Ondas e Outros Poemas - Euclides da Cunha ... - Cultura Brasileira
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Ontem _ quando, soberba, escarnecias<br />
Dessa minha paixão _ louca _ suprema<br />
E no teu lábio, essa rósea algema,<br />
A minha vi<strong>da</strong> _ géli<strong>da</strong> _ prendias...<br />
Eu meditava em loucas utopias,<br />
Tentava resolver grave problema...<br />
_ Como engastar tua alma num poema?<br />
E eu não chorava quanto tu te rias...<br />
Hoje, que vivo desse amor ansioso<br />
E és minha _ és minha, extraordinária sorte,<br />
Hoje eu sou triste sendo tão ditoso!<br />
E tremo e choro _ pressentindo _ forte _,<br />
Vibrar, dentro em meu peito, fervoroso,<br />
Esse excesso de vi<strong>da</strong> _ que é a morte...<br />
[1885]<br />
SONETO<br />
Dedicado a Anna <strong>da</strong> <strong>Cunha</strong><br />
"Ontem, quanto, soberba, escarnecias<br />
Dessa minha paixão, louca, suprema,<br />
E no teu lábio, essa rosa <strong>da</strong> algema,<br />
A minha vi<strong>da</strong>, géli<strong>da</strong> prendias...<br />
Eu meditava em loucas utopias,<br />
Tentava resolver grave problema...<br />
_ Como engastar tua alma num poema?<br />
E eu não chorava quando tu te rias...<br />
Hoje, que vives desse amor ansioso<br />
E és minha, só minha, extraordinária sorte,<br />
Hoje eu sou triste, sendo tão ditoso!<br />
E tremo e choro, pressentindo, forte<br />
Vibrar, dentro em meu peito, fervoroso,