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Figuras da história de Loriga

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as águas nos regos, cujos canos ficavam entupir com lixos domésticos, que<br />

as mulheres ain<strong>da</strong> lusco-fusco <strong>de</strong>itavam nas águas correntes. As carências<br />

económicas e outras originavam que as pessoas fossem menos limpas. Era<br />

assim no tempo em <strong>Loriga</strong> com cerca <strong>de</strong> 4000 almas, tiremos <strong>da</strong>í as<br />

conclusões sobre a li<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste homem.<br />

Brioso, varria as rua como ninguém. Era vê-lo constantemente a fazer as<br />

suas próprias vassouras, com ramos <strong>de</strong> azinho e quando encontrava os miúdos<br />

nos regos a fazer traquinices, <strong>de</strong>sviando-lhe as águas, corria-os com estas<br />

palavras "i<strong>de</strong> embora senão levais com o vassouram".<br />

Como coveiro tratou do cemitério <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong> como poucos o fizeram. As<br />

campas na altura eram na maioria térreas, e o "Ti Zé Con<strong>de</strong>" a todos<br />

tratava com o mesmo carinho. Sabia quem tinha sido sepultado em ca<strong>da</strong><br />

côvado e por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>da</strong>tas, tinha na sua cabeça aquilo que a Junta <strong>de</strong><br />

Freguesia <strong>de</strong>via ter no papel, e não tinha.<br />

Quantas vezes este homem se levantou no meio <strong>da</strong> noite para abrir covas<br />

sozinho, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> chuva e vento, para os funerais a realizar logo <strong>de</strong><br />

manhã cedo.<br />

Mal pago pela Junta <strong>de</strong> Freguesia ignorado ao <strong>de</strong>ver que tinham para com<br />

ele, sujeitava-se a receber alguma coisita que no dia dos finados lhe<br />

<strong>de</strong>positavam no bolso. Quem não se lembra <strong>de</strong> o ver à porta do cemitério,<br />

recebendo os seus mortos, com o chapéu na mão em sinal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

veneração. Foram muitos anos e, muitas as centenas <strong>de</strong> Loriguenses que este<br />

homem <strong>de</strong>sceu à terra.<br />

Era casado com Maria dos Anjos Brito Con<strong>de</strong>, tiveram quatro filhos, José,<br />

António, Adélia os três já falecidos e Maria do Carmo ain<strong>da</strong> viva.<br />

Deixou o reino dos vivos em 20 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1972, sendo sepultado no seu<br />

cemitério que tantos anos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> ali passou. Os Loriguenses viram<br />

assim partir um dos seus conterrâneos que se a sepultura aos mortos é sem<br />

dúvi<strong>da</strong> uma obra <strong>de</strong> misericórdia, este homem pelas que praticou na sua<br />

terra, está <strong>de</strong> certeza junto do Misericordioso Deus, gozando a eterna Paz.<br />

A<strong>de</strong>lino Pereira <strong>da</strong>s Neves<br />

1901 - 1979<br />

- 19 -<br />

Natural <strong>de</strong> Santa Ovaia, on<strong>de</strong> nasceu em 15 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1901, filho <strong>de</strong><br />

António Francisco e <strong>de</strong> Maria dos Prazeres Pereira.<br />

Fixou-se em <strong>Loriga</strong> em 1925, logo após a construção <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> que passou a<br />

ligar São Romão à Vila <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong>.<br />

Criou uma carreira <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros, com um pequeno autocarro,<br />

<strong>de</strong> que era proprietário.<br />

Em 1931 fundou uma empresa <strong>de</strong> transportes públicos, "Auto Viação Serra <strong>da</strong><br />

Estrela" já então com outras camionetas <strong>de</strong> passageiros, que ia <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong> à<br />

estação ferroviária <strong>de</strong> Nelas.<br />

Em 1948, esta empresa foi vendi<strong>da</strong> à Companhia <strong>de</strong> Transportes Hermínios,<br />

que passou a operar na região <strong>de</strong> Seia.<br />

Já na condição <strong>de</strong> aposentado, teve um carro <strong>de</strong> praça <strong>de</strong> que era<br />

proprietário e, durante algum tempo, exerceu essa activi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Faleceu em 7 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1979 em Coimbra, sendo sepultado no cemitério<br />

<strong>de</strong> <strong>Loriga</strong>.

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