos<br />

todos os instrumentos, equipamentos e dispositivos<br />

pertencentes a uma mesma malha, simulando uma situação<br />

real de comando e controle. Esta é a última etapa no<br />

comissionamento em redes industriais, por este motivo, deve<br />

ser executado com toda atenção para que nenhum desvio<br />

passe despercebido.<br />

Se os tópicos abordados anteriormente neste artigo forem<br />

seguidos, provavelmente teremos um teste de malhas sem<br />

contratempos, porém, ainda podemos encontrar falhas na<br />

rede antes da entrega do sistema para o cliente.<br />

Uma das principais causas de problemas no teste de malha<br />

é quando são feitas alterações no sistema ou instrumentos<br />

após a certificação da rede, colocando em dúvida a<br />

confiabilidade da mesma. Caso seja detectado que o motivo<br />

da falha foi alteração no sistema, a rede ou o segmento<br />

deverá ser novamente certificado, o que causará atrasos e<br />

custos não previstos.<br />

8 – CONCLUSÕES<br />

Vimos que o comissionamento de um sistema interligado<br />

por redes industriais requer vários cuidados e que várias<br />

etapas devem ser seguidas objetivando uma transferência<br />

sem surpresas para o cliente. Porém se todas estas etapas<br />

seguirem as boas práticas o comissionamento terá um ganho<br />

em termos de prazo e custo se comparados aos sistemas<br />

tradicionais (4-20mA).<br />

Como mencionado repetidamente, a capacitação dos<br />

profissionais envolvidos na montagem, instalação,<br />

certificação e testes das redes é um fator bastante relevante e<br />

que, se bem realizada e compreendida pela equipe, fará com<br />

que o comissionamento transcorra sem grandes desvios. Uma<br />

44 InTech 140<br />

equipe especializada em redes industriais se faz necessária<br />

para acompanhar o comissionamento, de forma a orientar e<br />

tomar decisões que agreguem as várias disciplinas envolvidas<br />

com o objetivo único de realizar todas as atividades com o<br />

menor custo e prazo possível.<br />

Enfim, a certificação das redes tem por objetivo concatenar<br />

todas as etapas descritas neste artigo, garantindo que o<br />

sistema esteja projetado, instalado e liberado para operar<br />

de acordo com as evidências verificadas durante todo o<br />

processo, tomando as respectivas normas como referência.<br />

Entendemos também que para o sucesso desta certificação<br />

deve-se investir em bons equipamentos de diagnóstico.<br />

9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

[1] ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; ALEXANDRIA,<br />

Auzuir Ripardo de. <strong>REDES</strong> <strong>INDUSTRIAIS</strong> – Aplicações em<br />

Sistemas Digitais de Controle Distribuído – 2ª Edição – Ensino<br />

Profissional Editora, 2009.<br />

[2] Comissionamento. O comissionamento durante as fases de<br />

construção de um empreendimento complexo. Disponível em:<br />

http://www.labceo.com.br/eep276/newsletter/6edicao.pdf.<br />

Acesso em 08/01/2012.<br />

[3] IEC – International Eletrotechnical Commision.<br />

IEC 61000-5-2: Electromagnetic compatibility (<strong>EM</strong>C) - Part 5:<br />

Installation and mitigation guidelines - Section 2:<br />

Earthing and cabling.<br />

[4] IEC – International Eletrotechnical Commision.<br />

IEC 61158-2: Fieldbus Standard for use in industrial control<br />

systems – Part 2: Physical Layer.<br />

[5] PEREIRA, Augusto. Como eliminar a fonte responsável por<br />

94% dos problemas em projetos com protocolos digitais.<br />

Disponível em: http://augusto1952.blogspot.com/.<br />

Acesso em 08/01/2012.<br />

[6] PI - PROFIBUS & PROFINET International.<br />

Profibus Installation Guideline.<br />

Disponível em: http://www.profibus.com/nc/downloads/<br />

downloads/profibus-installation-guideline/download/35/.<br />

Acesso em 09/01/2012.<br />

[7] FOUNDATION Fieldbus. Manual dos Procedimentos de<br />

Instalação, Operação e Manutenção. Disponível em:<br />

http://www.smar.com/PDFs/manuals/GERAL-FFMP.pdf.<br />

Acesso em 11/01/2012.<br />

[8] Profibus DP. A Rede Profibus DP. Disponível em:<br />

http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/440.<br />

Acesso em 25/01/2012.


artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

NOVIDADES NA MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

<strong>EM</strong> CANAIS ABERTOS<br />

Gérard Delmée (g.delmee@ajato.com.br), consultor.<br />

A medição de vazão tem origem histórica na necessidade<br />

de distribuir e cobrar a água consumida nas cidades. A<br />

água foi, por séculos, o objeto principal único dos estudos<br />

medição de vazão. Os estudos de Bernoulli trouxeram uma<br />

contribuição fundamental a respeito: acelerar localmente<br />

a velocidade da água, provocando assim uma pressão<br />

diferencial que é uma função da vazão.<br />

A ideia, inicialmente aproveitada para medição em conduto<br />

forçado, como no tubo de Venturi, foi também aplicada à<br />

medição em canais abertos. Surgiram então os vertedores e as<br />

calhas, que também aceleram localmente a passagem da água,<br />

o que provoca um aumento de nível a montante. Esta diferença<br />

de níveis entre montante h e jusante h , o equivalente da<br />

a b<br />

pressão diferencial de Venturi, é uma função da vazão da água.<br />

Métodos tradicionais.<br />

Os métodos tradicionais incluem os vertedores e as calhas.<br />

Os vertedores de soleira delgada, como mostrados na Figura<br />

1, podem ser de vários tipos:<br />

A – com entalhe (Poncellet), de largura b menor que a largura<br />

B do canal, chamados “de contração lateral”.<br />

B – com entalhe (Bazin), de largura plena, sendo b = B.<br />

C – de entalhe triangular, com ângulo a de 60° ou 90° (Thomson).<br />

D – de entalhe Cipolletti, trapezoidal.<br />

E – de entalhe Sutro, hiperbólico, visando uma relação linear<br />

entre o nível e a vazão.<br />

Figura 1 – Vertedores de soleira delgada.<br />

A cada tipo de entalhe corresponde uma modelo de equação<br />

que permite calcular a vazão da água em função do nível<br />

medido a montante do vertedor. Existem transmissores de vazão<br />

que podem ser configurados de acordo com o tipo de vertedor.<br />

Os vertedores de soleira espessa representados na Figura<br />

2 podem ser de soleira arredondada (A), larga (B) ou tipo<br />

Crump (C). São usados para estudos hidrológicos.<br />

Figura 2 – Vertedores de soleira espessa.<br />

InTech 140 45


artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

As calhas são de vários tipos, Parshall, tipo H, Palmer-Bowlus,<br />

Leopold Lagco, trapezoidal, Cutthroat, RBC, Montana, e<br />

incluem os bocais parabólicos e Kennison.<br />

A mais empregada no Brasil é a calha Parshall que pode ser<br />

utilizada, em 22 tamanhos diferentes (originalmente), para<br />

medir vazões de 6 m³/h a mais de 350000m³/h e necessita<br />

de pouca declividade no terreno para sua implantação.<br />

A dimensão nominal da Calha Parshall é a largura da<br />

garganta L , na Figura 3A.<br />

c<br />

A calha H, que existe também nas versões HS e HL é usada<br />

quando o local de aplicação permite que a saída da água seja<br />

em descarga livre. As três versões têm a mesma forma básica<br />

mostrada na Figura 3B, com o fundo plano, não sujeito a reter<br />

particulados e a saída trapezoidal inclinada. A diferença entre<br />

as versões é o ângulo a: 22° para a HS , 42° para a H e 55°<br />

(small)<br />

para a HL . É possível medir vazões de 16 a 12000 m³/h.<br />

(large)<br />

A calha Palmer Bowlus (Figura 3C) é mais utilizada para<br />

medir a vazão de água em tubulações, de diâmetro D de 4<br />

a 60 polegadas, parcialmente cheias. Enquanto esta calha<br />

possui uma contração trapezoidal, a calha Leopold Lagco,<br />

basicamente idêntica, tem a contração retangular.<br />

As outras calhas são raramente aplicadas no Brasil. Nota-se<br />

que a calha Cutthroat é assim chamada por ser basicamente<br />

uma calha Parshall com a garganta (throat) eliminada (cut). Os<br />

bocais (Figura 4) só podem ser utilizados com descarga livre.<br />

46 InTech 140<br />

Figura 3 – Dimensão nominal nas calhas.<br />

A – Largura da garganta, L na calha Parshall<br />

c<br />

B – Altura H na calha H<br />

C – Ciâmetro na calha Palmer-Bowlus<br />

Figura 4 – Bocais<br />

A – Parabólico, com vazão proporcional à raiz quadrada de ha B – Kenisson, com vazão diretamente proporcional a ha Para estes métodos tradicionais de medição de vazão em<br />

canais abertos, existe uma literatura abundante e rica de<br />

informações [ref.1], bem como muitas normas internacionais<br />

[ref.2]. Uma delas foi traduzida e emitida inicialmente pela<br />

ABNT em 2008.<br />

NOVIDADES NA TECNOLOGIA TRADICIONAL<br />

A norma NBR ISO 9828 (2008), Medição de vazão de líquido<br />

em canais abertos - Calhas Parshall e SANIIRI, confirmada<br />

pela ISO em 2010, ainda pouco difundida, é uma novidade<br />

importante. Nela, destacam-se as seguintes diferenças com<br />

as publicações que vinham sendo utilizadas até então (ASTM<br />

1941:1975 seguidas na especificação CETESB ET - E7251):<br />

Há uma separação das calhas de tamanho 1 (0,150m)<br />

a 13 (2,400m), padrão, das de grandes dimensões de<br />

tamanho 14 (3,05m) a 21 (15,24m), com considerações<br />

diferentes, sendo que o comprimento da garganta é<br />

limitado a 1,83m da nova norma (Figura 5).<br />

As medidas em polegadas não correspondem a<br />

padrões em milímetros e existe acréscimo de medidas<br />

intermediárias; por exemplo, a versão anterior passava de<br />

6 pés (1,830m) a 8pés (2,440m) e, na nova, a sequência é<br />

1,800m, 2,100m e 2,400m (Tabela 1).<br />

Figura 5 – Calha Parshall. Referências para as dimensões.


Apesar dessas diferenças, as equações são coerentes com as<br />

anteriores, de forma que a relação entre a altura ha e a vazão<br />

continua sendo:<br />

n Q = C ∙ h , (equação 1)<br />

a<br />

onde:<br />

Q é a vazão (em m³/s, na nova norma),<br />

C (coeficiente de vazão) = C ∙ b ∙ 3,279 D n com C sendo o<br />

D<br />

coeficiente de descarga e b a largura da garganta, para as<br />

calhas padrão e C no lugar de C para as e grandes tamanhos,<br />

1<br />

com C = C ∙ b<br />

1 D<br />

n é um expoente dependente de b, em metros.<br />

Assim, a nova norma não invalida as informações anteriores.<br />

Pode-se dizer que as complementa.<br />

A principal complementação em relação à norma anterior<br />

relaciona-se à vazão em condições de submergência,<br />

também chamada vazão afogada, o que ocorre quando a<br />

declividade do terreno onde está instalada a calha é reduzida.<br />

Tabela 1 – Dimensões das Calhas Parshall padrão.<br />

Figura 6 – Escoamento em condições de submersão.<br />

Neste caso, é necessário medir os dois níveis,<br />

diferentemente do caso da vazão em escoamento livre,<br />

em que, somente h é medido. O nível da água em h é<br />

a b<br />

representativo em relação ao nível em h . A nova norma<br />

a<br />

chama a relação h /h de “razão de submergência” com<br />

b a<br />

o símbolo s. São fixados limites recomendados de s para<br />

faixas de tamanho de calha: 0,6 até 1 m, 0,7 até 2,40m e<br />

0,8 para as de grandes dimensões.<br />

MEDIÇÃO DE VAZÃO artigo<br />

Tabela 2 – Coeficiente de vazão e expoente a ser usado<br />

na equação (1) , intervalos e medição e razão<br />

de submergência nas calhas Parshall padrão.<br />

A norma NBR ISO 9826 fornece uma fórmula empírica para<br />

calcular a vazão da calha Parshall padrão em escoamento<br />

com submergência, também chamados afogados:<br />

Q dr = Q - Q e (Equação 2)<br />

Onde:<br />

Q é a vazão em condição de submergência<br />

dr<br />

Q é a vazão em condição de escoamento livre<br />

Q é a redução na vazão devido à submergência<br />

e<br />

b é a largura da garganta, em metros<br />

Para as calhas de grandes dimensões, a norma fornece um<br />

diagrama para fazer as correções. Observa-se que esta<br />

fórmula empírica, facilmente implementável em sistemas<br />

digitais (PLC, etc.), permite agora aplicar mais amplamente a<br />

calha Parshall a escoamentos afogados.<br />

Figura 7 – Relação entre o nível ha e a vazão Q para calhas Parshall<br />

padrão em escoamento livre.<br />

InTech 140 47


artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

O canal de aproximação é agora definido com melhores<br />

critérios, um deles é que o número de Froude deve ser menor<br />

que 0,5. O número de Froude, Fr, é definido como:<br />

Fr = Qmax / A√g ∙ h , onde:<br />

max<br />

Qmax é a vazão máxima<br />

A é a área da seção transversal do canal<br />

H é a máxima lâmina de água<br />

max<br />

Uma melhoria importante é trazida pela norma: o capítulo que<br />

trata das incertezas na medição de vazão por calhas, dando<br />

informações sobre o que se pode esperar deste tipo de medição.<br />

Nota-se neste ponto um progresso interessante, já que os dados<br />

anteriores eram muito vagos, atribuindo às calhas Parshall<br />

incertezas da ordem de 5% a 10%. Num exemplo tratado na<br />

norma para o cálculo da incerteza X de uma calha de 1,0m, o<br />

Q<br />

valor de X é ∓ 3,82%, ou seja, um progresso notável.<br />

Q<br />

Outra novidade da norma é incluir a calha SANIIRI (Central Asian<br />

Research Institute of Irrigation). Estas calhas, completamente<br />

desconhecidas no Brasil, possuem uma seção transversal<br />

retangular com uma seção de entrada convergente, com base<br />

horizontal. O desenho da Figura 8 mostra uma realização típica,<br />

em concreto, de uma calha SANIIRI com alguns detalhes:<br />

uma seção de entrada trapezoidal de comprimento l , 6<br />

alinhada com o fundo do canal, com uma elevação h ; p1<br />

uma seção de saída trapezoidal de comprimento l , alinhada<br />

5<br />

com o fundo do canal, com um desnível h da base da calha;<br />

p<br />

dois poços de medição para os níveis h e h , mostrando<br />

a b<br />

a posição das tomadas (lembra o corner taps).<br />

O tamanho nominal da calha SANIIRI refere-se à largura b.<br />

Figura 8 – Calhas SANIIRI. Referências para as dimensões.<br />

48 InTech 140<br />

Legenda<br />

1 e 8 Régua ou escala<br />

2 e 7 Entradas para os poços 3 e 6<br />

3 e 6 Poços para a medição de ha e de hb<br />

4 e 5 Dispositivos de medição da lâmina de água<br />

a Escoamento livre<br />

c Escoamento em condição de submergência<br />

Tabela 3 – Dimensões, intervalos de alturas e de vazões<br />

das calhas SANIIRI.<br />

A equação para obter a vazão em escoamento livre em<br />

função da altura ha é a seguinte:<br />

Q = C b √2g h D a 1,5 , onde C é o coeficiente de descarga:<br />

D<br />

C = 0,5 – [0,109/(6,26 h + 1)] (equação 3)<br />

D a<br />

A norma fornece também as informações para calcular a<br />

vazão submersa.<br />

Figura 9 – Relação entre o nível h a e a vazão Q para calhas SANIIRI<br />

padrão em escoamento livre.<br />

Fazendo uma comparação sumária entre as duas formas de<br />

calhas, nas dimensões chamadas padrão, na norma, observase<br />

o seguinte:<br />

Nota 1: é provável que a menor altura recomendada muito<br />

maior nas calhas SANIIRI se deva ao modo de realização,


geralmente em concreto, com superfície rugosa e não tão<br />

precisa que nas calhas Parshall.<br />

Nota 2: Este ganho entre as variações de nível e as variações de vazão<br />

é um critério usado para escolha de calhas ou vertedores, em geral.<br />

Os tamanhos padrão que constam na norma não impedem<br />

que outras dimensões sejam fabricadas, já que as calhas<br />

SANIIRI são geometricamente similares e que a norma<br />

fornece as informações para calcular as dimensões da calha<br />

em função da largura b, esta na faixa de 0,2 a 1,0m.<br />

A tabela comparativa mostra uma larga vantagem da calha<br />

Parshall em relação à calha SANIIRI, salvo no que tange à<br />

realização. Com realização fácil, os preços são menores, o que<br />

pode alavancar a prática do uso destas calhas desconhecidas aqui.<br />

É provável que mais estudos sejam realizados, ampliando a<br />

faixa de larguras acima de 1,0 m e que as faixas de vazão sejam<br />

ampliadas, o que faz acreditar que estas calhas têm futuro.<br />

TECNOLOGIAS NOVAS<br />

APLICADAS A MÉTODOS NOVOS<br />

A medição de vazão em canais abertos ficou restrita, por muito<br />

tempo, a vertedores e calhas. Os progressos ficaram restritos<br />

aos transmissores de nível/vazão que medem h (e h , no caso<br />

a b<br />

de vazão afogada) e calculam o sinal de saída representativo da<br />

vazão. Estes transmissores são geralmente ultrassônicos e são<br />

dotados, hoje, de algoritmos parametrizáveis para a maioria<br />

das calhas e vertedores existentes.<br />

A norma ISO 9828 representa a calha Parshall com os poços para<br />

medir os níveis h e h na lateral, o que não é mais usual: hoje, o<br />

a b<br />

nível h é geralmente medido no meio da seção convergente, a<br />

a<br />

2/3 do seu comprimento. Quando se trata de vazão afogada, é<br />

recomendável usar os poços para as medições dos níveis.<br />

Medição por meio de ultrassom por tempo de trânsito<br />

A medição em canais abertos por meios acústicos é um método<br />

que deu origem a normas internacionais: a norma ISO 6416:2004<br />

revisa a versão anterior de 1985 e também a ISO 6418:1985<br />

descreve a instalação e operação de uma estação de medição de<br />

descarga num rio, um canal aberto ou um conduto aberto com<br />

superfície livre. É limitada à técnica de tempo de trânsito.<br />

O princípio da medição por tempo de trânsito utiliza pares de<br />

transdutores em que, cada um pode emitir ou receber o sinal<br />

do feixe ultrassônico. A direção dos feixes deve formar com<br />

MEDIÇÃO DE VAZÃO artigo<br />

a das margens um ângulo compreendido entre 30o e 60o.<br />

A diferença dos tempos de trânsito determina a velocidade<br />

da corrente no trecho considerado. É possível utilizar feixes<br />

cruzados para verificar se a direção da corrente é paralela à<br />

das margens, o que pode ser importante, dependente da<br />

proximidade de um afluente. A “calibração” da medição da<br />

velocidade poderá ser feita por meio de molinetes.<br />

Os exemplos que acompanham a norma ISO 6416 dão conta<br />

de erros limites de medição de 1,5% a 8%, dependendo da<br />

quantidade de trajetórias de feixes, e de situação do nível do<br />

rio, em relação ao escoamento modal (nível normal).<br />

A medição de vazão em grandes canais de efluentes<br />

industriais utiliza o princípio de medição de vazão por<br />

ultrassom. Nas realizações industriais de medidores para<br />

esta finalidade, a eletrônica associada ao medidor permite<br />

parametrizar o perfil da parte molhada do canal e pode<br />

receber e interpretar os sinais de vários pares de transdutores<br />

ultrassônicos, para obter maior exatidão. Utilizando 3 pares<br />

de sondas e mediante cuidados na instalação, consegue-se<br />

medir com incertezas da ordem de ±2%.<br />

Figura 10 – Método de medição de vazão num canal por ultrassom /<br />

tempo de trânsito [ref.3].<br />

O gráfico mostra uma variação de vazão em que a velocidade 1<br />

é medida durante todo o tempo e as velocidades 2 e 3 medidas<br />

somente quando o nível alcançou os transdutores correspondentes.<br />

Durante toda a medição, a vazão é calculada por um computador<br />

de vazão em função das velocidades e da seção molhada, que é<br />

função do nível e do perfil do canal, parametrizado no computador.<br />

Medição por meio de ultrassom por efeito Doppler<br />

Diferentemente da medição por tempo de trânsito, a<br />

medição por efeito Doppler ainda não é ainda objeto<br />

de norma. Entretanto, trata-se de um método muito<br />

interessante que várias fabricantes adotaram.<br />

O efeito Doppler pressupõe a presença de partículas ou de<br />

bolhas sobre as quais o feixe ultrassônico irá refletir-se. O<br />

InTech 140 49


artigo MEDIÇÃO DE VAZÃO<br />

feixe, orientado segundo uma direção formando um ângulo<br />

com o eixo da tubulação, é emitido com certa frequência. Ao<br />

encontrar as partículas que se deslocam à mesma velocidade<br />

que o fluxo, o feixe é refletido com outra frequência: mais<br />

elevada, se a direção do feixe for em sentido contrário ao<br />

das partículas, mais baixa, no caso contrário. A eletrônica<br />

associada ao medidor recebe o sinal das 2 frequências que<br />

produzem um “batimento”, outro fenômeno ondulatório,<br />

tendo como frequência a diferença da incidente e da refletida.<br />

A velocidade da partícula é calculada a partir desta frequência<br />

de batimentos. Na Figura 11 partícula A, situada longe do<br />

fundo do canal desloca-se a uma velocidade maior que a<br />

partícula B, também detectada, mais perto do fundo [ref.4].<br />

Figura 11 – Método de medição de vazão num canal por ultrassom /<br />

efeito Doppler.<br />

Figura 12 – Método de utilização do efeito Doppler para determinação<br />

do perfil de velocidades de um escoamento.<br />

Uma forma adotada por um fabricante [ref.5] usa o método<br />

da correlação cruzada para determinar o perfil de velocidades<br />

do escoamento.<br />

50 InTech 140<br />

A Figura mostra como são determinadas as velocidades<br />

em várias distâncias o fumdo do canal ou da tubulação<br />

parcialmente cheia.<br />

São analisadas 3 partículas A, B e C que deslocam-se a<br />

velocidades diferentes:<br />

São feitas imagens digitalizadas a intervalos curtos regulares<br />

das partículas.<br />

No primeiro instante, a imagem registra as partículas no<br />

Formato 1 (A1, B1 e C1)<br />

No instante seguinte, a imagem registra as partículas no<br />

Formato 2 (A2, B2 e C2)<br />

No mesmo intervalo de tempo, o deslocamento das 3<br />

partículas é representativo de suas velocidades:<br />

A distância de A1 para A2 é menor que a de B1 para B2, esta<br />

também menor que a de C1 para C2.<br />

O cálculo pelo método de correlação cruzada determina com<br />

exatidão as velocidades de cada partícula.<br />

O método ilustrado para a aplicação do efeito Doppler não<br />

é o único, outros fabricantes [ref.6] utilizam a informação<br />

de distância e de velocidade das partículas obtida por vários<br />

feixes ultrassônicos estreitos para determinar o perfil de<br />

velocidades com software especializado.<br />

Medição eletromagnética<br />

Outro método aplicado para medição de vazão em canal aberto é o<br />

representado na Figura 13. Este método já vinha sendo utilizado há<br />

anos em tubulações parcialmente cheias [ref.7] associa a medição<br />

magnética, para determinar a velocidade média do escoamento,<br />

com o nível, num canal de dimensões definidas. Os medidores<br />

eletromagnéticos são baseados na lei de Faraday, ou seja, na<br />

indução eletromagnética. O fluido, condutor elétrico, deslocase<br />

perpendicularmente a um campo magnético, gerando entre<br />

eletrodos uma força eletromotriz proporcional à sua velocidade. No<br />

caso, o campo magnético é gerado por bobinas colocadas de cada<br />

lado do canal, na parte inferior. O nível é medido por ultrassom.<br />

Figura 13 – Método de medição eletromagnético.


Aplicações especiais<br />

Aplicações especiais vêm sendo utilizadas, utilizando<br />

combinação de métodos tradicionais:<br />

A Figura mostra uma calha Parshall dupla, a menor ocupando<br />

parte da maior, fazendo uma espécie de “split range”. A<br />

Figura 14A mostra as duas tomadas para a medição de h , a<br />

uma para medir baixas vazões e outra para vazões elevadas.<br />

Não há como medir vazão afogada, já que não tem<br />

possibilidade de colocar uma tomada para h . b<br />

Figura 14 – Medidores combinados.<br />

A Figura 14B mostra um vertedor combinando, na parte inferior<br />

o formato triangular, a 90° com o retangular com contração<br />

lateral. No caso, a escala é marcada diretamente no vertedor.<br />

Encontram-se realizações de calhas associadas, nas laterais, a<br />

vertedores de parede delgada ou com soleira espessa [ref. 8].<br />

CONCLUSÃO<br />

Os progressos futuros dos medidores de vazão em canais abertos<br />

dependem, em grande parte, das exigências de certificação<br />

que deverão aparecer num futuro próximo, ligadas a emissão<br />

de efluentes e assuntos ambientais. A certificação depende de<br />

normas específicas para definir a incerteza de medição.<br />

O grande progresso introduzido pela nova norma ISO<br />

9826:2008 é a possibilidade de determinação desta<br />

incerteza. Isto coloca as calhas relacionadas entre os poucos<br />

elementos primários de medição de vazão que dispensam<br />

a calibração, como as placas de orifício, bocais e tubos de<br />

Venturi, desde que construídos de acordo com a norma.<br />

Importante é notar que a equação 3 acima identifica um<br />

“coeficiente de descarga”, termo reservado nas normas a<br />

medidores por pressão diferencial clássicos.<br />

É provável que pesquisas sejam realizadas para melhoras a<br />

definição das incertezas destes coeficientes de descarga das<br />

calhas, talvez em função do número de Froude, em analogia<br />

número de Reynolds que para os coeficientes de descarga<br />

das placas de orifício. Fabricantes devem também detectar<br />

nas características das calhas Parshall e SANIIRI relativas vazão<br />

afogada “s” a possibilidade de desenvolver transmissores<br />

MEDIÇÃO DE VAZÃO artigo<br />

especializados para vazões em fluxo submerso. Nota-se que,<br />

em muitas calhas existentes, o assunto de vazão afogada é<br />

simplesmente ignorado, apesar de existir, por falha de projeto.<br />

Para os outros medidores, por enquanto, ainda é necessário<br />

confiar nas especificações do fabricante ou realmente<br />

fazer uma calibração, por meio de molinetes [ref.9] ou de<br />

traçadores[ref.10]. Métodos modernos, como o Acoustic<br />

Doppler Velocimeter podem ser utilizados, mas não existe<br />

medidor certificado. O sucesso destes medidores é ligado<br />

à formalização e normatização de métodos de calibração,<br />

o que parece possível desde que sejam definidos o tipo<br />

de medidor para calibração (que deverá ser calibrado e<br />

certificado) e o formato do canal de medição/calibração.<br />

Estas novidades são bem vindas, neste início de século, quando<br />

finalmente existe a conscientização da necessidade de cuidar do bom<br />

uso e do reuso deste recurso natural muito precioso que é a água.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

[Ref.1] Documentação geral sobre medição de vazão em calhas abertas<br />

Centre d´expertise em analyse environnementale du Québec<br />

www.ceaeq.gouv.qc.ca<br />

Flow wastewater measurement Pars Aqua s.r.o (Vrsecky Jan, maio<br />

2010) www.pars-aqua.cz<br />

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Produtos da INCCER www.incer.com.br<br />

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• ISO 3846 :2008 Hydrometry - Open channel flow measurement<br />

using rectangular broad-crested weirs<br />

• ISO 3847 - Liquid flow measurement in open channels by weir<br />

• ISO 4360 - Liquid flow measurement in open channels by weirs<br />

• ISO 4362 - Measurement of liquid flow in open channels<br />

trapezoidal profile weirs<br />

• ISO 4374 - Liquid flow measurement in open channels - Roundnose<br />

horizontal broad-crested weirs<br />

• ISO 4377 - Hydrometric determinations - Flow measurement in<br />

open channels using structures - V weirs<br />

• ISO 8333 - Liquid flow measurement in open channels by weirs<br />

• ISO 9827 - Measurement of liquid flow in open channels by weirs<br />

and flumes - Streamlined triangular profile weirs.<br />

[Ref.3] Use-Ultraflux - Flowmeters for open channel measurements /<br />

sewage treatment, distribution channels and the environment.<br />

www.usea-ultraflux.com<br />

[Ref.4] Michael Teufel - Cross correlation – the better Ultra Sonic<br />

Doppler – Cross correlation technique – www.isud-conference.org<br />

[Ref.5]NIVUS - Measurement technology. From Doppler measurement<br />

to the cross correlation method. www.nivus.com<br />

[Ref.6] Teledyne Isco - Products - ADFM® Pro20 Velocity Profiler.<br />

Large pipes and channels www.isco.com<br />

[Ref.7] Friedrich Hoffman (Krohne)– Fundamental principles of flow<br />

measurements- <strong>EM</strong>Fs for partially filled pipelines. www.krohne.com<br />

[Ref.8] P WesselsI, A Rooseboom - Flow-gauging structures in South<br />

African rivers. www.scielo.org.za<br />

[Ref.9] Hydromechanics VVR090. Flow Measurements in Flumes.<br />

ADV / Propeller meter. www.tvrl.lth.se<br />

[Ref.10] Laboratório de Traçadores do Programa de Engenharia Civil da<br />

Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE/UFRJ)<br />

InTech 140 51


artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

NORMAS PARA TESTE DE <strong>VAZAMENTO</strong><br />

PELA SEDE <strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

David Livingstone Villar Rodrigues (davidvillar@terra.com.br), MsC, Engenheiro Eletricista.<br />

Consultor. Presidente da Seção ISA Bahia para o exercício 2012.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Quando o assunto vazamento em válvulas de controle for<br />

colocado em discussão devemos primeiramente identificar a<br />

parte do corpo onde este vazamento está ocorrendo.<br />

A corrente de fluido que passa através da válvula de controle<br />

pode provocar dois tipos de vazamentos: internos e externos.<br />

Os vazamentos externos ocorrem de dentro do corpo para<br />

o meio ambiente; os vazamentos internos ocorrem entre a<br />

entrada e a saída do corpo da válvula na posição fechada.<br />

Os vazamentos externos são consequência do vazamento<br />

do fluido de processo, que escapa para o meio ambiente<br />

quando a válvula de controle está em operação. Ocorre<br />

com mais frequência quando o fluido se infiltra através da<br />

caixa de gaxetas ao longo da haste ou do eixo da válvula de<br />

controle. Também pode ocorrer através da junta do castelo.<br />

O vazamento pelas gaxetas ou pela junta do castelo provoca<br />

poluição e perdas de produção.<br />

Os vazamentos internos ocorrem quando o fluido de processo<br />

passa da entrada para a saída do corpo, na posição fechada<br />

e com diferencial de pressão aplicado. Estes vazamentos são<br />

típicos das falhas entre a sede e o obturador. O vazamento<br />

entre a sede e o obturador não é o único caminho para o<br />

vazamento de fluido entre a entrada e a saída do corpo.<br />

Vazamentos podem ocorrer pela passagem de fluido que<br />

se infiltra entre a sede e o corpo e, nas válvulas globo<br />

balanceadas, entre o anel pistão e a parede interna da gaiola.<br />

Este tipo de vazamento interno, denominado de uma forma<br />

geral como vazamento pela sede (“seat leakage”), pode<br />

provocar perdas de produção, redução da eficiência e danos<br />

nas superfícies de assentamento entre o obturador e a sede.<br />

CLASSE DE <strong>VAZAMENTO</strong><br />

OU CLASSE DE VEDAÇÃO<br />

Frequentemente lemos em artigos, boletins técnicos e em<br />

algumas Folhas de Dados referencias á classe de vedação.<br />

É um termo alternativo á classe de vazamento? Tem o<br />

mesmo significado?<br />

52 InTech 140<br />

O dicionário Aurélio define a palavra vedar como “impedir<br />

que corra; estancar”.<br />

O conceito de vedação está, portanto, associado á<br />

interrupção de passagem do fluido. O uso do termo classe<br />

de vedação em válvulas de controle é, portanto, indevido<br />

porque está associado á interrupção e á estanqueidade,<br />

características próprias das válvulas de bloqueio.<br />

Neste artigo vamos adotar a nomenclatura classe de<br />

vazamento, de acordo com a tradução literal do termo<br />

original em inglês “leakage class”.<br />

ONDE COMEÇAR<br />

O primeiro contato com o termo classe de vazamento<br />

ocorre ao examinar a Folha de Dados de uma válvula de<br />

controle para preencher ou para selecionar e dimensionar<br />

uma válvula de controle.<br />

Na Folha de Dados padrão ISA S20.50, Rev 1 [1], a classe<br />

de vazamento ANSI/FCI é encontrada no bloco “Testes”<br />

juntamente com o teste de pressão hidrostática.<br />

Algumas Folhas de Dados de Processo de válvulas de controle<br />

também requerem a definição da classe de vazamento.<br />

Como existe esta duplicidade de competência cabe a<br />

questão: quem deve ser o responsável por esta definição na<br />

fase de projeto?<br />

Por ser um item relacionado com aspectos construtivos<br />

do corpo da válvula de controle a definição da classe de<br />

vazamento deve ser de responsabilidade da equipe de<br />

automação industrial. A formação do profissional que<br />

atua nesta área deve portanto incluir o estudo detalhado<br />

do funcionamento da válvula de controle incluindo a<br />

especificação, seleção, dimensionamento e aplicação.<br />

NORMAS DE <strong>VAZAMENTO</strong> PELA SEDE<br />

Existem no mercado duas normas referentes á vazamento<br />

pela sede de válvulas de controle. A primeira norma<br />

publicada sobre este assunto foi a ASME B16.104. Em 1970


esta norma passou a se chamar FCI 70-2. Atualmente esta<br />

norma é denominada ANSI/FCI 70-2-2006 [2].<br />

Diante da necessidade de uma norma internacional para<br />

tratar de inspeção e testes em válvulas de controle o<br />

subcomitê 65B da IEC publicou na década de 1990 a norma<br />

534-4. Atualmente esta norma é denominada IEC 60534-4,<br />

3ª ed. publicada em 2006 [3].<br />

A principal característica destas duas normas é o<br />

estabelecimento de classes de vazamento associadas ao tipo<br />

de construção e de aplicação das válvulas de controle. Este tipo<br />

de enfoque é único entre os diversos tipos de normas existentes<br />

para testes de vazamento de válvulas em geral. O uso de<br />

algarismos romanos entre I e VI para denominar as classes de<br />

vazamento é outra característica distinta das normas citadas.<br />

AS NORMAS DE <strong>VAZAMENTO</strong> PELA SEDE POD<strong>EM</strong><br />

SER USADAS PARA QUALQUER TIPO DE VÁLVULA?<br />

Uma nota no prefácio da norma ANSI/FCI 70-2 informa<br />

que “esta norma deve ser usada apenas em válvulas de<br />

controle. Se a aplicação exigir uma válvula para bloqueio<br />

ou interrupção de fluxo a FCI recomenda a especificação de<br />

outra norma, como, por exemplo, a API 598”.<br />

Apesar desta observação, diversos usuários de válvulas de<br />

bloqueio e válvulas on-off continuam incluindo nas Folhas de<br />

Dados testes de vazamento com procedimentos descritos nas<br />

normas ANSI/FCI e IEC. Estas Folhas de Dados deveriam indicar<br />

testes de vazamento pela sede de acordo com outras normas<br />

existentes, como por exemplo, API 6D, API 598 ou ISO 5208.<br />

É importante registrar que alguns fabricantes de válvulas onoff<br />

também publicam indevidamente nos catálogos que seus<br />

produtos atendem a norma ANSI/FCI 70-2.<br />

NORMA ANSI/FCI 70-2-2006,<br />

“CONTROL VALVE SEAT LEAKAGE”.<br />

É uma norma patrocinada pelo Fluid Controls Institute e<br />

incorporada ao American National Standard. Devido ao<br />

pioneirismo e tempo de publicação, a ANSI/FCI 70-2 se<br />

tornou uma referência para a quase totalidade dos usuários<br />

em todo o mundo. Praticamente todos os livros, artigos,<br />

boletins de fabricantes e Folhas de Dados fazem referencia á<br />

esta norma. Um dos motivos deste sucesso é o fato de ser<br />

uma norma de uso prático e exclusiva para vazamentos pela<br />

sede de válvulas de controle.<br />

A norma ANSI/FCI 70-2-2006, “Control Valve Seat Leakage”<br />

tem apenas nove paginas, define os diversos tipos de<br />

classes de vazamento, os limites máximos permitidos e os<br />

procedimentos de testes.<br />

Apesar do titulo indicar o vazamento pela sede da válvula<br />

de controle, está implícito que o vazamento a ser medido<br />

durante o teste inclui a quantidade de fluido que passa<br />

através do corpo, na posição fechada, sob as condições de<br />

teste definidas. Isto significa, por exemplo, que numa válvula<br />

globo balanceada, serão contabilizados os vazamentos entre<br />

VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />

a sede e o obturador, entre o anel pistão do obturador e a<br />

gaiola e também entre a sede e o corpo. Por este motivo a<br />

medição do vazamento é efetuada na saída do corpo da<br />

válvula de controle.<br />

Parte do texto desta norma auxilia a aplicação e a seleção<br />

ao descrever o tipo de corpo, o tipo e material dos internos<br />

associados a cada uma das seis classes de vazamento.<br />

As seis classes de vazamento são numeradas com algarismos<br />

romanos. A classe I não requer nenhum teste de vazamento,<br />

por acordo entre o usuário e o fabricante.<br />

A classe II é típica de válvulas de controle tipo globo com sede<br />

dupla ou sede simples balanceadas, com um anel de pistão e<br />

com sede e obturador fabricados com metais.<br />

A classe III é associada aos mesmos tipos de válvulas, porém<br />

com um ajuste mais rigoroso de vazamento pela sede e<br />

sistemas de selagem.<br />

A Classe IV é típica de válvulas de controle não balanceadas,<br />

sede simples, ou balanceadas com anéis de pistão especiais e<br />

com sede e obturador fabricados com metais.<br />

A classe V é a única que também está associada ao tipo de<br />

aplicação: é indicada para válvulas de controle que trabalhem<br />

normalmente fechadas. Exemplo: válvula de controle antisurge.<br />

Para atender o vazamento máximo permitido no teste,<br />

deve ser usada válvula de sede simples não balanceada, ou<br />

balanceada com anéis tipo pistão e sede especiais.<br />

A classe VI é geralmente associada às válvulas balanceadas<br />

e não balanceadas com sede e/ou obturador revestido com<br />

material resiliente. Como a redação não exige o uso de sede<br />

e/ou obturador revestidos de material resiliente existe pelo<br />

menos um fabricante que oferece válvula globo de sede<br />

simples, classe VI, com assentamento metal-metal.<br />

A Norma ANSI/FCI determina quatro tipos de testes:<br />

• O procedimento tipo A é aplicado às classes de<br />

vazamento II, III e IV.<br />

• Os procedimentos tipos B e B1 são aplicados à classe V.<br />

• O procedimento tipo C é especifico para a classe VI.<br />

Esta norma não define o tempo de teste. No texto<br />

que descreve os procedimentos de teste tipos B e C é<br />

recomendado que deve ser permitido um tempo suficiente<br />

para estabilizar a medição da vazão.<br />

Algumas observações sobre os vazamentos máximos<br />

permitidos por classe:<br />

• Os vazamentos das classes II, III, e IV são definidos como<br />

um percentual do C selecionado, ou seja, do C com a<br />

V V<br />

válvula 100% aberta.<br />

• O vazamento da classe V no teste tipo B (com água) é<br />

função do diâmetro da sede e do máximo diferencial<br />

de pressão de trabalho. O vazamento da classe VI<br />

é função apenas do diâmetro da sede. Como as<br />

bases de medição são diferentes a classe V pode, em<br />

certas circunstâncias, ser mais restritiva em termos de<br />

vazamento do que a classe VI.<br />

InTech 140 53


artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

• Válvulas de controle do mesmo tipo e diâmetro de dois<br />

fabricantes diferentes têm vazamentos diferentes uma<br />

vez o vazamento é função dos coeficientes de vazão (C ). V<br />

• Todas as classes permitem algum tipo de vazamento. Não<br />

existe válvula de controle com vazamento zero.<br />

NORMA IEC 60534-4, “INDUSTRIAL-PROCESS<br />

CONTROL VALVES – INSPECTION AND ROUTINE<br />

TESTING, 3RD EDITION 2006”<br />

Ao contrário da norma ANSI/FCI 70-2, a norma IEC 60534-4 não<br />

é exclusiva para vazamentos pela sede de válvulas de controle.<br />

O título informa que se trata de uma norma para “Inspeção<br />

e Testes de Rotina”. Na realidade, a terceira revisão<br />

desta norma indica no prefácio que foram cancelados os<br />

requerimentos de inspeção tendo em vista se tratar de item<br />

de “natureza contratual”. Esta norma, portanto, deve ser<br />

aplicada a testes de válvulas de controle fabricadas de acordo<br />

com as demais normas da série 60534 publicadas pela IEC.<br />

A norma relaciona sete testes obrigatórios a serem realizados<br />

numa válvula de controle após a conclusão de fabricação:<br />

• Teste hidrostático do corpo.<br />

• Teste de vazamento pela sede.<br />

• Teste do engaxetamento.<br />

• Teste do curso da válvula.<br />

• Teste da banda morta.<br />

• Teste da capacidade de vazão.<br />

• Teste da característica de vazão.<br />

O teste de vazamento pela sede está descrito nos itens 4.2 e<br />

5.5 desta norma.<br />

No item 4.2 encontramos três notas de grande importância<br />

para quem vai aplicar o teste de vazamento pela sede usando<br />

esta norma:<br />

• Este teste não deve ser aplicado em válvulas de controle<br />

com coeficiente de vazão C abaixo de 0,1 (KV < 0,086).<br />

V<br />

• A Classe de Vazamento VI deve ser aplicada unicamente<br />

em válvulas com sede e/ou obturador revestidos com<br />

material resiliente.<br />

A norma IEC não inclui no texto descritivo associando as classes<br />

de vazamento aos tipo de internos, materiais ou aplicação.<br />

Da mesma forma que a norma ANSI/FCI a norma IEC atribui<br />

classes de vazamento identificadas com algarismos romanos. A<br />

única diferença é que a norma IEC acrescenta mais uma classe<br />

de vazamento: a classe IV-S1. Esta classe é raramente utilizada.<br />

Os procedimentos de teste descrito na norma IEC são<br />

similares aos procedimentos de teste descritos na norma<br />

ANSI/FCI porém, a norma IEC determina apenas dois<br />

procedimentos de teste:<br />

• O procedimento de teste 1 pode ser aplicado em todas as<br />

classes de vazamento.<br />

• O procedimento de teste 2 deve ser aplicado como<br />

alternativa apenas às classes IV, IV-S1 e V.<br />

54 InTech 140<br />

O ponto de comum mais significativo entre as normas IEC e<br />

ANSI/FCI é a correspondência entre as tabelas onde constam<br />

os vazamentos máximos permitidos para as diversas classes<br />

de vazamento.<br />

DIFERENÇAS ENTRE AS NORMAS<br />

ANSI/FCI 70-2 E IEC 60534-4<br />

A norma ANSI/FCI 70-2 informa no parágrafo 2.3 que estas<br />

duas normas são similares com exceção dos seguintes pontos:<br />

• A norma IEC 60534-4 inclui mais uma classe de<br />

•<br />

vazamento: a classe IV-S1.<br />

A Norma ANSI/FCI 70-2 também abrange as válvulas com<br />

C inferior a 0.1.<br />

V<br />

Esclarecemos que existem outras diferenças significativas entre<br />

estas duas normas e que devem consideradas pelos usuários.<br />

Além das duas diferenças informadas acima relacionamos<br />

abaixo outras diferenças anotadas de acordo com a analise<br />

das últimas revisões (2006) destas duas normas:<br />

• A norma ANSI/FCI 70-2 é usada exclusivamente para testes<br />

de vazamento pela sede. A norma IEC é usada para sete tipos<br />

diferentes de testes, inclusive o de vazamento pela sede.<br />

• A norma IEC descreve apenas dois tipos de procedimento<br />

de teste. A norma ANSI/FCI descreve quatro<br />

•<br />

procedimentos de teste.<br />

Para definir os vazamentos nas classes II, III e IV a norma<br />

IEC usa o termo coeficiente de vazão. Isto possibilita o uso<br />

dos coeficientes de vazão C e K . A norma ANSI/FCI se<br />

V V<br />

refere apenas ao coeficiente C . V<br />

• A norma IEC admite a possibilidade do uso do<br />

•<br />

procedimento de teste 2 para a Classe IV. Neste teste é<br />

usada a pressão diferencial máxima de trabalho. Na<br />

norma ANSI/FCI 70-2 o teste com o diferencial máximo de<br />

pressão de trabalho é exclusivo para a classe V.<br />

A norma IEC não flexibiliza a classe de vazamento VI para<br />

assentamento com material metal-metal. A norma ANSI/<br />

FCI afirma que a classe VI está “geralmente associada”<br />

á válvulas de controle com assentamento de material<br />

resiliente. O termo “geralmente associado” dá abertura<br />

para a aplicação desta classe com válvulas de sede simples<br />

com sede e obturador fabricados com metais.<br />

OS RESULTADOS DESTES TESTES POD<strong>EM</strong><br />

SER USADOS PARA PREVER <strong>VAZAMENTO</strong>S<br />

DA VÁLVULA QUANDO SUBMETIDA<br />

ÀS CONDIÇÕES REAIS DE OPERAÇÃO?<br />

A norma para vazamento pela sede de uma válvula de<br />

controle é um documento que não é corretamente entendido<br />

por alguns profissionais do ramo.<br />

Existe um conceito disseminado de que os vazamentos<br />

máximos permitidos para cada classe podem ser relacionados<br />

com os vazamentos pela sede quando estas válvulas estão<br />

submetidas às condições reais de processo.


Esta questão pode ser esclarecida analisando os textos das<br />

normas ANSI/FCI e IEC.<br />

O parágrafo 2 da norma ANSI/FCI 70-2 estabelece a<br />

finalidade e as limitações desta norma. No item 2.3<br />

encontramos a seguinte frase: “esta norma não pode ser<br />

usada como base para prever vazamento em condições<br />

outras que aquelas especificadas”.<br />

A norma IEC 60534-4 registra no final do texto do item 4.2<br />

(teste de vazamento pela sede) uma redação ainda mais<br />

objetiva: “esta parte da norma não pode ser usada para<br />

prever vazamento quando a válvula de controle estiver<br />

instalada sob condições reais de operação”.<br />

ENTÃO, PARA QUE SERV<strong>EM</strong> ESTAS NORMAS?<br />

Considerando os parágrafos descritos acima podemos<br />

concluir que o objetivo real do teste de vazamento pela sede<br />

é detectar falhas de fabricação ou de serviços de manutenção<br />

na superfície de assentamento entre o obturador e a sede ou<br />

erros de montagem do conjunto da válvula.<br />

Este entendimento é confirmado por especialistas em válvulas<br />

de controle através dos seguintes textos:<br />

Hans D. Baumann [4]<br />

“Estes testes são testes de aceitação para o fabricante e<br />

executados sob condições especificas”<br />

“As vazões de teste não podem ser aplicadas em outras<br />

condições de vazão e de pressão”<br />

Cullen Langford [5]<br />

“Uma válvula real em um processo real, montada na<br />

tubulação com variação de pressão e temperatura, com<br />

fluidos sujos e corrosivos, após uma manutenção, certamente<br />

deverá vazar”.<br />

Les Driskell [6]<br />

“Observar, entretanto, que estes testes são efetuados para<br />

estabelecer padrões de aceitação uniformes de qualidade de<br />

fabricação”.<br />

“Estes testes não devem ser usados para estimar vazamentos<br />

nas condições reais de processo”.<br />

“As faixas de vazamento especificadas pela norma ANSI não<br />

podem ser extrapoladas para outras pressões diferenciais ou<br />

fluidos diferentes dos que são usados no teste”.<br />

O QUE FAZER ENTÃO PARA REDUZIR<br />

<strong>VAZAMENTO</strong>S <strong>EM</strong> VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

Hans Baumann [7] considera que o vazamento reduzido<br />

através da sede é benéfico...porque economiza energia.<br />

De acordo com o artigo “The Control Valve’s Hidden Impact<br />

on the Bottom Line – Part 2” [8] o autor Bill Fitzgeral relaciona<br />

algumas ações que podem ser tomadas para reduzir o<br />

vazamento pela sede das válvulas de controle quando<br />

submetidas a uma condição real de processo.<br />

VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />

Durante a manutenção geral da válvula de controle<br />

adotar procedimento para garantir um contato adequado<br />

entre as superfícies do obturador e da sede. Para isto é<br />

necessário verificar o alinhamento entre as hastes do<br />

atuador e da válvula.<br />

Consultar a memória de cálculo do atuador para verificar<br />

as informações consideradas para o dimensionamento<br />

da carga de assentamento. Informações incorretas sobre<br />

a pressão diferencial máxima, classe de vazamento,<br />

diâmetro interno, material das gaxetas e sentido de fluxo<br />

podem provocar o subdimensionamento do atuador e,<br />

consequentemente, carga de assentamento insuficiente.<br />

As superfícies de assentamento também devem<br />

<br />

ser devidamente preparadas e ajustadas. Durante a<br />

manutenção geral da válvula, a depender de uma<br />

inspeção minuciosa, pode ser necessário trabalho de<br />

torno para obter os ângulos adequados de assentamento<br />

entre a sede e o obturador. Também é necessário o<br />

trabalho de ajuste manual chamado de lapidação.<br />

Não deve ser permitido o deposito de sólidos em suspensão<br />

nas superfícies de contato entre o obturador e a sede.<br />

CONCLUSÃO<br />

A classe de vazamento corretamente especificada permite<br />

uma seleção adequada do tipo de corpo, do tipo e material<br />

dos internos e dimensionamento do atuador.<br />

O conhecimento das normas que tratam de vazamento pela<br />

sede das válvulas de controle permite a aplicação correta das<br />

classes de vazamento e dos procedimentos de teste.<br />

Recomendamos que sejam usadas as versões originais das<br />

normas devidamente atualizadas. E que sejam disponíveis<br />

para consulta de todos os envolvidos na especificação,<br />

seleção, fabricação e manutenção de válvulas de controle. É<br />

essencial que as normas sejam lidas e discutidas por todos os<br />

que estão envolvidos em sua aplicação.<br />

E que sejam aplicadas de acordo com a legislação vigente e<br />

conforme os critérios de projeto de cada empresa.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. International Society of Automation, Standard ISA-20-1981<br />

- “Specification Forms for Process Measurement and Control<br />

Instruments, Primary Elements and Control Valves”.<br />

2. American National Standard/Fluid Controls Institute,<br />

ANSI/FCI 70-2-2006, “Control Valve Seat Leakage”.<br />

3. International Electrotechnical Commission, IEC 60534-4,<br />

Industrial-process control valves - Part 4, Inspection and routine<br />

testing, 3a ed., 2006.<br />

4. International Society of Automation, Baumann, H. D.,<br />

Control Valve, Chapter 9, Valve Trim, 1998.<br />

5. International Society of Automation, Langford, Cullen,<br />

Control Valve, Chapter 14, Valve Selection, 1998.<br />

6. International Society of Automation, Driskell, Les,<br />

“Control Valve Selection and Sizing”, 1983.<br />

7. International Society of Automation, Baumann,<br />

Hans D. “Control Valve Primer”, 4th ed., 2009.<br />

8. Fitzgerald, Bill, “The Control Valve’s Hidden Impact on the Bottom<br />

Line – Part 2”, Valve Magazine, fall 2003.<br />

InTech 140 55


artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

<strong>VAZAMENTO</strong><br />

<strong>EM</strong> VÁLVULA DE CONTROLE<br />

Gilson Yoshinori Mabuchi (gilson.mabuchi@ge.com), Gerente de Vendas Brasil,<br />

GE Energy, Oil & Gas, Masoneilan & Consolidated Products.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O tema vazamento em válvulas de controle está em pauta<br />

na discussão de usuários, empresas de engenharia e<br />

fabricantes, desde o final dos anos 80. A discussão abrange<br />

sua necessidade, nível de vazamento e norma adequada a ser<br />

aplicada no teste de verificação e aceitação.<br />

A questão envolve todos os setores; usuário, engenharia de<br />

processo, engenharia de especificação, instalação e fabricante,<br />

chegando por fim a temível equipe de inspeção e testes.<br />

Todos buscam a resposta para esta pergunta: Válvula de<br />

controle pode vazar?<br />

Ideal seria que todas as válvulas de controle possuíssem<br />

vedação estanque (sem nenhum vazamento), igualmente as<br />

torneiras usadas em nossas casas. No entanto, a norma ANSI/<br />

FCI 70-2 de 2006 estabelece que a válvula de controle possa<br />

apresentar vazamento, de acordo com a classe de vedação.<br />

A válvula de controle tem como função principal o controle<br />

do processo, ficando a responsabilidade da vedação às<br />

válvulas de bloqueio, que são instaladas à montante.<br />

A válvula de bloqueio possui construção diferenciada e<br />

responde pela vedação total quando ocorre a necessidade de<br />

fechamento, trabalha na função tudo ou nada (on-off), ou<br />

seja, totalmente aberta ou fechada.<br />

A maior dificuldade é estabelecer a classe de vedação<br />

adequada em conjunto ao atendimento dos requisitos<br />

56 InTech 140<br />

estabelecidos pelo cliente, sempre observando e<br />

considerando a etapa do teste de aceitação.<br />

Para definição da vedação, temos que analisar<br />

criteriosamente a classe requerida, o tipo de válvula, materiais<br />

de construção e condição de serviço.<br />

Normalmente são solicitadas classes II, III, IV, V e VI para<br />

válvulas de controle, em conformidade a norma ANSI/FCI<br />

70-2 e IEC 60534-4 (vide Tabelas 1 e 2).<br />

A Tabela apresenta os valores admissíveis de vazamento e<br />

determina o procedimento de teste aplicável para cada classe.<br />

Os valores de vazamentos são calculados em função da<br />

capacidade nominal de cada válvula, usualmente conhecido<br />

como Cv. As válvulas são testadas e os valores medidos de<br />

vazamento não podem ultrapassar o estabelecido pela Norma.<br />

Por exemplo: Uma válvula de controle com classe de vedação<br />

IV deve permitir um vazamento máximo < que 0,01% do seu<br />

Cv selecionado, ou seja, pode vazar no máximo 0,01% da<br />

sua capacidade de vazão máxima @ 100% de abertura.<br />

Para execução do teste utiliza-se ar ou água com pressão<br />

de 40-60 psig (3-4 bar-g) e temperatura de 10°C até 52°C<br />

na entrada da válvula. A pressão de saída é aberta para<br />

atmosfera e, com um sistema de medição, que no caso de<br />

uso de ar, pode ser um rotâmetro, a válvula é fechada com o<br />

seu próprio atuador e assim, realiza-se a medição, cujo valor é<br />

padronizado para cada tamanho de válvula em função do Cv.


Este método de teste é aplicável às classes II, III, IV e VI, sendo que<br />

na última, verifica-se pela quantidade de bolhas de ar por minuto.<br />

Para a classe V o teste é feito apenas com água, com a<br />

pressão de fechamento da válvula (diferencial máximo<br />

ou dP de shut-off). Somente para este teste é simulado o<br />

vazamento real, com a pressão máxima a qual a válvula<br />

será submetida. O vazamento será medido em ml/minutos,<br />

conforme demonstrado a seguir:<br />

2. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO<br />

A seguir verificaremos os critérios adequados para<br />

selecionar a melhor classe de vedação, observando os<br />

requisitos técnicos do processo, as necessidades do cliente<br />

e principalmente o tipo de válvula (apropriada e disponível<br />

entre os fabricantes existentes), adequando todos os critérios<br />

dentro do orçamento. A análise inicia-se pelas condições<br />

operacionais e do projeto, determinando assim, o tipo de<br />

válvula e atuador a selecionar.<br />

Tabela 1 - Norma ANSI/FCI 70-2 e IEC 60534-4<br />

(Inspeção e teste de válvulas de controle).<br />

2.1 Condição de serviço<br />

Todo processo de seleção da válvula de controle é iniciado<br />

pela análise das condições do processo as quais a válvula será<br />

submetida. Após definido o tipo de válvula (globo, borboleta,<br />

excêntrica ou esfera), verifica-se a severidade do processo.<br />

a) Temperatura: este item pode eliminar e limitar a seleção<br />

de algumas classes de vedação. Caso a temperatura esteja<br />

acima de 200°C e abaixo de –70°C deve-se evitar a classe<br />

VI que normalmente tem revestimento de teflon na sede ou<br />

VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />

no obturador para atender a classe requerida de vazamento.<br />

Como o teflon é mais macio que o aço, apresenta uma<br />

deformação no fechamento, melhorando a vedação. Nos<br />

casos de uso de outro tipo de material macio, o limite de<br />

temperatura pode ter limitação ainda maior, como, por<br />

exemplo, o EPDM que trabalha entre –40°C até 135°C.<br />

Ainda no quesito temperatura deve-se observar se o processo<br />

envolve alguns tipos de fluidos, como vapor d’água, que<br />

além da necessidade de manusear altas temperaturas, tem<br />

características erosivas, principalmente quando em estado<br />

saturado. Para aplicações com vapor d’água, independente da<br />

função da válvula (redutora ou alivio de pressão), a melhor classe<br />

de vedação é V. Na posição fechada, a válvula deve manter a<br />

melhor classe de vedação possível, pois, o vazamento permitido<br />

pelas demais classes II, III e IV, podem causar danos na área de<br />

assentamento pela passagem do vapor, podendo danificar<br />

a sede e o obturador, em caso de um alto valor de diferencial<br />

de pressão entre a entrada e a saída da válvula (delta-p),<br />

principalmente em aplicação onde a válvula permanece<br />

muito tempo fechada, como em sistema de by-pass de turbo<br />

gerador de vapor. Com fluídos gasosos o cuidado é o mesmo,<br />

em sistemas de anti-surge de compressores.<br />

b) Pressão: existem todas as opções de classes de vedação<br />

para válvula de controle, independente do valor da pressão.<br />

O cuidado está no valor do diferencial de pressão, que pode<br />

limitar o uso da classe VI. Válvulas que trabalham com altas<br />

perdas de carga, com fluidos gasosos indicam alta velocidade<br />

na região do assentamento, que irá trazer danos para sedes<br />

macias, como os elastômeros utilizados. A melhor opção é o<br />

uso de assentamento metal- metal e classe de vedação IV ou V.<br />

c) Aplicações críticas: não podemos selecionar válvulas com<br />

sede macia para aplicações que indicam cavitação, flashing,<br />

que possuem sólidos em suspensão ou que sejam altamente<br />

viscosos. A melhor opção é a utilização de materiais endurecidos<br />

na área de assentamento e as classes III, IV, V ou ZERO. A classe<br />

ZERO destina-se às válvulas onde não existe contato entre a<br />

sede e o obturador, com a válvula vazando quando fechada.<br />

É aplicada em processo com sólidos em suspensão, onde<br />

a distância entre a sede e o obturador permite a passagem<br />

do fluido sem causar danos e também para processos com<br />

fluidos que polimerizam quando não em movimento,<br />

podendo entupir a válvula, mas, são casos específicos.<br />

Sempre que possível, para aplicação em cavitação usar<br />

válvula de assentamento metal-metal, de material endurecido<br />

InTech 140 57


artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

e classe V de vedação. Se a cavitação ocorre na válvula é<br />

porque existe um grande diferencial de pressão entre a<br />

entrada e a saída da válvula. Quando a válvula está fechada<br />

este diferencial pode aumentar, com isso, o vazamento<br />

mínimo irá causar danos na área de assentamento pela<br />

cavitação do liquido. A cavitação não ocorre somente com<br />

a válvula em operação é está totalmente ligada ao valor da<br />

perda de carga a que o fluido é submetido.<br />

d) Projeto: antes de estabelecer alto nível de vedação em uma<br />

válvula de controle, recomenda-se analisar o fluxograma do<br />

projeto, verificando se já existe uma válvula de bloqueio para<br />

fazer esta função. Normalmente existem válvulas de bloqueio<br />

para vedar 100% nas linhas em situações de emergência,<br />

deixando para a válvula de controle a função específica de<br />

controle do processo.<br />

3. TIPO E TAMANHO DA VÁLVULA<br />

Para cada aplicação é realizada a seleção do tipo da válvula de<br />

controle, que dependendo do seu tamanho, pode encontrar<br />

dificuldade em atender a classe de vedação requerida.<br />

A seguir estão os tipos e classes de vedação para cada tipo/<br />

desenho de válvula de controle.<br />

a) Tipo Globo: ainda concentra a maior quantidade das<br />

válvulas de controle e pode atender todas as classes de<br />

vedação estabelecidas da norma FCI 70-2, com as seguintes<br />

particularidades técnicas, em função do tamanho.<br />

- Sede simples: é fabricada nos diâmetros de ½” até 8”.<br />

Possui boa classe de vedação, com padrão inicial classe IV.<br />

A vedação é direta no contato da sede com o obturador e<br />

para pressão de fechamento < 20 kg/cm2-g e menores<br />

que 4”, pode trabalhar com atuador tipo diafragma de<br />

simples ação. Para fechar e garantir esta classe de vedação<br />

para válvulas > 4”, existe a necessidade de uso de atuador<br />

pneumático tipo pistão.<br />

- Gaiola balanceada: é fabricada nos diâmetros de 1” até<br />

20”. Possui obturador balanceado, com furos de equalização<br />

e atendem normalmente a classe de vedação II e III. Por<br />

ser guiada dentro de uma gaiola, possui anel ou anéis de<br />

vedação, que faz o contato entre o obturador e a gaiola. A<br />

vantagem deste tipo de construção é poder trabalhar com<br />

altos valores de diferencial de pressão, no entanto, por ter<br />

que vedar na área do assentamento da sede, obturador<br />

e também na área lateral da guia gaiola, tem limitação em<br />

58 InTech 140<br />

atender classes de vedação IV, V e VI. Normalmente trabalha<br />

com classes III e IV, esta última, com o uso de anel de vedação<br />

do obturador macio ou múltiplo.<br />

b) Tipo Borboleta de alto desempenho: pode atender sem<br />

dificuldade as classes de vedação IV para sede metálica e VI<br />

para sede macia de elastômero. Em razão de o disco estar<br />

com a sua área total sob efeito da pressão do processo, tem<br />

certa dificuldade de usar de um atuador pneumático tipo<br />

diafragma para válvulas com diâmetro superior a 8”. Para<br />

tamanhos superiores a 12” padroniza-se o uso de atuador<br />

tipo pistão de dupla ação, pela necessidade de alto torque de<br />

fechamento e de abertura para sede metálica.<br />

c) Tipo esfera: segue quase o mesmo padrão da válvula tipo<br />

borboleta de alto desempenho.<br />

d) Tipo obturador excêntrico: existem várias opções de<br />

válvulas de controle com obturador excêntrico, porém, nem<br />

todas apresentam o mesmo sistema de assentamento. O<br />

padrão seria o encosto do obturador na sede, realizado em<br />

2 etapas; a primeira etapa seria o encosto da parte superior<br />

do obturador na sede, a segunda etapa, seria usando a<br />

parte flexível do braço do obturador, fazendo com que o<br />

sistema de assentamento fosse de encosto, muito similar<br />

ao movimento de uma válvula globo em seu fechamento.<br />

Com isto apesar de ser de movimento rotativo, o torque<br />

de fechamento e de abertura seria reduzido, admitindo o<br />

trabalho com atuadores tipo diafragma para diâmetros de<br />

1” até 16”.<br />

4. TIPOS DE ATUADOR<br />

Normalmente é requerido atuador tipo pneumático de<br />

simples ação, com retorno por mola, preferencialmente o de<br />

acionamento por diafragma e mola calibrada, conhecido<br />

como atuador tipo mola x diafragma.<br />

Este atuador é de fácil manuseio, pequena manutenção,<br />

confiável e de longa vida útil. Como possui uma mola<br />

calibrada apresenta um melhor controle do processo,<br />

porém, possui limitações. Cursos lineares acima de 3”, alta<br />

força ou torque de saída são fatores que limitam seu uso.<br />

Normalmente o diafragma suporta alimentação de ar inferior<br />

a 60psig, restringindo com isto a força/torque de saída.<br />

Para garantir a vedação em válvulas que requerem alta força<br />

de fechamento, são utilizados atuadores tipo pistão de<br />

simples ou dupla ação, que trabalham com pressão de


alimentação de até 150psig e sem limitação para curso linear.<br />

Os atuadores sem mola de dupla ação possuem maior força/<br />

torque de saída, pois usa a pressão de alimentação para abrir<br />

e fechar a válvula.<br />

Como quase a totalidade das válvulas de controle possui<br />

uma posição definida na falta de ar ou de energia, o uso<br />

de atuador tipo pistão dupla ação requer a utilização de<br />

um tanque externo acumulador de ar, para fazer a função<br />

da mola, ou seja, levar a válvula à posição de falha.<br />

Assim, se faz necessário o uso de um sistema composto<br />

de vários acessórios pneumáticos; nem sempre bem<br />

aceitos pelos usuários.<br />

5. VEDAÇÃO<br />

Para cada classe de vedação é requerido uma carga de<br />

assentamento, que tem como base o tipo da válvula,<br />

tamanho da sede e diferencial máximo de pressão, que varia<br />

significativamente a força requerida para vencer todas as<br />

cargas estáticas e dinâmicas, fechar a válvula e fazer a carga<br />

extra para vedar.<br />

É muito importante saber que existe vazamento em<br />

qualquer uma das classes da norma ANSI/FCI 70-2 e que os<br />

níveis de medição devem seguir o método de teste, usando<br />

preferencialmente o ar comprimido a uma pressão de 50<br />

psig, para testar as válvulas classe II, III, IV e VI. O valor de<br />

vazamento encontrado é para um diferencial de pressão de<br />

apenas 50psig e que no caso da válvula trabalhar com um<br />

diferencial maior que o testado, haverá também um maior<br />

vazamento no processo.<br />

A classe V que é testada com a pressão de água igual<br />

ao máximo diferencial em que a válvula irá trabalhar<br />

é a que mais se aproxima do real em processo. Porém<br />

não deverá ser selecionada como padrão, pois incorrerá<br />

sempre em um custo maior comparado a uma válvula<br />

de vedação classe IV, pois requer uma construção mais<br />

refinada em materiais e acabamento dos internos<br />

(sede e obturador) da válvula, além de maior carga no<br />

assentamento, que por consequência, necessitará de um<br />

atuador maior.<br />

Para a classe VI cujo teste com ar, usa o mesmo<br />

diferencial de pressão, tem a medição do vazamento feito<br />

por bolhas por minuto, seguindo a Tabela 2 (a seguir), por<br />

diâmetro de válvula.<br />

VÁLVULAS DE CONTROLE artigo<br />

Tabela 2 – Classe VI – Vazamento máximo.<br />

5.1 Considerações finais para escolha da classe<br />

de vedação mais adequada ao processo.<br />

* Classe de vedação: em função do projeto, aplicação,<br />

segurança e principalmente do tipo de válvula a ser utilizada.<br />

Respeitar as características técnicas de cada produto e não<br />

exigir/definir um modelo inadequado (que não atenda aos<br />

requisitos do processo).<br />

* Melhor classe de vedação: para válvula de controle,<br />

recomenda-se trabalhar com vedação mínima classe III,<br />

sendo que em aplicações especificas de alívio para atmosfera,<br />

partida de caldeira, by-pass de turbina, compressor (antisurge),<br />

injeção de água de poço de petróleo e alimentação<br />

de balão da caldeira, com cavitação, deverá ser selecionada<br />

vedação classe V.<br />

a) Vedação classe VI: pela utilização de material macio no<br />

assentamento, é susceptível ao desgaste em processo de<br />

controle contínuo, onde se mantêm uma mesma posição de<br />

abertura fixa, fluxo constante em uma determinada posição e<br />

em pequenas aberturas.<br />

A classe VI de vedação é normalmente padrão em válvulas<br />

de controle biestável, ou seja, atuando 100% aberta ou<br />

100% fechada (on-off), onde a sede macia não sofre<br />

danos constantes, ou seja, movimentos de um processo de<br />

controle contínuo.<br />

b) Teste final: atentar para não cometer o equívoco de<br />

utilizar a Norma API-598 para determinar o método de<br />

teste da válvula de controle. A norma API-598 é usada<br />

especificamente para teste de válvula de bloqueio,<br />

usualmente válvula manual. Seu teste usa água com<br />

a mesma pressão do teste hidrostático, ou seja, muito<br />

acima do utilizado no dimensionamento do atuador. Esta<br />

InTech 140 59


artigo VÁLVULAS DE CONTROLE<br />

norma é aplicada em testes de integridade do corpo (teste<br />

hidrostático), jamais para averiguar o nível de vazamento de<br />

uma válvula de controle.<br />

c) Teste de aceitação: algumas empresas ainda confundemse<br />

e realizam o teste de aceitação, incluindo o teste de vedação,<br />

baseando-se na norma API-598, o que é incorreto e inaplicável<br />

para a verificação da vedação em válvula de controle.<br />

d) Limpeza da linha: atualmente é o maior responsável<br />

por problemas de perda de vedação. O processo de limpeza<br />

da linha (quando a válvula encontra-se instalada) requer<br />

a abertura da válvula e a retirada das partes internas (sede,<br />

obturador e gaiola), evitando danos pela condução de partes<br />

metálicas na execução da limpeza.<br />

6. COMPARATIVO DE <strong>VAZAMENTO</strong><br />

A Tabela 3 (a seguir) demonstra o comparativo de<br />

vazamento máximo permitido de acordo com as classes IV,<br />

V e VI, tendo como base uma válvula do tipo globo-gaiola,<br />

diâmetro 8”, classe de pressão 900#, Cv selecionado 640<br />

e diâmetro da sede 6,5”; para aplicação em trabalho com<br />

vapor d’água, com um diferencial máximo de pressão de 70<br />

kg/cm² (1000psig).<br />

Tabela 3<br />

Para ter-se uma ideia do vazamento real da classe de vedação<br />

V, com uma pressão igual ao máximo diferencial a que será<br />

submetida de 3,25 ml/minuto, segue a relação em gotas e<br />

bolhas por minuto.<br />

Por obviedade, a classe V de vedação possui um menor<br />

nível de vazamento efetivo, quando em processo. O<br />

vazamento da água quando submetida a uma pressão<br />

de 1000 psig é somente de 52 gotas por minuto,<br />

expressivamente menor do que o obtido pela classe VI,<br />

que é de até 108 gotas por minuto, porém, com uma<br />

60 InTech 140<br />

pressão de 50 psig. Esta classe deve ser selecionada com<br />

total critério, pois será necessária a utilização de um<br />

atuador com uma força extra de vedação; em muitos<br />

casos requer atuador do tipo pistão de dupla ação.<br />

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Seguindo as recomendações de seleção de<br />

válvula de controle e classe de vedação, depois<br />

de realizado o teste de vedação e aceitação, em<br />

conformidade a norma ANSI/FCI 70-2, adotada<br />

na IEC 60534 - parte 4; pode-se instalar a válvula<br />

na linha. Se atendidos e observados todos os<br />

requisitos e critérios, certamente a válvula<br />

apresentará desempenho adequado, tanto no teste<br />

de vedação de bancada como em funcionamento<br />

efetivo, no caso de classe V.<br />

8. BIBLIOGRAFIA<br />

Norma ANSI/FCI 70.2.<br />

SOBRE O AUTOR<br />

Gilson Yoshinori Mabuchi atua no mercado de automação<br />

industrial há mais de vinte e sete anos, no segmento de<br />

válvulas de controle, com especialização em válvulas especiais<br />

para aplicação em serviço severo, realizada na Emerson<br />

Process, Fisher Controls Division, USA. Experiência profissional:<br />

GE Energy – Oil & Gas, Masoneilan & Consolidated Products<br />

(desde 2009); Emerson Process (Fisher Division) – 1990 a 2009;<br />

Valtek Sulamericana – 1986 a 1990; Tyco Flow Control (Grupo<br />

Hiter) – 1985 a 1986.<br />

REVISÃO E EDIÇÃO<br />

Ana Paula Cerqueira, dezessete anos atuando no mercado<br />

de automação industrial, no segmento de válvulas de<br />

controle e instrumentos, com especialização em Engenharia<br />

de Petróleo e Gás. Colaboradora da GE Energy – Oil & Gas -<br />

Masoneilan Division.


artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />

ANÁLISE DE <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO <strong>INDUSTRIAIS</strong><br />

– ISA100 X WIRELESSHART<br />

Márcio S. Costa (gma.costa@uol.com.br) e Jorge L. M. Amaral (jamaral@uerj.br),<br />

Programa Pós-Graduação em Engenharia Eletrônica, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A utilização de transmissão de dados sem fio tomou<br />

conta do dia a dia das pessoas de forma definitiva. Cada<br />

vez mais, novos equipamentos são lançados no mercado<br />

com funcionalidades sem fio (wireless) e outros tantos<br />

são modernizados para substituir os atuais equipamentos<br />

fiados. A febre da conectividade móvel pelos usuários<br />

faz com que a necessidade de equipamentos sem fio seja<br />

quase uma obrigatoriedade. A vida on line, proporcionada<br />

pela internet através de celulares, notebook, TVs, tablets e<br />

outros equipamentos, faz da tecnologia sem fio, cada vez<br />

mais, a primeira opção dentre os meios convencionais de<br />

comunicação utilizados atualmente.<br />

Até que ponto poderá se associar a evolução wireless<br />

mencionada anteriormente ao ambiente industrial? Com que<br />

velocidade as redes sem fio serão verdadeiramente uma opção<br />

a ser empregada em projetos de automação e instrumentação?<br />

Só o futuro nos dirá. Porém, em um passado recente,<br />

não se imaginaria a velocidade com que as redes sem fio<br />

transformariam o mundo atual. Isso nos faz crer que o domínio<br />

do wireless industrial será apenas uma questão de tempo.<br />

De fato, a utilização de redes sem fio em projetos de<br />

instrumentação industrial tem crescido bastante nos últimos<br />

anos. O interesse pelo seu uso se dá devido às diversas<br />

vantagens que estão por trás dessa tecnologia, como a<br />

redução de tempo de instalação de dispositivos, a inexistência<br />

de estrutura de cabeamento, a economia no custo de<br />

projetos, a economia em infraestrutura, a flexibilidade<br />

de configuração de dispositivos, a economia no custo de<br />

montagem, a flexibilidade na alteração de arquiteturas<br />

existentes, a possibilidade de instalação de sensores em<br />

locais de difícil acesso, enfim, podem-se resumir todas essas<br />

vantagens em: economia de tempo e de recursos.<br />

No caminho a ser percorrido para que haja uma consolidação<br />

definitiva da tecnologia, devem ser considerados requisitos<br />

fundamentais nas soluções apresentadas pelos padrões,<br />

protocolos, metodologias e ferramentas de apoio. Requisitos<br />

como alta confiabilidade, segurança de informações<br />

de dados e acesso de usuários, desempenho, robustez,<br />

determinismo, qualidade de serviço (QoS), interoperabilidade<br />

entre equipamentos, integração com protocolos e sistemas<br />

existentes, existência de rede com grande quantidade de<br />

dispositivos (escalabilidade), ferramentas de apoio a projetos,<br />

tratamento de informações e monitoração da rede.<br />

Dentre as diversas soluções existentes no mercado, dois dos<br />

principais padrões voltados para redes sem fio industriais são o<br />

ISA100.11a e o WirelessHART. Este artigo descreve as principais<br />

características e vantagens desses padrões, de modo a proporcionar<br />

uma visão geral das soluções adotadas e a comparação entre eles.<br />

PADRÕES <strong>INDUSTRIAIS</strong> PARA AS <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />

O objetivo principal do comitê ISA100 é desenvolver uma família<br />

de padrões para redes sem fio industriais que irão cobrir uma<br />

ampla gama de aplicações, tais como controle de processos,<br />

InTech 140 61


artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />

identificação e rastreamento de pessoas e equipamentos,<br />

convergência entre diferentes padrões e aplicações de longa<br />

distância. O ISA100.11a é o primeiro padrão desta família. Ele<br />

descreve uma rede sem fio em malha projetada para fornecer<br />

uma comunicação sem fio segura para o controle de processos.<br />

Figura 1 – Arquitetura ISA-100.11a.<br />

A arquitetura básica (Figura 1) é composta por dispositivos de<br />

campo roteadores, dispositivos não roteadores, roteadores<br />

de backbone, gerenciador do sistema (System Manager),<br />

gerenciador de segurança (Security Manager) e o gateway. No<br />

caso dos dispositivos de campo, aqueles que não possuem a<br />

capacidade de roteamento são dispositivos de entrada e saída<br />

(sensores e atuadores). Já os dispositivos com capacidade de<br />

roteamento também podem atuar como sensores e atuadores.<br />

Os nós roteadores têm um papel muito importante em uma<br />

rede em malha. Nesta topologia, os dados são transmitidos<br />

da origem para o destino, através de múltiplos saltos e os<br />

roteadores são responsáveis por fazer com que os dados<br />

cheguem ao destino correto, podendo utilizar caminhos<br />

alternativos para aumentar a confiabilidade. O roteador do<br />

backbone é responsável por fazer o roteamento dos pacotes<br />

entre sub-redes diferentes; o gateway age como uma<br />

interface entre a rede de campo ISA100 e a rede de controle<br />

da planta; o System Manager é responsável pela configuração<br />

da comunicação (alocação de recursos e escalonamento),<br />

pelo controle e gerenciamento da rede; o Security Manager é<br />

responsável por gerenciar as políticas de segurança do padrão.<br />

A Figura 2 mostra a pilha de protocolos do ISA100.11a comparada<br />

com os modelos OSI e TCP/IP. Observe que a pilha de protocolos<br />

do ISA100.11a é construída a partir de padrões amplamente<br />

aceitos e testados. Por exemplo, a rede em malha está integrada<br />

com o IPv6, o que vai garantir soluções altamente escaláveis.<br />

A camada de aplicação do ISA100.11a é bastante flexível<br />

e a capacidade de tunelamento permite que os usuários<br />

mantenham a compatibilidade com os protocolos legados<br />

em uso em suas plantas.<br />

62 InTech 140<br />

Figura 2 – Pilha de Protocolos ISA 100.11a.<br />

O WirelessHART foi o primeiro padrão para comunicação sem<br />

fio em controle de processo. Ele foi oficialmente lançado pela<br />

HART Communication Foundation em setembro de 2007. Ele<br />

acrescenta funcionalidades wireless ao tradicional protocolo<br />

HART, além de manter compatibilidade com os dispositivos<br />

HART existentes. No WirelessHART, cada dispositivo da<br />

topologia da rede em malha pode servir como um roteador<br />

para mensagens de outros dispositivos, o que determina<br />

que um dispositivo não precisa se comunicar diretamente<br />

com gateway, mas precisa de um dispositivo próximo para<br />

repassar sua mensagem. Esse mecanismo faz com que o<br />

alcance da rede se torne extenso, além de criar alternativas<br />

de rotas redundantes de comunicação, aumentando a<br />

confiabilidade da rede. A arquitetura da rede WirelessHART<br />

suporta uma grande variedades de dispositivos de vários<br />

fabricantes (Figura 3).<br />

Figura 3 – Arquitetura WirelessHART.<br />

Os elementos que compõem a arquitetura WirelessHART<br />

são: (i) dispositivos de campo (Field Devices) – conectados<br />

diretamente ao processo para medições de variáveis de campo,<br />

além de ter a capacidade de retransmitir mensagens recebidas<br />

vindas de outros dispositivos da rede; (ii) Adaptadores – para<br />

conectividade de um dispositivo que não seja WirelessHART;


(iii) Gateway – tem a função de conectar a rede sem fio com<br />

a rede de automação da planta, fornecendo acesso das<br />

aplicações host; (iv) Handheld – computador portátil para<br />

configuração de dispositivos, diagnósticos, calibrações e<br />

gerenciamento de informações de rede; (v) Network Manager<br />

– faz parte de uma funcionalidade lógica do Gateway e é<br />

responsável pela configuração da rede, pelo sincronismo entre<br />

os dispositivos, pelo gerenciamento das tabelas de rotas e<br />

pelo monitoramento do estado dos dispositivos; (vi) Security<br />

Manager – também é uma funcionalidade do Gateway e é<br />

responsável pela geração, armazenamento, gerenciamento<br />

e distribuição das chaves utilizadas na autenticação de<br />

dispositivos e na criptografia de dados da rede.<br />

A camada de protocolos do WirelessHART pode ser vista<br />

na Figura 4. Foram incluídas outras camadas para que o<br />

protocolo HART pudesse funcionar em uma rede sem fio.<br />

Figura 4 – Pilha de Protocolos HART.<br />

COMPARAÇÃO ENTRE OS PROTOCOLOS<br />

A Camada Física define as características mecânicas, elétricas,<br />

funcionais e os procedimentos para ativar, manter e desativar<br />

conexões físicas para a transmissão de informação codificada<br />

em bits. Ambas as redes, ISA100.11a e WirelessHART, utilizam<br />

a interface de rádio descrita no padrão IEEE 802.15.4. Esses<br />

rádios operam na faixa de frequência livre de rádio de 2.4<br />

GHz na banda ISM (Industrial, Scientific, and Medical) dividida<br />

em 16 canais, com taxa de transmissão bruta de 250kbps,<br />

utilizando o DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum).<br />

No ISA100.11a, a camada física e parte da camada de<br />

Enlace utilizam o padrão IEEE 802.15.4, enquanto que a<br />

outra parte implementa o método de acesso chamado de<br />

TDMA (Time Division Multiple Access). Neste método de<br />

acesso, a comunicação entre os nós ocorre em uma janela<br />

de tempo específica chamada de time slot. A duração de<br />

<strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO artigo<br />

um time slot é configurável (10 a 14 ms) e o conjunto de<br />

todos os time slots formam um superframe. Dependendo<br />

do tipo de comunicação, os slots podem ser classificados<br />

como: dedicado – onde existe apenas um dispositivo fonte –;<br />

compartilhado – onde múltiplos dispositivos tentam acessar o<br />

meio através da contenção de acesso (CSMA/CA) – e ociosos.<br />

Além do controle do acesso ao meio TDMA, para melhorar o<br />

suporte a aplicações com requisitos temporais mais severos,<br />

foi introduzido o controle de fluxo com atribuição de dois<br />

níveis de prioridades para as mensagens.<br />

A confiabilidade da comunicação é aumentada pela<br />

diversidade na frequência, através de três diferentes esquemas<br />

de saltos dos canais de frequência de transmissão (Channel<br />

Hopping). No Channel Hopping, a frequência (canal) de<br />

comunicação entre dois nós varia de forma pseudoaleatória<br />

em uma lista de canais ao longo do tempo. Isto torna a<br />

comunicação mais robusta, aumentando a imunidade contra<br />

interferências. Outra estratégia utilizada para aumentar<br />

a confiabilidade: o ISA 100.11a adota o esquema ARQ<br />

(Automatic Repeat reQuest). As mensagens que são enviadas<br />

precisam ser reconhecidas pelos dispositivos de destino.<br />

Caso isso não aconteça, o pacote será automaticamente<br />

retransmitido em outro canal de frequência.<br />

Para minimizar possíveis interferências causadas pela<br />

coexistência com outras redes (WirelessHART, ZigBee, IEEE<br />

802.11, Bluetooth, micro-ondas, outras), o ISA 100.11a utiliza<br />

o mecanismo de gerenciamento de espectro, com técnicas de<br />

lista negra de canais (Channel blacklisting) e saltos adaptativos<br />

(Adaptive hopping). Com base em dados estatísticos recebidos<br />

dos dispositivos, o System Manager pode interditar o uso<br />

de um determinado canal por um período de tempo. Esses<br />

canais interditados vão para a “Channel blacklisting” e saem<br />

automaticamente da sequência de saltos de frequência,<br />

não sendo utilizados pelos dispositivos para transmissão<br />

de pacotes. O mecanismo Adaptive hopping é similar ao<br />

mecanismo Channel blacklisting, exceto que a decisão é feita<br />

localmente pelo dispositivo, baseado em dados estatísticos de<br />

parâmetros wireless coletados pelos dispositivos.<br />

O protocolo HART tradicional utiliza o token-passing como<br />

controle de acesso para suportar o tráfego de dados. Com<br />

o surgimento do WirelessHART, as camadas da pilha de<br />

protocolos foram alteradas para incorporar a transmissão<br />

sem fio. O WirelessHART utiliza a mesma interface de rádio<br />

do padrão 802.15.4. O método de acesso ao meio também<br />

InTech 140 63


artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />

é feito usando o TDMA, para garantir determinismo<br />

temporal na comunicação e otimizar o uso da bateria<br />

dos dispositivos. A duração da janela de tempo (time<br />

slot), no caso do WirelessHART, é fixa e igual a 10ms. Os<br />

time slots também são organizados em superframes que<br />

periodicamente são repetidos para suportar diferentes tipos<br />

de tráfegos de comunicação da rede (rápido, lento, cíclico<br />

e acíclico). O enlace pode ser dedicado – para garantir<br />

uma latência mínima de um dado de processo –, ou pode<br />

ser compartilhado – para permitir uma ampla utilização da<br />

largura de banda da rede –. O protocolo suporta múltiplos<br />

tipos de mensagens como publicação de dados de processo,<br />

notificação por exceção, requisição/resposta ad-hoc e<br />

fragmentação automática de grandes pacotes de dados.<br />

Para evitar interferências, perturbações e colisões com outros<br />

sistemas de comunicação, o WirelessHART também utiliza<br />

o salto de canais (Channel hopping), entretanto, apenas<br />

uma única estratégia de salto de canais foi definida. Para o<br />

gerenciamento do espectro, também é utilizada a lista negra<br />

de canais (Channel blacklisting).<br />

REDE <strong>EM</strong> MALHA E ENDEREÇAMENTO<br />

O WirelessHART e o ISA100.11a utilizam a topologia da rede<br />

em malha. Nesta topologia, um dispositivo pode servir como<br />

roteador das mensagens de outros dispositivos até o seu<br />

destino final. Isto faz com que o alcance da rede seja maior,<br />

além de criar redundância de caminhos, atenuando problemas<br />

com interferências e obstáculos sem interferência do usuário e<br />

contribuindo para o aumento da confiabilidade da rede.<br />

As rotas são configuradas pelo gerenciador da rede com base nas<br />

informações de diagnósticos recebidas dos dispositivos. Desta<br />

forma, as rotas redundantes são continuamente adaptadas<br />

visando às melhores condições do espectro de frequência.<br />

Tanto no WirelessHART quanto no ISA100.11a a camada<br />

de rede é encarregada do roteamento e do endereçamento.<br />

Entretanto, no WirelessHART, o endereçamento está voltado<br />

para o nível local, usando ou o endereço de 8 bytes (EUI-64)<br />

ou de 2 bytes (apelido), semelhante ao que ocorre no nível<br />

de sub-rede (malha) no ISA100.11a. Já no ISA100.11a, o<br />

endereçamento e o roteamento abrangem não somente o<br />

nível da rede em malha, mas também o nível do backbone.<br />

Sua Camada de Rede é baseada no IETF RFC 4944 (6LoWPAN),<br />

que especifica a transmissão de pacotes IPv6, sobre a rede IEEE<br />

802.15.4, permitindo a conectividade IP entre os dispositivos<br />

64 InTech 140<br />

de campo. O esquema de endereçamento suporta EUI-64<br />

(64bits), IPv6 (128 bits) e IEEE 802.15.4 (16 bits). Isto significa<br />

que o ISA100 pode tirar proveito do IPv6 para construir redes<br />

bastante escaláveis e com grande número de dispositivos.<br />

SEGURANÇA<br />

Os mecanismos de segurança usados devem ser avaliados<br />

de acordo com os seguintes critérios: confidencialidade<br />

da informação; integridade da informação; autenticação<br />

dos membros da rede e disponibilidade da informação. A<br />

confidencialidade da informação é a garantia de que apenas<br />

os membros autorizados terão acesso à informação. No ISA<br />

100.11a, tal confidencialidade é obtida através da utilização<br />

de criptografia AES-128 em conjunto com a utilização<br />

de diferentes chaves de curta duração nas camadas de<br />

enlace (responsável pela comunicação entre nós vizinhos –<br />

salto a salto) e na camada de transporte responsável pela<br />

comunicação fim a fim. A integridade da informação é<br />

garantida através de mecanismo herdados do IEEE 802.15.4.<br />

O MIC (Message Integrity Code) é adicionado aos dados que<br />

serão transmitidos. Isto permite que o receptor possa verificar<br />

se os dados foram alterados ou não. Além disso, o MIC em<br />

conjunto com chaves simétricas pode ser usado para autenticar<br />

pacotes transmitidos entre os nós. Os dispositivos que<br />

desejam entrar na rede aguardam os anúncios transmitidos<br />

pelos roteadores que já estão na rede. Estes anúncios<br />

contêm a informação necessária para o dispositivo montar<br />

o seu pedido de entrada. Este pedido de entrada é enviado<br />

ao System Manager, que o processa em conjunto com o<br />

Security Manager, e que verifica se o dispositivo tem todas as<br />

credenciais de segurança. Uma vez que o pedido é aprovado, o<br />

System Manager envia uma resposta para o roteador que fez o<br />

anúncio e admite o novo dispositivo na rede.<br />

O padrão ISA100.11a possui algumas características especiais<br />

para aumentar a segurança. Por exemplo, ele fornece proteção<br />

para uma variedade de ataques através de um time stamp. A<br />

camada de transporte utiliza este time stamp que indica quando<br />

o pacote foi criado. Durante a autenticação no destino, o pacote<br />

poderá ser descartado caso tenha ultrapassado o limite de<br />

tempo configurado, protegendo contra ataques maliciosos de<br />

replicação de mensagens com dados válidos (replay attacks).<br />

Existe também a opção do uso de chaves assimétricas que<br />

permite que o dispositivo se integre à rede sem ter que fornecer<br />

a ele uma chave segura em uma etapa de configuração.


No WirelessHART, o esquema de criptografia também é o<br />

AES-128 e o MIC também é usado para garantir integridade<br />

e fazer a autenticação em diferentes camadas em conjunto<br />

com as chaves apropriadas (Network Key e Session Key).<br />

O processo de entrada de um dispositivo na rede é bem<br />

semelhante ao descrito no caso do ISA 100.11a. O dispositivo<br />

que deseja entrar na rede envia um pedido de entrada<br />

(join request) e recebe uma resposta (join response) do<br />

Network manager. Entretanto, o WirelessHART usa uma<br />

chave separada. A Join Key é utilizada para autenticação do<br />

dispositivo no processo de sua adesão à rede.<br />

Uma vez que cada um dos padrões é baseado em uma<br />

entidade central responsável pelo gerenciamento e por<br />

manter uma lista dos dispositivos pertencentes à rede, a<br />

probabilidade de que a replicação de nós e ataques do tipo<br />

Sybil sejam bem sucedidos é muito baixa.<br />

A disponibilidade da informação pode ser ameaçada através<br />

de interferência contínua ou intermitente nos canais de<br />

comunicação. No caso de uma interferência contínua em<br />

vários canais, a técnica de Blacklisting fornece uma solução<br />

eficiente. Para o caso de uma interferência intermitente,<br />

o Channel Hopping se mostra uma solução adequada.<br />

Além disso, para evitar problemas deste tipo, o espectro de<br />

transmissão é continuamente monitorado.<br />

Nenhum dos padrões fornece soluções para evitar a<br />

geração de colisões por uma fonte mal intencionada<br />

ou contra inúmeros pedidos de conexão. Entretanto os<br />

dispositivos da rede reportam condições de anomalias que<br />

possam ser identificadas como possíveis ataques, tais como<br />

retransmissões, falhas de acesso, falhas em cheques de<br />

integridade de mensagens, falhas de autenticação etc.<br />

APLICAÇÃO<br />

No ISA 100.11a, a camada de aplicação é orientada a<br />

objeto e derivada do Foundation Fieldbus, HART e Profibus.<br />

Dispositivos informam valor e status (mesmas unidades FF)<br />

e podem ser criados contratos com a rede para atender aos<br />

requisitos de qualidade de serviço (QoS), como parâmetros<br />

de latência, vazão e confiabilidade. A comunicação é fim a<br />

fim entre origem e destino e a camada suporta os modelos<br />

Produtor/Consumidor e Cliente/Servidor. Existem objetos<br />

concentradores de dados e outros para gerenciar alarmes.<br />

Estes têm como objetivo colocar a informação de forma mais<br />

eficiente em pacotes para otimizar a utilização da banda. Os<br />

<strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO artigo<br />

objetos upload/download podem ser usados para realizar<br />

upgrades de firmware e ler formas de ondas de sensores.<br />

Existem ainda blocos funcionais genéricos tais como Analog in,<br />

Analog out, Binary in e Binary out. O esquema de tunelamento<br />

permite que comandos e serviços de outras redes como<br />

HART, DeviceNet e Foundation Fieldbus (ver Figura 5) sejam<br />

transmitidos através da rede sem fio ISA 100.11a.<br />

Figura 5 – Tunelamento.<br />

No WirelessHART, os dados de processo e set-points podem<br />

ser publicados periodicamente na rede quando houver<br />

mudança significativa dos seus valores ou se um valor<br />

ultrapassou um limiar crítico de operação. Mensagens de<br />

notificação são geradas automaticamente para as aplicações<br />

quando os dados ou os estados de processo são alterados.<br />

No WirelessHART, a comunicação entre os dispositivos de<br />

campo e o gateway é feita através de comandos e respostas.<br />

Na camada de aplicação estão definidos os vários comandos,<br />

as respostas, os tipos de dados e a indicação de status que<br />

deve ser feita. Ela também é responsável por determinar<br />

o conteúdo da mensagem, obter o número do comando,<br />

executá-lo e gerar a resposta adequada.<br />

CONCLUSÕES E QUADRO FINAL<br />

Diante dessas características, podemos avaliar que as redes<br />

possuem muitos pontos em comum, porém sempre existirá<br />

a dúvida ao escolher entre quais das duas tecnologias de rede<br />

é mais adequada para sua aplicação. As redes apresentam<br />

muitos pontos positivos e conceitos sólidos, além de utilizar<br />

como base um protocolo em comum nas camadas física e de<br />

enlace, o IEEE 802.15.4.<br />

Na visão dos usuários, as vantagens de se utilizar uma<br />

solução com tecnologia de redes sem fios em um projeto<br />

de automação industrial são facilmente percebidas. Porém,<br />

InTech 140 65


artigo <strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO<br />

a contrapartida é ter confiança necessária para se adotar<br />

uma solução inovadora como esta, e neste aspecto, ter duas<br />

soluções distintas de tecnologia não ajuda muito. Diferenças<br />

à parte, as duas propostas são potencialmente boas, porém,<br />

ao invés de dividir esforço e mercado, seria vantajoso para<br />

todos, se os dois grupos de desenvolvimento se unissem<br />

para promover uma única tecnologia de redes sem fio de<br />

modo a ser utilizada em aplicações industriais, sem prejuízo<br />

dos investimentos feitos por usuários até então, pensando<br />

além de uma única solução, mas também em conversão e<br />

adaptações de projetos já implementados. Neste sentido, o<br />

subcomitê ISA100.12 vem trabalhando no sentido de obter<br />

uma convergência entre estes padrões. Além dos benefícios<br />

provenientes desta convergência em termos econômicos<br />

e operacionais, ela permitirá um esforço conjunto para que<br />

algumas questões, que permanecem em aberto nestes<br />

padrões, sejam equacionadas. Uma delas é que, nenhum dos<br />

padrões está preparado para atender requisitos de tempo<br />

real na faixa de 1 a 10 ms, sendo necessárias pesquisas para<br />

um novo padrão de camada física. Outra dessas questões,<br />

diz respeito à garantia da qualidade de serviço em redes<br />

heterogêneas: apesar de os subcomitês da ISA100.12 e<br />

ISA100.15 trabalharem para compatibilizar o ISA100.11a<br />

com o WirelessHART e com o Zigbee, e do ISA100.11a ser<br />

compatível com os protocolos, tais como, o HART e Fieldbus,<br />

por tunelamento, a compatibilidade requer tradução entre<br />

protocolos o que pode aumentar o atraso fim a fim. Além<br />

disso, opções em um protocolo podem não ser suportadas ou<br />

terem sido desabilitadas por questões de interoperabilidade.<br />

Uma terceira questão se refere à qualidade de serviço em<br />

redes em malha: em uma rede em malha, as mensagens de<br />

um nó origem para um nó destino podem passar por rotas<br />

diferentes, podendo causar diferentes atrasos. Embora o<br />

ISA 100.11a e o WirelessHART deem suporte a mecanismos<br />

básicos de garantia de qualidade de serviço, este caso está<br />

fora do escopo dos padrões. Em relação à segurança, devem<br />

ser desenvolvidos procedimentos para diminuir os efeitos de<br />

ataques de colisão e de inundação de pedidos de conexão.<br />

Finalmente, devem ser desenvolvidas novas metodologias na<br />

monitoração da rede para evitar ataques, para tratar a grande<br />

quantidade de informação de diagnóstico, equipamentos e<br />

plantas, e para planejar e dimensionar as redes sem fio para<br />

que elas atendam os requisitos necessários.<br />

O quadro apresentado procura resumir alguns dos principais<br />

aspectos presentes nos dois padrões.<br />

66 InTech 140<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Standard. In Proceedings of SICE Annual Conference,<br />

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specifications – WirelessHART communication network and<br />

communication profile, International Electrotechnical Commission,<br />

Edition 1.0, 2010.<br />

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[Acesso em Novembro de 2011]. Disponível em<br />

http://www.isa100wci.org/Documents/PDF/ISA100_Standards-<br />

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http://www.isa100wci.org/Documents/PDF/The-Technology-<br />

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Industrial Automation: Process Control and Related Applications,<br />

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7. Lydon, B: ISA100 Wireless Standard Review Control & Instrument<br />

Manufacturer Perspective. [Acesso em Novembro de 2011].<br />

Disponível em: https://www.honeywellprocess.com/library/.../<br />

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Process Control. In Proceedings of the IEEE Real-Time and<br />

Embedded Technology and Applications Symposium (RTAS),<br />

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10. Zhang, X.; Wei, M.; Wang, P.; Kim, Y: Research and<br />

|Implementation of Security Mechanism in ISA100.11a Networks.<br />

In Proceedings of Ninth International Conference on Electronic<br />

Measurement & Instruments, Beijing, China, 2009.


ASPECTOS<br />

Arquitetura<br />

Camada Física<br />

Camada de Enlace<br />

Camada de Rede<br />

Camada de Transporte<br />

Camada de Aplicação<br />

Suporte a Tempo Real<br />

Confiabilidade<br />

Segurança<br />

Integração do<br />

Dispositivo a rede<br />

Configuração<br />

de dispositivos<br />

Pontos de acesso<br />

Dispositivo de campo (I/O e roteador, roteador)<br />

IEEE 802.15.4<br />

IEEE 802.15.4 + (TDMA e Channel Hopping (1)<br />

Time slot fixo<br />

Níveis de prioridades (4)<br />

Baseado no HART<br />

Endereçamento de 16 e 64 bits<br />

Serviço de comunicação que assegura<br />

que os pacotes sejam transmitidos<br />

através dos múltiplos saltos<br />

Orientada a comandos,<br />

Tipo de dados predefinidos,<br />

Suporta protocolo HART<br />

TDMA<br />

Níveis de prioridades (4)<br />

Topologia em Malha<br />

Channel Hopping (1)<br />

Channel Blacklisting<br />

Pedido automático de retransmissão<br />

Criptografia AES de 128 bits<br />

Segurança em diferentes camadas<br />

Utilização de chaves de curta duração<br />

Proteção contra interferências (Blacklist,<br />

Channel Hopping)<br />

Utilização de chaves simétricas<br />

Handheld Pela porta de manutenção<br />

<strong>REDES</strong> S<strong>EM</strong> FIO artigo<br />

Roteador do Backbone<br />

Dispositivo de campo (I/O, roteador, roteador e I/O)<br />

Definição de múltiplas sub-redes<br />

IEEE 802.15.4<br />

IEEE 802.15.4 + (TDMA e Channel Hopping (3))<br />

Time slot configurável<br />

Níveis de prioridades (2)<br />

Sub-redes<br />

Baseado no IPv6<br />

6LoWPAN (IETF RFC4944)<br />

Endereçamento de 16, 64 e 128 bits<br />

Serviço não orientado a conexão<br />

UDP (IETF RFC768)<br />

Compatibilidade com 6LoWPAN<br />

Orientada a Objetos<br />

Suporte a protocolos legados (tunelamento)<br />

TDMA<br />

Níveis de prioridades (2)<br />

Contratos para garantia de QoS<br />

Topologia em Malha<br />

Channel Hopping (3)<br />

AdaptativeHopping<br />

Channel Blacklisting<br />

Pedido automático de retransmissão<br />

Criptografia AES de 128 bits<br />

Segurança em diferentes camadas<br />

Utilização de chaves de curta duração<br />

Proteção contra interferências (Blacklist,<br />

Channel Hopping)<br />

Utilização de chaves simétricas<br />

e assimétricas<br />

Dispositivo específico<br />

Permite configuração OTA (Over the Air)<br />

InTech 140 67


eportagem WIRELESS<br />

A REALIDADE<br />

DA COMUNICAÇÃO S<strong>EM</strong> FIO<br />

Sílvia Bruin Pereira, InTech América do Sul.<br />

Um dos obstáculos no caminho do crescimento das aplicações de comunicação<br />

sem fio nas plantas industriais parece superado: os padrões tendem a convergir,<br />

indicam as observações dos especialistas. Do lado prático, soluções já se avolumam<br />

mundo afora, e no Brasil também. A tecnologia wireless não é mais restrita<br />

ao cotidiano pessoal e agora faz parte dos automatismos da indústria,<br />

não só para realizar a comunicação entre instrumentos, mas para assumir<br />

também as funções de controle. Um cenário real e garantido por importantes<br />

fornecedores do mercado. Confira o que afiançaram na reportagem a seguir.<br />

Alexandre Peixoto, Gerente de Negócios Wireless no Brasil da<br />

Emerson Process Management, recorda que o universo de<br />

soluções sem fio para o mercado de automação industrial já<br />

existe há vários anos, mas com base em produtos que serviam<br />

apenas para interligar equipamentos que basicamente se<br />

localizavam remotamente, acrescentando que essas soluções<br />

remotas ainda são baseadas em rádios. “Já no âmbito da<br />

instrumentação industrial, há alguns anos se iniciou um<br />

trabalho de prospecção da arquitetura Smart Wireless da<br />

Emerson com base no protocolo WirelessHART. O primeiro<br />

instrumento wireless da Emerson foi instalado em 2007<br />

e, especificamente no Brasil, tivemos a primeira instalação<br />

em 2008”, conta Peixoto. A linha de instrumentos wireless<br />

que integra essa arquitetura inclui: Smart Wireless gateway;<br />

adaptador Smart Wireless THUM, que permite converter<br />

sinais HART em WirelessHART; Rosemount 648 / 848TX /<br />

68 InTech 140<br />

Foto: Divulgação.<br />

Alexandre Peixoto,<br />

Gerente de<br />

Negócios Wireless<br />

no Brasil da<br />

Emerson Process<br />

Management.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Linha de produtos<br />

wireless da Emerson<br />

Process Management.<br />

248 para medição de temperatura; Rosemount 3051S para<br />

medição de pressão, nível e vazão; Rosemount Analytical<br />

6081P / 6081C para medições de pH e condutividade; CSI<br />

9420 para monitoração de vibração de rotativos; Rosemount<br />

2160 para detecção de nível (chave tipo garfo vibrante);<br />

Rosemount 702 para interconexão com sinais discretos<br />

(entradas/saídas); TopWorx 4310 / 4320 para indicação de<br />

posição de válvulas on/off e lineares; Rosemount 708 para<br />

monitoração de purgadores e válvulas de pressão de alívio;<br />

e Roxar Wireless CorrLog para detecção de corrosão em<br />

linha. “Além de outras tecnologias sem fio para abordagem<br />

de periféricos, que permitem complementar as soluções para<br />

rastrear ativos/pessoas, utilização de voz e vídeo, operação de<br />

processos remotamente, etc.”, acrescenta Peixoto.<br />

A Honeywell Process Solution (HPS) anunciou sua<br />

primeira linha de produtos wireless em 2004, com a solução<br />

XYR5000. “Em 2007 fizemos outro importante lançamento,<br />

a linha OneWireless XYR6000 e, falando especificamente<br />

sobre o Brasil, nossos produtos sem fio chegaram ao mercado<br />

nacional em 2005”, explica Raymond Rogowski, Diretor


Foto: Divulgação.<br />

Raymond Rogowski,<br />

Diretor de Marketing Wireless<br />

da Honeywell Process Solutions.<br />

de Marketing Wireless da empresa. A linha é batizada de<br />

Honeywell OneWireless, uma família que inclui soluções<br />

de rede, sensores, aplicações e serviços. “Só para detalhar<br />

os produtos que compõem a linha, temos uma série de<br />

dispositivos (que medem pressão, temperatura, níveis, fluxo,<br />

acústica, I/O digital); infraestrutura de rede multinode,<br />

pontos de acesso, gerenciadores de dispositivos sem fio e<br />

ponto de acesso Cisco 155S ISA100.11a/WLAN. Além dessas<br />

soluções, oferecemos aos nossos clientes serviços de rede e<br />

de engenharia e execução de projetos”, comenta Paulo César<br />

da Silva, Consultor de Sistemas da HPS Brasil.<br />

Já a Smar Equipamentos Industriais vem utilizando a<br />

tecnologia wireless há mais de 10 anos, contando com<br />

aplicações com rádios e também com sistema GPRS.<br />

“Em termos de WirelessHART, adotamos a linha 400 de<br />

equipamentos de pressão e temperatura, e denominamos<br />

de LD400-WirelessHART e TT400-WirelessHART, respectivamente.<br />

Além disso, inovamos ao desenvolver o primeiro<br />

controlador HSE-WirelessHART, o que torna nossa solução<br />

aberta e integrável com qualquer protocolo, sendo: FF,<br />

Profibus, DeviceNet, AS-i, Modbus, HART, etc.”, afirma César<br />

Cassiolato, Diretor de Marketing, Qualidade e Engenharia de<br />

Projetos e Serviços da Smar. “Um fato interessante, pioneiro<br />

e inovador foi durante o começo dos anos 2000, quando<br />

lançamos o PX400, um equipamento wireless para medição<br />

de PU (Unidade de Pasteurização) em tuneis de pasteurização<br />

de cerveja”, completa Evaristo Orellana Alves, Gerente de<br />

Produtos da linha de Transmissores de Pressão e Densidade.<br />

Cassius Barros, Supervisor de Engenharia de Aplicações da<br />

Yokogawa América do Sul, lembra que a empresa iniciou<br />

a comercialização de instrumentos wireless em 2001 e, em<br />

2010, lançou a linha atendendo ao padrão ISA100.11a.<br />

WIRELESS reportagem<br />

“A linha denomina-se Yokogawa Field Wireless System<br />

ISA100.11a, e consiste em uma gateway de campo integrada<br />

(backbone combinado com gateway), backbone router,<br />

gateway independente, transmissores de pressão série<br />

EJX-B, transmissor de temperatura YTA510, transmissor<br />

multiponto de temperatura YTMX580 e antenas de alto<br />

ganho para comunicação direta a 2500 metros”, acrescenta<br />

o Engenheiro de Aplicações, Maxwel Watanabe.<br />

NÚMEROS E APLICAÇÕES<br />

Tanto a Honeywell quanto a Yokogawa acabaram por<br />

realizar modificações em suas linhas de produtos wireless<br />

em função das adaptações necessárias à migração para o<br />

padrão ISA100.11a.<br />

De certa forma, a Smar também se adequou para atender<br />

ao padrão, com o recente lançamento do controlador HSE-<br />

WirelessHART e, anteriormente, em função do sistema GPRS<br />

e, depois, os equipamentos de campo.<br />

Enquanto isso, a Emerson, que no início contava com as<br />

medições de temperatura e pressão – além do gateway<br />

Wireless, que é o maestro da comunicação WirelessHART –<br />

logo criou o adaptador Smart Wireless THUM, que permite<br />

integrar equipamentos com fio HART, de qualquer fabricante,<br />

no universo WirelessHART. “Com o passar dos anos e a<br />

homologação do padrão IEC62591, a linha de produtos foi<br />

se complementando, chegando ao nosso atual portfólio de<br />

soluções sem fio”, explica o Gerente de Negócios Wireless.<br />

A Emerson afirma que contabiliza em todo o mundo<br />

mais de 500 milhões de horas de funcionamento de<br />

equipamentos WirelessHART, provenientes de mais de<br />

Foto: Divulgação.<br />

Produtos<br />

do sistema<br />

OneWireless<br />

da Honeywell.<br />

InTech 140 69


eportagem WIRELESS<br />

100.000 dispositivos instalados em mais de três mil plantas.<br />

“Mais de dois mil equipamentos fazem parte do cenário<br />

WirelessHART do Brasil, fornecidos a mais de 100 plantas”,<br />

destaca Peixoto. O instrumento wireless mais vendido é<br />

para medição de temperatura e, segundo Peixoto, boa<br />

parte disso é a influência do tempo de atualização das<br />

leituras wireless no contexto das aplicações que os clientes<br />

enxergam como interessantes para esse tipo de tecnologia.<br />

“Entretanto, com novas características como atualização a<br />

cada 1 segundo, e a disponibilidade de novos equipamentos<br />

específicos para alguns tipos de medições como vibração,<br />

análise de purgadores, gerenciamento de ativos, etc.,<br />

esse cenário poderá mudar”, prevê o Gerente. No ranking<br />

das dez aplicações sem fio mais comuns, pela experiência<br />

da empresa, o primeiro lugar fica com a monitoração de<br />

processo (temperatura).<br />

A Honeywell ressalta que desde 2004 tem atendido<br />

centenas de clientes diferentes no mundo inteiro e tem<br />

instalado milhares de dispositivos. “Em função do constante<br />

desenvolvimento dessa tecnologia, já registramos mais de<br />

100 patentes de dispositivos sem fio desde 2000. Podemos<br />

afirmar que esse não é mais um mercado emergente de<br />

tecnologias que assustam os clientes. É um mercado que<br />

está ficando maduro muito rápido. A maioria dos nossos<br />

clientes já tem programas de implantação de tecnologia<br />

wireless”, confirma Roberto Mariô Araguth, Consultor<br />

de Sistemas da HPS Brasil. A companhia assegura que<br />

oferece uma planta de soluções wireless de ponta-aponta.<br />

“A linha de produtos OneWireless é muito mais<br />

de que, simplesmente, a substituição de dispositivos com<br />

fio por ferramentas sem fio. A companhia trabalha com<br />

seus clientes para entender como as tecnologias wireless<br />

César Cassiolato, Diretor de Marketing, Qualidade<br />

e Engenharia de Projetos e Serviços da Smar.<br />

70 InTech 140<br />

Foto: Divulgação.<br />

Evaristo Alves, Gerente de Produtos da linha<br />

de Transmissores de Pressão e Densidade da Smar.<br />

podem solucionar questões incômodas dos seus negócios,<br />

bem como questões operacionais, tornando, dessa forma,<br />

a tecnologia wireless uma verdadeira facilitadora. Dessa<br />

forma, utilizamos a infraestrutura de rede OneWireless<br />

como uma base na qual executamos e gerenciamos<br />

soluções como dispositivos sem fio, operações móveis<br />

feitas via tablets, segurança por meio de câmeras sem<br />

fio e questões de segurança com soluções como nossos<br />

sistemas de detecção de gás e de gerenciamento. O<br />

sistema OneWireless é o mais flexível, escalável e com<br />

maior desempenho disponível no mercado. As redes<br />

OneWireless podem escalar, a partir de um simples sensor<br />

de rede para toda a planta de infraestrutura sem fio,<br />

suportando requerimentos como sensores de rede, vídeo,<br />

soluções de segurança, operações móveis, tudo integrado<br />

com o sistema Experion, sem sacrificar performance ou<br />

segurança”, detalha Rogowski. A empresa estima que as<br />

soluções de mobilidade sem fio, que garantem um aumento<br />

significativo da eficiência, a partir de um acesso fácil a<br />

dados, ferramentas e operações, ficam no rol das aplicações<br />

sem fio mais regulares.<br />

A Smar considera tarefa difícil quantificar o número de<br />

sistemas e equipamentos vendidos, dificuldade justificada<br />

pelas diversas vertentes disponibilizadas pela empresa:<br />

radio, GPRS e WirelessHART. O Gerente de Produtos da<br />

linha de Transmissores de Pressão avalia que basicamente,<br />

as características dos dispositivos sem fio são as mesmas de<br />

um equipamento em outra tecnologia. “O que difere são as<br />

características de comunicação via rádio, gestão de consumo,<br />

forma de alimentação”, explica Alves. A prática diária da<br />

Smar indica que as aplicações sem fio começam a ser mais<br />

frequentes em áreas de riscos, de difícil acesso e também<br />

Foto: Divulgação.


onde se tem monitoração de variáveis, com tempo de scan<br />

da ordem de segundos. “Com a redução da fiação, sua<br />

aplicação é convidativa”, lembra Cassiolato.<br />

A estatística da Yokogawa relacionada aos instrumentos<br />

sem fio mais vendidos, incluem os de pressão,<br />

temperatura e conversor multiponto, para aplicações<br />

em monitoração e controle de processos, sendo:<br />

transmissores de pressão – 45%; transmissores de<br />

temperatura – 38%; e transmissor multiponto – 17%.<br />

Monitoração e controle de malhas de nível, temperatura<br />

e vazão têm sido as aplicações sem fio mais rotineiras no<br />

dia a dia dos especialistas da companhia.<br />

A aplicação mais importante com o Smart Wireless da<br />

Emerson no mundo foi registrada em 2010, com a venda<br />

de aproximadamente dois mil instrumentos sem fio, entre<br />

instrumentos de medição de pressão e temperatura. O<br />

Gerente de Negócios Wireless no Brasil conta que no<br />

Brasil existem quatro grandes aplicações que merecem<br />

destaque. Uma delas é a monitoração de nível em um<br />

conjunto de 65 tanques em 2010, com expansão para mais<br />

68 em 2011 no mesmo cliente. A outra é a monitoração de<br />

nível em bacias de rejeitos na área de mineração com mais<br />

de 100 instrumentos em um mesmo cliente. A terceira<br />

é relacionada a gerenciamento de ativos aplicado a 178<br />

instrumentos através do uso do adaptador Smart Wireless<br />

THUM (The HART Upgrade Module). E a última é a medição<br />

de temperatura móvel em carros medidores, que garante a<br />

qualidade do processo de pelotização de minério de ferro,<br />

em um ambiente impossível para utilização de fios e que foi<br />

replicado em dez usinas de pelotização.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Um dos dispositivos<br />

WirelessHART da Smar.<br />

WIRELESS reportagem<br />

Na Smar as aplicações sem fio mais expressivas estão em<br />

fornos (rotativos, por exemplo), medição de temperatura,<br />

medições de pressão e nível, sistemas de tratamento<br />

de água e nível em tanques. “A Smar já possui vários<br />

projetos de comunicação wireless na área de óleo e gás<br />

e saneamento. Um deles aconteceu na Companhia de<br />

Saneamento de Minas Gerais (Copasa), onde foi implantado<br />

sistema de GSM/GPRS para monitoramento e controle”,<br />

detalha Cassiolato.<br />

As soluções de mobilidade sem fio são as evidenciadas dentre<br />

as aplicações mais significativas para a Honeywell.<br />

Soluções wireless para controle em siderurgia, cimenteiras<br />

e aplicações de monitoração em grandes áreas ou locais<br />

insalubres estão no rol das mais numerosas na carteira<br />

da Yokogawa.<br />

A experiência dos fornecedores tem demonstrado que<br />

em comunicação sem fio tamanho pode não significar<br />

complexidade. “A variedade de aplicações torna cada<br />

utilização de instrumentação sem fio única. Em outras<br />

palavras, a quantidade de equipamentos instalados em uma<br />

só rede pode variar em função da necessidade do cliente,<br />

bem como condições geográficas, capacidade de expansão,<br />

entre outros. A informação sobre o tamanho médio não<br />

é muito apropriada, pois não caracteriza o potencial que<br />

cada uma das aplicações possui atualmente pelo mundo”,<br />

defende o Gerente da Emerson.<br />

Por este caminho, também é a análise da Honeywell. “Isso<br />

realmente depende muito do segmento de mercado que<br />

está sendo atendido e da região em questão. (Exemplo:<br />

indústria petroquímica x mineradoras). As aplicações variam<br />

desde poucos sensores para monitorar um local remoto, até<br />

uma instalação de larga escala com centenas de dispositivos<br />

sem fio, sistemas de vídeo, soluções para trabalhadores<br />

móveis, monitoramento de ativos sem fio e rastreamento de<br />

localização”, confirma o Diretor de Marketing Wireless.<br />

Da mesma forma, a Smar reitera que se pode ter de dezenas<br />

a centenas de pontos. “Depende da arquitetura, do número<br />

de gateways, de repetidores, etc.”, reforça Alves.<br />

“O tamanho da média depende do tipo de aplicação e<br />

do segmento da indústria”, sustenta Watanabe. Vale<br />

lembrar que a Yokogawa tem desde instalações com<br />

até 200 instrumentos e até pequenas aplicações com um<br />

único instrumento.<br />

InTech 140 71


eportagem WIRELESS<br />

BATERIAS E CONTROLE<br />

A troca de bateria é um dos assuntos mais delicados<br />

nas discussões iniciais de um projeto de comunicação<br />

de instrumentos sem fio. É aqui onde reside um dos<br />

receios dos usuários.<br />

De acordo com Peixoto, o consumo das baterias é<br />

diretamente relacionado à taxa de atualização das variáveis<br />

wireless e, por isso, cada instrumento deve ser configurado<br />

para executar suas leituras em uma taxa compatível à<br />

sua função. “O feedback de nossos clientes é que, após<br />

a instalação dos instrumentos wireless, eles simplesmente<br />

se esqueceram de que os mesmos possuem baterias, pois<br />

os clientes mais antigos estão atingindo 3-4 anos de uso,<br />

que é o limite para troca das baterias em instrumentos<br />

com atualização de 4 segundos, por exemplo. Em nossas<br />

abordagens com clientes sempre mostramos a autonomia<br />

esperada das baterias e, adicionalmente, já distribuímos<br />

um link para uma calculadora on-line de autonomia de<br />

bateria em função do instrumento, taxa de atualização e<br />

outras características, assim confortando o cliente que<br />

pode rastrear a performance da bateria com base nestes<br />

dados”, fundamenta o Gerente da Emerson.<br />

A substituição de bateria não tem sido problema para a<br />

Honeywell. “Temos muitas aplicações que estão rodando<br />

desde 2004 sem a necessidade de substituição. A vida de<br />

uma bateria depende de muitos fatores em uma rede sem<br />

fio, como velocidade da rede, roteamento ou não, etc. A<br />

boa notícia é que o sistema OneWireless é desenvolvido<br />

de tal forma que ele consegue atender às necessidades<br />

específicas de cada cliente. Nosso sistema de backbone<br />

opcional possibilita maximizar a vida útil de uma bateria<br />

por meio de funções de descarregamento de sobrecarga<br />

de energia para o backbone quando necessário, sem<br />

sacrificar a velocidade da rede, performance determinada<br />

e latência”, elucida Silva, Consultor de Sistemas da<br />

Honeywell Brasil.<br />

Alves, da Smar, concorda que o tempo de vida útil vai<br />

depender da taxa de atualização. “Geralmente uma<br />

bateria de um instrumento que opera com atualização a<br />

cada 30s dura entre cinco e dez anos, o que acreditamos<br />

ser aceitável. Com certeza, as inovações na geração de<br />

72 InTech 140<br />

energia com maior durabilidade vêm acontecendo, e logo<br />

teremos alternativas com um tempo de uso mais longo.<br />

Até então não temos visto nenhuma reação negativa por<br />

parte dos usuários”, esclarece.<br />

De acordo com Barros, a tecnologia usada nos<br />

instrumentos wireless da Yokogawa utiliza baterias do<br />

tipo cloreto de lítio-thionyl, o que garante a funcionalidade<br />

dos instrumentos por até 10 anos. “Com o uso de<br />

tecnologia patenteada no invólucro das baterias, a<br />

substituição pode ser realizada em áreas potencialmente<br />

explosivas. A necessidade de substituição da bateria não é<br />

considerada uma dificuldade devido ao elevado tempo de<br />

vida das mesmas”, completa.<br />

A partir do momento em que a tecnologia sem fio<br />

começa a ser aceita, é natural que outras funcionalidades<br />

sejam vislumbradas. É o caso das funções de controle.<br />

O Gerente de Negócios Wireless no Brasil da Emerson<br />

relata que já existem instrumentos sem fio instalados em<br />

aplicações que resolvem aplicações de controle. “Ainda<br />

não existem equipamentos com a função de elemento<br />

final (posicionadores ou atuadores), mas para as variáveis<br />

primárias e/ou de retorno, já existem medições sendo<br />

utilizadas. Uma medição clássica bem utilizada no mundo,<br />

e com exemplos no Brasil, é a utilização de indicadores<br />

de posição de válvula que servem como permissivos<br />

em bateladas críticas de processos químicos. Vale a<br />

pena destacar que desde 2009 existe uma aplicação no<br />

Brasil que utiliza instrumentação sem fio associada à<br />

malha fechada (controle), sendo pioneiros neste tipo de<br />

aplicação”, ressalta Peixoto.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Cassius Barros,<br />

Supervisor de Engenharia<br />

de Aplicações da Yokogawa.


Maxwel Watanabe,<br />

Engenheiro de Aplicações da Yokogawa.<br />

“Controle sem fio tem sido feito por muitos anos e<br />

nós continuamos a implementar isso em muitos<br />

níveis” , declara o Consultor Araguth da Honeywell<br />

Brasil. “Acho que a questão é: quando será crítico o<br />

controle sem fio para ser considerado na automação<br />

de processos? Exemplo: loops de rápida pressão,<br />

controle de compressão e/ou quando a segurança e<br />

questões ambientais estão fora de risco? Se uma<br />

instalação quer correr este risco, isso depende da<br />

sua tolerância ao risco. A boa notícia é que o nosso<br />

sistema ISA100.11a está pronto para atender esse<br />

tipo de demanda”, anuncia.<br />

A Smar também tem aplicações sem fio em nível de<br />

controle, mas não com tecnologia WirelessHART. “Mas,<br />

sem dúvida, com eletrônicas ultra low power logo teremos<br />

esta solução atendendo as exigências das aplicações”,<br />

prevê Cassiolato.<br />

A Yokogawa anuncia que está fornecendo os primeiros<br />

instrumentos para aplicação em malhas de controle nível<br />

2, com taxa de atualização de um segundo e redundância<br />

para maior confiabilidade. “Os instrumentos que seguem<br />

a norma ISA100.11a podem ser utilizados em malhas de<br />

controle”, lembra Watanabe.<br />

Foto: Divulgação.<br />

DESAFIOS E FUTURO<br />

WIRELESS reportagem<br />

A situação hoje naturalmente é muito mais confortável<br />

para os fornecedores de tecnologia sem fio do que há cinco<br />

anos, por exemplo; mas, ainda existem pedras no caminho.<br />

“Como em todo processo que envolve novas tecnologias,<br />

existe uma grande barreira a ser vencida e que é<br />

suportada principalmente pelos clientes pioneiros”,<br />

avalia o Gerente de Negócios Wireless no Brasil da<br />

Emerson. Ele acredita que a tendência natural é que,<br />

no início, os clientes com visão dos benefícios da nova<br />

tecnologia tendem a aumentar até um ponto em que<br />

os conservadores se sentem confortáveis em comprovar<br />

os benefícios também. “O tempo de aceitação para<br />

transição de fases é diferente entre os países, e aqui<br />

no Brasil ainda falta um pouco mais de tempo para<br />

que a transição ocorra. O ponto positivo no Brasil é<br />

que o número de clientes pioneiros já é muito grande,<br />

sendo que a aceitação pelos mais conservadores já<br />

está ocorrendo. O maior desafio é transmitir essas<br />

informações aos clientes e garantir os diversos pilotos<br />

em funcionamento para que a transição ocorra<br />

rapidamente”, defende. Peixoto atesta que existe<br />

um universo de variáveis de processo dedicadas à<br />

monitoração em uma planta industrial que são grandes<br />

candidatas à substituição pelos instrumentos sem fio.<br />

“Estamos falando de 30% do total de pontos de uma<br />

planta, que podem se tornar medições sem fio”, calcula.<br />

Ele sugere, neste momento, os fornecedores demonstrem<br />

de forma simples os benefícios que o cliente tem em<br />

optar pela instrumentação sem fio, tanto na questão de<br />

menor investimento quanto de tempo para colocar em<br />

funcionamento uma solução sem fio.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Dispositivos do kit wireless da Yokogawa.<br />

InTech 140 73


eportagem WIRELESS<br />

Pragmática, a Honeywell diz não ter visto – e<br />

certamente passado por – grandes obstáculos com<br />

a tecnologia. “Quando há valor oferecido, como<br />

nossas soluções de mobilidade ou vídeos, os clientes<br />

prontamente adotam”, resume Rogowski. Na visão<br />

da companhia, a tecnologia sem fio simplesmente se<br />

tornará mais uma opção de protocolo de comunicação<br />

dentro da oferta de mercado, será utilizada onde<br />

faça sentido – pois prevê um custo mais baixo do<br />

ciclo de vida – ou porque a medida não pode ser<br />

feita por qualquer outro meio. E que, com certeza,<br />

vai substituir em larga escala a instrumentação<br />

cabeada. “Há uma série de oportunidades e<br />

projetos de expansão em que faz muito sentido para<br />

considerar a adoção de soluções sem fio. Há medidas<br />

não tradicionais, onde as soluções sem fio podem<br />

sobressair, como é o caso de monitoramento auxiliar<br />

de baixo custo, que não é feito hoje, porque é um<br />

custo proibitivo. Mas o valor real está na aplicação e<br />

utilização desses novos dados. Pense se um trocador<br />

de calor pode ser equipado com 100 dos sensores<br />

contra uma entrada e uma saída, e pense sobre<br />

as aplicações que poderiam ser usadas para fazêlo<br />

funcionar ou processar de forma mais eficiente”,<br />

compara o Diretor de Marketing Wireless da<br />

Honeywell Process Solutions.<br />

Os especialistas da Smar concordam que, como<br />

toda tecnologia nova, o wireless também passa por<br />

um processo de aceitação, mas que vem crescendo<br />

dia-a-dia. “Cada vez mais, nós fabricantes,<br />

devemos trabalhar pela padronização e garantir a<br />

interoperabilidade de campo e em sistemas. E aí<br />

é uma questão de tempo para que mais e mais se<br />

aplique com confiança. A aceitação deverá crescer em<br />

níveis exponenciais, quando se constata benefícios<br />

tais como: redução de custos e simplificação das<br />

instalações; redução de custos de manutenção pela<br />

simplicidade das instalações; monitoração em locais<br />

de difícil acesso ou expostos a situações de riscos;<br />

escalabilidade; integridade física das instalações<br />

com uma menor probabilidade a danos mecânicos<br />

74 InTech 140<br />

e elétricos (rompimentos de cabos, curto circuitos<br />

no barramento, ataques químicos, etc.); segurança<br />

das instalações; confiabilidade das medições; baixo<br />

consumo dos equipamentos; baterias de longa vida,<br />

entre outros”, enumera Alves. “O fator tecnológico<br />

e a inovação tecnológica são responsáveis pelo<br />

rompimento e/ou aperfeiçoamento das técnicas e<br />

processos de medição e controle”, observa o Gerente<br />

de Produtos da linha de Transmissores de Pressão da<br />

Smar. Por isso, acrescenta, podem trazer ganhos em<br />

termos de competitividade. “O rompimento com a<br />

tecnologia convencional será uma questão de tempo<br />

e, com isto, serão ampliadas as possibilidades de<br />

sucesso com a inovação demandada pelo mercado;<br />

neste caso, sistemas de automação verdadeiramente<br />

abertos com tecnologias digitais, baseado em redes<br />

industriais, conectividade wireless e com várias<br />

vantagens comparadas aos convencionais SDCDs”,<br />

complementa o Diretor de Marketing, Qualidade e<br />

Engenharia de Projetos e Serviços.<br />

“O maior desafio é minimizar o tempo necessário<br />

para que os usuários sintam-se aptos a utilizar<br />

essa tecnologia. Existe uma curva de aprendizado<br />

que é inerente ao processo de comercialização<br />

de novas tecnologias”, ensina o Supervisor de<br />

Engenharia de Aplicações da Yokogawa. Para<br />

tanto, a empresa vem investindo na realização<br />

de tutoriais e, recentemente, realizou um evento<br />

em Salvador com a presença de mais de 80<br />

participantes de diversos segmentos da indústria.<br />

“A maior vantagem da comunicação sem fio é a<br />

sua capacidade de transmissão de informações<br />

dos dispositivos de campo. Na medida em que os<br />

transmissores e demais dispositivos concentraram<br />

uma enorme capacidade de processamento e<br />

diagnóstico, a comunicação wireless permite a<br />

transmissão de toda essa informação aos sistemas<br />

de supervisão e controle”, legitima o Engenheiro<br />

de Aplicações. A companhia estima que, num<br />

futuro próximo, 20% dos instrumentos sejam do<br />

tipo wireless.


entrevista HORÁCIO LAFER PIVA<br />

HORÁCIO LAFER PIVA,<br />

M<strong>EM</strong>BRO DO CONSELHO DE<br />

ADMINISTRAÇÃO DA KLABIN S.A.<br />

Ele foi o mais jovem Presidente da Federação<br />

das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)<br />

de 1998 a 2004. É filho do ex-Senador pelo<br />

PSDB, Pedro Piva, neto do ex-Ministro<br />

das Relações Exteriores, Deputado<br />

e ex-Ministro da Fazenda, Horácio Lafer,<br />

e primo do ex-Ministro das Relações<br />

Exteriores e ex-Ministro do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio, Celso Lafer.<br />

Hoje Horácio Lafer Piva dedica-se como<br />

membro ao Conselho de Administração<br />

da Klabin S.A. e à presidência do Conselho<br />

de Administração da Associação de<br />

Assistência à Criança Deficiente (AACD).<br />

A visão ampla e crítica que a vivência<br />

empresarial e a experiência política lhe deram<br />

vai compartilhada nesta entrevista exclusiva.<br />

Sílvia Bruin Pereira,<br />

(silviapereira@intechamericadosul.com.br)<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Você é nascido em São<br />

Paulo? Qual é a origem da sua família?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Sou paulistano e absolutamente<br />

urbano. Adoro andar nas cidades, onde as coisas estão<br />

acontecendo. Entendo que a cidade nos permite um exercício<br />

de observação extraordinário. E onde se tem observação, se<br />

tem reflexão. E em São Paulo eu observo e reflito sobre essa<br />

realidade multifacetada que temos aqui. O sobrenome Piva<br />

é de origem italiana, do norte da Itália, e o Lafer é judeu, de<br />

uma família que veio da Lituânia no século passado. Meus<br />

pais são vivos e tenho um irmão e uma irmã; eu sou o mais<br />

velho. Nenhum de nós está efetivamente na companhia,<br />

porque decidimos profissionalizar a empresa a partir de um<br />

determinado momento, aliás, há bem mais tempo do que os<br />

outros grupos familiares. É claro que é uma companhia de<br />

controle familiar, embora seja aberta, e, dessa forma, temos<br />

que estar muito perto da operação, por meio da presença<br />

no conselho de administração. Mas a diretoria é totalmente<br />

profissional. É como eu costumo dizer: nós estamos, mas não<br />

estamos. Estamos fisicamente, mas naquele limite de não nos<br />

envolvermos no dia a dia da empresa.<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – A sua formação acadêmica é<br />

em Economia e Administração de Empresas, não é isto?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Na verdade, primeiro eu estudei<br />

Engenharia Mecânica na FEI (Faculdade de Engenharia<br />

Industrial). Ao final dos seis anos, não fiz meu trabalho de<br />

conclusão e não fui buscar meu diploma. Depois cursei<br />

Economia e pós-graduação em Administração de Empresas.<br />

Isto é um péssimo exemplo para quem está lendo, mas esse<br />

período na engenharia teve uma importância fantástica<br />

para mim. O que eu extraí de importante de toda a minha<br />

vida acadêmica superior foram nos primeiros dois anos de<br />

engenharia, pois me deram o instrumental matemático para<br />

pensar com um pouco mais de organicidade. O resto é o resto.<br />

Agora, não é só uma questão de vida acadêmica não, mas no<br />

geral, eu costumo dizer que eu aprendi muito mais nos últimos<br />

sete anos da minha vida, do que nos 30 anteriores. A gente<br />

vive em um mundo tão dinâmico e tão rico para quem quer<br />

aprender que a experiência acadêmica está sofrendo para<br />

poder competir com. Esta é uma grande discussão hoje na área<br />

da educação, ou seja, como é que se consegue fazer com que<br />

a escola, a academia, se torne um instrumento de sustentação<br />

e competição com a vida real. A vida real está muito rica e<br />

ensinando o tempo inteiro. A geração de hoje precisa ter<br />

InTech 140 75


entrevista HORÁCIO LAFER PIVA<br />

uma boa capacidade de fazer boa pesquisa e de pensar um<br />

pouco fora da caixa. O truque hoje em dia não é decorar, é<br />

transformar informação em compreensão. A informação está<br />

toda disponível. O que Deus não sabe o Google sabe.<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – A questão da relação ainda<br />

não satisfatória entre a empresa e a universidade ainda<br />

é um assunto polêmico. Qual é a sua opinião a respeito?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Havia uma frase clássica que<br />

dizia que acadêmicos e empresários são como água e óleo,<br />

jamais se misturam. E era um pouco isso mesmo. A academia<br />

achava que você como empresário estava explorando a<br />

inteligência embarcada dessas figuras, e nós achávamos<br />

que eles precisavam ser abatidos a tiros, porque eram meros<br />

sonhadores, que iam lá para a estratosfera e não traziam<br />

nada de útil. Mas acho que isto está melhorando. Eu faço<br />

parte do Conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do<br />

Estado de São Paulo (Fapesp), o nosso grande órgão indutor<br />

de inovação, e eu fico muito feliz em ver que hoje em dia<br />

já se consegue pensar em pesquisa aplicada e em pesquisa<br />

pura. Já se consegue pensar naquilo que são mudanças<br />

disruptivas e naquilo que são mudanças incrementais.<br />

Ou seja, já se consegue estabelecer uma linguagem entre<br />

aquilo que interessa mais à academia e o que interessa<br />

mais ao empresariado. E o empresário já começa a buscar<br />

acadêmicos para que trabalhem nas suas áreas de pesquisa<br />

e desenvolvimento, e os cientistas também já compreendem<br />

que muitas vezes as empresas de determinados setores são<br />

grandes laboratórios para as suas pesquisas. Tenho visto um<br />

avanço interessante e acho ótimo. Mas, deixe-me aqui fazer<br />

uma pequena ode ao meu patriotismo, à minha brasilidade.<br />

Eu sou muito crítico em relação ao País; eu acho que o Brasil<br />

é um país que olha para frente pelo retrovisor, mas tem uma<br />

característica no Brasil que eu acho absolutamente inigualável,<br />

que é a nossa capacidade de lidar com a diversidade. E neste<br />

bravo novo mundo esta será uma característica excepcional.<br />

A mistura do nosso cientista – com uma cabeça muito<br />

“engenheirada” e muito matemática – e do empresário<br />

brasileiro – que teve que se acostumar com inflação, que lidar<br />

com dificuldades únicas, que trabalhar debaixo de um custo<br />

Brasil terrível – se faz com certa tranquilidade. E eu tenho visto<br />

isto acontecer em uma série de setores. O Brasil tem uma saída<br />

pelo lado da diversidade que faz, de fato, com que ele seja um<br />

protagonista importante neste próximo século, e não mais<br />

coadjuvante como tem sido.<br />

76 InTech 140<br />

“EU ACho qUE o BRASIl é Um pAíS qUE olhA<br />

pARA FRENTE pElo RETRovISoR, mAS TEm<br />

UmA CARACTERíSTICA No BRASIl qUE EU ACho<br />

ABSolUTAmENTE INIgUAlávEl, qUE é A NoSSA<br />

CApACIDADE DE lIDAR Com A DIvERSIDADE”<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Existe uma tendência dos<br />

cientistas brasileiros voltarem ao País ou, ao menos,<br />

de não o deixarem em grande escala como vinha<br />

acontecendo, não é verdade?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Alguns cientistas estão tentando,<br />

até porque o mercado de trabalho no Brasil é excitante neste<br />

momento. E o País também está fazendo uma coisa positiva,<br />

que foi o projeto da Presidente Dilma Rousseff e que precisa<br />

ser digno de nota, no sentido de oferecer bolsas para que mais<br />

estudantes possam estudar fora do Brasil. Agora, como tudo,<br />

é um processo de médio prazo. Você não consegue convencer<br />

de hoje para amanhã todos os cientistas virem para o Brasil,<br />

porque a dificuldade aqui é extraordinária. Apesar de todos os<br />

esforços que está se fazendo, a verdade é que existe a soma de<br />

burocracia com a falta de recursos, o que obviamente os coloca<br />

em uma situação nos laboratórios lá fora muito diferente. É<br />

difícil. Tem um pouco de heroísmo em vir aqui para fazer ciência.<br />

Mas eu acho que os que vêm, vêm porque entendem que é o<br />

momento certo de estar no Brasil. Mas precisa ter um pouco<br />

dessa perspectiva de médio e longo prazo.<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Como foi a sua experiência nos<br />

seus dois mandatos de três anos na presidência da Fiesp?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Foi uma experiência muito<br />

rica, mas eu costumo dizer que não foi uma experiência<br />

definidora. Foi uma pós-graduação em vaidades e conflitos<br />

humanos. É muito curiosa essa proximidade que você pode<br />

ter do poder, que é compreendê-lo de dentro, embora<br />

eu tenha tido a sorte na vida de vir de uma família muito<br />

envolvida com isso. Ter estado lá foi muito interessante,<br />

porque o tipo de entidade como a Fiesp – diferentemente da<br />

entidade como a Associação Sul-Americana de Automação<br />

ISA Distrito 4, que é setorial – tem uma agenda muito larga,<br />

muito horizontal, e, portanto, você não consegue mergulhar<br />

profundamente em assunto nenhum. A Fiesp é uma entidade<br />

política, de lobby empresarial importante, tem uma marca<br />

importante, mas ela demanda um determinado espírito para


lá estar. Eu gostei de estar lá, fiz um bom trabalho junto com<br />

o Carlos Liboni, que foi meu primeiro vice-presidente nas duas<br />

gestões, mas cada vez que nós queríamos mergulhar mais<br />

profundamente, nós percebíamos que havia ou uma reação<br />

da própria estrutura ou uma necessidade de outra natureza,<br />

que era uma natureza mais política. E eu sou um sujeito mais<br />

orientado a negócios do que orientado a política. A política<br />

me cansa, até porque no Brasil o tempo político é diferente do<br />

tempo econômico. E o tempo na Fiesp é mais político do que<br />

econômico. Por isso eu digo que a Fiesp foi uma experiência<br />

rica, mas não definidora. O meu perfil é o de quem não quer<br />

transformar a vida institucional na razão de viver. Eu tenho<br />

uma procura de realização de outra natureza. Qual? A de,<br />

de fato, ver as coisas acontecerem e de ser um elemento de<br />

mudança em empresas ou setores. Hoje estou no Conselho de<br />

Administração de algumas empresas e de algumas entidades,<br />

procurando levar a experiência de quem já viu alguns filmes<br />

antes – e, no fim, nós morremos em vários deles.<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Não temos como não incluir<br />

as perspectivas econômicas do Brasil nesta entrevista.<br />

Qual é a sua avaliação deste momento atual do País?<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – A recorrência da vida brasileira tem<br />

sido a dinâmica do curto prazo. Nós aqui no Brasil estamos<br />

muito presos ao curto prazo. Por várias razões. Primeiro,<br />

porque somos uma democracia jovem, segundo porque<br />

passamos por uma situação econômica de grande dificuldade<br />

com inflações que chegaram a 80% ao mês, enfim, de<br />

maneira que as pessoas têm uma tendência de duvidar<br />

de muita coisa e, obviamente, muito medo com relação ao<br />

futuro. Porque nós nos acostumamos a pensar só no fim<br />

do mês e em seis meses. Nós temos muita dificuldade em<br />

discutir o Brasil em 2030, 2050. Nós tínhamos que projetar<br />

o nosso futuro com muito mais coragem e espaço do que<br />

de fato fazemos. E eu sou um otimista de longo prazo. Eu<br />

acho que o Brasil está condenado a dar certo. Quanto mais<br />

a gente conseguir escapar um pouco dessa algema tanto<br />

melhor. E eu não tenho a menor dúvida de que é uma<br />

mudança cultural e, talvez, seja até uma coisa para a próxima<br />

geração. Então, eu vejo hoje essas decisões que estão sendo<br />

tomadas em relação a juros, por exemplo, como dentro de<br />

um processo – já as vi com mais irritação. Acho que o Brasil<br />

tem um problema. Por exemplo, agora estamos discutindo a<br />

tese da desindustrialização e a história do câmbio. E eu tenho<br />

muito medo dessa discussão, porque acho que esta é uma<br />

discussão de curto prazo. Quando você diz que a indústria,<br />

HORÁCIO LAFER PIVA entrevista<br />

especialmente a de manufaturados, está indo mal por causa<br />

do câmbio é a mesma coisa que dizer que isto está quente<br />

porque pegou fogo. E as pessoas estão perguntando por<br />

que está quente quando deveriam perguntar por que pegou<br />

fogo! O câmbio é uma consequência de uma série de coisas e<br />

algumas dessas coisas sob as quais nós, no Brasil, não temos<br />

controle. O Brasil devia estar preocupado com isso que já se<br />

tratou de chamar de Custo Brasil; isto sim! Nós devíamos estar<br />

preocupados com ajuste fiscal, com diminuição de burocracia,<br />

com um equilíbrio maior entre a carga tributária e as despesas<br />

de governo, com investimentos em infraestrutura, etc. Mas<br />

ficamos nas discussões de curto prazo. Nós precisamos<br />

entender quais são as causas desse processo e agir nas<br />

causas. Nós temos uma enorme quantidade de diagnósticos e<br />

percebe-se que uma boa parte dos diagnósticos quer trabalhar<br />

nas consequências, quando deveria se trabalhar nas causas.<br />

Temos meia dúzia de causas, que sabemos serem importantes,<br />

em cima das quais devemos trabalhar.<br />

“NóS DEvíAmoS ESTAR pREoCUpADoS<br />

Com AjUSTE FISCAl, Com DImINUIção DE<br />

BURoCRACIA, Com Um EqUIlíBRIo mAIoR ENTRE A<br />

CARgA TRIBUTáRIA E AS DESpESAS DE govERNo,<br />

Com INvESTImENToS Em INFRAESTRUTURA, ETC.”<br />

INTECH AMÉRICA DO SUL – Não podemos deixar de<br />

perguntar sobre a sua visão sobre a automação...<br />

HORÁCIO LAFER PIVA – Automação é tudo, sem dúvida.<br />

Na verdade, é uma discussão muito difícil, do ponto de<br />

vista, digamos assim, ético, porque, de alguma forma, a<br />

automação é redutora de emprego. Porém, por outro lado,<br />

eu defendo que devemos tratar de qualificar os nossos<br />

trabalhadores para que possam ser mais multifuncionais<br />

e aquilo que por acaso perderem com o advento da<br />

automação, possam suprir em outros setores ou segmentos<br />

que vão demandar, até porque a automação é criadora<br />

de riqueza. Na medida em que a automação agrega valor,<br />

ela cria riqueza. Até porque ela sendo uma encurtadora de<br />

tempo, permitindo mais tempo para gerar mais riqueza, essa<br />

riqueza melhor distribuída, vai fazer com que de alguma<br />

forma as pessoas possam se colocar em outros setores como,<br />

por exemplo, o de serviços, que está crescendo muito no<br />

Brasil. E isto é muito útil.<br />

InTech 140 77


eportagem CRISE EUROPEIA<br />

A CRISE NA EUROPA<br />

AFETA OU NÃO O BRASIL?<br />

Ângela Ennes (*)<br />

(*) Jornalista há 22 anos com atuação em editoria e textos nas TVs Bandeirantes/Porto Alegre,<br />

RBSTV e nos últimos 10 anos na TV Record/São Paulo. Trabalhou para o telejornal diário matutino<br />

“Fala Brasil” e atualmente é editora-chefe do Programa “Hoje em Dia”.<br />

Em 2008, quando a crise nos Estados Unidos quebrou vários<br />

bancos, entre eles o Lehman Brothers, o então presidente<br />

Lula disse que o "tsunami" da crise provocaria no Brasil<br />

uma simples "marola". Significava dizer que seríamos<br />

afetados, mas não da mesma forma que os países ricos. A<br />

declaração repercutiu no mundo e chegou a ser criticada<br />

por economistas e políticos de oposição. Um ano depois da<br />

declaração, um dos principais jornais do mundo, o francês<br />

Le Monde, disse que Lula acertou. Na reportagem, o jornal<br />

publicou que o Brasil foi um dos últimos países atingidos pela<br />

recessão e um dos primeiros a sair dela. A receita foi a aposta<br />

no mercado interno brasileiro com a redução de impostos<br />

na indústria automobilística e de eletrodomésticos, o que<br />

manteve as vendas. Em 2010, o PIB fechou em 7,5%.<br />

Agora, com a crise na Europa, fomos em busca de opiniões<br />

de alguns especialistas. Ouvimos três economistas. O<br />

presidente do Conselho Regional de Economia e da Ordem<br />

dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia; o<br />

coordenador do curso de Administração da Fundação<br />

Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a FESPSP,<br />

professor Silvio José Moura e Silva e o economista da equipe<br />

de macroeconomia e política da Tendências Consultoria<br />

Integrada, Raphael Martello. Todos acreditam que a crise<br />

pode afetar de alguma forma o Brasil, mas de maneira<br />

superficial. E a explicação é principalmente o crescimento do<br />

mercado interno. Outro fator que ajuda a isolar o Brasil dessa<br />

78 InTech 140<br />

crise na Europa é que a nossa economia está estável. Sem<br />

grande crescimento, mas também sem retrocessos. Em 2011,<br />

o PIB do Brasil foi de 2,7%. Ficou abaixo da média mundial de<br />

3,8%. E abaixo de outros países emergentes. Cresceu menos<br />

que o previsto, mas superou o PIB de países como Reino<br />

Unido, Estados Unidos e França. O Brasil subiu de sétima para<br />

sexta economia do mundo. Ultrapassou o Reino Unido. O<br />

emprego resistiu. Cresceu menos, mas não encolheu.<br />

A ANÁLISE DOS ESPECIALISTAS<br />

Questionado sobre o quanto a crise na Europa pode ou<br />

não afetar o Brasil, o consultor da Tendências Consultoria<br />

Integrada, Raphael Martello, avalia que "é difícil passar<br />

imune por este problema".<br />

Foto: Divulgação.<br />

Martello: impactos<br />

mais localizados<br />

e de menor magnitude<br />

que em 2008.


Segundo ele, o que se vê é que os efeitos não são tão<br />

significativos porque nossos principais parceiros comerciais<br />

estão na Ásia e não na Europa. Sobre os efeitos negativos da<br />

crise europeia ao Brasil, Raphael Martello cita as consequências<br />

das políticas expansionistas adotadas pelo Banco Central<br />

Europeu, que buscou ativos de maior rentabilidade. "Esses<br />

recursos vêm para o Brasil e isso gera um fluxo maior de<br />

dólares, pressionando a taxa de câmbio e encarecendo as<br />

exportações", explica ele. Na avaliação do economista, "os<br />

impactos são mais localizados e de menor magnitude que em<br />

2008, quando a crise afetou os Estados Unidos". Numa escala<br />

de 1 a 10, o economista diz que o reflexo da crise de 2008 para<br />

o Brasil representa 10 pontos. Já o da atual crise na Europa<br />

afeta apenas em três pontos. "É um efeito macro muito menor<br />

que em 2008", diz Raphael Martello. Ele conclui que, "por não<br />

ser uma crise das mesmas dimensões, hoje estamos mais bem<br />

preparados para enfrentar".<br />

Outra análise tranquilizadora é a do Presidente do Conselho<br />

Regional de Economia e Ordem dos Economistas do Brasil.<br />

Manuel Enriquez Garcia é categórico ao afirmar que "o<br />

Brasil não corre risco porque tem US$ 352 bilhões de dólares<br />

de reservas, uma dívida externa muito pequena, excelente<br />

taxa de juros, a dívida em relação ao PIB é baixa e, portanto,<br />

a economia vai bem". Enriquez também foi categórico<br />

ao dizer que o Brasil não sofrerá os impactos da crise na<br />

Europa. Porque "tem excelentes fundamentos do ponto<br />

de vista macroeconômico, está bem blindado do ponto<br />

de vista bancário e os bancos brasileiros têm muito pouca<br />

representatividade no exterior".<br />

Enriquez fez a mesma ressalva que Raphael Martello: as<br />

empresas com segmento voltado à exportação sofrem os<br />

efeitos da crise na Europa. Porque "é claro que quando<br />

os gregos têm menos poder de compra, os espanhóis e os<br />

italianos também vão comprar menos entre si e vão comprar<br />

menos produtos brasileiros", conclui.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Enriquez:<br />

“o Brasil não corre risco”.<br />

CRISE EUROPEIA reportagem<br />

Já o coordenador do curso de Administração da FESPSP<br />

foi mais cauteloso. O professor Silvio José Moura e Silva<br />

concorda que o mercado interno é um ponto positivo para<br />

o Brasil. Mas alerta sobre a necessidade de se controlar a<br />

inflação. "Quem vai ao supermercado hoje sabe que os<br />

números oficiais podem não ser reais", diz ele. E mais: "o<br />

preço da gasolina subiu em 2011 e não baixou ainda, o que<br />

significa que há pressão de preços", explica. O professor<br />

Silvio chama atenção para o mercado imobiliário. Ele diz<br />

que "se o governo não cuidar e não fizer uma intervenção,<br />

poderemos não ter recursos para honrar o pagamento de<br />

imóveis, cujas vendas estão sustentadas no crédito. Se os<br />

compradores tiverem problema com a fonte de renda, pode<br />

haver calote, como na bolha vivida pelos Estados Unidos em<br />

2008". Mesmo com ressalvas, Silvio José diz que "o Brasil<br />

tem potencial para crescer mais do que já está crescendo.<br />

Um avanço em proporções menores, mas positivo. Um<br />

desenvolvimento abaixo do potencial, típico de quem sente o<br />

impacto de mais uma crise internacional", explica.<br />

COMO A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF<br />

ENCARA A CRISE NA EUROPA<br />

A presidente Dilma Rousseff estava na Alemanha no dia 6 de<br />

março, quando o IBGE divulgou aqui no Brasil os dados do<br />

crescimento da economia. Uma visita para estreitar relações<br />

comerciais entre os dois países e para discutir a crise na<br />

Europa com a chanceler alemã Angela Merkel. De lá mesmo,<br />

a presidente brasileira falou sobre o fraco desempenho da<br />

economia em 2011. Dilma responsabilizou a crise nos países<br />

desenvolvidos pela desaceleração econômica nos países<br />

emergentes e cobrou dos líderes europeus uma solução<br />

para o problema que não prejudique as economias em<br />

desenvolvimento. "Na verdade, o que tem acontecido é que<br />

os países emergentes têm visto suas taxas de crescimento<br />

diminuir", afirmou a presidente. Sobre a reunião com a<br />

chanceler alemã, Dilma disse: "Nós acertamos que cada<br />

Foto: Divulgação.<br />

Silvio José:<br />

o Brasil pode<br />

crescer mais.<br />

InTech 140 79


eportagem CRISE EUROPEIA<br />

governo, entendendo os problemas das suas respectivas<br />

regiões, vai buscar as melhores formas de cooperação no<br />

sentido de ultrapassar este período, que é um período adverso<br />

para a economia internacional". A presidente brasileira falou<br />

sobre as ações a serem tomadas. Segundo ela, "o governo<br />

brasileiro terá uma posição proativa no sentido de ampliar cada<br />

vez mais a taxa de crescimento no Brasil de forma sustentável,<br />

respeitando o equilíbrio macroeconômico com finanças<br />

públicas e uma estrutura fiscal sólidas".<br />

Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República.<br />

A chanceler alemã Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff,<br />

durante sua visita à Alemanha em março.<br />

Antes de se encontrar com Angela Merkel, logo na chegada à<br />

Alemanha, Dilma Rousseff acusou os países ricos, principalmente<br />

Estados Unidos e Europa de provocar um "tsunami monetário"<br />

com suas políticas expansionistas. E alegou que a liberação<br />

de empréstimos a juros baixos disponibilizados aos bancos da<br />

região provocará a desvalorização do euro e levará ao aumento<br />

do fluxo de divisas para países emergentes o que fortalece o<br />

real frente ao dólar encarecendo as exportações brasileiras.<br />

Angela Merkel respondeu à crítica com outra crítica. Disse estar<br />

preocupada com medidas protecionistas unilaterais. A chanceler<br />

alemã não citou diretamente o Brasil, quando se referiu a medidas<br />

protecionistas, mas alguns que estavam na plateia entenderam<br />

que não foi um recado e sim uma direta. Ao ser questionada<br />

sobre a "farpa" de Angela, a presidente Dilma reafirmou que<br />

"diante da desvalorização artificial das moedas dos outros<br />

países, o Brasil tomará todas as medidas que não firam as<br />

disposições da Organização Mundial do Comércio para evitar<br />

que essa desvalorização artificial das moedas desindustrialize<br />

a economia brasileira". Um relatório recente do Global Trade<br />

Alert citou o Brasil entre os dez países mais protecionistas do<br />

G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo. De<br />

acordo com o mesmo relatório, a União Europeia adotou 242<br />

medidas protecionistas.<br />

80 InTech 140<br />

ENTENDA A CRISE NA EUROPA<br />

Os maiores bancos centrais do mundo - Fed, BCE, Banco do<br />

Japão e da Inglaterra já ofereceram aos bancos em ajuda de<br />

liquidez mais de US$ 5 trilhões. A ajuda mais recente foi no<br />

final de fevereiro, quando o Banco Central Europeu anunciou<br />

a liberação adicional de 530 bilhões de euros para os bancos<br />

europeus a juros de 1% ao ano. Em dezembro, outros 489<br />

bilhões de euros já haviam sido oferecidos aos bancos. A<br />

dívida governamental total da União Europeia teve ligeira<br />

alta, atingindo 82,2% da produção econômica no terceiro<br />

trimestre de 2011, segundo a agência de estatísticas da UE,<br />

Eurostat. A dívida é menor do que a dos Estados Unidos, mas<br />

continua sendo uma carga que poderá levar décadas para ser<br />

paga. Apenas 13 dos 27 países têm dívidas abaixo do limite<br />

de 60% estabelecido pela Comissão Europeia, o que o bloco<br />

julga ser o máximo para uma economia saudável. As dívidas<br />

da Europa elevaram-se após 1999, uma vez que os países<br />

fizeram empréstimos massivos com taxas de juros muito<br />

baixas. Mas, com o crescimento da economia empacando, a<br />

UE enfrenta um progresso muito lento em diminuir a carga<br />

de dívida, mesmo com os cortes de custos pelo bloco, a fim<br />

de diminuir os déficits fiscais. Até mesmo a Alemanha, a<br />

maior economia do bloco e que está guiando os esforços de<br />

austeridade da UE, registrou taxa de 81,8% no período entre<br />

julho e setembro de 2011.<br />

ZONA DO EURO<br />

2012 marca os 10 anos de criação da Zona do Euro, que<br />

reúne 17 países. Uma década depois, o bloco registra<br />

fraqueza. O desemprego está alto. Média de 10,7% em<br />

janeiro. Significa dizer que em 17 países, há 16,92 milhões<br />

de pessoas desempregadas. A Espanha é o país em pior<br />

situação, com taxa de desemprego de 23,3%. Em seguida,<br />

vêm Grécia, com 19,9%, e Irlanda e Portugal, ambos com<br />

taxa de 14,8% cada. Estes três países mais a Itália integram<br />

o grupo com economias mais ameaçadas e fragilizadas pela<br />

crise da dívida europeia. Todos adotaram medias rígidas de<br />

austeridade exigidas pela União Europeia. Os governos têm<br />

dívidas grandes. A Grécia lidera a lista. Deve 360 bilhões de<br />

euros. A agência de classificação de risco Standard and Poor's<br />

reduziu a nota da Grécia para o nível de calote seletivo. De<br />

acordo com a agência, o que motivou o rebaixamento foi<br />

o programa de troca de títulos do governo grego que vai<br />

impor aos investidores perdas de 53,5% em relação ao valor<br />

original dos papéis. Para receber ajuda, a Grécia teve que se


comprometer a cortar gastos, privatizar mais, demitir 100<br />

mil funcionários públicos até 2015 e reduzir benefícios de<br />

milhares de aposentados. Assim como a Grécia, outros países<br />

enfrentam problemas na economia.<br />

Em fevereiro, a agência de classificação de risco Moody's<br />

rebaixou a nota de crédito de seis países: Itália, Portugal,<br />

Espanha, Malta, Eslováquia e Eslovênia. E colocou<br />

sob perspectiva negativa os ratings da França, Reino<br />

Unido e Áustria – o que significa que podem sofrer<br />

rebaixamentos. Culpa da incerteza sobre as condições<br />

de financiamento ao longo dos próximos trimestres e<br />

seu impacto correspondente no crédito. A avaliação de<br />

risco de investimento é um sistema de nota desenvolvido<br />

por agências de análise para alertar os investidores de<br />

todo o mundo sobre os perigos do mercado em que eles<br />

escolhem para aplicar seu dinheiro. A balança da zona<br />

do euro fechou 2011 com déficit (compras superiores<br />

que as vendas) de 7,7 bilhões de euros, segundo dados<br />

da Eurostat, a agência oficial de estatísticas do bloco.<br />

E as previsões para a economia em 2012 não são nada<br />

animadoras. Segundo a Comissão Europeia, este ano a zona<br />

do euro terá recessão. Oito dos 17 países terão queda no<br />

PIB, incluindo Espanha e Itália. Só a Grécia terá queda de<br />

4,4% do PIB em 2012, segundo a Comissão europeia. Será<br />

o quinto ano de recessão consecutiva na Grécia. Alguns<br />

economistas acreditam que a alternativa seria a Grécia<br />

abandonar a zona do euro. Isso levaria à volta de uma velha<br />

moeda desvalorizada. O turismo e as exportações gregas<br />

ganhariam competitividade no mercado internacional. Já as<br />

importações ficariam mais caras e o país precisaria aumentar<br />

a produção interna. Outros defendem que a saída da Grécia<br />

da União Europeia poderia ser traumática, com fechamento<br />

de bancos, inflação alta e mais desemprego. O bloco<br />

europeu perderia a credibilidade. E o efeito dominó atingiria<br />

outros países como Portugal, Espanha e até a Itália. O exministro<br />

da Fazenda, Maílson da Nóbrega, escreveu um<br />

artigo para a Revista Veja, de quem é colunista. No texto,<br />

intitulado "O desafio europeu", o economista questiona<br />

a resistência do euro à crise. Fala como surgiu a moeda e<br />

explica a importância dela para a Europa. Segundo Maílson,<br />

"o euro é o mais ousado projeto político da história. A<br />

integração permitiria à Europa enfrentar a ameaça soviética,<br />

negociar em pé de igualdade questões de segurança e<br />

comércio com os Estados Unidos, recuperar-se dos estragos<br />

da guerra e promover o estado de bem-estar social. Esses<br />

objetivos foram atingidos. A paz se consolidou." Ótimo.<br />

CRISE EUROPEIA reportagem<br />

Só que o texto pondera que "o euro nasceu sem as<br />

precondições para sustentar-se. O bloco não era uma área<br />

monetária ótima. Assimetrias de produtividade entre os<br />

países requereriam uma união fiscal, com um governo<br />

central forte e capaz de fazer transferências para reduzir<br />

essas desigualdades, como ocorre em federações como a<br />

brasileira e americana." De acordo com o artigo, "a saída<br />

que alguns advogam seria o abandono da moeda pela<br />

Grécia e por outros países, que assim poderiam restabelecer<br />

suas antigas moedas e desvalorizá-las, recuperando a<br />

competitividade e as condições para voltar a crescer. Ocorre<br />

que isso poderia disparar crises bancárias que contagiaram<br />

outros países, sob o risco de graves e imprevisíveis<br />

consequências econômicas, sociais e políticas." Maílson da<br />

Nóbrega conclui o texto sobre o desafio europeu usando<br />

uma citação da chanceler alemã, Angela Merkel que diz que<br />

"se o euro fracassar, a Europa fracassará". Esse texto foi<br />

publicado em dezembro de 2011 e, ao que parece, ecoou,<br />

porque três meses depois, no dia 2 de março, líderes de<br />

25 países da União Europeia assinaram em Bruxelas,<br />

sede da UE, o Pacto de Estabilidade Fiscal, que firma o<br />

compromisso com a disciplina orçamentária. O objetivo<br />

é equilibrar as contas públicas para evitar futuras crises<br />

de endividamento, como a que atinge a zona do euro.<br />

Com exceção do Reino Unido e da República Tcheca -<br />

que não assinaram o acordo - os demais países do bloco<br />

se comprometem a manter o déficit do PIB anual abaixo<br />

de 3%. O país que descumprir a regra sofre sanções<br />

financeiras. O presidente da União Europeia, Herman Van<br />

Rompuy, ressaltou que “o pacto reforça a confiança na<br />

união econômica e monetária". Agora é só esperar o pacto<br />

entrar em vigor. Em 2013.<br />

Foto: "The Council of the European Union".<br />

Herman Van Rompuy, presidente da União Europeia.<br />

InTech 140 81


newsletter<br />

SEÇÃO CAMpINAS<br />

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />

Dia 14 de fevereiro a Seção Campinas realizou mais um<br />

encontro, cujo tema foi Eficiência Energética e Smart Grid,<br />

realizado nas instalações do Centro das Indústrias do Estado de<br />

São Paulo do município e que reuniu cerca de 200 participantes.<br />

De acordo com o Presidente da Seção, Adário Almeida,<br />

atualmente, a maioria das indústrias, tanto químicas quanto<br />

petroquímicas, além do mercado sucroalcooleiro, vêm<br />

realizando altos investimentos nos sistemas de cogeração<br />

de energia. “Se pontuarmos o mercado de açúcar e etanol,<br />

podemos concluir que o seu segundo maior negócio será a<br />

produção de energia elétrica resultante do aproveitamento<br />

da biomassa, e essa atividade deverá responder por uma<br />

parcela relevante do faturamento do setor. Nós da ISA<br />

acreditamos que estar preparado para a realidade da<br />

cogeração é vital para a diversificação dos negócios e para<br />

a revitalização da matriz energética do Brasil. Porém, para<br />

que isso aconteça de forma sustentável, faz-se necessário a<br />

NR12 E SEGURANÇA<br />

Já em 13 de março, a Câmara dos Vereadores de Paulínia<br />

abrigou mais um encontro da Seção Campinas, que reuniu<br />

mais de 150 participantes e abordou o tema “Soluções para<br />

adequação da nova NR 12 e Aplicações em segurança”.<br />

Quatro empresas apresentaram palestras: Bosch Rexroth<br />

(“Conceito de segurança hidráulica 4 para prensas”, Rodrigo<br />

Silveira); Ação Sensores e Sick (“Segurança Técnica em<br />

máquina e equipamentos”, Cleber Diefethaeler e Mônica<br />

Fattor); Intereng (NR 12, Sidney Esteves Peinado); e Siemens (“A<br />

segurança Integrada em Automação”, Fernando Capuzzo).<br />

Daniel Polachini, Presidente Passado da Seção Campinas<br />

considera que o tema do encontro é novo. “Buscamos aproximar<br />

os profissionais da área de segurança do trabalho das reais<br />

SEÇÃO CURITIBA<br />

CONTROLADORES E SINTONIA DE MALHAS DE CONTROLE<br />

O sexto módulo do Curso de Automação e<br />

Instrumentação Industrial 2012 da Seção Curitiba,<br />

em continuidade aos módulos iniciados em 2011,<br />

com o tema “Controladores e Sintonia de Malhas de<br />

82 InTech 140<br />

utilização de redes inteligentes (smart grids) que possibilitem<br />

ainda mais confiabilidade e redução de custos”, destacou.<br />

As palestras apresentadas no encontro técnico foram: “Soluções<br />

National Instruments para automação, eficiência energética<br />

e smart grid” (Marcelo Costa, Engenheiro de Vendas da<br />

National Instruments); “Otimização de recursos distribuídos<br />

de energia” (Thiago Renda, Siemens); e “SmartProcess –<br />

Soluções para o aumento da eficiência energética” (Thiago<br />

Araujo e Alexandre Peixoto, Emerson Process).<br />

Foto: Divulgação.<br />

Auditório do Ciesp<br />

de Campinas durante<br />

o encontro sobre<br />

eficiência energética.<br />

novidades de mercado que a automação vem criando, ou seja,<br />

mecanismos cada vez mais seguros e sustentáveis que garantem<br />

não só a integridade física dos colaboradores das indústrias, como<br />

também um retorno financeiro ainda maior nos processos, uma<br />

vez que se tem menos acidentes de trabalho”, concluiu.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Plateia na Câmara<br />

dos Vereadores de<br />

Paulínia durante<br />

o encontro que<br />

abordou a NR 12.<br />

Controle (PID)” ocorreu entre os dias 5 e 7 de março de<br />

2012, ainda com o apoio institucional da Universidade<br />

Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que cedeu suas<br />

dependências para a realização do curso.


newsletter<br />

O instrutor foi o colaborador da Seção Curitiba, Paulo Roberto<br />

Frade Teixeira, que compartilhou seus conhecimentos e mais<br />

de 25 anos de experiência no ramo. Ele possui especialização<br />

em diversas áreas da automação, é diretor da T4M (Consultoria<br />

e Treinamentos na área de Instrumentação e Controle de<br />

Processos), onde presta serviços para as seguintes empresas:<br />

Petrobras Six e Repar, Yokogawa, Smar, Fluke, ABB,<br />

Pepperl+Fuchs, Vale do Rio Doce e Senai/Santos. Já realizou<br />

cursos e treinamentos nas principais entidades de ensino<br />

técnico do país, além de organizações internacionais.<br />

O módulo “Controladores e Sintonia de Malhas de Controle<br />

(PID)” é direcionado a engenheiros, tecnólogos e técnicos<br />

de diversas áreas (elétrica, eletrônica, química e mecânica)<br />

relacionadas à instrumentação e/ou controle e visa promover<br />

conhecimento teórico e prático para aplicação da tecnologia<br />

de instrumentação e controle em ambientes industriais.<br />

O desenvolvimento do curso modular já é um sucesso da<br />

Seção Curitiba e possui grande aceitação pela comunidade<br />

de automação da região. Os participantes podem<br />

escolher as disciplinas de acordo com suas necessidades e<br />

eventos<br />

interesses, possibilitando um excelente retorno financeiro<br />

e em termos de objetividade.<br />

A programação completa do curso e os próximos módulos<br />

para 2012 estão disponíveis em www.isacuritiba.org.br.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Alunos durante aula prática do módulo “Controladores e Sintonia<br />

de Malhas de Controle (PID)” da Seção Curitiba.<br />

FOUNDATION FIELDBUS<br />

REALIZA ENCONTRO <strong>EM</strong> SÃO PAULO<br />

www.fieldbus.org<br />

Dia 7 de março a Fieldbus Foundation promoveu no Sheraton<br />

São Paulo WTC Hotel uma conferência que reuniu mais de 200<br />

participantes, entre fornecedores e usuários finais da tecnologia.<br />

A abertura do evento foi feita por Augusto Pereira, chairman<br />

do comitê de marketing brasileiro da Fieldbus Foundation.<br />

Na sequência, o Presidente e CEO da entidade, Rich<br />

Timoney deu as boas-vindas aos participantes. “O Brasil<br />

vem experimentando um rápido crescimento em projetos<br />

de automação com a tecnologia Fieldbus Foundation e é,<br />

sem dúvida, o ponto central da indústria de automação de<br />

processos em toda a América Latina”, afirmou.<br />

A organização abordou as vantagens da tecnologia FF,<br />

enfatizando-a como uma solução para melhorar a gestão de<br />

ativos, a confiabilidade e o desempenho econômico das plantas.<br />

As novidades ficaram por conta do FF ROM (Remote Operations<br />

Management), FF-SIF (Safety Instrumented Functions), controle<br />

no campo, diagnóstico de campo e comunicação sem fio.<br />

O evento contou também com apresentações de usuários, como<br />

Petrobras, Braskem e Deten Química.<br />

No dia seguinte, 8 de março, em reunião exclusiva para os<br />

membros, o comitê definiu novas diretrizes para a atuação da<br />

Fieldbus Foundation no Brasil, especialmente a criação de um<br />

grupo de usuários, o que deverá ser anunciado em breve.<br />

Aspecto de uma das apresentações da conferência<br />

da Foundation Fieldbus em São Paulo.<br />

Foto: Sílvia Bruin Pereira.<br />

InTech 140 83


empresas<br />

ADVANTECH REALIZA EVENTO <strong>EM</strong> SÃO PAULO<br />

www.advantech.com.br<br />

Dia 22 de março, a Advantech Brasil realizou o Solution<br />

Day Embedded Box Computing, no auditório da Abinee<br />

(Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), em<br />

São Paulo, cujo objetivo foi apresentar as novas tendências de<br />

mercado em Embedded Box Computing e Cloud Computing,<br />

com foco nas áreas de Digital Signage, Aplicações Veiculares<br />

e Quiosques de Autoatendimento.<br />

A abertura foi feita pelo Gerente da empresa no Brasil,<br />

Mário Franco Neto, que fez uma institucional da Advantech<br />

Brasil, destacando sua presença de mais de uma década no<br />

mercado nacional, por meio de joint venture com investidores<br />

brasileiros. Na sequência, Mark Ma, Gerente Regional de<br />

Vendas da Advantech mundial, destacou as parcerias da<br />

empresa e o seu crescimento no mundo.<br />

Durante o evento, Júlio César Garcia, Engenheiro de<br />

Aplicações de Campo da Advantech Brasil, apresentou os<br />

produtos da empresa e suas aplicações, de hospitais a chão de<br />

fábrica, com foco na linha de produtos ARK, Embedded PC.<br />

Em seguida, Írio Bertolini, Gerente de Produto e Marketing da<br />

84 InTech 140<br />

Intel, mostrou a aplicação dos Processadores Intel no Intelligent<br />

Devices, explanando sobre o gerenciamento remoto e Digital<br />

Signage na Segmentação de Audiência.<br />

Finalizando o encontro, Leandro Gioppo, Consultor de Soluções<br />

da Microsoft, apresentou os Sistemas com Windows Embedded,<br />

que ampliam o poder do Windows e da nuvem para sistemas<br />

inteligentes, permitindo que as empresas possam gerar<br />

informações tangíveis, em tempo real, a qualquer hora, em<br />

qualquer lugar com acesso aos dados executáveis.<br />

Foto: Simone Araújo.<br />

ALTUS CONQUISTA PRÊMIO<br />

POR DESIGN DE CONTROLADOR<br />

www.altus.com.br<br />

A Altus anuncia que a sua Série Nexto de Controladores<br />

Programáveis foi a vencedora do iF Product Design Award 2012, uma<br />

premiação que reconhece os produtos em 16 diferentes categorias.<br />

A Série Nexto foi considerada excelente no grupo industry + skilled<br />

trades, que contempla equipamentos industriais e engenharia.<br />

De acordo com a empresa, o prêmio é reconhecido<br />

internacionalmente como um selo de excelência e qualidade,<br />

considerado o Oscar do design na Europa há 58 anos. Um júri<br />

internacional composto por 44 especialistas em design avaliou<br />

os inscritos considerando critérios como qualidade, design,<br />

acabamento, materiais, grau de inovação, impacto ambiental,<br />

funcionalidade, ergonomia, visualização de uso, segurança, valor<br />

de marca e branding, além de aspectos de design universal. A<br />

Série Nexto foi desenvolvida pela Altus e o design do produto é<br />

fruto de uma parceria com a empresa Victum Projeto de Produto.<br />

Mario Franco Neto (em pé) e Júlio César Garcia, durante o Solution Day<br />

Embedded Box Computing da Advantech.<br />

O Presidente da Altus, Luiz Gerbase, e o Diretor de Pesquisa<br />

& Desenvolvimento da empresa, Fernando Trein, foram<br />

a Munique, Alemanha, parra receber o prêmio em 10 de<br />

fevereiro durante a iF Design Awards Night. Vale destacar<br />

que os produtos vencedores serão expostos em Hannover e<br />

Hamburgo, na Alemanha e, posteriormente, na China.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Fernando Trein<br />

(à esquerda) e<br />

Luiz Gerbase na<br />

cerimônia de<br />

entrega do<br />

iF Product Design<br />

Award 2012.


empresas<br />

ASELCO É PR<strong>EM</strong>IADA NA PETROBRAS<br />

www.aselco.com.br<br />

A Aselco Automação conquistou o terceiro lugar na<br />

premiação dos Melhores Fornecedores de Bens e Serviços da<br />

Petrobras na Bacia de Campos, em evento promovido pela<br />

Petrobras – UOBC (Unidade Operacional Bacia de Campos –<br />

Macaé), na categoria Grandes Compras.<br />

O objetivo da Petrobras com a premiação é reconhecer o<br />

empenho na melhoria da qualidade do fornecimento de<br />

bens e serviços. Vinte e quatro empresas foram certificadas<br />

em oito categorias, entre elas Pequenas Compras, Médias<br />

Compras, Grandes Compras, Contratos Globais de Longa<br />

Duração, Rodízio de Fornecedores, Pequenos Contratos,<br />

Médios Contratos e Grandes Contratos.<br />

Segundo Miguel D’Avilla, Diretor Comercial e que recebeu<br />

o prêmio, o processo de seleção da Petrobras é criterioso e<br />

baseado na qualidade dos produtos e serviços prestados nos<br />

fornecimentos à unidade durante todo o ano. “É motivo de<br />

muito orgulho e gratificante para a Aselco ser merecedora<br />

deste relevante prêmio da Petrobras, que vem coroar o grande<br />

trabalho de toda equipe Aselco. Uma conquista com inúmeros<br />

significados – gratidão, satisfação e orgulho”, concluiu.<br />

C<strong>EM</strong>I APRESENTA<br />

NOVA VERSÃO DO OPTPROCESS ©<br />

www.cemi.eng.br / www.fgcontrole.com.br<br />

A Cemi Tecnologia de Processos e Engenharia, em parceria<br />

com a FG Controle & Otimização, apresenta ao mercado<br />

uma nova versão do software OptProcess© para controle<br />

avançado de processos.<br />

A Cemi foi criada em 1991 e atua no fornecimento de<br />

softwares, equipamentos especiais e metodologias de<br />

trabalho na execução de projetos de otimização estática<br />

e dinâmica para o mercado de indústrias de mineração e<br />

cimento. A FG oferece consultoria em controle e otimização<br />

de processos, através da experiência de seu sócio Joaquim<br />

Guimarães, que possui 36 anos de atuação no mercado de<br />

indústrias de processo.<br />

Miguel D´Avilla (à direita) recebendo o troféu e o diploma<br />

durante a cerimônia.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Foto: Divulgação.<br />

O troféu recebido pela<br />

Aselco na categoria<br />

Grandes Compras.<br />

De acordo com a empresa, o OptProcess© em sua nova<br />

versão integra um conjunto completo de tecnologias<br />

disponíveis para controle e otimização de processos<br />

industriais, como Sistemas Especialistas, Lógica Fuzzy,<br />

Controle Preditivo Multivariável, Redes Neurais, Analisadores<br />

Virtuais, Estatística Condicional, Balanço de Massa<br />

(Reconciliação), Simulação por Modelos Físicos e Otimização<br />

de Controladores PID. Construído em uma estrutura modular,<br />

oferece uma forma efetiva e flexível de modelar e controlar<br />

diferentes sistemas e processos, e auxiliar na análise de<br />

informação e tomada de decisão. A integração destas<br />

tecnologias permite o desenvolvimento de projetos mais<br />

InTech 140 85


empresas<br />

completos com eficiência, explorando os pontos fortes de<br />

cada uma de forma complementar.<br />

A empresa destaca que, com a nova versão do<br />

OptProcess© e novas parcerias, está organizada para uma<br />

atuação mais ampla e pretende ampliar a oferta de seus<br />

serviços na área de controle avançado para as indústrias de<br />

mineração, cimento, óleo & gás, química & petroquímica,<br />

siderurgia, açúcar & álcool, papel & celulose e demais<br />

indústrias de processo.<br />

86 InTech 140<br />

Foto: Divulgação.<br />

Tela da nova versão do OptProcess©.<br />

DLG É CERTIFICADA COM ISO 9001<br />

www.dlg.com.br<br />

Com o objetivo de assegurar a qualidade de seus produtos<br />

e serviços, além de proporcionar mais qualidade aos<br />

seus clientes, a DLG Automação buscou e acaba de ser<br />

certificada com o selo ISO 9001.<br />

A empresa destaca a sua certificação pelo Grupo BSI, fundado<br />

em 1901 e líder mundial na defesa, definição e implementação<br />

das melhores práticas em todos os campos da atividade<br />

humana e, ainda, criador de um sistema de gestão de<br />

SOLUÇÃO DA ELIPSE SOFTWARE<br />

É APLICADA NO CENPES<br />

www.elipse.com.br<br />

Com o objetivo de garantir que a queda de uma das suas<br />

fontes supridoras de energia não acarrete o desligamento<br />

completo da planta, preservando o funcionamento das<br />

cargas prioritárias, a Central de Utilidades da Ampliação do<br />

Cenpes (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de<br />

Mello) da Petrobras optou por utilizar o Módulo de Descarte<br />

de Cargas do Elipse Power.<br />

Na verdade, trata-se de um recurso desenvolvido pela Elipse<br />

Software, que executa um algoritmo visando determinar<br />

os comandos a serem executados pelos IEDs (Intelligent<br />

Electronic Device) para manter a subestação ativa no caso<br />

de haver uma queda de energia. As empresas Orteng<br />

Equipamentos e Sistemas, Automalógica Sistemas para<br />

Automação e PowerSysLab desenvolveram e implementaram<br />

o sistema de descarte no Cenpes.<br />

qualidade, a BS 5750, predecessor da série ISO 9000.<br />

A DLG enfatiza que a busca por uma certificadora com<br />

critérios rígidos, e pioneira na criação da ISO 9001,<br />

evidencia a sua preocupação em oferecer aos seus clientes<br />

equipamentos com qualidade inconfundível como o mercado<br />

globalizado exige. A empresa acredita que a certificação<br />

ISO 9001 abre caminhos para a sua entrada em outros<br />

segmentos de mercado como óleo, gás, papel e celulose.<br />

O Elipse Power controla o descarte das cargas alimentadas<br />

por toda uma estrutura composta pela concessionária da<br />

Light e mais seis geradores, sendo três deles considerados<br />

principais, movidos a gás e capazes de gerar 8,4 MW; e<br />

outros três de emergência, movidos a óleo diesel, com<br />

capacidade de gerar 7,5 MW. Estes, por sua vez, somente<br />

serão acionados nos casos em que haja carência de<br />

energia para abastecer principalmente as unidades de<br />

maior prioridade. Além de identificar se uma carga será<br />

descartada caso haja o evento de perda, o software também<br />

informa se a mesma é mais suscetível ou não ao descarte<br />

através de um valor de prioridade que é exibido logo à<br />

esquerda do código que a representa na tela. Quanto mais<br />

próximo a 100 for este valor, maior será a probabilidade<br />

dela ser descartada.


empresas<br />

Tela projetando quais as cargas serão descartadas (em vermelho),<br />

caso haja a queda do gerador (GE-025101-B).<br />

SIN E ONS – A Elipse Software apresenta solução<br />

de conversão de protocolos (mais conhecidos como<br />

gateways), para atender aos requisitos de conectividade<br />

entre os agentes integrados ao SIN (Sistema Interligado<br />

Nacional) e o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).<br />

Segundo a empresa, a tecnologia implementa, entre<br />

outras características, o sequenciamento de eventos (SOE)<br />

e o agrupamento de pontos, conforme especificado no<br />

Submódulo 2.7 - “Requisitos de Telesupervisão para a<br />

Operação” - publicado pela ONS e aprovado de forma<br />

definitiva pela ANEEL em 2009. O Submódulo 2.7 regula a<br />

disponibilização de dados, informações e telecomandos<br />

necessários à supervisão e controle do SIN, suas ligações<br />

internacionais e as responsabilidades de cada agente, de<br />

METSO INAUGURA PLANTA NO PARANÁ<br />

www.metso.com.br<br />

No início de março a Metso Paper inaugurou uma nova<br />

unidade industrial, situada em Araucária, na região<br />

metropolitana de Curitiba, que abriga, além de uma fábrica<br />

de maquinário, a sede administrativa da companhia no País,<br />

onde está há 39 anos.<br />

Segundo a empresa, o projeto absorveu investimentos<br />

de cerca de R$ 40 milhões e representa um marco na<br />

história da Metso na América do Sul. “O Brasil é um<br />

dos países nos quais a Metso está investindo mais,<br />

juntamente com a China, e já estamos inclusive<br />

programando uma nova ampliação das instalações no<br />

País”, comentou Celso Tacla, presidente da Metso Paper<br />

para a América do Sul.<br />

Foto: Divulgação.<br />

forma que o ONS possa cumprir suas obrigações legais. Para<br />

tanto, os agentes devem possuir sistemas locais que realizem<br />

as funções básicas de supervisão e controle, assim como<br />

prover um canal de comunicação com o ONS, que, via um<br />

protocolo de comunicação como o DNP 3.0 ou IEC 60870-<br />

5-104, possam reportar eventos ocorridos com precisão de<br />

1ms. Adicionalmente, o Submódulo 2.7 prevê que certas<br />

informações menos prioritárias sejam agrupadas através de<br />

um algoritmo especial capaz de concentrar as informações<br />

provenientes de diversos pontos de entrada em um único<br />

conjunto VQT (Valor, Qualidade e Estampa de Tempo). A<br />

Elipse Software atende a estes requisitos por meio de uma<br />

política de licenças customizadas do sistema Elipse E3, que<br />

inclui, entre outros produtos, uma versão “Gateway”. Esta<br />

versão permite a aquisição de dados local, tratamento e<br />

agrupamento de pontos, além do envio subsequente ao ONS<br />

via interfaces de comunicação servidoras ou canais escravos.<br />

Arquitetura do Elipse E3 Gateway.<br />

A nova planta de 10 mil m2 está construída em<br />

um terreno de 60 mil m2, e vai gerar cerca de 150<br />

empregos diretos. Com isso, o quadro de pessoal da<br />

empresa no Brasil, juntamente com os funcionários<br />

alocados da unidade que antes ficava na capital<br />

paranaense, poderá chegar até a 500 quando a planta<br />

estiver em plena operação, o que deve ocorrer a partir<br />

de junho deste ano.<br />

“A planta de Araucária vai proporcionar maior<br />

competitividade à Metso em um cenário de diversos projetos<br />

greenfield e novas linhas de produção já contratadas para os<br />

estados do Mato Grosso do Sul, Maranhão e Santa Catarina,<br />

além do Chile”, concluiu Tacla.<br />

Foto: Divulgação.<br />

InTech 140 87


empresas<br />

NATIONAL INSTRUMENTS<br />

TRAZ CEO PARA NY DAYS 2012<br />

http://brasil.ni.com/<br />

James Truchard, Presidente, CEO e um dos fundadores da<br />

National Instruments, será uma das grandes presenças do NI<br />

Days 2012 – Conferência Tecnológica sobre Projeto Gráfico<br />

de Sistemas, que a empresa promoverá dia 15 de maio em no<br />

Expo Center Norte, em São Paulo.<br />

Truchard fará a apresentação de abertura e falará sobre<br />

“Inovação e Descobertas na área de Projeto Gráfico<br />

de Sistemas”, nesta edição especial do NI Days, uma<br />

conferência voltada ao desenvolvimento profissional, na<br />

qual engenheiros, cientistas e educadores se encontram<br />

para atualizar conhecimentos em programação gráfica de<br />

sistemas, fazer contatos e discutir aplicações.<br />

A programação do NI Days 2012 prevê diversas sessões<br />

técnicas e workshops práticos, além de sessões dedicadas<br />

a segmentos específicos, como automotivo, aeroespacial e<br />

defesa, energia, Big Physics e RF. A agenda do evento contará<br />

com a participação de diversos clientes da indústria e do<br />

segmento acadêmico, que apresentarão estudos de caso.<br />

WIKA ADQUIRE A EUROMISURE<br />

www.wika.com.br<br />

Com o objetivo de expandir e completar o seu próprio<br />

portfólio de produtos mecânicos para as indústrias de<br />

processo, a Wika acaba de adquirir a Euromisure, cujo leque<br />

de produtos inclui placas de orifício primárias, tubos venturi e<br />

sonda de temperatura. De acordo com a empresa, o cálculo,<br />

o dimensionamento, o projeto, a construção e o design são<br />

integralmente construídos de acordo as normas internacionais,<br />

tais como: ISO, ASME, DIN e BS. Adicionalmente, os produtos<br />

oferecidos pela Euromisure são principalmente desenvolvidos<br />

para atender as aplicações das indústrias químicas e<br />

petroquímicas, de óleo e gás, e de geração de energia.<br />

Vale destacar que a Eurosistemi, uma afilhada 100% da Euromisure,<br />

projeta, desenvolve e fabrica sistemas de análise e amostragem para<br />

água e vapor, principalmente destinados ao setor de energia.<br />

Ambas as empresas serão imediatamente integradas ao<br />

Grupo Wika, que espera reforçar seu posicionamento<br />

88 InTech 140<br />

Nesta edição do encontro, haverá um Fórum Acadêmico,<br />

dedicado a estudantes, professores e pesquisadores, cobrindo<br />

temas como “Inovação na educação” (painel de discussão com<br />

representantes de destaque na área do ensino e pesquisa), além<br />

de sessões que demonstrarão a aplicação das ferramentas da<br />

National Instruments no ensino de engenharia e em pesquisa.<br />

Nos dois andares do Centro de Convenções do Expo Center Norte<br />

será possível visitar a exposição de empresas parceiras e integradores.<br />

A expectativa da empresa é receber um público de mil participantes.<br />

Foto: Divulgação.<br />

James Truchard, Presidente, CEO<br />

e um dos fundadores da National<br />

Instruments fará a abertura<br />

do NY Days 2012.<br />

de liderança como principal fornecedor/parceiro para as<br />

indústrias de processo e empresas de projetos.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Placas de orifício<br />

Euromisure.<br />

Foto: Divulgação.<br />

Sistema de análise<br />

e amostragem Eurosistemi.


produtos<br />

Placa Mãe AIMB-214 Mini-ITX ADVANTECH<br />

www.advantech.com.br<br />

Placa mãe mini-ITX industrial de consumo ultra baixo que<br />

apresenta os mais recentes processadores Intel® Atom<br />

N2600, N2800 e D2700 dual core com dispositivos gráficos<br />

integrados (GMA 640/400MHz) e Hub Controlador de<br />

Memória (GMCH) em um único chip. Esses processadores<br />

darão vida a novos tipos de produtos uma vez que<br />

apresentam o mesmo desempenho e funcionalidade que<br />

os maiores sistemas de computador desktop, mas estão<br />

integrados no padrão de fabricação Mini-ITX direcionado a<br />

aplicações compactas. A AIMB-214 vem com conectividade<br />

de I/O sofisticada com até seis portas USB 2.0 e seis portas<br />

COM integradas padrão Mini-ITX. Essas placas também<br />

suportam saídas de vídeo LVDS e VGA. A AIMB-214 é<br />

alimentada pelos mais novos processadores Intel® Atom<br />

de consumo ultra baixo que são construídos através da<br />

tecnologia de processo de 32nm. A potência nominal do<br />

projeto térmico da arquitetura Intel N2600 dual core é de<br />

apenas 3,5W, enquanto que com o processador 1.8GHz<br />

dual core é de apenas 8W, permitindo futuras reduções<br />

de consumo, sistemas menores e aprimoramentos de<br />

desempenho. Todos estes recursos no formato Mini-ITX,<br />

eficiente em termos de consumo de energia e boa relação<br />

custo-benefício. A AIMB-214 utiliza o chipset Intel NM10,<br />

fornece suporte para 12VCC e ATX12V, oferecendo um custo<br />

total de propriedade reduzido. A AIMB-214 pode suportar<br />

memória de sistema de até 2 GB ou 4 GB de SDRAM DDR3<br />

1066, dependendo do processador. Recursos: suporta o<br />

processador Intel® Atom N2600, N2800 e D2700 dual<br />

core; um SODIMM de 204-pinos para SDRAM de até 4 GB<br />

DDR3 1066 MHz; suporta 1 x PCI e 1 x expansão Mini-PCIe,<br />

6 x portas seriais, 6 x USB e Cfast; TCO reduzido com suporte<br />

para 12VCC e LVDS de dual channel de 18/24-bits; suporte<br />

para TPM 1.2 onboard (opcional); e suporta APIs e Utilitários<br />

de software embedded.<br />

Analisadores de qualidade de energia FLUKE<br />

www.fluke.com.br<br />

Analisador de Qualidade de Energia Trifásico Fluke 430<br />

série II, principal ferramenta com algoritmo patenteado<br />

para medir desperdício de energia e quantificar custos.<br />

Com a nova e patenteada função Unified Power do<br />

430 série II, eletricistas, técnicos de concessionárias de<br />

energia, engenheiros eletricistas, técnicos de serviços em<br />

campo e consultores de energia podem automaticamente<br />

determinar o quanto de energia está sendo desperdiçado<br />

e calcular exatamente quais são os gastos extras de<br />

energia com uma única ferramenta. Os Analisadores de<br />

Qualidade de Energia Fluke 430 série II permitem que as<br />

plantas verifiquem o impacto de eficiência energética,<br />

em aplicações de eletrônica de potência e sistemas de<br />

iluminação até controles de motores e HVAC. Enquanto<br />

os novos equipamentos consomem menos energia<br />

em instalações individuais, eles aumentam o nível de<br />

distúrbios na rede elétrica e na maior parte dos sistemas<br />

elétricos, aumentando o desperdício de energia devido aos<br />

harmônicos e reduzindo o total de economia de energia.<br />

O Fluke 430 série II calcula monetariamente custos do<br />

desperdício de energia. A função "Unified Power" marca<br />

a primeira vez que qualquer ferramenta de teste tem a<br />

capacidade de automaticamente quantificar o desperdício<br />

de energia por harmônicos e desequilíbrio, e introduzindo<br />

a estrutura tarifária de serviços públicos, o usuário<br />

pode até mesmo calcular o custo monetário da energia<br />

Foto: Divulgação.<br />

InTech 140 89


produtos<br />

desperdiçada. A função "Inverter Efficiency" da Série 430<br />

II mede simultaneamente a entrada e a saída de potência<br />

de inversores em sistemas solares, turbinas eólicas e fontes<br />

de alimentação, permitindo que o operador veja quanto<br />

de eletricidade o inversor consome e se ele está operando<br />

de forma eficiente. As medições permitem aos operadores<br />

ajustarem as configurações ou fazerem uma substituição<br />

de uma unidade defeituosa. Foto: Divulgação.<br />

Teste para WLAN 802.11ac NATIONAL INSTRUMENTS<br />

www.ni.com<br />

A solução de teste WLAN 802.11ac da National Instruments<br />

proporciona flexibilidade no teste de dispositivos 802.11ac,<br />

além dos dispositivos 802.11a/b/g/n. Trabalha com uma ampla<br />

faixa de larguras de banda de sinal, incluindo 20, 40, 80 e 160<br />

MHz (80+80) para transmissão e recepção e configurações com<br />

até MIMO 4x4. Suas principais características são: formatos<br />

de modulação de até 256 QAM; MIMO 4x4 na transmissão<br />

e recepção; larguras de sinal de 20, 40, 80 e a avançada 160<br />

MHz (80+80); recursos MAC opcionais, como LDPC, STBC e<br />

AMPDU; desenvolvimento automatizado do sistema de testes<br />

com o NI LabVIEW, C ou Microsoft Visual Studio. A National<br />

90 InTech 140<br />

Instruments trabalha com vários parceiros de Early Access,<br />

incluindo fornecedores de chips, provedores de O<strong>EM</strong>s e serviços<br />

de fabricação eletrônica (<strong>EM</strong>S), para testar os dispositivos<br />

802.11ac mais recentes. A empresa destaca que o padrão<br />

WLAN 802.11ac do IEEE promete transferências três vezes mais<br />

rápidas, cobertura mais confiável e eficiência de potência até<br />

seis vezes maior que as soluções 802.11n equivalentes. Esses<br />

benefícios aumentaram a demanda imposta aos sistemas de<br />

teste sem fio atuais, no sentido de oferecer maior flexibilidade<br />

de software, bandas mais largas na transmissão e recepção e<br />

melhor desempenho no processamento de sinais.<br />

Transmissor de nível radar Sitrans SI<strong>EM</strong>ENS<br />

www.siemens.com.br<br />

O novo integrante da família Sitrans de medidores de nível tipo radar de onda-livre com antena em<br />

PVDF (produzida em fluoropolímero) já está disponível no Brasil. Desenvolvido pela Siemens para ser<br />

aplicado em condições agressivas como tanques que contêm ácidos e demais líquidos corrosivos,<br />

o Sitrans LR250 é utilizado para a medição de materiais líquidos em processos industriais. Um dos<br />

diferenciais do novo equipamento é a antena com conexão roscada, que pode ser instalada de<br />

maneiras rápida e fácil. O LR250 com frequência de 25 GHz é utilizado para medir o nível dentro<br />

de tanques de até 10 metros de altura nas indústrias químicas, com ações que envolvam solventes,<br />

resinas, ácidos e bases; em indústrias de óleo e gás, quando se tratar de líquidos como metanol, álcool,<br />

gasolina e óleos lubrificantes; e também em sistemas de tratamento de água com líquidos como<br />

hipoclorito de sódio, sulfato de alumínio e cloro líquido. Em função do sistema de processamento<br />

digital de sinais (“Process Intelligence”), patenteado pela Siemens, a configuração para a partida do<br />

novo instrumento (start-up) agora é realizada em tempo reduzido. Essa tecnologia contribui também<br />

para a maior eficiência e confiabilidade na medição de nível em tanques críticos como aqueles que<br />

apresentam diferentes alturas. Acompanhando a configuração simples do transmissor LR560, o novo<br />

transmissor Sitrans LR250 tem como características adicionais a eletrônica totalmente encapsulada<br />

(resistência contra vibrações e choques) e permite também que o operador realize sua programação<br />

por meio de três protocolos distintos: HART (utilizado para comunicação entre sistemas de tempo real,<br />

principalmente em aplicações de automação industrial), além de Profibus PA ou Foundation Fieldbus. Foto: Divulgação.


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